Por Dr. Mercola
Parte do que torna o COVID-19 uma doença tão perigosa nos casos graves da doença é o fato de que ela pode desencadear uma reação conhecida como enxurrada de citocinas, que pode levar à sepse, falência de órgãos e morte.
Eu escrevi vários artigos discutindo uma variedade de suplementos naturais conhecidos por inativar determinados vírus, suprimir a inflamação e regular o processo inflamatório, como a vitamina C, melatonina e a raiz de alcaçuz.
Bloquear a enxurrada de citocinas é crucial
Recentemente, o artigo “COVID-19: Potencial da Astaxantina Natural Derivada de Microalgas como Suplemento Adjuvante no Alívio da Enxurrada de Citocinas”, publicado em 21 de abril de 2020, no site da biblioteca de pesquisa SSRN, aborda o uso de astaxantina, um potente suplemento antioxidante derivado de microalgas. Segundo os autores:
“Há razões, evidências pré-clínicas da eficácia e evidências de segurança do uso prolongado em outras indicações, para justificar a possível inclusão da astaxantina natural como adjuvante, em combinação com a terapia medicamentosa antiviral primária, beneficiando enormemente os pacientes com COVID-19, melhorando sua saúde e reduzindo o tempo de recuperação...
Clinicamente, a astaxantina natural mostrou diversos benefícios com total segurança, e relatou-se que ela pode bloquear o dano oxidativo ao DNA, reduzir a proteína C-reativa (PCR) e outros biomarcadores de inflamação. Estudos anteriores relataram que a astaxantina natural exerce efeitos positivos no alívio da enxurrada de citocinas, lesão pulmonar aguda, síndrome respiratória aguda etc.
Entendimentos atuais baseados em evidências acumuladas sugerem que o SARS-CoV-2 induz uma resposta inflamatória potencialmente amplificada, causando consequências sequenciais de LPA [lesão pulmonar aguda], SDRA [síndrome da angústia respiratória aguda] e até mesmo a uma terrível e potencialmente fatal consequência de choque séptico com elevada expressão de genes inflamatórios relacionados a infecções secundárias inevitáveis, em vez de aumento da carga viral...
A atenuação da enxurrada de citocinas, direcionando as principais etapas do processo, pode proporcionar resultados melhores... Shi et al. sugeriu uma abordagem em duas fases para possíveis tratamentos de pacientes com COVID-19: a primeira fase de proteção baseada em defesa imunológica para casos não graves de COVID-19, e a segunda fase norteada pela inflamação em pacientes graves COVID-19.
Zhang et al. Apresentou uma revisão crítica… afirmando que bloquear a enxurrada de citocinas no momento certo, seguido pelo início da terapia anti-inflamatória, é crítico para reduzir a mortalidade... Uma variedade de antioxidantes como suplementos oferecerá uma janela de recuperação rápida dos pacientes, reduzindo os efeitos colaterais pós-tratamento.”
Razões para o uso da astaxantina
O artigo sobre astaxantina cita pesquisas que mostram que ela "pode desempenhar um papel importante na regulação da imunidade e etiologia da doença", graças à sua atividade multifacetada. Ela não só é um poderoso antioxidante, mas também um reforço imunológico, anti-inflamatório, neuroprotetor, imunomodulador, antibacteriano e anti-apoptótico. Em termos de poder antioxidante, acredita-se ser o mais potente disponível. Conforme observado no artigo sobre astaxantina:
“É relatado que a atividade antioxidante da astaxantina excede em muito os antioxidantes existentes, com capacidade de eliminação de EROs (Espécies Reativas de Oxigênio) 6.000 vezes superior à da vitamina C, 800 vezes a da coenzima Q10, 550 vezes a da vitamina E, 200 vezes a dos polifenóis, 150 vezes a antocianinas e 75 vezes a do ácido α-lipóico”.
É importante ressaltar que, conforme explicado neste artigo, a astaxantina possui uma estrutura molecular única, permitindo a penetração na membrana bicamada das células. A capacidade de reprimir as espécies reativas de oxigênio (EROs) e radicais livres nas camadas interna e externa da membrana celular permite oferecer proteção superior contra o estresse oxidativo, em comparação com outros antioxidantes.
A vitamina E e o betacaroteno, por exemplo, funcionam apenas no lado interno da membrana, e a vitamina C funciona apenas no lado externo. E mais:
“O efeito anti-oxidativo da astaxantina coopera com suas ações anti-inflamatórias, regulando as enzimas anti-oxidativas (por exemplo, superóxido dismutase) e enzimas pró-oxidativas com regulação negativa (por exemplo, óxido nítrico sintetase).
