90% das infecções de coronavírus são assintomáticas

Fatos verificados
pacientes assintomáticos de coronavírus

Resumo da matéria -

  • Um hospital da cidade de Nova York deu início à uma triagem universal em grávidas admitidas para o parto, em busca do SARS-CoV-2, o vírus causador do COVID-19
  • Ao todo, 87,9% das mulheres que testaram positivo para o SARS-CoV-2 não apresentaram sintomas
  • Das 408 pessoas testadas em um abrigo para moradores de rua em Boston, 36% testaram positivo, mas a presença de sintomas foi incomum dentre os indivíduos COVID-positivos
  • Em um estudo piloto, 200 participantes foram testados para verificar se possuíam anticorpos criados pelo sistema imunológico para combater o COVID-19, o que poderia sugerir que já haviam sido infectados anteriormente sem que ficassem sabendo
  • Em um estudo piloto, 32% de 200 indivíduos testaram positivo para anticorpos ligados ao COVID-19, mas apenas metade deles disse que sofreram pelo menos um sintoma da doença nas últimas quatro semanas
  • Um estudo de modelagem realizado por pesquisadores do laboratório de Ecologia Evolutiva de Doenças Infecciosas da Universidade de Oxford sugere que até metade da população do Reino Unido pode já ter sido infectada

Por Dr. Mercola

Os sintomas do COVID-19 — febre, tosse, falta de ar, calafrios, dores musculares — são largamente divulgados pela mídia e pelas organizações de saúde pública. O que não é tão divulgado, no entanto, é o fato de que um grande número de pessoas com COVID-19 não sofre nenhum tipo de sintoma.

Até mesmo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), ao opinar sobre o uso de máscaras para retardar o alastramento do COVID-19, afirmou "Agora sabemos, a partir de estudos recentes, que uma porção considerável dos indivíduos com coronavírus não apresenta sintomas ('assintomático')..."

Um desses estudos descobriu que, em uma família de três pessoas que testaram positivo, apenas uma delas — um homem de 35 anos — apresentou sintomas. Os outros dois membros da família, uma mulher de 33 anos e um menino de 3 anos, foram assintomáticos.

Como não houve uma testagem generalizada nos EUA, e a maioria das pessoas que foram testadas apresentou sintomas, não há como saber quantas pessoas podem ter sido infectadas e se recuperado do COVID-19 sem sequer ficarem sabendo, devido à falta de sintomas.

No entanto, os poucos estudos realizados sobre isso fornecem dados reveladores de que 87,9% de um grupo de teste positivo não apresentou sintomas.

A maioria das pacientes grávidas com COVID-19 não apresentou sintomas

Um hospital da cidade de Nova York deu início à uma triagem universal em grávidas admitidas para o parto, em busca do SARS-CoV-2, o vírus causador do COVID-19. Entre 22 de março e 4 de abril de 2020, 215 grávidas foram selecionadas na admissão quanto aos sintomas de COVID-19 e submetidas a testes para o vírus.

Apenas 1,9% das mulheres apresentaram febre ou outro sintoma do COVID-19, sendo que todas elas testaram positivo. Das mulheres restantes que foram testadas mesmo sem apresentarem sintomas, 13,7% testaram positivo. Isso significa que, ao todo, 87,9% das mulheres que testaram positivo para o SARS-CoV-2 não apresentaram sintomas.

Dentre aquelas que testaram positivo sem apresentar sintomas, três mulheres (10%) desenvolveram febre antes de receberem alta do hospital (em cerca de dois dias). No entanto, duas dessas mulheres receberam tratamento para endomiometrite, uma complicação da gravidez que causa febre, enquanto presumiu-se que apenas uma das três havia desenvolvido a febre por conta do COVID-19.

Em outra mulher que havia testado negativo, os sintomas se desenvolveram após o parto e, três dias após o teste inicial, ela testou positivo. Os autores do estudo explicaram:

"Nossa testagem universal por SARS-CoV-2 em todas as pacientes grávidas que se apresentam para o parto revelou que, no ponto atual da pandemia na cidade de Nova York, a maioria das pacientes que testaram positivo para o SARS-CoV-2 durante o parto foi assintomática, e mais de uma a cada oito pacientes assintomáticas admitidas para a unidade de trabalho de parto testou positivo para o vírus."

A co-autora do estudo, Dr. DenaGoffman, juntamente com o Centro Médico Irving da Universidade de Columbia, disse à CBS News que "se pararmos de checar, arriscamos perder pessoas portadoras do vírus". E aí é que está: a maioria das pessoas não está sendo testada para o COVID-19, principalmente aquelas sem sintomas, então só podemos supor quantas pessoas já foram infectadas.

