Por Dr. Mercola
Os aditivos, conservantes, corantes, aromatizantes e outros químicos desenvolvidos para fazer os alimentos terem aparência e sabor mais palatável estão presentes em alimentos processados e embalados que são encontrados nos mercados podem aumentar os riscos de reações alérgicas. No entanto, cada um desses químicos aumentam as chances de ter uma reação adversa.
Amendoins, soja, trigo, ostras e leite são um dos alimentos mais comuns na lista de alergias alimentares entre crianças. Ainda não entendemos o porquê estes alimentos em particular são as principais causas. Como afirma a Dra. Kari Nadeau, diretora da Stanford Alliance for Food Allergy Research, não existe uma proteína similar entre estes alimentos, e os 30% de pessoas que apresentam alergias alimentares têm alergias a mais de um grupo.
Pode haver um fator genético assim como fatores ambientais que ajudam a desenvolver alergias alimentares, uma vez que cientistas descobriram que alergias podem ser problemas de família. Não existe, no entanto, nenhuma resposta concreta sobre a razão pela qual as pessoas desenvolvem reações sensíveis a alguns alimentos e outras não.
Muitos casos de alergias alimentares começavam na infância no passado, mas hoje, pessoas com mais de 18 anos passaram a desenvolver reações alérgicas a alimentos, mesmo aqueles que comem esses alimentos a vida inteira, e isso tem sido comum.
O surgimento de alergias alimentares em adultos não é incomum
O alimento mais comum entre as alergias alimentares é a ostra, seguia por amendoim e três outras nozes como noz, noz-pecã e castanhas do caju, uma pesquisa nacional mostrou que 52% dos norte-americanos com alergias alimentares as desenvolveram após os 18 anos. Por incrível que pareça, alergias a produtos que contenham ovos, leite ou trigo podem ser curadas quando as crianças crescem. No entanto, essas alergias permanecem até o fim da vida quando são desenvolvidas por adultos.
A Dra. Ruchi Gupta, uma pesquisadora em alergias alimentares no Ann and Robert H. Lurie Children's Hospital desenvolveu esta pesquisa. Ela descobriu um número alarmante de adultos relatando alergias alimentares vem aparecendo em encontros médicos ao redor do mundo.
No entanto, essa é evidência casual, Gupta e sua equipe começaram a quantificar as informações. As descobertas de que alimentos que faziam reações alérgicas em adultos eram os mesmos que afetavam crianças, eles fizeram a pesquisa com mais de 40.000 adultos em uma amostra nacional.
Gupta sinalizou interesse no "por quê" os adultos desenvolvem alergias, após a compilação dos dados. Durante a coleta de dados, os pesquisadores perguntaram aos participantes por que eles pensavam que desenvolveram alergias quando adultos.
Mudanças em níveis hormonais, mudança para outras áreas do país ou doença viral foram as principais respostas. Gupta pretende responder às perguntas sobre a razão pela qual as crianças mantêm as alergias até virarem adultas e como os adultos acabam desenvolvendo novas alergias. Essas perguntas podem ter um dignificado importante na área da saúde.
Esse estudo confirmou um aumento de 377% nas reações a alimentos na última década que havia sido reportado por outro estudo publicado pela FAIR Health. A FAIR Health é um repositório nacional de dados de declarações de seguro sem fins lucrativos. O grupo encontrou diagnósticos de anafilaxia causada por alimentos em 150 milhões de pessoas em número total de 24 bilhões de declarações de seguro.
Eles descobriram que, desse número, que havia quase quintuplicado na última década, 25% dessas declarações foram feitos em 2016. Pelo menos 15% das pessoas que sofrem com alergias alimentares vão desenvolvê-la após os 18 anos, de acordo com uma pesquisa publicada pela Food, Allergy, Research and Education (FARE). Esta pesquisa analisou registros médicos de mais de 1.100 pessoas diagnosticadas com alergia alimentar. Os pesquisadores descobriram que:
- O pico do número das primeiras reações é por volta dos 30 anos
- E a reação é mais forte em indivíduos mais velhos
- A maior parte são do sexo feminino
- Cerca de 16% eram alérgicos a mais de um alimento
Você tem alergia ou intolerância alimentar?
