Por Dr. Mercola
Os apreciadores do cogumelo ficarão felizes em saber que os pesquisadores continuam a encontrar novos benefícios desse alimento para a saúde. O shitake (Lentinus edodes) é um dos cogumelos mais populares em vários países e cresce em árvores robustas em decomposição, como carvalhos, bordos, castanheiros, carvalhos e pau-ferro em seu ambiente natural, mas são cultivados comercialmente em outros lugares.
A recriação das mesmas condições ambientais possibilitou aos cultivadores dos Estados Unidos, Canadá, Singapura e China a propagação dessa iguaria. De acordo com o Market Research Future, estima-se que o shitake gere uma receita de cerca de US$ 35,4 bilhões até 2023, em parte por ter se tornado um item muito utilizado na indústria de alimentos, embora também esteja prosperando por motivos medicinais e nutricionais.
O cogumelo shitake é muito versátil, servindo com ingrediente para uma variedade de pratos. Ele é ótimo como recheio de sanduíches ou como ingrediente de sopas, caçarolas e salteados. Um dos seus principais métodos de preparo é saltear os cogumelos em uma frigideira, o que é muito simples e rápido quando se usa óleo de coco ou de abacate, adicionar uma pitada de sal do Himalaia (dependendo do tamanho da porção), alho e algumas ervas a gosto.
Além de ser procurado por seu sabor amanteigado, que se torna mais acentuado e defumado quando desidratado, o shitake tem muitas vitaminas, minerais e outras substâncias incrivelmente benéficas para a saúde, mesmo sendo composto por aproximadamente 90% de água.
Um estudo observou que o shitake é muito utilizado pela medicina popular para tratar "tumores, gripe, obesidade, pressão alta, disfunções sexuais, envelhecimento, doenças cardíacas, diabetes, doenças do fígado, doenças respiratórias, fraqueza e fadiga".
Em vez de matar diretamente as células do câncer, uma molécula de açúcar chamada lentinano melhora seu sistema imunológico, o que desacelera o crescimento de tumores. De acordo com o International Journal of Microbiology:
"O Shitake tem sido usado há muitos anos, tendo suas propriedades funcionais investigadas e seus componentes isolados para uso farmacêutico. O motivo para isso envolve seus efeitos positivos para a saúde humana. Ele tem sido utilizado para aliviar resfriados há centenas de anos, e algumas evidências científicas já corroboram com essa função...
Já foi relatado que o lentinano aumenta a resistência do hospedeiro contra infecções de bactérias, fungos, parasitas e vírus: ele também promove reações inflamatórias não específicas, dilatação vascular, ativação de fatores indutores de hemorragia e a ativação de células T benéficas e citotóxicas."
Estudos em compostos de cogumelos shiitake lentinanas e β-glucanas
Os nutrientes se multiplicam no shitake após ele perder 80% da água ou ser totalmente desidratado. Na realidade, essa é sua forma mais popular de consumo e também garante o maior valor nutricional. Em 2015, um estudo demonstrou que o shitake desidratado pode melhorar a imunidade dos seres humanos.
Os participantes incluíam 52 adultos saudáveis que consumiram 5 a 10 gramas do cogumelo por quatro semanas. Ao final do estudo, os cientistas descobriram que as células T foram ativadas e "se propagaram em grandes proporções", aumentando a imunidade (inclusive do intestino) e possivelmente aliviando inflamações.
A interleucina, que facilita a comunicação celular e regula o crescimento celular para otimizar a resposta imunológica, também foi aumentada, bem como a necrose tumoral.
Um dos aspectos mais estudados do shitake envolve o câncer e outras doenças graves que são preocupantes devido ao seu desenvolvimento contínuo. Constatou-se que os compostos desses fungos bastante indefinidos tratam ou protegem eficientemente contra:
- Câncer, incluindo o de mama, certas células cancerígenas do cólon e bexiga, e tumores, inibindo seu crescimento e induzindo à apoptose.
- Doenças infecciosas
- Pressão alta
- Diabetes
- Problemas no coração e no fígado
Vários beta-glucanos e lentinanos presentes no shitake exibiram uma "atividade anticancerígena pronunciada, efeitos que estimulam a imunidade, além da participação em processos fisiológicos relacionados ao metabolismo de gorduras no corpo humano", relatou outro estudo.
O shitake e outras variedades de cogumelos também contêm antioxidantes que não podem ser encontrados em outros fungos ou plantas, como a ergotioneína, que, segundo o periódico Molecules, "concentra-se na mitocôndria, sugerindo uma função específica de proteção dos seus componentes, como o próprio DNA".
