Por Dr. Mercola
Curiosamente, médicos de destaque apareceram na mídia dizendo que é impossível fortalecer seu sistema imunológico para vencer o vírus SARS-CoV-2. É difícil compreender como esse tipo de ignorância ainda permeia nosso sistema médico — e como eles podem se safar criticando as pessoas que oferecem provas do contrário.
O sistema imunológico é sua primeira linha de defesa contra todas as doenças, especialmente as doenças infecciosas, e há muitas maneiras diferentes de fortalecer seu sistema imunológico e melhorar sua função. Um nutriente que desempenha um papel muito importante na capacidade do sistema imunológico para evitar infecções virais é o zinco.
No vídeo da MedCam acima, o Dr. Roger Seheult analisa evidências convincentes sugerindo que a razão pela qual a droga antimalárica cloroquina parece ser tão útil no tratamento do COVID-19 é porque ela melhora a absorção de zinco na célula. (A hidroxicloroquina (Plaquenil) usa a mesma via que a cloroquina, mas possui um perfil de efeito colateral mais seguro).
Enquanto os medicamentos antimaláricos cloroquina e hidroxicloroquina agem como um ionóforo de zinco (molécula de transporte de zinco) por facilitar a absorção de zinco pelo corpo, outros compostos naturais podem ter o mesmo efeito.
Os compostos que se ligam ao zinco fortalecem o sistema imunológico
O zinco pode ser um ator muito subestimado na pandemia de COVID-19. Ele é vital para a função imunológica saudável e, em 2010, foi demonstrado que uma combinação de zinco com um ionóforo de zinco (molécula de transporte de zinco) inibe coronavírus SARS in vitro. Na cultura celular, também bloqueou a replicação viral em questão de minutos.
Outros transportadores naturais do zinco: Quercetina e EGCG
A boa notícia é que drogas como a cloroquina e a hidroxicloroquina provavelmente também não seriam necessárias (exceto talvez para os casos mais graves), pois outros compostos naturais podem fazer o mesmo trabalho.
Um estudo comparativo publicado em 2014 analisou dois ionóforos de zinco: a quercetina e a epigalocatequina-galato (EGCG encontrada no chá verde), observando que muitas das ações biológicas desses compostos podem, de fato, estar relacionadas à sua capacidade de aumentar a captação celular de zinco. Conforme explicado pelos autores:
“O zinco lábil, uma pequena fração do zinco intracelular total, que é fracamente vinculado a proteínas e facilmente intercambiável, modula a atividade de numerosas vias metabólicas e de sinalização. Os polifenóis nutricionais das plantas, como os flavonoides quercetina (QCT) e a epigalocatequina-galato, atuam como antioxidantes e como moléculas sinalizadoras.
Curiosamente, a atividade de inúmeras enzimas que são alvo dos polifenóis depende do zinco. Já mostramos anteriormente que esses polifenóis quelam os cátions de zinco e levantamos a hipótese de que esses flavonoides também podem atuar como ionóforos de zinco, transportando os cátions de zinco através da membrana plasmática.
Para provar essa hipótese, aqui demonstramos a capacidade da quercetina e da epigalocatequina-galato de aumentar rapidamente o zinco lábil nas células Hepa 1-6 do hepatocarcinoma em camundongos, bem como, pela primeira vez, nos lipossomas... A atividade ionófora dos polifenóis da alimentação pode fundamentar o aumento dos níveis lábeis de zinco desencadeados nas células pelos polifenóis e, portanto, muitas de suas ações biológicas."
A quercetina também é um potente antiviral por si só, e tanto a quercetina como a epigalocatequina-galato também têm a vantagem adicional de inibirem a protease 3CL — uma enzima usada pelos coronavírus SARS para infectar as células saudáveis. Conforme explicado em um artigo de 2020 na Nature, a protease 3CL "é essencial para o processamento das poliproteínas que são traduzidas a partir do RNA viral".
E, de acordo com outro estudo de 2020, presume-se que a capacidade da quercetina, da epigalocatequina-galato e de alguns outros flavonoides para inibir os coronavírus SARS "esteja diretamente ligada à supressão da atividade do SARS-CoV 3CLpro em alguns casos".
Zinco + niacina + selênio é uma combinação vencedora
A adição de niacina e selênio parece ser um bom conselho, considerando que ambos desempenham um papel na absorção e biodisponibilidade do zinco no organismo. Por exemplo, um estudo publicado em 1991 demonstrou que, quando as mulheres jovens tinham uma alimentação deficiente em vitamina B6, o zinco sérico diminuía, sugerindo que a deficiência de B6 afetava o metabolismo do zinco, de modo que "o zinco absorvido não estava disponível para uso".
Uma exploração e explicação mais detalhadas da relação da niacina e do selênio com o zinco são fornecidas no artigo de 2008, intitulado “Zinc, Metallothioneins and Longevity: Interrelationships With Niacin and Selenium”:
"O envelhecimento é um processo biológico inevitável, com alterações bioquímicas e fisiológicas graduais e espontâneas e maior suscetibilidade a doenças.
Alguns fatores nutricionais (zinco, niacina, selênio) podem remodelar essas alterações, levando a uma possível esquiva das doenças, com a consequência de um envelhecimento saudável, pois estes estão envolvidos na melhora das funções imunológicas, na homeostase metabólica e na defesa antioxidante.
Experimentos... mostram que o zinco é importante para a eficiência imunológica (inata e adaptativa), homeostase metabólica (uso de energia e renovação hormonal) e atividade antioxidante (enzima superóxido dismutase).
A niacina é um precursor do NAD+, o substrato para a atividade da enzima de reparo do DNA PARP-1 e, consequentemente, pode contribuir para manter a estabilidade genômica. O selênio provoca a liberação de zinco pelas metalotioneínas (MT), através da redução da glutationa peroxidase.
Esse fato é crucial no envelhecimento, pois a MT elevada pode não conseguir liberar zinco, resultando na subsequente baixa disponibilidade de íons livres de zinco intracelular para a eficiência imunológica, harmonia metabólica e atividade antioxidante.
Levando em consideração a existência dos transportadores de zinco... para efluxo e influxo celular do zinco, respectivamente, a associação entre transportadores de zinco e MT é crucial para manter uma homeostase intracelular satisfatória do zinco no envelhecimento.
Após a suplementação fisiológica de zinco em idosos, ocorre uma melhora no desempenho imunológico, na homeostase metabólica e na defesa antioxidante... A associação do zinco com selênio melhora a imunidade humoral em idosos após a vacinação contra influenza."