Esse cientista realmente desenvolveu uma cura para o COVID-19?

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Resumo da matéria -

  • Um empresa de biotecnologia chamada Distributed Bio afirma ter desenvolvido uma terapia de anticorpos para o COVID-19. O remédio terá sua eficiência testada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Exército dos Estados Unidos para Doenças Infecciosas
  • Dois medicamentos mais antigos que estão sendo utilizados contra o COVID-19 são os remédios para a malária cloroquina e hidroxicloroquina. A FDA dos EUA está permitindo que a cloroquina seja utilizada contra o COVID-19
  • Um pequeno estudo realizado na França mostrou que pacientes de COVID-19 tratados com cloroquina se recuperaram rapidamente da doença. O medicamento também reduziu o período em que os pacientes foram considerados contagiosos
  • Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina causam o efeito colateral de alongar a onda QT do eletrocardiograma do paciente. Isso significa que a atividade elétrica do coração é alterada, o que pode causar convulsões, desmaios e até mesmo a morte repentina

Por Dr. Mercola

Jacob Glanville, PhD, auto-intitulado "empreendedor, inventor e imunoengenheiro computacional" mostrado na série de documentário da Netflix, "Pandemia", afirma ter desenvolvido uma cura viável para o COVID-19 que, em breve, será testada pelo exército dos EUA.

Jacob, sócio-fundador e diretor executivo de uma empresa de biotecnologia chamada Distributed Bio, e um grupo de empregados da empresa começaram a trabalhar em um tratamento para a doença no dia 25 de janeiro de 2020. De acordo com o site da empresa:

"Nossa estratégia era desenvolver um painel de anticorpos anti-SARS para que eles reconhecessem e bloqueassem o novo coronavírus. O resultado do trabalho é um painel de anti-corpos terapêuticos de alta afinidade para neutralizar o SARS-CoV-2 (o vírus responsável pelo COVID-19).

O trabalho alavancou a tecnologia de descoberta de anticorpos humanos SuperHuman 2.0 e a tecnologia de otimização computacional de anticorpos Tumbler da Distributed Bio para descobrir milhares de anticorpos contra um novo vírus em 9 semanas.”

Como o tratamento com anticorpos funciona

Em uma entrevista realizada no dia 31 de março de 2020, Jacob explicou como sua empresa pensou no tratamento:

"...Minha equipe obteve sucesso na aquisição de cinco anticorpos que, em 2002, foram considerados capazes de neutralizar, bloquear e impedir o vírus SARS... O novo vírus é um primo do antigo SARS.

Então, o que fizemos foi criar centenas de milhões de versões desses anticorpos, os modificamos um pouco e, dentre todas as versões modificadas, descobrimos versões que se cruzam... Eles se ligam à mesma região do novo vírus, o COVID-19.

Eles se ligam ao local que o vírus usa para ganhar acessos às células. E o bloqueiam. Até então, sabemos que eles se ligam ao mesmo ponto, de forma extremamente unida, com alta afinidade. O próximo passo é enviar os anticorpos para o exército, onde serão aplicados diretamente sobre o vírus, o que provará que eles bloqueiam a capacidade do vírus de infectar células."

Como relatado pela Fox News, a terapia de anticorpos essencialmente contorna a necessidade de uma vacina. "Ao invés de aplicar uma vacina e esperar até que ela produza uma resposta imune, nós daremos os anticorpos de uma vez... e então, dentro de 20 minutos, o paciente terá a capacidade de neutralizar o vírus", disse Jacob.

De acordo com Jacob, o medicamento completo terá sua eficiência testada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Exército dos Estados Unidos para Doenças Infecciosas (USAMRIID), enquanto o a empresa Charles River Laboratories realizará os testes de segurança.

De acordo com o jornal New York Post, os ensaios em humanos poderão começar no final do verão (correspondendo ao final do inverno aqui no Brasil). De acordo com Jacob, na melhor das hipóteses, o medicamento poderá ser liberado para uso compassivo em setembro, o que significa que os pacientes poderão ter acesso a ele fora dos ensaios clínicos. Quando perguntamos sobre as afirmações de Jacob, Dr. Anthony Fauci respondeu que o uso de anticorpos monoclonais é uma "prática antiga" e que pensar nela foi "a coisa certa a se fazer".

Em uma entrevista com Ella Sogomonian da KRONon, Jacob também falou sobre outros medicamentos que parecem promissores contra o COVID-19. Um deles é a cloroquina, um medicamento para a malária cujo uso contra o COVID-19 a agência Food and Drug Administration dos EUA vem permitindo. Testes realizados em laboratórios sobre culturas celulares demonstraram que o medicamento é eficiente contra o SARS-CoV-2.

O outro medicamento atualmente utilizado é a hidroxicloroquina. Embora utilize a mesma via que a cloroquina, também apresenta um perfil de efeitos colaterais muito mais seguro. Um estudo divulgado recentemente teve resultados promissores com o uso da hidroxicloroquina. O especialista no controle de infecções Dr. Didier Raoult, da França, alistou 24 pacientes diagnosticados com COVID-19.

Os pacientes receberam 600 mg de hidroxicloroquina por dia, e suas cargas virais foram monitoradas. Dependendo da apresentação clínica, os pesquisadores acrescentaram azitromicina ao protocolo de tratamento. Pacientes de outro hospital que recusou o protocolo foram utilizados como controle.

Embora o estudo tenha sido pequeno, suas descobertas sugerem que "o tratamento com hidroxicloroquina está significativamente associado à redução/desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19, e seu efeito é reforçado pela azitromicina".

