O coronavírus pode se reproduzir nos olhos durante semanas

Fatos verificados
coronavírus pode se reproduzir nos olhos

Resumo da matéria -

  • Uma mulher de 65 anos, o primeiro caso confirmado de COVID-19 na Itália, apresentou uma infecção ocular da qual os médicos coletaram o vírus 12 dias após sua melhora
  • Especialistas não acreditam que o público em geral precise de protetores faciais, mas isso pode indicar a necessidade de que os oftalmologistas se protejam para não pegarem nem transmitirem o vírus
  • Mais pesquisas são necessárias para determinar se portar o vírus durante semanas é uma ocorrência comum
  • A descoberta reforça a necessidade de lavar as mãos frequente e cuidadosamente, evitando tocar no rosto, e de fortalecer o sistema imunológico para prevenir infecções

Por Dr. Mercola

As informações sobre o vírus SARS-CoV-2 continuam a se desdobrar. Como esse vírus nunca foi visto antes, os pesquisadores estão se esforçando para entender as taxas de infecção e mortalidade, o modo como o vírus se espalha e como pode ser tratado. Espera-se que as informações ajudem os formuladores de políticas a tomar decisões lógicas sobre os regulamentos da saúde pública.

Engenheiros da Johns Hopkins criaram um banco de dados digital on-line que é atualizado diariamente com o número de casos confirmados, mortes e o número total de testes realizados dos países declarantes. A taxa de mortalidade total do vírus pode ser encontrada considerando o número total de mortes dividido pelo número total de casos confirmados.

Essa tem sido a porcentagem de mortes relatadas nas notícias. No entanto, esse número não é preciso, pois os estados não dispõem de recursos para realizar o teste de COVID-19 em massa. A maioria dos submetidos ao teste também apresentava sintomas, portanto, não se sabe quantos podem ter contraído e se recuperado do COVID-19 sem tomarem conhecimento, visto que apresentavam sintomas leves ou inexistentes.

Entre 22 de março de 2020 e 4 de abril de 2020, todas as grávidas que deram entrada no Presbyterian Allen Hospital de New York e no Columbia University Irving Medical Center para realização do parto foram submetidas à triagem para SARS-CoV-2. Os resultados revelaram que 87,9% daquelas cujos teste deu positivo para o vírus não apresentaram sintomas de infecção.

Um segundo teste em um abrigo para sem-tetos em Boston mostrou que 36% deram positivo, mas apenas 7,5% apresentavam tosse, 1,4% falta de ar e 0,7% febre. Se a porcentagem de pessoas infectadas, mas sem sintomas, na população em geral é apenas metade dos 87,9% testados em Nova York, isso reduz significativamente a taxa de mortalidade, pois aumenta o número de pessoas positivas.

Isso significaria que as taxas de mortalidade publicadas estão longe de serem precisas, já que a maioria dos testes agora é feita em pessoas com sintomas, o que eleva artificialmente a taxa e distorce as estatísticas.

O SARS-CoV-2 foi encontrado uma semana após uma infecção ter sarado

Os pesquisadores sabem que a maioria das transmissões entre seres humanos ocorre através de partículas respiratórias. No entanto, desde que o vírus foi detectado, outras rotas e fluídos corporais ainda estão sob investigação, incluindo fezes e sangue. Embora alguns pacientes com COVID-19 apresentem conjuntivite, os dados sobre a replicação viral em amostras oculares foram escassos.

Durante a pandemia de SARS-CoV-1, a exposição ao fluido ocular foi associada a um aumento no risco de transmissão e infecção. Um novo estudo de caso publicado nos Annals of Internal Medicine indica que o coronavírus pode viver no fluido ocular muito tempo depois que a infecção parece ter sarado.

Os pesquisadores usaram dados coletados de uma mulher de 65 anos que viajou de Wuhan, China, para a Itália no final de janeiro e que foi o primeiro caso confirmado de COVID-19 na Itália. Ela foi internada no hospital seis dias depois de chegar à Itália.

