O astrágalo no combate a septicemia

Fatos verificados
Benefícios do astrágalo

Resumo da matéria -

  • O astrágalo apoia a função renal durante a septicemia, ajudando a reverter danos e a melhorar os biomarcadores; também melhora os biomarcadores em pessoas com doença renal crônica, nefropatia diabética e diálise peritoneal ambulatorial contínua
  • O astrágalo reduz a inflamação, tem efeito direto no sistema imunológico e pode ajudar a reduzir tumores por meio da pró-apoptose
  • Reduz a formação da placa aterosclerótica, ajuda a baixar a pressão arterial, melhora a função cardíaca e reduzir o estresse físico, mental e emocional
  • O astrágalo interage com determinados medicamentos e não deve ser consumido ou tomado como suplemento na presença de alguns problemas de saúde. Considere todas as contraindicações antes de usar a erva

Por Dr. Mercola

O astrágalo (Astragalus membranaceus) é uma erva com flores, que foi muito utilizada na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) antes de ser introduzida no mundo ocidental. Evidências recentes sugerem que ela pode ajudar a proteger a função renal na septicemia.

De acordo com a Sepsis Alliance, a septicemia pode causar danos aos rins da mesma forma que danos renais podem desencadear o aparecimento da septicemia. Os rins estão entre os primeiros órgãos a serem afetados durante a septicemia. Até 48% de todas as lesões renais agudas são desencadeadas pela septicemia.

Durante o tratamento da septicemia, os médicos podem usar a diálise filtrar o sangue se os rins não estiverem funcionando com eficiência. A necessidade e o tempo necessário de diálise dependem do dano renal e da extensão da infecção. Em alguns casos, os sobreviventes da septicemia continuam precisando de diálise para tratar os danos persistentes.

A septicemia é uma resposta extrema a uma infecção que está presente no corpo. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças, 1 em cada 3 pessoas que morrem em hospitais tem septicemia. Os sintomas da septicemia podem ser confundidos com outras condições. É vital reconhecer os sintomas e procurar atendimento médico imediato, pois a septicemia pode ser fatal.

As condições que aumentam o risco são: diabetes, idade avançada, doenças crônicas, câncer, quimioterapia e infecções por HIV. Novas evidências de estudos com animais sugerem que o astrágalo pode auxiliar na prevenção de danos renais causados pela septicemia.

O astrágalo pode ajudar a proteger a função renal em casos de septicemia

A planta astrágalo é nativa da China e tem nomes que variam de acordo com a região na qual é colhida. Uma tradução direta de seu nome em chinês é “líder amarelo”, por conta da cor amarela característica de suas raízes, a parte mais importante para fins medicinais.

O astrágalo é um fitoterápico popular na medicina chinesa. Há várias espécies de astrágalo, algumas das quais têm uma toxina associada ao envenenamento de gado. Essas espécies não costumam ser usadas em suplementos humanos, mas é aconselhável identificar bem a planta antes de usá-la.

O polissacarídeo astrágalo (APS) é um composto bioativo solúvel em água extraído das raízes secas. Há pouco tempo, os pesquisadores usaram o APS em testes com animais para confirmar seu efeito protetor em casos de lesão renal aguda com septicemia.

Em estudos de laboratório, a lesão celular induzida por lipopolissacarídeos foi utilizada criar um modelo base de lesão renal aguda induzida. Mais tarde, descobriu-se em experiências com ratos de laboratório que a APS foi capaz de reverter o dano renal induzido, o que os pesquisadores demonstraram por meio de melhorias no BUN sérico e marcadores de função inflamatória e imunológica, como necrose tumoral alfa e IL-1beta.

Os resultados do estudo corroboraram com pesquisas anteriores que avaliaram a APS após a septicemia polimicrobiana em um estudo com animais. Misturas de ervas também têm sido utilizadas no tratamento da doença renal crônica. Um estudo publicado no Hong Kong Journal of Nephrology avaliou o uso de astrágalo em 35 pacientes com doença renal crônica (DRC) nos estágios 4 e 5.

Os pesquisadores estimaram a taxa de filtração glomerular (eTFG) antes e após iniciar o tratamento com astrágalo. Três meses de suplementação beneficiaram aqueles que estavam no estágio 4. Os pesquisadores descobriram que a suplementação pode “manter níveis estáveis de eTFG e atrasar o início da terapia de substituição renal em pacientes com DRC progressiva em estágio 4".

O astrágalo e a função renal

Uma complicação médica única do diabetes é a nefropatia diabética. Esse dano microvascular aos rins é caracterizado pela pressão alta, presença de proteína na urina e edema. Os praticantes da MTC usam o astrágalo membranáceo (AM) no tratamento da nefropatia diabética (DN).

Um estudo do Journal of Diabetes Research visou compreender os mecanismos farmacológicos envolvidos. A análise dos ingredientes ativos descobriu possíveis alvos terapêuticos, incluindo quercetina, calicosina, formononetina e 7-O-metilisomucronulatol.

Os pesquisadores concluíram que os vários componentes e características do astrágalo podem oferecer "uma nova abordagem para pesquisas futuras sobre o mecanismo de AM no tratamento da ND".

Os cientistas têm relatado e estudado o efeito positivo do astrágalo na função renal do diabético para entender o mecanismo de ação, incluindo a melhora nos níveis de glicose e na função renal em estudos com animais diabéticos.

Em um estudo com pessoas submetidas à diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD), os médicos prescreveram AM de início para promover o bem-estar geral. Em uma análise retrospectiva dos dados, descobriu-se que aqueles que tomam astrágalo tiveram uma melhora na função renal residual, o que é importante para a sobrevivência daqueles que se submetem à CAPD.