Outro médico também compartilhou resultados positivos alcançados com um protocolo similar. O Dr. Vladimir Zelenko trata uma população muito coesa de 35.000 pessoas em Kiryas Joel, Nova York. Após as testagens revelarem a possibilidade de 20.000 infectados na comunidade, Vladimir desenvolveu um protocolo de tratamento antes de os pacientes serem admitidos.

Por um período de cinco dias, ele tratou qualquer paciente com falta de ar ou que estava na categoria de alto risco com sintomas brandos. Sua equipe utilizou hidroxicloroquina, azitromicina e sulfato de zinco por cinco dias. Nesse período de cinco dias, não houve mortes, hospitalizações ou incubações. Vladimir relatou que "aproximadamente 10% dos pacientes apresentaram náusea e diarreia temporárias".

Mas os medicamentos para a malária não estão isentos de riscos

Espero que entenda que estou meramente relatando que essa abordagem está sendo utilizada e que eu não a aprovo de nenhuma maneira, pois, assim como qualquer medicamento, ela pode causar consequências não intencionais conhecidas como feitos colaterais, e muitas delas podem ser muito graves.

Embora a cloroquina e a hidroxicloroquina demostrem bons resultados contra o COVID-19, elas não estão isentas de riscos. Ambos os medicamentos causam o efeito colateral de alongar a onda QT do eletrocardiograma do paciente. Isso significa que a atividade elétrica do coração é alterada, o que pode causar convulsões, desmaios e até morte repentina.

Dois dias após a China emitir uma orientação de tratamento para uso da cloroquina, ela emitiu um aviso para monitorar de perto os efeitos colaterais do tratamento e limitar o uso do medicamento somente às pessoas livres de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, e que não estejam tomando antibióticos como azitromicina ou esteroides.

Acredito que existam tratamentos mais eficientes, baratos e simples, os quais já mencionei em outros artigos, que devem ser considerados antes dessa abordagem radical.

O zinco pode ser muito importante

O interessante é que a cloroquina parece aumentar a absorção do zinco, e essa pode ser uma das razões que tornam o medicamento tão útil contra o COVID-19. Evidências mostram que o gluconato de zinco e o acetato de zinco reduzem a gravidade e a duração de infecções virais. O zinco é crucial para a eficácia do sistema imunológico, função enzimática, síntese proteica e divisão celular.

Estudos demonstram que o uso de pastilhas de zinco pode reduzir a duração de um resfriado em 33%, além de diminuir a gravidade dos sintomas. Também foi demonstrado que o zinco inibe o coronavírus in vitro e bloqueia sua replicação em culturas celulares. É como foi explicado pelo Dr. Roger Seheult da MedCram:

"Quando o coronavírus infecta suas células, ele despeja nelas um RNA mensageiro que será traduzido usando os ribossomos da própria célula. A primeira coisa que esses ribossomos vão fazer é traduzir essa molécula de RNA em uma proteína chamada RNA polimerase dependente de RNA, ou replicase.

E é essa enzima que... demonstrou ser inibida por altas concentrações intracelulares de zinco. Acontece que a cloroquina é um ionóforo de zinco, assim como a hidroxicloroquina. Ionóforos de zinco são basicamente uma proteína que permite que o zinco entre nas células.

Não sabemos se é exatamente assim que funciona neste caso, mas o fato de o zinco inibir a replicase e de a hidroxicloroquina e a cloroquina aumentarem a concentração intracelular de zinco merece algum crédito."

Sua defesa número 1 é o seu sistema imunológico

À medida que essa história se desenrola, estou comprometido a oferecer opções viáveis de prevenção e tratamento que possam ser utilizadas em casa. Um artigo publicado recentemente por Mark McCarty e James DiNicolantonio, PharmD, destaca vários nutracêuticos que podem ajudar a reduzir os sintomas e a gravidade da gripe e do coronavírus. Segundo os autores, esse vírus:

"causam uma sobrecarga inflamatória nos pulmões, e é essa sobrecarga inflamatória que leva à dificuldade respiratória aguda, falência de órgãos e morte. Certos nutracêuticos podem ajudar a reduzir a inflamação nos pulmões causadas pelo RNA viral, enquanto outros também podem ajudar a aumentar a resposta do interferon tipo 1 a esses vírus, que é o principal mecanismo do corpo para criar anticorpos antivirais para combater infecções virais."

A partir das conclusões de vários estudos clínicos randomizados, James e Mark acreditam que o efeito antiviral de alguns nutracêuticos está claro, e esperam que a atenção trazida por eles a esses benefícios incentive novas pesquisas para testar essa estratégia. Eu fiz um resumo sobre estes nutracêuticos em meu artigo "Nutrientes essenciais para se proteger do coronavírus". E sugestões adicionais podem ser encontradas no artigo "Quercetina e vitamina D — Possíveis aliados contra o coronavírus?"

Também é importante se lembrar de cuidar da sua microbiota intestinal, reduzir o consumo de açúcar e carboidratos, ter um sono de qualidade e praticar uma boa higienização das mãos a fim de apoiar seus esforços para permanecer saudável.

Lembre-se também de ficar longe dos outros quando estiver doente, para evitar a propagação de qualquer vírus que esteja portando, e de procurar atendimento médico caso tenha sintomas de uma gripe grave. A dificuldade em respirar é um indicador claro da necessidade de atendimento médico. Principalmente se você estiver grávida, estiver com a imunidade baixa ou alguma doença crônica que faça com que você entre no grupo de risco para a infecção por COVID-19.