No dia da internação no hospital do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani, em Roma, os médicos relatam que ela tinha conjuntivite.Após o terceiro dia, foi coletada uma amostra, uma vez que a conjuntivite não parecia estar melhorando. As amostras foram coletadas quase diariamente após a detecção do SARS-CoV-2 no fluido. A conjuntivite parecia ter melhorado no 15º dia e sarado ao 20º dia.

O teste mostrou uma concentração decrescente do vírus até o 21º dia. No 22º dia, o vírus não era detectável. No entanto, cinco dias depois, foi novamente encontrado em uma amostra coletada dos olhos. Os resultados laboratoriais sugeriam que o vírus continuava se replicando na conjuntiva. Testes adicionais revelaram que era infeccioso e poderia representar uma fonte de infecção para outras pessoas.

Conjuntivite: Um sintoma de COVID-19

Os sintomas de conjuntivite "foram relatados ocasionalmente" com o COVID-19, da mesma maneira que outros tipos de coronavírus estão associados à conjuntivite. No entanto, não foi associado ao SARS-CoV ou MERS-CoV.

A conjuntivite viral é extremamente contagiosa e muitas vezes autolimitante. A condição pode se desenvolver após a exposição a alguém com uma infecção respiratória do trato superior, como o COVID-19, ou pode se desenvolver após um vírus se espalhar por todo o corpo ao longo das membranas mucosas que conectam os pulmões, nariz, garganta e canais lacrimais.

Não há tratamento para a conjuntivite viral, que geralmente sara sozinha em duas a três semanas. Antibióticos, pomadas ou colírios não são eficazes, pois a condição é causada por um vírus, não por bactérias. Compressas frias e soluções lacrimais artificiais podem ajudar a aliviar os sintomas.

Em entrevista a um repórter do Washington Post, o especialista em doenças infecciosas David Hardy apontou que a maioria das pessoas nem sempre se lembra da conexão entre o nariz e os olhos.

Os sintomas de COVID-19 incluem tosse e falta de ar. Você deve procurar atendimento médico se tiver problemas para respirar, dor ou pressão persistente no peito, ou se seu rosto ou lábios estiverem azuis. Quando uma pessoa apresenta uma nova confusão ou você não consegue despertá-la, considere isso uma emergência.

Recentemente, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças acrescentou mais seis condições que podem aparecer com o SARS CoV-2. Os sintomas de tosse e falta de ar podem aparecer dentro de dois a 14 dias após a exposição ao vírus. O CDC disse que pessoas com esses dois sintomas ou com pelo menos dois dos sintomas a seguir podem ter o COVID-19:

Febre

Tremores repetidos com calafrios

Calafrios

Dor muscular

Dor de cabeça

Dor de garganta

Nova perda de paladar ou olfato

O que é conjuntivite?

Existe uma fina camada de tecido que reveste a superfície interna da pálpebra e a parte branca dos olhos. Ela é chamada de conjuntiva. Quando fica inflamada ou inchada, a condição é chamada de conjuntivite. É especialmente comum em crianças, mas pode ocorrer em adultos. A conjuntivite pode ser causada por vírus, bactérias ou irritantes químicos, e os sintomas incluem:

  • Sensação de areia, coceira ou queimação no olho afetado
  • Lacrimejamentoousecreção ocular excessiva
  • Inchaço das pálpebras
  • Aumento da sensibilidade à luz

A vermelhidão aparente, incluindo a parte branca do olho, é o caracteriza a conjuntivite. Adultos e crianças que apresentam reações alérgicas a pólen, fumaça, cloro ou ingredientes presentes em cosméticos também podem apresentar os sintomas da conjuntivite após exposição a esses alérgenos.

