Por Dr. Mercola
Parece que o público norte-americano está se tornando mais consciente das vantagens que comer bastante alimentos de origem vegetal traz para a saúde e, com isso, tem descoberto outros tipos de frutas, além das bananas, maçãs e frutas vermelhas que as pessoas geralmente escolhem quando compram alimentos. Uma fruta que vem despertando interesse nos últimos anos é o mangostão (Garcinia mangostana), conhecido na Ásia como a "rainha das frutas".
Comum nas áreas de floresta tropical da Malásia, Filipinas, Sri Lanka e Indonésia, por fora, essa fruta se parece um pouco com uma ameixa gigante. A casca, também conhecida como endocarpo, vem em tons suaves de vermelho escuro ou roxo e é coberta por grossas "pétalas" conhecidas nos círculos botânicos como cálice. Sob a casca, há uma espessa camada de endocarpo avermelhado e, dentro dela, a polpa branca é seccionada como uma laranja, mas a semelhança para aqui.
Além de poder ser comida in natura e saciar a sede por frutas, o mangostão é descrito como "deliciosamente doce" e "como uma combinação de sorvete de morango, pêssego e baunilha". Outra vantagem é que tem relativamente poucas calorias. O mangostão pode ser preservado como geleia ou conserva, podendo ser aromatizado com cravo ou gengibre, mas o processo pode alterar um pouco o sabor.
A casca é rica em pectina, os galhos costumam ser mascados em Gana e na China, e a resina é usada para curtir couro, de acordo com o departamento de horticultura da Universidade Purdue, que acrescenta:
"Os mangostões são geralmente consumidos in natura como sobremesa. Basta segurar a fruta com a ponta do caule para baixo, cortar uma rodela de casca do centro com uma faca afiada e levantar a metade superior dessa casca, deixando a polpa exposta no colorido "copo", que é sua parte inferior. Os gomos são levantados com um garfo."
Como as árvores podem crescer até 10 metros de altura, os métodos tradicionais de colheita nas regiões tropicais onde esse fruto cresce consistem em ir atrás da fruta com varas enormes que têm redes ou cestos presos, embora os agricultores às vezes subam nas árvores ou usem escadas altas. Uma vez colhidos, devem ser colocados em local fresco e bem ventilado por até duas semanas ou refrigerados para aumentar sua conservação.
A Nutrition and You observa que arranhões ou cortes na casca do mangostão podem apresentar um sabor amargo de látex da casca da própria fruta, tornando-a completamente amarga e não comestível. Os métodos tradicionais de colheita podem ser um processo trabalhoso, mas valem a pena, tanto pelo perfil alimentar e sabor quanto pelos aspectos nutricionais, que, como você verá, são consideráveis.
Então, o que faz do mangostão tão benéfico?
As pessoas que vivem nessas áreas de cultivo usam o mangostão no tratamento de infecções de pele, acne, feridas, diarreia crônica e cólera. O mangostão seco é usado na China para tratar doenças como disenteria e para fazer uma pomada para eczema e outros distúrbios da pele. Um tipo de caldo feito a partir da casca também é usado para cistite e gonorreia, bem como para tratar aftas e distúrbios urinários. Na Malásia, é feita uma infusão para regular a menstruação.
Além das xantonas acima mencionadas, outros compostos do mangostão incluem terpenos, antocianinas, taninos e fenóis. Os usos clínicos modernos dos extratos de mangostão incluem a produção de minerais essenciais, chá verde, aloe vera e multivitamínicos, além de suplementação nutricional para pacientes com câncer. Para ter ideia, o mangostão é usado para fazer um dos suplementos naturais mais vendidos no mundo.
Apenas uma porção de 100 gramas fornece mais de 5 gramas de fibra, que é um dos componentes mais valiosos dessa fruta. A fibra é o nutriente que dá volume às fezes, ajudando em sua passagem pelo intestino em tempo hábil, o que é essencial para uma boa saúde.
Vitaminas e minerais adicionais incluem as vitaminas A, C e uma variedade de vitaminas do complexo B, como tiamina, niacina, ácido pantotênico e folato, além de minerais como cobre, manganês, potássio e magnésio. Os compostos presentes no mangostão afetam positivamente várias doenças, distúrbios e condições de saúde:
Do alívio da intolerância à histamina a uma melhor função cerebral
Um dos problemas que o mangostão é notório por melhorar é a infecção por fungos, incluindo Candida albicans, que geralmente ocorre devido ao consumo excessivo de açúcar e grãos, altos níveis de estresse e contato com certos parasitas, fungos e vírus. O crescimento excessivo de fungos, por sua vez, pode levar à intolerância à histamina. O Alternative Daily lista vários sintomas abaixo e mais explicações:
Comichão ou erupção cutânea súbita depois de comer certos alimentos |
Um corrimento nasal depois de comer |
Múltiplas alergias alimentares |
Eczema |
Vontade de comer doce |
Surtos frequentes de fungos |
Fadiga, apesar de oito horas de sono |
Crescimento de Candida e/ou levedura |
Enfermidade constante sem motivo aparente |
Mal humor ou ansiedade depois de comer certos alimentos |
"Essas situações podem levar a um crescimento excessivo de levedura no corpo, com o qual nossas boas bactérias não podem competir. Um dos efeitos colaterais do crescimento excessivo de fungos é conhecido como intolerância à histamina. Hoje, a intolerância à histamina não é tão amplamente discutida como outras reações ao crescimento excessivo de fungos, como tinea cruris, pé de atleta etc.
