Por Dr. Mercola
Ainda não sabemos muito sobre o novo coronavírus, o COVID-19, mas os pesquisadores estão começando a resolver este quebra-cabeça. Por exemplo, uma recente pesquisa chinesa sugere que o COVID-19 é "altamente sensível" a altas temperaturas e se espalha mais rapidamente em climas mais frios; as propagações mais rápidas estão ocorrendo em temperaturas de 8,72ºC.
Os pesquisadores recomendam que países com climas mais frios "adotem as mais rígidas medidas de controle" para limitar a propagação da doença. Hassan Zaraket, diretor adjunto do Centro de Pesquisa de Doenças Infecciosas da Universidade Americana de Beirute, comentou as conclusões preliminares no South China Morning Post:
"À medida que as temperaturas aumentam, a estabilidade do vírus pode diminuir... se o tempo nos ajudar a reduzir a transmissibilidade e a estabilidade ambiental do vírus, talvez possamos interromper a cadeia de transmissão".
Você não precisa esperar a chegada do verão para aproveitar os potenciais benefícios do calor. James DiNicolantonio, Pharm.D., cientista de pesquisas cardiovasculares do Saint Luke's Mid America Heart Institute, recentemente falou sobre um mecanismo central através do qual o seu corpo luta contra infecções virais: a febre.
A febre é a maneira de o seu corpo aumentar a sua temperatura corporal central, e a maioria dos patógenos não lida bem com altas temperaturas. DiNicolantonio argumenta que a alta exposição ao calor ativa as proteínas de choque térmico que podem impedir o transporte de nucleoproteínas virais, suprimindo a replicação do vírus. Assim, a terapia de sauna pode ter potencial contra vírus de RNA, particularmente antes ou no início da infecção.
Os banhos de sauna reduzem risco de doenças virais
As maneiras pelas quais você pode elevar sua temperatura corporal de forma aguda e temporária incluem banho na sauna, banho de vapor, movimentação física para induzir a transpiração ou simplesmente vestindo várias roupas quentes. Em uma postagem do Instagram em 16 de março de 2020, DiNicolantonio explicou:
"Eu tenho recebido muitas perguntas sobre o podcast [de Joe Rogan] sobre o coronavírus. Muitas pessoas ficaram desapontadas ao ouvir que Michael Osterholm sugeriu que as saunas provavelmente não funcionariam contra o coronavírus. Michael argumentou que os pulmões não esquentam o suficiente em uma sauna para matar o coronavírus.
O problema é que ele está olhando para o mecanismo ERRADO. As saunas aumentam a temperatura CENTRAL do corpo. E como nosso corpo combate os vírus mesmo? Isso mesmo! Aumentando a temperatura central do corpo - DESENVOLVENDO UMA FEBRE! E por que nosso próprio corpo faz isso? Porque a FEBRE AJUDA A COMBATER VÍRUS.
As saunas, especialmente as de infravermelho, aumentam a temperatura do corpo criando uma "pseudo febre". Então, como as febres (ou saunas) potencialmente funcionam contra os vírus? Aumentando as PROTEÍNAS DE CHOQUE TÉRMICO. Assim, o fato de as saunas serem incapazes de aumentar a temperatura dos pulmões para 80ºC NÃO é motivo para argumentar que elas não ajudariam contra infecções virais".
Eu gostaria de acrescentar que o conselho de DiNicolantonio sobre saunas é bastante direto, mas os campos eletromagnéticos (CEM, ou EMF da sigla em inglês) não são sua especialidade. Embora as saunas de infravermelho (IR) sejam úteis, é preciso ser sempre cuidadoso com campos elétrico e magnético.
Apesar de muitas saunas IR mais recentes terem campos magnéticos baixos, de cerca de 1 miligauss, muitas ainda possuem campos elétricos muito superiores aos 30 volts/metro recomendados. Eu já cheguei a medir 700 volts/metro em um modelo anunciado como baixa emissão de CEM. Então, pesquise um pouco antes de usá-las.
Os efeitos antivirais do banho na sauna
Vários estudos já investigaram os efeitos antivirais do banho de sauna. Por exemplo, um estudo clínico envolvendo 50 voluntários mostrou que os usuários regulares de saunas tinham metade da taxa de resfriado comum em comparação aos não usuários.
Isso faz sentido, considerando que o uso da sauna pode matar bactérias, fungos, parasitas e vírus, além de aumentar sua função imunológica, elevando a contagem de glóbulos brancos, linfócitos, neutrófilos e basófilos. Conforme observado por DiNicolantonio, "estudos prospectivos mostram que indivíduos que usam sauna cerca de 2-3 vezes por semana têm um risco menor de contrair resfriados, gripes e pneumonia".
Ele também cita pesquisas que mostram que animais colocados em uma sauna antes de serem injetados com vírus influenza reduziram drasticamente a patologia pulmonar e a mortalidade. A replicação viral também foi suprimida em animais expostos à sauna. Uma revisão alemã dos benefícios do banho de sauna, aponta também:
"Visitas regulares à sauna reduzem significativamente a frequência e gravidade das infecções por influenza em crianças e adultos. Nos atletas (corredores de média distância quando comparados a indivíduos não treinados), o sistema imunológico é aparentemente mais estimulável.