Em um abrigo, sintomas são classificados como "incomuns" durante o surto do COVID-19

Outro exemplo da furtividade aparente do COVID-19 veio de um grande abrigo para moradores de rua em Boston. Após um aglomerado de casos de COVID-19 ser identificado no abrigo, os pesquisadores conduziram verificações dos sintomas e testagens dentre todos os residentes do abrigo, durante um período de dois dias.

Das 408 pessoas testadas, 147, ou 36%, testaram positivo, e embora os indivíduos positivos fossem mais do sexo masculino, não houve nenhuma outra característica diferenciadora. Dito isso, os sintomas estavam visivelmente ausentes.

Houve tosse em apenas 7,5% dos casos, falta de ar em 1,4% e febre em 0,7%. Todos foram considerados "incomuns dentre os indivíduos COVID-positivos", disseram os pesquisadores, adicionando ainda que, como o COVID-19 pode aparentemente ser transmitido rapidamente em abrigos para moradores de rua sem um aumento correspondente no número de sintomas, a testagem universal pode ser uma melhor estratégia para identificar os casos, em vez das testagens realizadas com base em sintomas.

Em Chelsea, Massachusetts, uma cidade que fica do lado oposto de Boston, no outro lado do Rio Místico, muitos casos também estão ocorrendo sem a presença de sintomas. No dia 17 de abril de 2020, Chelsea apresentou a maior taxa de casos confirmados de COVID-19 em Massachusetts — 2%, embora a taxa real provavelmente seja maior ainda.

Em um estudo piloto realizado por médicos do Hospital Geral de Massachusetts, 200 participantes que "pareciam saudáveis" foram testados para verificar a presença de anticorpos criados pelo sistema imunológico para combater o COVID-19, o que poderia sugerir que já haviam sido infectados anteriormente sem que ficassem sabendo.

Dentre eles, 32% testaram positivo para anticorpos ligados ao COVID-19, mas apenas metade deles disse ter sofrido pelo menos um sintoma da doença nas últimas quatro semanas. O gerente da cidade de Chelsea, Thomas Ambrosino, disse ao The Boston Globe que "é um tanto preocupante que 30% de um grupo aleatório de 200 pessoas que não apresentam sintomas esteja, de fato, infectado".

Enquanto estudos sugerem que a maioria dos pacientes de COVID-19 em algumas populações pode não apresentar sintomas, o CDC também confirmou que casos assintomáticos de COVID-19 realmente existem. "Uma das informações que conseguimos confirmar é que um número considerável de indivíduos infectados permanece assintomático", disse o diretor do CDC, Dr. Robert Redfield, à NPR. "Talvez represente até 25% dos casos."

Além disso, é como foi relatado em um artigo de correspondência no Lancet, no qual os pesquisadores defenderam as testagens em massa de profissionais de saúde sintomáticos e assintomáticos:

"O número de casos assintomáticos do COVID-19 é considerável. Em um estudo sobre a infecção sintomática e assintomática do COVID-19 no navio de cruzeiro Diamond Princess, 328 dos 634 casos positivos (51,7%) foram assintomáticos durante o período das testagens. O porte assintomático do vírus foi estimado em 19,9%... enquanto a Comissão Nacional de Saúde da China registrou, no dia 1° de abril de 2020, que 130 (78%) dos 166 casos positivos eram assintomáticos."

Será que metade da população já faz parte do rebanho?

Quando a maioria das pessoas teve uma doença infecciosa e naturalmente adquiriu uma imunidade natural duradoura, diz-se que houve o desenvolvimento de uma imunidade de rebanho. Será que a imunidade natural de rebanho está se desenvolvendo para o COVID-19, com muitos nem sequer percebendo que já contraíram a doença?

De acordo com um estudo de modelagem hipotético realizado por pesquisadores do laboratório de Ecologia Evolutiva de Doenças Infecciosas da Universidade de Oxford, que sugere que até metade da população do Reino Unido pode já ter sido infectada, a resposta é sim.