Existe uma diferença entre reações alérgicas a alimentos e intolerância alimentar. As diferenças são importantes, mesmo que alguns sintomas sejam similares. Você pode ficar passando mal por horas ou dias após a ingestão do alimento, se for intolerante a algum alimento. No entanto, se você for alérgico, ele pode levar a uma situação de risco de vida. Enquanto a alergia é uma resposta imunológica causada pelo alimento, uma intolerância alimentar acontece no trato digestivo.
Identificar invasores, separá-los e destruí-los é a função do seu sistema imunológico. Quando ocorre uma reação exagerada do sistema imunológico a um alimento, isso pode levar a uma reação imunológica sistêmica.
Para neutralizar uma ameaça, seu sistema produz imunoglobulina E (IgE), para combater moléculas identificadas de maneira errada como uma perigosa para seu organismo. Os pesquisadores sugerem que estratégias de dessensibilização no pré-natal e no pós-natal podem estar ligadas a alergias na infância.
Urticária, inchaço, náuseas e vômito são alguns sintomas de alergia alimentar. Ela pode chegar a um caso anafilático, ou seja, sintomas como dificuldade de respiração ou queda na pressão arterial, caso venha a progredir. Em especial em crianças, algumas reações alérgicas são menos óbvias. Alguns sinais de alergia alimentar em crianças podem ser cólica, refluxo, eczema e diarreia crônica. A alergia alimentar é a razão para 50% dos casos de eczema em crianças, de acordo com uma pesquisa.
A incapacidade de digerir o alimento, a deficiência de alguma enzima, a sensibilidade a alguma das substâncias químicas ou aditivos presentes no alimento podem causar a intolerância alimentar. Em alguns casos, pode-se ingerir pequenas quantidades do alimento sem ter nenhuma reação em casos de intolerância. No entanto, um indivíduo que sofre de uma alergia alimentar não pode ingerir o alimento sem sofrer alguma reação.
Uma intolerância alimentar pode ter uma reação imediata ou acontecer até 20 horas após a ingestão do alimento, e não envolve o sistema imunológico. Os sintomas de uma intolerância alimentar podem ser vagos como gases, diarreia ou indigestão. Alguns tipos de frutas ou vegetais, podem desencadear um tipo de intolerância chamada de síndrome de alergia oral durante a qual o paciente pode sentir formigamento ou inchaço em volta da boca.
Como as proteínas presentes em algumas frutas e vegetais são as mesmas presentes na árvore de bétula, essa reação é comum em uma parcela de 50 a 75% das pessoas que são alérgicas ao pólen de bétula. A síndrome alérgica é um tipo de alergia de contato que não leva a inchaço da garganta e do pescoço, e desaparece em algumas horas. Ela aparece logo após a ingestão da fruta ou vegetal ofensivo.
Os sintomas de alergia alimentar podem não ser óbvios
Alguns sintomas da alergia alimentar podem não ser óbvios como urticária ou inchaço, em alguns casos. Por exemplo, ingerir um alimento específico antes de fazer alguma atividade física pode aumentar as possibilidades de se ter uma reação alérgica séria ou que cause risco de vida, isso se chama alergia alimentar induzida por exercícios. Tome nota de todos os alimentos que você comeu antes da reação e evite-os no futuro. Ficar em jejum por duas horas ou mais antes de se exercitar pode ajudar a prevenir esse problema.
Inchaço e gazes são sintomas gastrointestinais (GI) relacionados à intolerância alimentar. Seu corpo libera histamina durante uma resposta imunológica sistêmica. Se a histamina é liberada para a sua pele, você pode desenvolver urticária que pode levar a uma resposta anafilática. No entanto, diarreia, vômito e dores abdominais similares à intolerância alimentar podem ser sintomas que indicam que a histamina foi liberada no trato gastrointestinal.
Uma alergia alimentar rara a proteína presente em carne vermelha pode levar a sintomas de GI, urticária ou choque anafilático. Em muitos casos, a reação alérgica é atrasada de quatro a seis horas. Após a picada de um carrapato, você pode desenvolver uma reação alérgica a uma molécula de proteína presente na carne vermelha.
