Cuidado: Mantenha o iPhone 12 longe de marca-passos

Fatos verificados
iphone 12

Resumo da matéria -

  • De acordo com uma nova advertência da Apple, os ímãs e as frequências de rádio do iPhone 12 são passíveis de interferir em implantes de marca-passos e desfibriladores, embora alegue que o risco é igual a de modelos anteriores
  • A comissão legislativa de New Hampshire conduziu um estudo que revela a existência de efeitos da radiação de radiofrequência dos dispositivos sem fio para a saúde dos seres humanos, animais, plantas e insetos
  • Não há como ver, sentir, ouvir ou cheiras os campos eletromagnéticos, mas faz mais de duas décadas que seus efeitos nocivos estão sendo documentados
  • A OMS reconhece a existência de hipersensibilidade eletromagnética. Mesmo quando a exposição é inferior aos padrões de aceitação internacional, cerca de 10% dos indivíduos afetados apresentam sintomas graves

Por Dr. Mercola

Em uma advertência adicionada há pouco nos documentos de suporte do iPhone 12, a Apple alerta aos usuários para manter o celular com uma distância mínima de 15 cm dos dispositivos médicos, em especial dos implantes de marca-passos e desfibriladores cardíacos.

Não é novidade essa ideia dos danos para a saúde que os campos eletromagnéticos podem causar. Ao longo da última década, muitos artigos que escrevi discutem a evidência de dano biológico dos campos eletromagnéticos.

Muito embora a construção da indústria wireless tenha se dado acreditando na premissa de que apenas a radiação ionizante, como aquela dos raios-X, pode causar danos para a saúde, pesquisadores e cientistas advertem que até a radiação não ionizante, e mesmo aquela que não gera calor, pode causar danos para a sua saúde e o meio ambiente.

Tamanho é o meu convencimento dos danos que os campos eletromagnéticos podem causar para a saúde humana que passei três anos escrevendo “EMF*D", lançado no início de 2020 nos estágios iniciais da pandemia por COVID-19.

Nesse livro, examinei as crescentes evidências científicas de que os campos eletromagnéticos consistem num perigo oculto para a saúde que não pode mais continuar sendo ignorado. Eu entrevistei diversos cientistas no decorrer dos anos, os quais partilharam seu conhecimento e experiência numa área ainda mal compreendida, a qual o segmento wireless tem todo o interesse de manter obscura.

Evidências demonstram há mais de duas décadas que a exposição aos campos eletromagnéticos exerce uma influência negativa sobre o sistema imunológico, e isso é de extrema importância nas temporadas de gripes e resfriados, assim como na atual pandemia por COVID-19. Muito embora a Apple admita a interferência dos campos eletromagnéticos sobre os marca-passos, esse está longe de ser o único dano que os campos eletromagnéticos trazem para a saúde.

Apple adverte que todos os iPhones podem interferir nos dispositivos médicos

Os ímãs MagSafe retornaram com o iPhone 12 da Apple, sendo integrados à parte de traseira do dispositivo para a fixação de acessórios, tais como estojos ou carregadores magnéticos. A princípio integrados aos computadores Mac em 2006, os ímãs MagSafe permitem conectar o cabo de alimentação de forma magnética. Em 2016, foram substituídos por um cabo USB-C, e agora são reinseridos no iPhone 12.

Foi no final de janeiro de 2021 que a Apple publicou um novo documento de suporte, trazendo a advertência de que esses ímãs devem ser mantidos a uma "distância segura do seu dispositivo (mais de 15 cm de distância ou acima de 30 cm quando em carregamento sem fio), assim como os "rádios que emitem campos eletromagnéticos". Mas busque orientações específicas com seu médico e o fabricante do seu dispositivo".

Ela está se referindo ao “dispositivos médicos, como implantes de marca-passos e desfibriladores …" Após a divulgação dos documentos de suporte, o New York Post relatou que não ter conseguido reposta da Apple sobre o assunto.