Eles sugerem que, de acordo com a teoria da saúde pública, o SARS-CoV-2, assumindo que este provoca imunidade protetora, estará em conformidade com as três fases distintas que normalmente ocorrem quando um novo agente infeccioso provoca imunidade protetora:

  1. Uma fase inicial de acúmulo lento de novas infecções, frequentemente indetectáveis
  2. Uma segunda fase de rápido crescimento nos casos de infecção, doença e morte
  3. Um eventual retardo nas transmissões devido ao esgotamento de indivíduos suscetíveis, normalmente levando ao fim da primeira onda epidêmica

A modelagem hipotética utilizou dados sobre as mortes por COVID-19 no Reino Unido e na Itália, e assumiu que tais mortes ocorreram apenas na fração mais vulnerável da população. Como relatado pela New York Magazine, neste cenário:

"O coronavírus chegou, no máximo, em meados de janeiro, e se alastrou sem ser detectado por mais de um mês antes dos primeiros casos serem confirmados. Com base em um modelo de suscetibilidade de recuperação de infectados — uma estimativa normalmente utilizada na epidemiologia — utilizando dados de relatos de casos e mortes do Reino Unido e da Itália, os pesquisadores determinaram que a estratégia inicial de 'imunidade de rebanho' do governo do Reino Unido poderia ter sido boa."

O Reino Unido inicialmente planejou suprimir o alastramento do COVID-19, mas sem eliminá-lo completamente, permitindo que se espalhasse entre as populações mais jovens e menos vulneráveis, enquanto protegia os idosos e imunocomprometidos. Então mudaram de estratégia, em parte devido aos relatos sugerindo que até 250.000 pessoas poderiam morrer durante o plano de supressão, para uma adotada na maioria dos outros países, envolvendo o isolamento de casos, distanciamento social e quarentenas generalizadas.

"Estou surpresa que houve uma aceitação tão desqualificada do modelo imperial", disse a pesquisadora chefe Sunetra Gupta, que pediu por testagens imediatas de anticorpos em larga escala para determinar qual estágio da pandemia estamos enfrentando atualmente. Os pesquisadores também observaram que:

"É importante ressaltar que os resultados que aqui apresentamos sugerem que as epidemias em andamento no Reino Unido e na Itália começaram pelo menos um mês antes do primeiro relato de morte, e que já levaram ao acúmulo de níveis consideráveis de imunidade de rebanho em ambos os países.

Existe uma relação inversa entre a proporção de pessoas atualmente imunes e a fração da população vulnerável a doenças graves. Essa relação pode ser usada para determinar quantas pessoas necessitarão de hospitalização (com possíveis mortes) nas próximas semanas, caso sejamos capazes de determinar com precisão os níveis atuais da imunidade de rebanho."

Vacinas para todos: Não se torne naturalmente imune!

A empresa de biotecnologia Moderna deu início ao primeiro ensaio clínico para uma vacina do COVID-19 em março de 2020. A empresa de biotecnologia Inovio, fundada pela Fundação Bill & Melinda Gates, é a segunda empresa a testar uma vacina experimental para o COVID-19 em humanos nos EUA.

Pelo menos 70 vacinas para o COVID-19 estão em desenvolvimento, e provavelmente todas elas estão tentando ser aceleradas para o mercado. Em circunstâncias normais, uma vacina pode levar de 5 a 10 anos para ser desenvolvida, e acelerar o processo gera muitas preocupações de segurança.

A Fundação Bill & Melinda Gates está financiando a construção de fábricas para a produção de sete candidatas a vacinas, sendo que a vacina vencedora será produzida em massa, para vacinar a população do mundo inteiro. O diretor executivo da fundação, Mark Suzman, disse: "Existem 7 bilhões de pessoas no planeta. Precisaremos vacinar quase todas elas. Não há capacidade de produção capaz de atender tamanha demanda."

A propósito, a Fundação Bill & Melinda Gates é a maior financiadora da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, nos artigos de opinião do jornal Washington Times, publicado no dia 31 de março de 2020, Bill Gates pediu o fechamento de todos os estados dos EUA e a quarentena de todos os estadunidenses "até que o número de casos diminua... o que pode levar 10 semanas ou mais".

Embora Bill com certeza consiga se manter, poucos trabalhadores estadunidenses teriam condições de sobreviver por meses sem renda e, como resultado, poderiam sofrer sérias consequências para a saúde mental.

Então, Bill Gates, um grande financiador da OMS, está pedindo uma quarentena de pelo menos 10 semanas nos EUA e construindo novas instalações de produção de vacinas para produzir bilhões de doses de vacinas para o COVID-19 — o que seria inútil caso a maioria da população já tenha sido exposta ao vírus ao continuarem vivendo normalmente suas vidas diárias, e assim adquirindo a imunidade de rebanho de forma natural.