Reconhecendo os sinais e sintomas da sepse

bactérias no sangue

Resumo da matéria -

  • Os sintomas da sepse podem se confundir com os de outros processos infecciosos. Porém, a condição piora muito mais rápido e é precedida por uma infecção de pele, do trato urinário ou do intestino
  • Os sintomas podem incluir febre alta, oligúria causada por falha renal, respiração e batimentos cardíacos acelerados, erupções cutâneas e dores musculares severas. A sepse também pode causar confusão, desorientação, tontura e disartria
  • A sepse não é uma doença, mas uma resposta desregulada do corpo à uma inflamação, às substâncias químicas liberadas pelo seu corpo para combatê-la ou às substâncias químicas liberadas pelo agente infeccioso

Por Dr. Mercola

A sepse é uma condição fatal desencadeada por uma infecção sistêmica, que afeta o funcionamento dos seus órgãos vitais. Ela costuma ser chamada pelo público de "envenenamento do sangue". No Brasil, a sepse tem letalidade de 55% e é a doença que mais mata em UTIs.

Essa condição afeta igualmente todos os grupos etários e socioeconômicos, além de também não fazer distinção de gênero. Em um caso de sepse, a intervenção bem-sucedida depende de um diagnóstico e um tratamento rápidos.

Especialistas querem que a sepse seja reconhecida como uma causa de morte distinta, esperando que isso resulte em melhores intervenções clínicas e na conscientização da comunidade, o que pode reduzir o número de mortes.

Infecções que progridem para uma sepse hospitalar podem aumentar o risco de morte. Pesquisadores descobriram que a taxa de morte de pacientes com sepse é de 10%, comparada a 1% entre pacientes sem sepse. Inclusive, o mesmo estudo descobriu que 50% de todas as mortes hospitalares estão relacionadas à sepse.

Reconhecendo os Sintomas e Buscando Cuidados Médicos

Uma mãe do Reino Unido decidiu levar seu filho à sala de emergência após ele ralar o braço no zoológico na semana anterior. Alexandra Ruddy relatou que seu filho havia se machucado durante uma queda no zoológico. Ao chegar em casa, ela limpou o ferimento, disse ao filho que continuasse lavando as mãos e cuidou do machucado durante a semana.

Embora o ferimento não parecesse infeccionado para ela, a mãe percebeu que ele havia aumentado de tamanho. A caminho da praia no final de semana, a criança mostrou a mão para a mãe e ela notou marcas vermelhas no braço. Ela levou o filho para o atendimento de emergência e o médico de plantão a elogiou por isso, dizendo que "algo assim não podia ficar como estava até o início da semana".

Felizmente, o reconhecimento rápido do problema e o tratamento adequado contribuíram para a recuperação da criança. A mãe disse que sabia quais sinais de risco observar por conta de uma conversa que teve com uma amiga dois anos antes do ocorrido. Porém, a sepse não está sempre presente após uma lesão ou machucado.

O que é a sepse?

A sepse é uma reação extrema a uma infecção que já está presente no seu corpo. O resultado é uma emergência médica, uma reação em cadeia que pode ser fatal. De acordo com a Sepsis Alliance, 80% dos casos de sepse começam na comunidade e não no hospital.

As infecções que mais comumente desencadeiam a sepse e/ou o choque séptico são as infecções respiratórias ou do trato urinário. Porém, a sepse também pode se desenvolver a partir de um corte ou ralado, como foi o caso do filho de Alexandra Ruddy, garganta inflamada e outros. Dean Rosen não sabia da infecção; é mais comum que as pessoas reconheçam um processo infeccioso quando ele está em curso.

O termo sepse não se refere à infecção em si, à bactérias ou virus. A sepse é desencadeada por uma reação do nosso sistema imunológico quando ele começa a combater a infecção ou por toxinas liberadas por uma infecção bacteriana. Isso desregula o sistema imunológico, que começa a atacar tecidos saudáveis.

A inflamação pode levar a vazamentos de vasos sanguíneos e coágulos, prejudicando o fluxo sanguíneo e privando seus órgãos de nutrientes e oxigênio. Em outras palavras, a sepse é a resposta mortal do corpo a uma infecção que mata e incapacita milhões e requer reconhecimento precoce e tratamento rápido para um resultado bem-sucedido.