Embora não haja nenhuma explicação para a publicação do alerta, este se deu poucas semanas depois de um artigo da Heart Rhythm ter revelado que o iPhone 12 poderia perturbar o funcionamento de desfibriladores implantados. Quando os pesquisadores o aproximaram de um cardiodesfibrilador implantável (CDI) sobre o tórax esquerdo, este teve sua ação suspensa de imediato.

Os pesquisadores conseguiram reproduzir o efeito diversas vezes, alertando que o iPhone 12 “é passível de inibir a terapia salvadora de um paciente, em especial quando o celular é carregado no bolso junto ao peito”.

A Apple afirma, em suas declarações, que o modelo recente do iPhone apresenta quase o mesmo risco de interferência que os anteriores e advertiu que tanto os ímãs quanto os campos eletromagnéticos são passíveis de interferir no funcionamento de dispositivos médicos.

Estudo de referência exige menos exposição aos campos eletromagnéticos

Dados publicados no final de 2020 confirmam muitos dos efeitos que os cientistas alertam sobre os campos eletromagnéticos para a saúde. A Comissão Legislativa de New Hampshire para Estudo dos Efeitos Ambientais e da Saúde na Evolução da Tecnologia 5G foi contratada para “estudar os efeitos da tecnologia sem fio 5G sobre o ambiente e a saúde em 2019”.

Composta por 13 membros, a comissão buscava respostas para perguntas como: Por que milhares de estudos revisados por pares e os quais demonstraram efeitos negativos para a saúde foram ignorados pela Comissão Federal de Comunicações (FCC)? Porque as diretrizes da FCC não consideram os efeitos da tecnologia sem fio para a saúde?

Ao todo, foram oito perguntas cruciais. A comissão ouviu os especialistas, todos os quais, menos o representante das telecomunicações, admitiram que a radiação por radiofrequência originária dos dispositivos sem fio geram efeitos nos seres humanos, animais, insetos e plantas.

Assim como a indústria do tabaco tentou convencer o público de que fumar não era perigoso, a indústria de telecomunicações vende ao público velocidade em detrimento da segurança. A tecnologia 5G promete velocidades de 10 a 100 vezes mais rápidas que o 4G. Contudo, é provável que os sinais sejam mais fracos, uma vez que seu comprimento de onda não penetra em prédios e tendem a ser absorvidos pelas chuvas e plantas.

Um dos problemas mais consideráveis da tecnologia é sua dependência primária por ondas milimétricas. Sabe-se que estas são capazes de penetrar até 2 milímetros no tecido humano, sendo absorvidas pela superfície córnea e transportadas pelas glândulas sudoríparas da pele. Esses fatores desencadeiam uma relação com uma variedade de possíveis problemas para a saúde.

O Departamento de Defesa dos EUA usa as ondas milimétricas em armas de controle em massa intituladas Active Denial System (Sistema Ativo de Negação), pois gera uma intensa sensação de queimação. O Departamento de Defesa escreve: "O Sistema Ativo de Negação cria um feixe de radiofrequência com ondas milimétricas que é focado e bastante direcionado".

Também sabe-se que as ondas milimétricas inibem a função imunológica e aumentam o estresse celular, os nocivos radicais livres, o deficit de aprendizagem e talvez a resistência das bactérias a antibióticos. Nada indica que o 5G vai gerar danos menores do que a tecnologia que se encontra em uso, e há milhares de estudos comprovando seus efeitos nocivos.

É provável que os campos eletromagnéticos cobrem um preço oculto da sua saúde

Um dos maiores desafios da radiação dos campos eletromagnéticos se assemelha à hipertensão. Não há como ver, e a maioria das pessoas não a sente. Além disso, não há como ouvir ou sentir o cheiro da radiação dos campos eletromagnéticos. Contudo, a evidência é clara: existem efeitos biológicos, quer você os sinta ou não. Para a maioria das pessoas, é apenas uma questão de tempo e da carga geral de exposição.

