Dicas para gestantes durante a pandemia de coronavírus

Fatos verificados
COVID-19

Resumo da matéria -

  • A pandemia de COVID-19 está levantando muitas questões com implicações que preocupantes para as gestantes. Converse com seu médico sobre opções de telemedicina e prepare-se para as consultas presenciais após 24 semanas de gestação
  • Estratégias para prevenir a infecção incluem lavar as mãos com frequência por pelo menos 20 segundos, praticar o distanciamento social e usar máscara em público
  • Seu sistema imunológico é a primeira linha de defesa contra infecções; procure manter níveis ideais de vitamina D, consuma alimentos ricos em vitamina C, evitando alimentos industrializados

Por Dr. Mercola

Febre, tosse e falta de ar são alguns dos sintomas do COVID-19. O CDC tem alertado idosos e pessoas com comorbidades sobre o risco elevado de complicações mais sérias.

Com base em informações recentes, também é possível que gestantes saudáveis tenham os mesmos riscos que os portadores de comorbidades. Esse vírus é diferente de outras mutações do coronavírus e da gripe, tendo mais chances de causar sintomas severos em gestantes.

Dados mostram que caso uma mulher tenha uma infecção severa de COVID-19 durante o terceiro trimestre, isso pode afetar o "tempo e o tipo de parto." O Reino Unido declarou as gestantes como parte da população vulnerável, mas, de acordo com a Harvard Health, a declaração não é baseada em evidências claras de que elas estejam em risco mais alto.

A principal forma de infecção do COVID-19 é de pessoa para pessoa via gotículas respiratórias produzidas quando um infectado espirra, tosse ou fala. Por isso, especialistas recomendam que se mantenha uma distância de 1,80m de outras pessoas. Também é possível que pessoas não apresentem sintomas e ainda transmitam o vírus.

Está em gestação? Reflita nas seguintes questões

Uma pandemia levanta muitas questões que podem se agravar no caso de uma gestante que precisa proteger a saúde do bebê. Embora muitos planos possam ser adiados, não se pode remarcar a chegada de um bebê. Ainda há muito a se aprender sobre a forma que a infecção afeta a gestação, mas os médicos sabem que há preocupações pertinentes para mulheres que estão passando por uma gravidez de risco.

Isso inclui gestantes com comorbidades como doenças do coração, pressão arterial alta, diabetes e problemas pulmonares. A gestação causa uma maior demanda das funções pulmonares, de modo que mulheres com alguma condição respiratória crônica podem estar em risco elevado de infecção e problemas graves de saúde.

Essas condições podem incluir doenças pulmonares crônicas, asma e doenças cardíacas crônicas. É por isso que o cuidado pré-natal é uma parte importante de se ter um bebê saudável na presença de alguma dessas condições. Por outro lado, durante uma pandemia de COVID-19, especialistas recomendam, caso não haja risco, dependendo do trimestre da gestação, você recorra às consultas à distância.

Entretanto, caso ultrassons, exames cardiorrespiratórios e de pressão sejam necessários, será preciso ir ao médico presencialmente. A Dr. Elizabeth Zadzielski, chefe de Obstetrícia e Ginecologia no Sinai Hospital, recomenda a consulta médica presencial caso já tenham se passado 24 semanas ou mais de gestação. Neste momento, é importante fazer exames e avaliações para prevenir possíveis problemas. Exames presenciais também são necessários no caso de primeiras consultas.

Comunique quaisquer alterações ao seu médico, como sangramentos ou diminuição do movimento fetal, bem como sinais de parto prematuro. Atualmente, não existem evidências suficientes para se determinar se a mãe pode ou não passar o vírus para o feto. Segundo a OMS, "até o momento, o vírus não foi encontrado em amostras de líquido amniótico ou leite materno."

Previna a infecção e proteja sua saúde

Pesquisadores acreditam que 80% das pessoas com COVID-19 terão sintomas menores ou serão assintomáticas. Estes são estudos similares aos feitos com a influenza na Inglaterra, que descobriram que a maior parte das pessoas que estavam gripadas eram assintomáticas.

Isso significa que é preciso ter cuidado até mesmo com aqueles que aparentam estar saudáveis. Um passo vital na prevenção é lavar corretamente as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Para ser tão eficiente quanto possível, é preciso seguir alguns passos que você encontrará no artigo "O Impacto da Lavagem de Mãos Efetiva Contra Infecções":

  • Use água morna e corrente com sabonete neutro. Não é preciso usar sabonete antibacteriano.
  • Com as mãos molhadas, pegue o sabonete e faça uma boa espuma, ensaboando até os pulsos e esfregando por pelo menos 20 segundos (a maioria das pessoas só lava as mãos por cerca de seis segundos). Uma boa forma de contar o tempo é cantando "Parabéns para você" duas vezes.
  • Cubra toda a superfície das mãos e pulsos usando fricção e esfregando as pontas dos dedos contra a palma e os dedos uns contra os outros.
  • Enxágue com água corrente e continue aplicando a fricção.
  • Seque completamente as mãos, preferencialmente com uma toalha de papel.

Além de lavar as mãos, evite tocar o rosto. O vírus pode passar facilmente dos dedos para o nariz, olhos e boca. Caso seu rosto comece a coçar, use um lenço para tocá-lo. Limpe e desinfete as superfícies da sua casa e trabalho. Isso inclui mesas, interruptores, maçanetas, telefones, banheiros, torneiras e bancadas.