Caso o processo se desenvolva em um choque séptico, a pressão sanguínea despencará, tornando quase impossível o envio de oxigênio e nutrientes para o corpo. De acordo com a Sepsis Alliance, pessoas que tiveram sepse anteriormente têm um risco maior de desenvolver a condição outra vez.

Os sintomas da sepse podem ser confundidos com outras condições

A definição de sepse é "uma disfunção dos órgãos fatal, causada por uma reação desregulada do hospedeiro a uma infecção. Uma das coisas mais importantes que você pode fazer para proteger sua saúde é reconhecer os sintomas da sepse e procurar cuidados médicos imediatamente.

É importante não confiar em diagnósticos caseiros, pois isso poderia impedi-lo de comunicar suas preocupações a um médico e receber tratamento imediato. Os sinais da sepse podem ser sutis e se confundem com os sintomas de outras condições.

Apesar disso, a sepse frequentemente produz:

Febre alta com tremores e calafrios

Taquicardia

Respiração acelerada

Níveis incomuns de sudorese

Tontura

Confusão ou desorientação

Disartria

Diarreia, náusea ou vômito

Dificuldade de respirar e falta de ar

Dores musculares severas

Oligúria

Pele fria e pegajosa

Erupções cutâneas

Muitos desses sintomas podem ser confundidos com os de uma gripe ou resfriado Porém, eles se desenvolvem com muito mais rapidez do que o esperado, sem qualquer evidência de recuperação A Sepsis Alliance recomenda o uso do acrônimo TIME para lembrar alguns do sintomas mais comuns:

  • T — Temperatura alta ou mais baixa do que o normal?
  • I — quaisquer sinais recentes ou atuais de Infecção?
  • M — alguma mudança no quadro Mental, como confusão ou sololência excessiva?
  • E — alguma Enfermidade ou dor extrema, do tipo que você faria você "achar que vai morrer?"

Conheça as causas e os fatores de risco

Embora os vírus, fungos e parasitas possam desencadear a sepse, a causa mais comum são infecções bacterianas. Porém, pesquisas demonstraram que o número de sepses causadas por infecções induzidas por fungos tem aumentado.

Várias condições podem aumentar os riscos de sepse, incluindo:

Diabetes

Câncer e quimioterapia

HIV

Corticosteroides

Doenças crônicas

Infecções do trato urinário

Idade avançada

Bebês prematuros

Esplenectomia

O número crescente de infecções resistentes a antibióticos são uma preocupação real, pois elas podem desencadear a sepse. A bactéria resistente a antibióticos mais comum é a staphylococcus aureus (MRSA), que foi descoberta em 1961. Com o passar dos anos, novos medicamentos foram capazes de tratá-la por um tempo, mas ela evoluiu e se tornou resistente a eles também.

O crescimento da resistência a antibióticos é uma grande ameaça à saúde pública global. Além disso, a principal causa de epidemias causadas pelo homem é o uso indevido de antibióticos. Sua exposição indevida ou exagerada a esse medicamento não vem apenas de doses não prescritas, mas também da alimentação.

Síndrome pós-sepse

Embora algumas pessoas se recuperem totalmente da sepse, outras continuam profundamente afetadas por ela após receberem alta. Alguns pacientes podem sofrer as consequências de uma sepse pelo resto da vida e seus impactos podem ser físicos, mentais e emocionais. A combinação dos sintomas é chamada de síndrome pós sepse, que normalmente dura entre 6 e 18 meses.

Os sintomas podem incluir:

Letargia (cansaço excessivo)

Mudanças nas sensações periféricas

Infecções recorrentes em um só local ou o aparecimento de novas infecções

Mobilidade debilitada

Fraqueza muscular

Falta de ar

Dor no peito

Membros inchados

Dores nos músculos e juntas

Insônia

Queda de cabelo

Pele e unhas secas e descamando

Alterações no paladar

Fala de apetite

Alterações na visão

Dificuldade de engolir

Função renal reduzida

Frio excessivo ou injustificado

Suor excessivo

Depressão

Flashbacks

Pesadelos

Insônia

PTSD (Síndrome do Estresse Pós Traumático)

Falta de concentração

Perda de memória de curto prazo

Alterações de humor

Raciocínio comprometido

Ansiedade

Tristeza

A vitamina C pode ser decisiva no tratamento da sepse

Infelizmente, tratar a sepse é um desafio considerável e cada vez maior, dado o aumento das infecções resistentes a antibióticos. No vídeo acima, o Dr. Paul Marik, chefe da emergência e do tratamento pulmonar do Sentara Norfolk General Hospital, de East Virginia, fala sobre um protocolo de tratamento bem-sucedido desenvolvido por ele.

