Por Dr. Mercola
Todo mundo pode pegar o vírus SARS-CoV-2, que causa a COVID-19. Você pode reduzir significativamente o risco de infecção e a gravidade da doença com atitudes simples. Os sintomas do COVID-19 podem variar de leves a devastadores.
Existem fatores que aumentam o risco de alguém sofrer uma forma mais grave da doença. Estes incluem condições médicas secundárias, como obesidade, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e doença pulmonar obstrutiva crônica.
Em uma avaliação de pacientes com COVID-19 de seis hospitais de Atlanta, os pesquisadores descobriram fatores independentes que aumentaram o risco de hospitalização: sexo masculino, tabagismo, diabetes tipo 2, idade avançada e obesidade.
Os dados também mostraram que os afro-americanos apresentaram maior incidência de hospitalização, o que se correlaciona com menores níveis de vitamina D, um fator de risco significativo para a gravidade da COVID-19. Em uma estimativa publicada poucos meses antes do anúncio da COVID-19, pesquisadores descobriram que 40% dos adultos americanos são deficientes na vitamina. No entanto, esse número aumenta para 76% entre os americanos negros.
Também existem fatores que podem reduzir seu risco de doença grave. Estes podem incluir a manutenção do seu nível de vitamina D entre 60 ng/mL e 80 ng/mL, o cuidado com condições médicas subjacentes, o sono de qualidade, prática regular de exercícios e hidratação apropriada.
Complicações de coagulação com a COVID-19 aumentam risco de agravamento
James DiNicolantonio, Ph.D e Mark McCarty deram prosseguimento a um artigo publicado em 12 de fevereiro de 2020. DiNicolantonio é um pesquisador cardiovascular; McCarty é biomédico teórico e um nutricionista aplicado.
No primeiro artigo, publicado na Progress in Cardiovascular Diseases, eles argumentaram a favor de nutracêuticos específicos que podem oferecer alívio para pessoas infectadas com a COVID-19. O segundo artigo foi publicado recentemente no Open Heart BMJ. Nele, eles propuseram um caminho biológico que pode resultar no agravamento da doença.
O ensaio, que eles consideraram uma hipótese credível, tinha o objetivo de estimular o diálogo e propor estudos sobre as interações entre o vírus e as células endoteliais vasculares.
A base da proposta concentrava-se no alto índice de complicações relacionadas à coagulação naqueles com COVID-19 grave. DiNicolantonio e McCarty acreditam que o caminho em questão parece refletir a infecção das células endoteliais vasculares. Essas células têm uma alta expressão da proteína ACE2, que o vírus SARS-CoV-2 utiliza para penetrá-las.
Pacientes com COVID-19 grave frequentemente demonstram hipercoagulabilidade, o que leva à insuficiência respiratória aguda. Em um estudo, os pacientes que foram admitidos no Hospital Universitário de Padova na Itália por insuficiência respiratória aguda apresentaram "perfis de tromboelastometria marcadamente hipercoaguláveis". Os pesquisadores concluíram:
"Em conclusão, os pacientes com COVID-19 com insuficiência respiratória aguda apresentam uma hipercoagulabilidade grave em vez de coagulopatia consumptiva. A formação e polimerização de fibrina podem predispor à trombose, e se correlacionam com resultados piores da doença".
Existem evidências de que a infecção das células endoteliais pelo vírus SARS-CoV-2 leva a lesões celulares, o que desempenha um papel na falência de órgãos.
Papel patogênico da NADPH
De acordo com DiNicolantonio e McCarty, "foi sugerido que a diátese trombótica associada ao COVID-19 reflete uma endoteliopatia induzida por infecção viral das células endoteliais".
Ele propõe que as complicações de coagulação em uma infecção por COVID-19 podem ser desencadeadas quando as células infectadas usam a via de sinalização da nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato hidrogênio (NADPH). O nome difícil de falar, mas o NADPH é um fator-chave na produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) produzidas durante o metabolismo do oxigênio.