A astaxantina também é conhecida por proteger as células beta pancreáticas, reduzindo o estresse oxidativo e a toxicidade do açúcar, melhorando os níveis de adiponectina e HDL e melhorando o fluxo e a circulação sanguínea.” afirmam os autores, acrescentando:
“Um corpo de evidências cada vez maior indica que a desregulação de citocinas na inflamação aguda é o passo mais importante na mediação, amplificação e perpetuação do processo de sepse ou LPA…
A liberação excessiva de várias citocinas pró-inflamatórias, incluindo TNF-α, IL-6, IL-1β, IL-12 e IL-8, inicia rapidamente uma resposta inflamatória sistêmica, levando à simulação da resposta imune adaptativa e da enxurrada de citocinas, resultando na lesão celular aguda, causando septicemia ou LPA.
Essas observações, juntamente com as evidências atualmente acumuladas relacionadas ao COVID-19, sugerem fortemente que o processo inflamatório envolve associação com LPA e sepse relacionada à SDRA.
Isso garante que tratamentos anti-oxidantes e anti-inflamatórios eficazes devem ser utilizados estrategicamente para tratar pacientes com COVID-19...
Anti-inflamatórios/antioxidantes candidatos a intervir na produção excessiva de citocinas, incluindo IL6 e TNF-α, podem ser uma estratégia promissora para a prevenção e tratamento da LPA e sepse relacionadas com a SDRA induzida por COVID-19."
Segundo os autores, a astaxantina pode ser adequada para essa tarefa. A astaxantina, "com sua comprovada atividade anti-inflamatória e antioxidante, apoiada em vários ensaios pré-clínicos e testes em humanos e com seu extraordinário perfil de segurança, pode ser um dos candidatos mais promissores a serem aplicados contra o COVID-19", afirmam.
Como a astaxantina pode inibir os danos do SARS-CoV-2
Os autores acreditam que a astaxantina pode ajudar a minimizar o impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 uma vez que:
Inibe o fator nuclear kappa-B (NF-kB), uma via de sinalização da transcrição envolvida na resposta imune inata. Isso reduz a proporção de fenótipo de macrófagos M1 / M2, que é uma parte importante da redução dos níveis de citocinas inflamatórias.
O NF-kB também é um mediador da inflamação na lesão pulmonar aguda e, segundo os autores, “estudos anteriores relataram que o efeito anti-inflamatório da [astaxantina] envolve a supressão da ativação do NFkB na SDRA” |
Inibe a produção de IL6, um dos principais culpados na sepse, lesão pulmonar aguda e SDRA |
Inibe a produção de TNF-alfa, que diminui os níveis de várias citocinas pró-inflamatórias |
Inibe a apoptose (morte celular) em células epiteliais alveolares |
Aumenta a sirtuína 1 (SIRT1). De acordo com os autores "pode desempenhar um papel vital na regulação adequada do SIRT1 para atenuar lesões e inflamações pulmonares" na lesão pulmonar aguda induzida por sepse |
Inibe a via de sinalização do receptor Toll-like 4 (TLR 4), que reduz a resposta pró-inflamatória. Como observado pelos autores, "TLRs são um grupo de receptores de reconhecimento de padrões que desempenham um papel crítico no sistema imunológico inato" |
Diminui o inchaço da parede alveolar |
Inibe significativamente o líquido de lavagem alveolar brônquico na lesão pulmonar aguda e suprime o edema pulmonar |
Reduz o declínio dos alvéolos pulmonares no tecido pulmonar |
Modula a resposta imunológica, estimulando a proliferação de linfócitos (um tipo de glóbulo branco envolvido no combate a infecções), aumentando a citotoxicidade das células assassinas naturais e aumentando o número de células T e células B (dois componentes principais da sua resposta imunológica adaptativa) |
Regula negativamente o inflamassoma do receptor 3 semelhante a NOD (NLRP3), que faz parte da sua resposta imunológica inata durante a infecção pulmonar, e sua apoptose devido à resposta inflamatória |
Reduz a proteína C reativa, um marcador de inflamação |
O gráfico a seguir ilustra e resume os efeitos benéficos da astaxantina e como ela pode ajudar a atenuar a resposta à enxurrada de citocinasresponsável pela sepse, lesão pulmonar aguda, SDRA e distúrbios multiorganais, geralmente observados em pacientes com formas mais graves da COVID-19. Segundo os autores:
"Em conjunto, especulamos que as implicações da astaxantina como contramedida adjuvante no tratamento do COVID-19 podem servir a um propósito duplo, tanto como composto antioxidante quanto anti-inflamatório, com resultado benéfico de redução da fatalidade e recuperação mais rápida..."
Astaxanthina: Um dos antioxidantes mais poderosos da natureza
Em suma, a astaxantina possui muitas características importantes quando se trata de tratar o COVID-19, incluindo a regulação da resposta imune e o aprimoramento das respostas imunes humorais e mediadas por células, bem como a proteção simultânea contra danos oxidativos e inflamação.
Além de ser potencialmente útil contra o COVID-19 e outras doenças respiratórias, também demonstrou-se que a astaxantina fornece benefícios à saúde de amplo espectro, protegendo contra a radiação e promovendo a saúde da pele, olhos, cérebro e coração.