O primeiro paciente de Marik foi apresentado em janeiro de 2016, uma mulher de 48 anos com um caso severo de sepse. Marik descreveu a condição dela da seguinte forma: "Seus rins não estavam funcionando. Seus pulmões também não. Ela ia morrer".

Tendo conhecimento de um estudo no qual pesquisadores tiveram sucesso moderado no tratamento de sepse usando vitamina C intravenosa, ele decidiu fazer uma tentativa e adicionou hidrocortisona à infusão. Marik esperava que a paciente não sobrevivesse à próxima noite, mas a encontrou em bom estado na manhã seguinte, a caminho de uma recuperação.

Nos primeiros dois ou três pacientes, apenas vitamina C e hidrocortisona foram utilizados. Marik também decidiu adicionar tiamina mais tarde por vários motivos. Os mais importantes são: a tiamina é necessária para alguns metabólitos da vitamina C, protege os rins contra falhas renais e muitas pessoas em sepse exibem um quadro de deficiência de tiamina.

A retrospectiva de Marik, antes e depois do estudo clínico, apareceu na publicação Chest. Demonstrou-se que aplicar vitamina C com hidrocortisona e tiamina (vitamina B1) intravenosa por dois dias reduz a mortalidade em quase cinco vezes, (de 40% no grupo que recebeu o tratamento padrão para 8,5% no grupo que recebeu o tratamento experimental).

Desenvolver um tratamento eficiente pode custar bilhões de dólares Porém, nesse caso, a cura não seria muito lucrativa, já que o custo dos ingredientes do protocolo é tão pequeno quanto o de uma dose de antibióticos. Esse pode ser o motivo pelo qual o protocolo não tem sido amplamente estudado e utilizado. Marik tratou com sucesso mais de 150 pacientes com sepse usando esse protocolo.

Diminua seus riscos com três estratégias inteligentes

Parte do que torna a sepse tão mortal é que as pessoas não costumam suspeitar dela. Quanto mais o paciente demora a iniciar o tratamento, menores as suas chances de vida. Caso você desenvolva uma infecção, fique alerta para os possíveis sintomas da sepse e procure cuidados médicos imediatos caso eles se manifestem.

Até mesmo profissionais de saúde deixam de observar os sintomas e atrasam seu tratamento. Você pode diminuir seus riscos de sepse das seguintes formas:

Auxiliando seu sistema imunológico — Sono, nutrição, exercícios e um bom microbioma intestinal são os pilares de uma saúde otimizada. Você encontrará estratégias para melhorar esses aspectos da sua saúde nos seguintes artigos:

Tratando doenças crônicas que aumentam o risco de sepse — Pesquisas descobriram que essas doenças podem incluir problemas pulmonares crônicos, problemas renais crônicos, diabetes, acidentes vasculares e doenças cardiovasculares.

Tratando prontamente infecções do trato urinário — Essa é a infecção mais comum em humanos, diagnosticada em 150 milhões de pessoas por ano e uma das causas mais comuns de sepse.

Limpando machucados adequadamente — Sempre leve o tempo necessário para limpar e tratar ralados e machucados. Lave a área exposta com sabonete neutro e água e cubra com uma bandagem esterilizada. Diabéticos devem cuidar bem dos pés para não desenvolver infecções perigosas na área.

Evite infecções hospitalares — Ao visitar unidades de saúde, lave as mãos e lembre aos médicos e enfermeiras que façam o mesmo (e/ou troquem suas luvas) antes de tocá-lo ou a qualquer equipamento que será usado em você.

Parando de roer unhas — Um estudo descobriu que 46,9% dos seus participantes roiam as unhas. A exposição da pele delicada sob a unha, transferida para a boca ou adquirida no ambiente, aumenta o risco de infecção.