Na Segunda Guerra Mundial, entre os finlandeses, a confiança nos efeitos das saunas era tão grande que eles chegaram a utilizá-las como a principal medida para prevenir a febre tifoide."
Os benefícios das proteínas de choque térmico
Para ficar bem claro, você não precisa elevar a temperatura do tecido pulmonar a perigosos 80ºC. Na verdade, você sequer sobreviveria a esse tipo de exposição.
Os coronavírus (como grupo geral) se incubam nos seios nasais por cerca de três dias antes de descerem para os pulmões, e parecem ser destruídos por temperaturas em torno de 56ºC, que podem ser facilmente alcançadas em uma sauna.
De fato, a minha sauna chega até a 76ºC. Portanto, se o vírus ainda não tiver chegado até os pulmões, é bem possível que o calor nas passagens nasais o destrua.
Conforme relatado pela Organização Mundial da Saúde durante a epidemia de SARS em 2003, "o calor a 56°C mata o coronavírus SARS em cerca de 10.000 unidades por 15 minutos". É provável que COVID-19 seja igualmente suscetível a essa temperatura.
Além disso, não é somente o calor em si que oferece benefícios. Ao elevar sua temperatura central em apenas alguns graus, seu corpo libera proteínas de choque térmico, e elas parecem ser uma parte importante de como as saunas reduzem o risco de doenças infecciosas.
Segundo DiNicolantonio, o banho de sauna ajuda a reduzir doenças virais ao aumentar a proteína de choque térmico 70 (Hsp70) e as prostaglandinas A1 (PGA1). Um estudo de 2004 no Journal of Virology explica como a Hsp70 e PGA1 bloqueiam a replicação do vírus Influenza.
Resumidamente, as nucleoproteínas virais são sintetizadas no núcleo celular, formando um complexo especial que permite sua exportação a partir do núcleo e a formação virions completos (ou seja, formas virais infecciosas ativas) na superfície da membrana celular.
No núcleo, a Hsp70 interfere na formação desse complexo de exportação, prendendo as nucleoproteínas virais dentro do núcleo. Como a nucleoproteína viral está presa ali, ela não tem a chance de se tornar ativa e infecciosa.
Também foi demonstrado que os banhos de sauna melhoram a função respiratória em indivíduos com asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva, além de poder melhorar o seu humor, um benefício adicional se você estiver lutando contra o estresse e a ansiedade.
O efeito de elevação do humor das saunas tem a ver com o fato de que seu corpo, em resposta ao calor, também produz dinorfina, o oposto químico das endorfinas. No entanto, as dinorfinas sensibilizam seu cérebro à endorfina, o que tende a melhorar o humor.
Se você já usou uma sauna, provavelmente já conhece esse efeito "tranquilizante". As proteínas de choque térmico também ativam a biogênese mitocondrial, dando suporte à sua saúde geral, especialmente à saúde cardiovascular, cardíaca e cerebral.
A quercetina é um poderoso antiviral
Você também pode reduzir o risco de infecções viral com a ajuda de algum suporte nutricional. A quercetina, em particular, parece ser bastante útil. Conforme relatado pela Maclean, os pesquisadores canadenses Michel Chrétien e Majambu Mbikay começaram a investigar a quercetina após a epidemia de SARS que eclodiu em 26 países em 2003.
Eles descobriram que um derivado da quercetina oferecia uma proteção de amplo espectro contra uma ampla variedade de vírus, incluindo a SARS e ebola. Chrétien e Mbikay estão agora iniciando um ensaio clínico para avaliar a eficácia da quercetina contra o COVID-19.
Como observado em um estudo de 2016 do periódico Nutrients, os mecanismos de ação da quercetina incluem a inibição da produção do fator de necrose tumoral α (TNF-α) induzida por lipopolissacarídeo (LPS) em macrófagos.
O TNF-α é uma citocina envolvida na inflamação sistêmica, secretada por macrófagos ativados, um tipo de célula imunológica que digere substâncias estranhas, micróbios e outros componentes nocivos ou danificados. A quercetina também inibe a liberação de citocinas pró-inflamatórias e histamina, modulando o influxo de cálcio na célula.
De acordo com esse artigo, a quercetina também estabiliza os mastócitos e tem "um efeito regulador direto nas propriedades funcionais básicas das células imunológicas", o que permite inibir "uma enorme panóplia de alvos moleculares em uma faixa de concentração micromolar, regulando para baixo ou suprimindo muitas vias e funções inflamatórias."
Em suma, verificou-se que a quercetina limita as doenças virais através de três mecanismos principais. Primeiramente, inibe a capacidade do vírus de infectar as células. Em segundo lugar, inibe a replicação de células já infectadas e, por último, reduz a resistência das células infectadas ao tratamento com medicamentos antivirais.