Se você já teve cárie, então leia este artigo

(Vídeo disponível apenas em Inglês)
mercúrio

Resumo da matéria -

  • Uma nova pesquisa mostrou que as restaurações de amálgama parecem contribuir para a elevação dos níveis de mercúrio em outras partes do corpo
  • Dentre pessoas com mais de oito restaurações de amálgama, os níveis de mercúrio no sangue eram mais que o dobro do que de pessoas sem restaurações
  • Se seu dentista ainda insiste em realizar restaurações com mercúrio, procure por outro dentista (que não utilize mercúrio)

Por Dr. Mercola

A American Dental Association (ADA) alegou por muito tempo que o uso das restaurações de amálgama é seguro, sendo que elas contêm cerca de 50% de mercúrio por peso.

Até mesmo o Food and Drug Administration dos EUA (FDA), que tem um histórico de se aliar às indústrias, afirmou que consideram as "restaurações de amálgama seguras para adultos e crianças com 6 anos ou mais".

O FDA se negou a emitir um aviso de segurança, até mesmo para as crianças com menos de 6 anos e mulheres grávidas, juntamente com seus fetos em desenvolvimento, que constituem a população mais frágil à exposição aos efeitos neurotóxicos do mercúrio, sugerindo apenas que os preocupados "conversem com seus dentistas".

Para fins de comparação, a Health Canada ordenou que os dentistas parassem de realizar restaurações de amálgama em populações vulneráveis (crianças, grávidas e pessoas com problemas renais) em 1996!

O número de dentistas que não utilizam mercúrio está aumentando nos EUA e no mundo, mas ainda existe muitos dentistas a favor do seu uso. Isso significa que ainda há uma chance de você ser atendido por um deles, e se isso de fato acontecer, você deve procurar outro dentista.

No vídeo acima, Charles Brown, diretor executivo da instituição Consumers for Dental Choice e ex-procurador geral da Virgínia Ocidental, explica a importância de escolher um dentista que não utiliza mercúrio.

A mensagem se torna ainda mais pertinente com os resultados de uma nova pesquisa, que confirma os riscos que as restaurações de mercúrio causam à saúde.

As restaurações de mercúrio aumentam os níveis de mercúrio no corpo

Pesquisadores da Universidade da Geórgia revelaram que restaurações de amálgama parecem contribuir para a elevação dos níveis de mercúrio em outras partes do corpo, uma descoberta preocupante, considerando a prevalência desse tipo de restauração. Estadunidenses têm, em média, três restaurações dentárias cada, e 25% deles têm 11 restaurações ou mais.

O estudo utilizou dados de quase 15.000 pessoas e descobriu que, dentre aqueles com mais de 8 restaurações, os níveis de mercúrio no sangue eram mais que o dobro do que das pessoas sem restaurações.

A média do nível de mercúrio em pessoas com mais de oito restaurações ainda estava abaixo dos limites de segurança da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), mas isso não significa que é seguro.

É como o co-autor do estudo, o Dr. Xiaozhong "John" Yu, PhD, professor adjunto de ciência da saúde ambiental, disse à revista Time:

"Essa é apenas a média... Uma pequena porcentagem dessas pessoas de fato excedeu os limites de segurança. Se você tiver outras exposições, como se comer peixe todos os dias, o mercúrio pode se acumular no corpo."

A ADA continua a defendendo a segurança das restaurações de amálgama, mesmo com os resultados desse novo estudo, e imita o FDA dizendo às pessoas que devem conversar com seus dentistas se sentirem preocupações com o assunto.

Mas como Yu observou, "a verdade é que a maioria dos dentistas não sabe da existência dos riscos... Eles só sabem o que a ADA diz a eles, que o amálgama é seguro".

"Como toxicologistas, sabemos que o mercúrio é um veneno", disse Yu em um comunicado de imprensa, "mas tudo depende da dosagem... se você tiver mais de oito restaurações dentárias, o risco de prováveis efeitos adversos é maior".

A cada 10 pessoas, 4 podem ser particularmente vulneráveis aos efeitos tóxicos do mercúrio

Não são só as grávidas e as crianças que estão sob risco de exposição ao mercúrio. Qualquer pessoa pode ser prejudicada, inclusive 4 de cada 10 pessoas que possuem certas variações genéticas que as tornam particularmente vulneráveis à liberação prolongada de pequenas quantidades de mercúrio das restaurações.

Os resultados iniciais, publicados em 2006, revelaram que um polimorfismo genético de coproporfirinogênio oxidase (CPOX4) pareceu afetar a suscetibilidade à funções neurocomportamentais específicas associadas à exposição ao mercúrio.

Um estudo relacionado, envolvendo 330 crianças com a variante CPOX4, publicado em 2012, descobriu que aquelas com restaurações de mercúrio tiveram desempenhos consideravelmente piores em testes anuais de memória, concentração e outras atividades neurológicas, se comparadas a crianças que receberam tratamentos livres de mercúrio.

Pelo menos dois outros estudos também demostraram uma relação entre essa variante genética e o aumento dos riscos causados pela exposição às restaurações de mercúrio. A McClatchy DC relatou:

"Os resultados, presentes em quatro artigos publicados em revistas científicas de 2011 a 2014, não obtiveram a atenção do público, embora os autores tenham dito que até 40% da população possui pelo menos um dos traços genéticos e pode ser afetada.

Diana Echeverria, PhD, uma cientista que colaborou com o toxicologista da Universidade de Washington, James Woods, PhD, e outros pesquisadores durante a reavaliação, disse que os grupos suscetíveis enfrentam "riscos de danos neurológicos durante a vida inteira".