Neste caso, seu corpo desenvolve antibióticos contra a galactose-alfa-1, a molécula de carboidrato de 3-galactose após o contato com a saliva do carrapato. Vômito, náusea, nariz congestionado, asma ou anafilaxia são os sintomas apresentados após a ingestão de carne vermelha. É possível encontrar dores de cabeça associadas a alergias ao pesquisar pelas palavras-chave "dores de cabeça" e "alergia" em 150 pesquisas médicas no PubMed. Alguns dos principais alimentos associados a dores de cabeça são:
Leite |
Trigo |
Levedura |
Milho |
Frutas cítricas |
Açúcar |
Ovos |
Cereais |
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A proteção começa pelo intestino
A proteção da flora intestinal pode ser o principal meio de evitar o desenvolvimento de uma alergia alimentar. O glifosato está presente na maioria dos pesticidas que são usados hoje, ele é perigoso e causa muitos danos. Uma dieta equilibrada com uma baixa dose de antibióticos pode ter uma ação gigante no seu microbioma intestinal e causar alergias.
O microbioma do seu intestino afeta o seu sistema imunológico, seu humor, suas funções cognitivas e saúde geral. A clostridia, uma bactéria presente no microbioma intestinal pode ajudar a proteger contra o desenvolvimento de alergias alimentares. No entanto, quando medicamentos prescritos, ações antibióticas presentes nos alimentos afetam seus intestinos, isso pode aumentar seu risco de reações alérgicas.
Pesquisadores demonstraram que a falta de clostridia nos intestinos de ratos aumentam a probabilidade de ratos desenvolverem alergias alimentares e quando a clostridia voltou ao organismo dos ratos, as alergias alimentares acabaram. A clostridia foi a única a fazer efeito contra alergias quando testes realizados com bacteroides, outra bactéria presente no intestino. Os pesquisadores descobriram que a clostridia produz uma molécula sinalizadora chamada interleucina-22, conhecida por reduzir a permeabilidade da parede do intestino.
Isso significa que ela reduz a possibilidade de desenvolver uma permeabilidade intestinal ou de alergênicos entrarem em sua corrente sanguínea. Essa descoberta pode levar à formulação de probióticos capazes de tratar alergias alimentares e reduzir a permeabilidade intestinal de modo específico. Suas escolhas alimentares, medicações passadas, cesariana, alimentação com leite em pó ou práticas higiênicas modernas podem causar uma perturbação do seu microbioma intestinal.
Pessoas que sofrem sensibilidade a alergias deveriam reconsiderar os alimentos que ingerem. O ideal é ter uma alimentação toda orgânica. Eu acredito que isso seja benéfico para todos, tendo alergias ou não, mas é ainda mais importante para crianças e gestantes.
Sobrevivendo a uma reação alérgica sistêmica
Conviver com alergia alimentar pode significar consumir um alimento errado e ser forçado a reagir a um choque anafilático. Todas as reações deste tipo requerem uma sala de emergência, mesmo que você possa carregar um auto-injetor cheio de epinefrina. Você corre o risco de voltar a ter um retorno à reação anafilática caso o efeito da epinefrina passe, mesmo que ela tenha eliminado todos os sintomas. Você pode ter mais reações, a injeção é só parte do tratamento.
Existem algumas coisas que você pode fazer caso acredite que alguém esteja tendo uma reação anafilática, que pode incluir sintomas como dificuldade em respirar, urticária, inchaço da língua ou garganta, mudança na qualidade da voz e pulso rápido e fraco.
- Ligue para a emergência o quanto antes. Não hesite em chamar a emergência, é melhor ser avaliado e dispensado do que encontrado morto em casa.
- Use a epinefrina assim que possível caso você ou a pessoa com quem você está tenha uma dose de emergência.
- Até que o socorro chegue, a pessoa que estiver tendo a reação deve ficar em repouso.
- Afrouxe as roupas apertadas, cubra a pessoa com um cobertor e deixe-a deitada sobre o lado esquerdo para, em caso da ocorrência de vômito, prevenir a aspiração de conteúdo estomacal para dentro dos pulmões.
- Se a pessoa parar de respirar ou de responder, comece a fazer a reanimação cardiopulmonar. Até que os paramédicos cheguem, faça compressões torácicas ininterruptas (cerca de 100 por minuto).