Benefícios específicos e gerais dos cogumelos shitake
Os cientistas chegaram à conclusão de que as propriedades antioxidantes e antimicrobianas, bem como os contribuintes fenólicos do shitake, ajudam a prevenir o câncer e melhoram a imunidade.
Mas há também evidências de benefícios cognitivos, pois pessoas que ingeriam cogumelos duas ou mais vezes por semana, comparadas àquelas que o faziam menos de uma vez por semana, revelaram um risco 50% menor de problemas cognitivos menores. Alguns dos maiores benefícios envolvem áreas específicas do corpo, bem como seu sistema em geral. Esses benefícios incluem:
• Saúde óssea — A vitamina D presente em cogumelos comestíveis absorve o cálcio, o que ajuda a fortalecer os ossos. Na verdade, expor cogumelos a luzes ultravioletas aumenta os níveis de vitamina D. Um estudo conduzido em animais descobriu que ratos alimentados com cogumelos expostos à luz UV e cálcio, comparados a ratos em privação de vitamina D e cálcio, possuíam mais densidade óssea.
• Propriedades de combate ao câncer — Uma análise de cinco cogumelos comestíveis — cogumelo do sol (Agaricus bisporus), A. blazei, Shimeji-preto (Pleurotus ostreatus), maitake (Grifola frondosa) e shitake — revelou que todos eles compartilham componentes anti-câncer como polissacarídeos, proteoglicanos e esteróides.
O lentinano, um polissacarídeo presente no shitake que pode ser usado em conjunto com a quimioterapia para melhorar as taxas de sobrevivência, mesmo em casos avançados, supostamente ativa seu sistema imunológico para deter a proliferação de células leucêmicas.
• Propriedades antimicrobianas — Um dos problemas mais preocupantes relacionados aos cuidados com a saúde hoje em dia envolve o uso indiscriminado de antibióticos e a resistência promovida por esse hábito, mesmo quando outras linhas de tratamento podem ser mais apropriadas. Um exemplo é a tuberculose: pesquisadores descobriram que a doença pode ser remediada pelas propriedades antimicrobianas do lentinano presente no shitake.
• Saúde dental — Um estudo de 2016 notou um recente aumento no interesse por cogumelos, particularmente no shitake, como alimento capaz de prevenir cáries. O mesmo estudo aponta várias formas pelas quais seus componentes exercem atividades antimicrobianas, devido a componentes como a adenosina, o eritritol, o ácido copálico, carvacrol e mais:
"A anticariogenicidade pode ser atribuída à indução do descolamento de microorganismos cariogênicos da hidroxiapatita, mudanças na hidrofobicidade da superfície celular, atividade bactericida e ao rompimento da transdução de sinal em Streptococcus mutans, como comprovado por vários estudos in vivo e in vitro.
Além desses benefícios, o cogumelo tem um tremendo potencial antioxidante, anticancerígeno, antigengivite, antifúngico e antiviral".
Os nutrientes do shitake e seus possíveis efeitos colaterais
Outro estudo descreve os nutrientes adicionais dos cogumelos shitake, incluindo a presença de vitaminas B1, B2, B12 e vitamina C, observando que eles têm "níveis mais altos de vitamina D do que qualquer alimento vegetal".
Ele também observa a presença de niacina, "proteínas, gorduras, minerais e polissacarídeos beta-glucanos"... os quais estudos adicionais demonstram poder "aumentar a resistência da mucosa intestinal à inflamação e inibir o desenvolvimento de úlceras intestinais". Além disso, um estudo de 2014 relatou:
"Cogumelos têm um grande valor nutricional e apresentam moléculas medicinais, incluindo polissacarídeos, terpenóides, esteróis e lipídios que participam ativamente de vários transtornos humanos e modulam os mecanismos envolvidos na regulação do sistema imunológico."
Também vale a pena notar que manusear e/ou consumir shitake cru ou preparado de forma inadequada pode causar uma reação na pele ou erupção cutânea com a aparência de listras longas e finas, devido ao teor de lentina, como apontado em uma publicação da Sociedade Brasileira de Dermatologistas, intitulada "Shiitake Dermatitis". Porém, os casos foram caracterizados como raros: apenas dois foram registrados, um no Brasil e outro na Alemanha.
Pesquisadores de outro estudo fizeram referência a sintomas de pneumonite de hipersensibilidade, uma condição pulmonar provocada pelo pó do fungo; prurido ou coceira e eosinofilia, que a Mayo Clinic descreve como um nível anormalmente alto de um certo tipo de glóbulo branco que pode indicar uma infecção parasitária.