É importante perceber que não se trata apenas da radiação que o seu celular emite. Mesmo na sua casa e ambiente de trabalho, é provável que você seja exposto a frequências eletromagnéticas oriundas de roteadores Wi-Fi, computadores, eletrodomésticos e tecnologia “inteligente” sem fio. E isso está fadado a piorar com o desenvolvimento e implementação do 5G.

A OMS reconhece a existência da hipersensibilidade eletromagnética, vindo a escrever sobre aqueles que a experimentam: “Sua exposição aos campos eletromagnéticos se dá em diversas ordens de magnitude nos limites dos padrões de aceitação internacional".

Um ano mais tarde, admitiu que "cerca de 10% dos casos relatados de hipersensibilidade eletromagnética foram considerados graves" e "… em outros é tão grave que estes param de trabalhar e alteram todo o seu estilo de vida".

Um estudo de 2008 observa que a prevalência da síndrome de hipersensibilidade eletromagnética na Áustria sofreu um aumento de 1,5% desde 1994, parecendo acompanhar a curva de crescimento do setor. Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra, mas aqueles de relato mais comum na síndrome de hipersensibilidade eletromagnética são:

Ansiedade

Dor corporal

Sensação de queimação na pele

Dores de cabeça

Arritmia cardíaca

Letargia

Dores musculares

Náusea

Erupções cutâneas

Distúrbios do sono

Estresse

Zumbido (nos ouvidos)

Militares dos EUA investigam acidentes de avião e os campos eletromagnéticos

Os militares dos Estados Unidos também usam a tecnologia wireless. Após um histórico de acidentes inexplicáveis de avião, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada para Defesa dos EUA (DARPA) emitiu, no final de 2020, uma solicitação de pesquisa para o projeto Impacto do Eletromagnetismo da Cabine de Comando na Neurologia da Tripulação (ICEMAN).

O objetivo é determinar como o excesso de “ruído de radiofrequência das emissões a bordo, canais de comunicação e eletrônicos de navegação — inclusive os fortes campos eletromagnéticos dos fones de ouvido e as tecnologias de rastreamento dos capacetes” — estão afetando os pilotos de aeronaves de combate.

Em 2018, ocorreu uma sequência de três acidentes aéreos com morte de cinco militares no espaço de dois dias. Em entrevista coletiva, o diretor de estado-maior do Pentágono subestimou a tendência e rejeitou perguntas que davam a entender que programa militar sofria uma crise. Um ano antes, 37 militares haviam morrido em acidentes que não estavam relacionados a combates, o dobro do número de 2016.

Em abril de 2018, a Fox News relatou sobre outros acidentes e pousos de emergência sem que houvesse fatalidades. Martin Paul, Ph.D. e professor emérito de bioquímica e ciências médicas básicas da Universidade Estadual de Washington, publicou, em 2016, um artigo descrevendo como os campos eletromagnéticos podem desencadear problemas neuropsiquiátricos.

Baseando-se em pesquisas anteriores, o artigo comprova que os campos eletromagnéticos disparam a abertura dos canais de cálcio que dependem de voltagem, e isso, por sua vez, desencadeia uma sequência química que resulta na produção do nocivo peroxinitrito. Por terem uma densidade bem alta de canais de cálcio que dependem de voltagem, o cérebro e o sistema nervoso estão sujeitos ao impacto dos campos eletromagnéticos.

Estratégias para reduzir sua exposição aos campos eletromagnéticos

Não há dúvidas de que a radiação por micro-ondas das tecnologias sem fio é um risco considerável para a saúde e com o qual você deve lidar caso se preocupe. No entanto, você pode costuma estar exposto a essa radiação em casa e no ambiente de trabalho. Com a implementação do 5G, as medidas corretivas se tornarão ainda mais desafiadoras.

É importante fazer o que estiver ao seu alcance, como entrar em contato com os legisladores locais e assinar petições, antes que o 5G torne-se permanente no meio ambiente. Existem diversas estratégias para reduzir sua exposição e atenuar os danos da tecnologia sem fio.