Os pacientes submetidos à quimioterapia podem ter lesão renal aguda por conta dos quimioterápicos. A cisplatina é um agente quimioterápico de uso comum para tumores sólidos, que pode induzir lesão renal aguda. Um estudo publicado na Biomed Research International descobriu que o polissacarídeo do astrágalo teve um efeito protetor contra a lesão induzida pela cisplatina em laboratório e em um estudo com animais.

O astrágalo reduz a inflamação e ajuda a diminuir tumores

No TCM, o astrágalo é prescrito para fraqueza e para melhorar o bem-estar geral. Além disso, o composto da raiz tem uma atividade antidiabética, antiviral, moduladora imunológica e propriedades anti-inflamatórias.

Um estudo tentou compreender os mecanismos anti-inflamatórios da APS na saúde intestinal, usando estudos celulares de laboratório e um estudo com animais. Lipopolissacarídeos (LPS) foram usados para estimular as células epiteliais intestinais. Foi descoberto que a APS inibia os marcadores inflamatórios e as quimiocinas ao ativar uma via inflamatória induzida pelo estímulo dos LPS.

A pré-alimentação dos animais experimentais com APS aliviou os fatores inflamatórios e melhorou a morfologia intestinal. Estuda-se o astrágalo para a compreensão de suas aplicações clínicas no tratamento de doenças inflamatórias e cânceres. Outro dos principais constituintes da AM são as saponinas extraídas da erva.

Elas protegem contra a inflamação gastrointestinal sem grandes efeitos colaterais sistêmicos, o que os especialistas sugerem poder auxiliar "na luta contra doenças inflamatórias e cânceres do intestino". As terapias tradicionais contra o câncer podem ser acompanhadas pela imunossupressão, o que aumenta o risco de metástase.

Os ingredientes ativos do AM podem aumentar o encolhimento ou a estabilização de tumores sólidos através de um efeito pró-apoptose, evitando os efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia. Eles também melhoram a imunossupressão e a imunidade sistêmica, o que pode transformar uma pessoa em um forte candidato para terapia adjuvante no tratamento do câncer.

Os benefícios do astrágalo para a beleza e a saúde

Porém, há muito mais benefícios nessa erva da família dos leguminosas. Vários estudos sugerem que o astrágalo, rico em antioxidantes, tem vários benefícios cardiovasculares. Um estudo descobriu que a concentração de flavonoides no astrágalo teve um impacto positivo na formação de placas ateroscleróticas.

As injeções intravenosas parecem melhorar a função cardíaca e reduzir os sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Em um estudo com 92 pacientes com doença isquêmica do coração, o astrágalo reduziu os sintomas de angina e melhorou a frequência cardíaca. Em um estudo com animais, evidências sugeriram que o astrágalo pode melhorar a função do coração e dos vasos sanguíneos.

Além de reduzir a resposta inflamatória, o astrágalo tem impacto direto no sistema imunológico. Quando o extrato de astrágalo foi dado a adultos saudáveis, aumentou os níveis sanguíneos de IGM, IGE e AMPc.

Uma tintura de ervas demonstrou a capacidade de estimular as células T CD4 e CD8, e os pacientes com miocardite viral apresentaram aumento de T3 e T4, sugerindo aos pesquisadores que houve uma melhora na resposta imunológica.

Cada um dos mecanismos que afetam a resposta anti-inflamatória pode contribuir com as propriedades antienvelhecimento atribuídas ao astrágalo. A erva também é conhecida por ser adaptogênica, ajudando a reduzir o estresse físico, mental e emocional. Isso pode contribuir para a melhoria da qualidade do sono.

Contraindicações

O astrágalo reduz a inflamação e tem um impacto direto no sistema imunológico. Embora isso seja benéfico para a maioria das pessoas, usuários de corticosteroides ou medicamentos para minimizar a rejeição ao transplante de órgãos devem evitar o uso de astrágalo, pois ele interfere no funcionamento desses medicamentos.

Como a erva torna o sistema imunológico mais ativo, é melhor evitá-la em caso de doença auto-imune, como esclerose múltipla, artrite reumatoide, lúpus e outros problemas do tipo. O mesmo ocorre com pessoas que tomam medicamentos imunossupressores, visto que o astrágalo pode diminuir a eficiência do medicamento.

O astrágalo tem um efeito diurético, aumentando a excreção de urina. Isso pode ter um impacto na forma como o corpo excreta o lítio, aumentando a quantidade do medicamento no corpo e causando efeitos adversos. Não se sabe o suficiente sobre o mecanismo de ação, embora alguns estudos em animais tenham sugerido que o astrágalo pode ser tóxico para gestantes e seus bebês. É aconselhável evitar o uso durante a gravidez ou lactação.

O astrágalo pode aumentar o risco de sangramento em pessoas que tomam anticoagulantes como a varfarina. Ele pode baixar a pressão. Tomado com medicamentos para hipertensão, sua pressão arterial pode ficar muito baixa.

Embora não seja uma escolha totalmente popular na medicina moderna, evidências científicas crescentes sugerem que uma variação gerada em laboratório pode ter um lugar de destaque na indústria farmacêutica no tratamento de septicemia, diabetes e doença cardiovascular.

O astrágalo é usado há décadas na medicina tradicional. Caso não tenha nenhuma contraindicação, pode valer a pena considerar a incorporação do astrágalo para ajudar a manter ou melhorar sua saúde geral.

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