A conjuntivite alérgica é mais comum para aqueles que sofrem de alergias sazonais. A condição se desenvolve quando a proteína alérgena entra em contato com o olho. A conjuntivite química pode ser desencadeada pela exposição a produtos químicos nocivos ou poluentes do ar.

Se você frequenta piscinas, o cloro às vezes pode desencadear a conjuntivite química. Se você usa lentes de contato, precisa parar de usá-las temporariamente e talvez tenha que trocar para outra ou usar uma solução de desinfecção.

Como é altamente contagiosa, é importante manter as mãos afastadas dos olhos, pois você pode transmitir a infecção para outras pessoas. Lave as mãos com frequência e troque as toalhas diariamente. Jogue fora qualquer maquiagem para os olhos e nunca compartilhe suas maquiagens com ninguém.

Novas informações trazem implicações para impedir a propagação do vírus

O artigo confirmou o que outros também descobriram: que o coronavírus SARS pode viver no fluido ocular. No entanto, como Hardy apontou, a área mais frequentemente afetada é a garganta e os pulmões, onde o vírus pode causar danos graves. Ele disse a um repórter do Washington Post:

"As células que ficam dentro do olho são semelhantes, mas não são iguais. Quando entra no olho, não causa a mesma quantidade de destruição que provoca nas células do sistema respiratório.

A lição importante aqui é que você não deve tocar no rosto até chegar em casa; lave as mãos e verifique se elas estão limpas antes de tocar no seu rosto. Você precisa estar muito vigilante e presumir que tudo o que está lá fora pode ter sido contaminado pelo novo vírus."

Os resultados também têm implicações para os profissionais de saúde. Embora não seja necessário que o público em geral use proteções faciais, Aaron Glatt, do Mount Sinai South Nassau e porta-voz para doenças infecciosas da Society of America, disse ao Washington Post que essas descobertas podem afetar os procedimentos da saúde pública.

No entanto, ele também acredita que são necessárias mais pesquisas para avaliar quantos outros podem reter o vírus no fluido ocular. As informações também destacam a importância de evitar tocar nos olhos, nariz e boca, além de lavar as mãos com frequência usando uma boa técnica. Os pesquisadores concluíram:

“Uma implicação relacionada é a importância do uso apropriado de equipamentos de proteção individual para oftalmologistas durante o exame clínico, porque a mucosa ocular pode não só ser um local de entrada do vírus, mas também uma fonte de contágio.

Além disso, observamos que o envolvimento ocular do SARS-CoV-2 pode ocorrer no início do COVID-19, sugerindo que medidas para impedir a transmissão por essa rota devem ser implementadas o mais cedo possível."

Impeça a propagação do vírus e proteja a sua saúde

A devida lavagem das mãos ajudou a reduzir em 45% a propagação das doenças respiratórias em novos recrutas da Marinha norte-americana, demonstrando o poder de manter as mãos limpas. Pesquisas mostram que lavar as mãos diligentemente ajuda a evitar infecções, incluindo doenças respiratórias.

Portanto, a melhor coisa a fazer é seguir os conselhos do CDC e tornar a boa lavagem das mãos uma prática regular. Compare seu hábito de lavar as mãos com a técnica recomendada em "O impacto da lavagem eficaz das mãos contra as infecções".

Nos últimos meses, abordamos várias estratégias que você pode usar para evitar a infecção ou a disseminação do vírus para outras pessoas, incluindo o distanciamento social e manter as mãos longe do rosto. O CDC agora recomenda usar máscaras de pano em público para evitar infectar outras pessoas se você estiver carregando o vírus sem saber.

Medidas adicionais que você pode tomar para proteger sua saúde podem ser encontradas em minha página de recursos para o coronavírus, incluindo o combate do vírus através do fortalecimento do seu sistema imunológico e uma abordagem aos seus níveis de vitamina D. Você também encontra informações sobre como aumentar sua vitamina C, quercetina e zinco para ajudar a se recuperar da gripe e do SARS-CoV-2.