No entanto, é mais prevalente do que muitas pessoas imaginam, e muitas vezes é confundida com outra coisa. O corpo pode experimentar sintomas de intolerância à histamina quando o sistema imunológico foi enfraquecido por leveduras ou um problema de saúde, como um distúrbio autoimune."
Em estudos, os extratos de mangostão também protegeram o cérebro dos danos causados pelo glutamato, um neurotransmissor excitatório do cérebro. Quando em excesso, pode resultar em lesão neurológica, também conhecida como morte de células nervosas e produção de mais radicais livres no cérebro.
Essa é outra razão pela qual o mangostão é aclamado como "um composto terapêutico promissor" para a inflamação neurodegenerativa, como o tipo que causa a doença de Parkinson; semelhante à doença de Alzheimer, possui uma proteína chamada alfa-sinucleína que causa acúmulos e danos subsequentes. A Wellness Resources acrescenta:
"Na doença de Parkinson, a proteína danifica partes do cérebro ricas em dopamina, que levam a seus sintomas clássicos de depressão, falta de afeto, fadiga, constipação, tremores, problemas de equilíbrio e para caminhar."
Estudos recentes mostram que as xantonas impedem o acúmulo de proteína beta-amiloide, que leva à neurodegeneração e à doença de Alzheimer, mas também ocorre em concussões e lesões cerebrais traumáticas. Juntos, esses e outros fitonutrientes neutralizam os radicais livres nocivos e ajudam o corpo a combater a infecção. Estudos demonstraram que o mangostão tem o potencial de retardar o crescimento de células cancerígenas e pode ser quimiopreventivo.
As xantonas no mangostão: Antioxidantes, anti-inflamatórias e quimioprotetoras
Do ponto de vista da saúde, o mangostão contém fitonutrientes valiosos, como poderosos antioxidantes, sendo o principal as xantonas, que os cientistas identificam como quimiopreventivas. Pesquisadores da China e dos EUA em cooperação num estudo clínico observaram que, embora novas estratégias para o câncer estejam sendo continuamente desenvolvidas, "o tratamento e o controle de tumores malignos ainda permanecem um enorme desafio para a saúde pública".
Os autores do estudo observam que as xantonas presentes em quase todas as partes da planta são antioxidantes, anti-inflamatórias, antibacterianas e antifúngicas, além de serem antivirais e, talvez o mais importante segundo a pesquisa: antitumorais, tendo o potencial de exercer atividade quimiopreventiva e quimioterapêutica em todas as etapas da carcinogênese, incluindo sua iniciação, promoção e progressão. Como observa o estudo, as xantonas são reconhecidas como fatores de controle na divisão e crescimento celular, apoptose, inflamação e metástase:
"Várias linhas de evidência de inúmeros estudos in vitro e in vivo confirmaram que as xantonas inibem a proliferação de uma ampla variedade de tipos de células tumorais humanas, modulando vários alvos e sinalizando vias de transdução".
Um dos aspectos mais poderosas das xantonas é a força antioxidante que exercem quando se deparam com o excesso de intermediários reativos de oxigênio (ROI) produzidos por agentes cancerígenos, incluindo aqueles envolvidos no desenvolvimento de câncer e radicais hidroxila (OH•), peróxido de hidrogênio (H2O2) e ânion superóxido (O2−•), de acordo com o estudo. Além disso:
"Os organismos aeróbicos possuem sistemas antioxidantes que atuam na eliminação de ROI. Esses sistemas incluem antioxidantes à base de enzimas, como superóxido dismutase, glutationa peroxidase, catalase e glutationa redutase. Os danos aos tecidos, no entanto, podem ser provenientes de um desequilíbrio nos radicais livres e antioxidantes, resultando no desenvolvimento de uma variedade de distúrbios degenerativos."
Os pesquisadores listaram vários tipos de câncer que mostraram uma supressão notável da proliferação celular quando expostos às xantonas presentes no mangostão. Aquelas que mostraram a atividade mais elevada foram contra o câncer de mama, leucemia, câncer de pulmão, língua, fígado, feocromocitoma (um tumor raro da glândula supra-renal) e carcinoma colorretal.
Receita de mangostão: Salada mista com vinagrete de champagne cítrico
Se você quiser experimentar o mangostão, aqui está uma receita saudável, perfeita para o almoço ou jantar:
Salada mista com vinagrete de champagne cítrico
Ingredientes
- Vegetais mistos ou espinafre
- 2 mangostões descascados e segmentados
- 1/4 de xícara de amêndoas picadas e torradas
- Sal natural e pimenta do reino moída na hora, a gosto
Vinagrete de champagne cítrico
Ingredientes
- 1 colher de sopa de vinagre de champanhe
- 1 colher de sopa de suco de mangostão espremido na hora
- 1/2 colher de chá de mostarda Dijon
- 1 1/2 colher de chá de casca de laranja ralada na hora
- 1/3 de xícara de azeite extravirgem
- 1/2 colher de chá de sal marinho e pimenta do reino
- 1/2 colher de chá de mel
Modo de preparo
- Com uma faca afiada, corte cerca de 1 cm de profundidade da casca no centro do mangostão. Com as duas mãos, use os polegares para abrir a fruta e remover os gomos (não muito diferente de uma mexerica).
- Espalhe as amêndoas picadas sobre uma assadeira em uma única camada e leve ao forno a 180ºC (cerca de cinco minutos). Misture tudo, menos o azeite, em uma tigela pequena. Mexendo sempre, regue com azeite até ficar homogêneo. Adicione sal e pimenta a gosto. Coloque as verduras em uma tigela grande de salada, misture com vinagrete e polvilhe as amêndoas picadas. Rende 4 porções.