Inicialmente, líderes mundiais em saúde eram o uso de máscaras, afirmando, que as "...máscaras podem criar uma falsa sensação de segurança que poderia colocar pessoas em risco. Mesmo com a boca e o nariz completamente cobertos, o vírus pode entrar pelos olhos." Entretanto, o CDC mudou suas orientações:

"O CDC recomenda usar máscaras faciais de tecido em ambientes públicos onde outras medidas de distanciamento social são difíceis de manter (ex.: mercados e farmácias), especialmente em áreas de grande transmissão social."

Segundo a OMS, usar as máscaras pode ajudar a reduzir a propagação, mas não é o suficiente para prevenir a infecção em si. Eles recomendam que aqueles que já foram infectados usem máscaras e façam quarentena para prevenir a propagação da infecção; pessoas que estão cuidando dos doentes devem usar a máscara enquanto estiverem no mesmo cômodo que eles.

Mantenha sua saúde e reduza o risco durante a gravidez

Tomar suplementos e medicamentos durante a gestação pode afetar o crescimento do seu bebê de formas que ainda não são totalmente compreendidas ou documentadas. Por isso, é melhor evitar a ingestão de tudo que já não foi totalmente comprovado como benéfico, como as vitaminas pré-natais. Mesmos alguns medicamentos comumente aceitos têm consequências a longo prazo.

Por exemplo, existem evidências de que acetaminofeno, comumente vendido sem receita como Tylenol, pode dobrar o risco de autismo e aumentar o risco de transtorno de déficit de atenção. Durante a gestação, o bebê é exposto a tudo o que você ingere, então é aconselhável focar em alimentos nutritivos tanto quanto possível, pois sua única verdadeira defesa contra o COVID-19 é um sistema imunológico forte.

Em outras palavras, esqueça os alimentos processados e compre alimentos frescos em sua mercearia local. A microbiota intestinal é uma parte vital do metabolismo e da saúde. Durante a gestação, o funcionamento e composição mudam, contribuindo para o resultado da gravidez.

Alguns exemplos de alimentos com nutrientes defensivos que ajudam durante a gravidez incluem o abacate orgânico não modificado geneticamente, brócolis, salmão selvagem do Alasca, frutas e ovos. Alguns sinais de que sua microbiota pode estar desbalanceada incluem constipação, diarreia, gases, inchaço ou indigestão.

Isso é importante evitar o uso de medicamentos que tratam essas condições em vez de alimentos não processados para equilibrar a microbiota intestinal. Isso inclui vegetais fermentados, que têm bactérias benéficas para seu intestino, caldo de carne, sementes de chia e alimentos com fibras de alta qualidade como psílio orgânico.

As vitaminas D e C são elementos cruciais para a saúde

Manter níveis saudáveis de vitamina D durante a gestação pode ser uma das medidas mais importantes. Em uma revisão sistemática da Cochrane, os autores encontraram evidências de que a suplementação com vitamina D pode reduzir o risco de pré eclâmpsia, baixo peso ao nascer e nascimento prematuro.

Embora a vitamina D não combata a infecção diretamente, ela é essencial para manter um sistema imunológico saudável. Em uma revisão bibliográfica, cientistas descobriram que a vitamina D tem um papel importante na redução do risco de infecções respiratórias como o COVID-19.

Conhecer seus níveis de vitamina D regularmente durante a gestação e lactação é o único meio de saber de quanto suplemento você precisa enquanto estiver sob cuidados médicos. Procure manter níveis acima de 50 nanogramas por mililitro (mg/mL), praticando a exposição consciente ao sol para melhorar sua saúde.

Como eu relatei recentemente no último mês, a vitamina C tem sido utilizada em grandes doses em Nova Iorque, o epicentro do vírus nos Estados Unidos, para tratar infecções por COVID-19. Pacientes que foram tratados com grandes doses reagiram significativamente melhor do que aqueles que não receberam a vitamina. Quando usada em altas dosagens, a vitamina C é um agente oxidante potente.

Essa ação pode ajudar a eliminar patógenos. Além disso, ela é barata e atualmente tem sido estudada como tratamento da septicemia, um fator presente naqueles que morreram de COVID-19.

Entretanto, altas doses são necessárias para o tratamento e não devem ser usadas preventivamente. Para proteger sua saúde, procure consumir alimentos ricos em vitamina C como pimentão, kiwi, morangos, brócolis, tomates e ervilha.

Quais são os riscos após o nascimento do bebê?

À medida que o parto se aproxima, talvez você esteja preocupada com transmitir o vírus para seu recém-nascido através da amamentação, por exemplo. Até agora, só houve relatos de casos, não estudos sobre grávidas infectadas com o COVID-19.

Dois relatos de caso com um total de 47 mulheres infectadas demonstraram que nenhum dos recém-nascidos foram infectados. Dois outros relatos de caso descobriram que recém-nascidos apresentaram níveis elevados de anticorpos, mas nenhuma evidência clínica de infecção.

Em uma quinta revisão com 33 gestantes, os médicos encontraram três recém-nascidos infectados e com sinais clínicos. Embora o número de bebês saudáveis seja animador, a prática de estratégias para reduzir a infecção continua sendo essencial.

No caso de mães infectadas, a Harvard Health não descobriu evidências do vírus no leite materno. Sendo assim, a amamentação não deve expor a criança. No entanto, como ele é transmitido por gotículas do trato respiratório, as mães devem lavar as mãos antes de pegar seus bebês e usar máscara para minimizar a exposição da criança.

Caso escolha extrair o leite materno para ter um estoque de leite, use uma bomba de extração própria e siga todas as recomendações de limpeza todas as vezes que usar o aparelho. Limpe todas as partes que tiveram contato com o leite e com suas mãos. Lave as mãos antes de tocar a bomba, qualquer parte da mamadeira, do aparelho e antes de extrair o leite.

+ Recursos e Referências