Ele também é um componente de comunicação ativo durante infecções virais e bacterianas. O principal argumento é que o acúmulo intracelular de espécies reativas de oxigênio pode inibir a replicação viral. No entanto, uma quantidade excessiva aumenta o estresse celular, o que pode levar à morte celular.
Antes do SARS-CoV-2, os pesquisadores haviam demonstrado como alguns vírus de RNA ativam a NADPH oxidase. O causador da COVID-19 também é um vírus de RNA de fita simples com captação intracelular. DiNicolantonio e McCarty levantaram a hipótese de que, após ser incorporado nos endossomos nas células endoteliais, o SARS-CoV-2 também poderia ativar o NADPH.
Isso resultaria em uma produção local aumentada de superóxido e peróxido de hidrogênio. O superóxido é uma espécie reativa de oxigênio na qual um elétron é adicionado a uma molécula de oxigênio. A adição de mais um elétron resulta em peróxido de hidrogênio.
Como já escrevi anteriormente, o superóxido desempenha um papel crucial no estresse oxidativo que ocorre em diversas doenças crônicas identificadas como comorbidades para o COVID-19, como a obesidade, doenças cardíacas e diabetes.
O pneumologista Dr. Roger Seheult, do MedCram.com, sugere que, quando o SARS-CoV-2 se liga e reduz um receptor ACE2, a quantidade de superóxido produzido aumenta, o que, por sua vez, causa estresse oxidativo, levando à disfunção das células endoteliais e trombose.
O selênio pode reduzir o estresse oxidativo e a tempestade de citocinas
DiNicolantonio e McCarty escreveram que era difícil localizar estudos clínicos que medissem biomarcadores de estresse oxidativo em pacientes com SARS-CoV-2. No entanto, eles observaram que "as províncias da China, onde há deficiência de selênio no solo são compatíveis com a ideia de que o estresse oxidativo desempenha um papel patogênico essencial nessa síndrome, e o selênio é necessário para o funcionamento de diversas enzimas antioxidantes, incluindo glutationa peroxidases e tioredoxinas redutases".
DiNicolantonio sugere que a hidroxicloroquina (HCQ), comumente usada para lúpus eritematoso sistêmico, pode ajudar a reduzir o risco de coagulação com COVID-19, assim como no caso do lúpus eritematoso sistêmico. Ele sugere:
"...que a HCQ pode igualmente impedir a ativação endossômica da NADPH oxidase nas células endoteliais expostas ao SARS-CoV-2, reduzindo assim o risco de complicações trombóticas associadas à infecção por COVID-19.
Isso é de particular interesse à luz da capacidade da HCQ de inibir o SARS-CoV-2 in vitro e de evidências preliminares de que a administração da HCQ no início da manifestação da COVID-19 pode melhorar os resultados terapêuticos, provavelmente diminuindo a velocidade de propagação do vírus entre as células."
Um potencial nutracêutico com um efeito poderoso na redução do NADPH é a spirulina, que segundo ele pode explicar o efeito na redução da inflamação em animais quando administrado por via oral:
"Além disso, descobriu-se que a ficocianobilina (PCB), um metabólito da biliverdina expressamente destacado como um cromóforo que absorve luz em cianobactérias (como a spirulina) e em muitas algas verde-azuladas, pode simular a capacidade de sua bilirrubina não conjugada, um composto químico da mesma família, de inibir os complexos NADPH oxidase".
Outros observaram que a spirulina também pode auxiliar a resposta do interferon tipo 1 e, assim, diminuir o potencial de uma tempestade de citocinas, que é o principal sintoma da COVID-19 grave. O aumento dos níveis de glicina também pode ajudar a suprimir o NADPH. A glicina também pode ajudar a controlar as complicações trombóticas, pois afeta diretamente as plaquetas.