"E não estamos falando de riscos pequenos", disse Diana, que trabalha no Centro Battelle de Pesquisa e Avaliação de Saúde Pública, em Seattle."

No geral, pelo menos uma dúzia de polimorfismos genéticos comuns pode piorar os efeitos causados pelo mercúrio sobre o processo comportamental em crianças, observaram os pesquisadores. Indivíduos masculinos parecem ser especialmente suscetíveis aos efeitos, pois as meninas foram capazes de excretar mais mercúrio em suas urinas.

Em respostas às descobertas, o Comitê Científico dos Riscos para a Saúde Emergentes e Recentemente Identificados da Comissão Europeia aconselhou os dentistas a considerarem alternativas ao amálgama.

Mas nos EUA, mesmo que o FDA tenha descrito o estudo como "bem conduzido", também foi dito que as evidências não foram fortes o bastante para justificar uma proibição dos amálgamas.

Concentrações de mercúrio no cabelo podem revelar contaminação das restaurações de mercúrio

Em seres humanos, a contaminação de mercúrio causada pelo consumo de frutos do mar (metilmercúrio) é normalmente avaliada através da medição da concentração de mercúrio no cabelo, enquanto a exposição ao mercúrio de outras fontes (mercúrio elemental e inorgânico) é normalmente medida por meio de exames de sangue ou urina.

No entanto, um estudo publicado na revista Environmental Science & Technology revelou que as concentrações de mercúrio no cabelo podem ser resultado de diversas fontes de exposição, inclusive o mercúrio dentário.

Os pesquisadores desenvolveram capacidades analíticas que os permitiram identificar diferentes fontes de mercúrio no cabelo em concentrações muito baixas, como 0,5 partes por milhão (ppm).

"... Nós mostramos que o mercúrio inorgânico dos amálgamas dentários pode ser detectado no cabelo com uma estrutura molecular distinta daquela do metilmercúrio adquirido pelo consumo de peixes", disse o autor do estudo, Jean-Paul Bourdineaud, professor de toxicologia ambiental da Universidade de Bordeaux, França, ao site Phys.org.

Além disso, já que o cabelo cresce a uma taxa de cerca de 1 centímetro por mês, ele permite que os eventos de contaminação sejam rastreados até pontos específicos no tempo. Por exemplo, o estudo revelou que o pico nos níveis de mercúrio de uma pessoa pôde ser rastreado para um evento de remoção não segura de uma restauração de mercúrio.

É possível remover suas restaurações de mercúrio? Encontre um dentista biológico qualificado

O mercúrio é um veneno que pode causar efeitos nocivos para o sistema nervoso, digestivo e imunológico, além dos pulmões, rins, pele e olhos, dependendo da exposição. É imprescindível que você remova suas restaurações de mercúrio (embora eu normalmente recomende que você cuide da sua saúde antes), mas saiba que a remoção não segura das restaurações de mercúrio pode levar à exposição a quantidades tóxicas de mercúrio.

Por esse motivo, é importante encontrar um dentista biológico qualificado, treinado para a remoção segura de amálgamas. Quando os amálgamas são removidos, uma grande quantidade de mercúrio é liberada e, se as devidas precauções não forem tomadas, seu corpo pode absorver uma dose enorme de mercúrio, o que pode causar problemas renais agudos.

Eu mesmo sofri disso há mais de 20 anos, quando tive meus amálgamas removidos por um dentista não biológico. Os dentistas biológicos veem seus dentes e gengivas como uma parte do seu corpo, e qualquer tratamento medicinal realizado por eles levam em conta esse fato.

Eles conhecem muito bem os perigos envolvidos em materiais tóxicos como os amálgamas. Alguns dos passos que precisam ser tomados para manter você (e seu dentista) seguros durante a remoção do amálgama estão listados a seguir. Aqui e mais adiante é possível encontrar dicas que o ajudarão a encontrar um dentista biológico.

Respirar por uma fonte de ar alternativa, sabendo que não deve respirar pela boca

Colocar um protetor odontológico de borracha na boca para que você não engula nem inale nenhuma toxina, e utilizar um evacuador de grandes volumes próximo ao dente o tempo todo, para sugar o vapor de mercúrio

Utilizar um jato de água fria para minimizar os vapores de mercúrio

Lavar sua boca imediatamente após a remoção das restaurações (o dentista também deve trocar suas luvas após a remoção)

Limpar imediatamente suas vestimentas protetoras e seu rosto após a remoção

Utilizar purificadores de ar

O teste triplo do mercúrio

Chris Shade, PhD, é um dos maiores especialistas em desintoxicação de metais pesados do mundo e, em nossa entrevista acima, compartilhamos sua importante sabedora sobre o assunto. Chris desenvolveu uma tecnologia patenteada de especiação de mercúrio cromatográfico líquido, que identifica e diferencia a fonte exata do seu mercúrio, seja dos amálgamas dentários ou do consumo de frutos de mar contaminados (ou ambos).

O exame que ele desenvolveu é chamado de teste triplo do mercúrio, pois analisa três amostras diferentes: sangue, cabelo e urina. Você sempre terá mais mercúrio em seus tecidos do que no sangue, mas existe uma estabilidade ou razão entre o que está no seu sangue e o que está nos seus tecidos.

O teste triplo de mercúrio é o único exame clínico capaz de diferenciar as formas inorgânicas de mercúrio (normalmente encontrada em restaurações de amálgama) do mercúrio orgânico ou metilmercúrio (adquirido através do consumo de peixes), o que permite descobrir qual é o protocolo de desintoxicação ideal para cada caso.