Os autores levantam a hipótese de que o uso da glutationa pode ajudar a mediar a expressão de enzimas que revertem a oxidação da cisteína. A expectativa seria que essa reação neutralizasse a sinalização de peróxido de hidrogênio. Os benefícios também podem ser alcançados usando sulforafano, ácido lipóico ou ácido ferúlico, além da N-acetilcisteína (NAC):
"Medidas que suprimem o estresse oxidativo endotelial, ao mesmo tempo em que auxiliam uma atividade efetiva da eNOS, podem não apenas ajudar a controlar as complicações trombóticas da COVID-19, mas também diminuir o fluxo de neutrófilos que promovem problemas respiratórios nessa síndrome".
Intervenções terapêuticas nutracêuticas reduzem a gravidade
As reações bioquímicas que levam os autores a essas conclusões podem ser um pouco confusas. Para uma introução rápida, consulte "Papéis potenciais do NAC e da glutationa no tratamento da COVID-19". Neste artigo, explico as propriedades antivirais do NAC e como ele pode ajudar na síndrome do desconforto respiratório agudo. Esta é uma complicação grave associada a lesão pulmonar.
Também listo alguns estudos que mostraram como o NAC é benéfico para o tratamento de problemas relacionados ao pulmão, e como ele pode proteger contra coágulos sanguíneos e derrames. Cada um desses fatores desempenha um papel significativo no tratamento da COVID-19.
DiNicolantonio e McCarty dão recomendações específicas de suplementos que podem ajudar a reduzir os efeitos trombóticos e, posteriormente, reduzir a gravidade da doença. Esses suplementos incluem:
Hidrogênio Molecular — Esta é uma das melhores estratégias para melhorar a patologia em doenças como a COVID-19, pois diminui seletivamente o estresse oxidativo, se necessário. Uma das rotas é a inibição do NOX, o que diminui o consumo de NADPH, o consequentemente aumenta o NADPH. |
Spirulina — Este é um tipo de alga verde-azulada que cresce em água doce e água salgada. É um organismo unicelular simples, que é tecnicamente um cianobactéria, que oferece diversos benefícios à saúde.
A Spirulina pode ajudar a combater a inflamação, aliviar alergias, melhorar a saúde do cérebro e controlar a pressão alta. Ela pode ser encontrada em cápsulas, comprimidos, em pó e em flocos. DiNicolantonio recomenda 15g (aproximadamente uma colher de sopa de pó), uma vez por dia. |
Glicina em pó — Segundo DiNicolantonio e McCarty, "Descobriu-se que a suplementação de glicina exerce efeitos anti-inflamatórios, imunomoduladores, citoprotetores, estabilizadores de plaquetas e antiangiogênicos em estudos com roedores, que podem ter relevância clínica".
O pó é "barato, altamente solúvel e possui um agradável sabor adocicado". DiNicolantonio recomenda tomar 5g, duas a três vezes por dia. Você pode usá-lo como um adoçante saudável no café ou chá. |
Ácido lipóico — Este é um composto natural e um antioxidante direto. Evidências sugerem que ele pode ajudar a utilizar da glicose, e a administração intravenosa pode ajudar a reduzir a neuropatia periférica relacionada ao diabetes. Ele recomenda tomar 600mg, duas a três vezes por dia. |
Pó de brotos de Brócolis — Fornece sulforafano, um composto que aumenta a glutationa. DiNicolantonio recomenda 5g, uma a duas vezes por dia. |
N-acetilcisteína (NAC) — Foi descrito como "um precursor da glutationa". É um poderoso antioxidante e é usado em administração intravenosa para tratar a overdose de acetaminofeno (Tylenol). Como inalante, ajuda a quebrar as obstruções de muco na árvore brônquica.
Por via oral, ele pode ajudar a preservar a função renal e tem sido usado para tratar distúrbios psiquiátricos e abuso de substâncias. Ele recomenda tomar 600mg, duas a três vezes por dia. |