Por Dr. Mercola
Todos os anos, a International Herb Association nomeia a Erva do Ano e, em 2021, é a salsa (Petroselinum crispum). A salsa vem da família Apiaceae, que também inclui cominho, coentro, cominho e aipo. As plantas crescem melhor nas zonas de resistência de 2 a 11, atingindo uma altura de até 30 centímetros. Quando floresce, a planta produz flores pequenas e amarelas.
A salsa é considerada uma erva. A palavra erva se refere à parte verde de uma planta utilizada para temperar alimentos. Por exemplo, o espinafre é verde, mas é um vegetal, pois é um alimento e não um tempero. A salsa é verde, mas usada para temperar, de modo que é uma erva.
Ervas são conhecidas por sua fragrância e propriedades aromáticas. Em muitos casos, ervas fazem parte da medicina tradicional e natural há décadas. Também há uma diferença essencial entre o que é classificado como tempero e o que é classificado como erva. Tudo tem a ver com a parte da planta que é utilizada.
Por exemplo, nas ervas, a parte verde é utilizada, enquanto o uso de casca, raízes ou sementes secas seria considerado uma especiaria. Usar ervas na cozinha deixa os alimentos mais ricos e saborosos. Algumas receitas pedem ervas desidratadas, enquanto outras pedem ervas frescas. Isso não é negociável, visto que o processo de desidratação altera o sabor.
Ervas desidratadas podem ser usadas durante o processo de cozimento, mas ervas frescas costumam ser adicionadas no final do preparo da refeição.
Salsa é nomeada erva do ano
A National Herb Week foi estabelecida em 1991 pela International Herb Association (IHA). Ela é comemorada todos os anos na semana anterior ao Dia das Mães, que em muitas partes dos Estados Unidos marca o início da temporada de jardinagem.
O objetivo da National Herb Week é chamar a atenção nacional para as muitas ervas disponíveis, usadas na cozinha e cultivadas em jardins. Desde 1995, o prêmio Erva do Ano tem sido utilizado para destacar o evento. O comitê de horticultura da IHA escolhe a erva com base na planta que atende a dois dos três critérios.
Os critérios incluem ter características marcantes na medicina, culinária ou como planta decorativa. Todos ano, a IHA publica um livro sobre a erva selecionada, no qual os membros contribuem com material que pode variar de informações botânicas a como usar a planta. Para 2021, a IHA escolheu a salsa.
Há três variedades de salsa. A crispum tem folhas que se parecem um pouco com o musgo. A salsa napolitano é mais conhecida como salsa italiana e tem um sabor mais forte e folhas planas. A Tuberosum foi desenvolvida nos últimos 200 anos e é cultivada para o sabor das raízes.
A salsa é cultivada há mais de 2.000 anos e é nativa do Mediterrâneo. Alguns historiadores acreditam que o imperador romano Carlos, o Grande, popularizou a erva porque ela crescia por toda a sua propriedade.
A salsa é uma das ervas frescas mais comuns usadas nos Estados Unidos e há décadas é usada como guarnição em restaurantes. Os antigos gregos e romanos a utilizavam mais em cerimônias do que na cozinha. O sabor da planta depende do solo em que ela cresce e das condições climáticas.
A salsa é fácil de cultivar em solo bem drenado. A planta prefere climas frescos ao verão, mas deve ser protegida quando a temperatura cai. A variedade com folha plana é mais tolerante ao frio e à seca do que a que parece musgo. As plantas em vasos podem passar o inverno dentro de casa e fornecer salsa fresca durante os meses de inverno.
Os benefícios dos glicosídeos flavonoides para a saúde
A salsa tem muito mais a oferecer do que você imagina. As folhas e caules são ricos em glicosídeos flavonoides o que demonstram uma atividade antioxidante significativa. Uma análise química das folhas de Petroselinum crispum e apiin identificou 29 flavonoides glicosídeos. O apiin é um diglicosídeo natural da apigenina. É uma flavona, uma das seis subclasses de flavonoides.
Em um estudo, o extrato aquoso da salsa continha 90% de apigenina pura e alto teor de fenólicos e flavonoides totais com alta atividade antioxidante. A análise também encontrou grandes quantidades de quercetina no extrato de salsa.
No laboratório, o extrato demonstrou um baixo nível de toxicidade e alto potencial antioxidante dependente da dose. O apiin, o principal composto encontrado na salsa, teve atividade antioxidante significativa nas células colocadas sob estresse oxidativo. Os pesquisadores concluíram que esses dados sugerem que é provável que a atividade antioxidante esteja relacionada a todos os compostos encontrados na planta.
Os flavonoides dietéticos são encontrados em vegetais, frutas, vinho, chá e chocolate. A alta biodisponibilidade é um dos principais contribuintes para as atividades biológicas, que incluem efeitos antioxidantes, anticâncer, antitumorais e hepatoprotetores. Outros efeitos biológicos podem incluir atividade antidiabética, antiviral, antibacteriana e antifúngica.
Muitos dos efeitos parecem estar relacionados à modulação das ondas de sinalização celular. Há algumas evidências limitadas de que as atividades anti-inflamatórias e antioxidantes dos flavonoides têm influência nas doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer.
Estudos em modelos animais demonstraram que os flavonoides podem cruzar a barreira hematoencefálica, ajudando a reduzir o comprometimento cognitivo durante o envelhecimento normal e patológico. As plantas usam flavonoides para combater o estresse ambiental, regular o crescimento celular e atrair insetos polinizadores.
Os benefícios anti-inflamatórios da salsa
Nosso corpo usa aumentos agudos e intermitentes na inflamação para combater lesões físicas e infecções. No entanto, a inflamação crônica pode gerar várias das principais causas de morte nos Estados Unidos, incluindo doenças cardiovasculares, câncer, doença renal crônica, diabetes e doença hepática gordurosa não alcoólica.
Infecções, dietas de má qualidade, exposição a toxinas, estresse psicológico e inatividade física contribuem para a inflamação crônica. Existem várias opções de estilo de vida que podem reduzir o risco de inflamação crônica e, portanto, podem reduzir o risco de doença crônica. Entre elas, estão as escolhas alimentares.
Plantas tem sido uma parte da medicina natural por séculos. A salsa tem sido usada para tratar doenças cardíacas, renais, diabetes e hipertensão. Há pouco, os cientistas descobriram que ela também tem um efeito positivo na infertilidade feminina.
Um estudo recente publicado no Journal of Ethnopharmacology buscou avaliar a toxicidade aguda e a atividade anti-inflamatória do extrato de salsa em um animais. Os pesquisadores também mediram os níveis de estrogênio, proteínas e colesterol dos animais.
Utilizando uma fração polifenólica, os pesquisadores investigaram a toxicidade subaguda medindo o peso e, mais tarde, um exame histopatológico dos rins e do fígado. Os resultados mostraram que o extrato não impactou de forma negativa o fígado ou rins dos animais e mostrou:
“... Uma notável atividade anti-inflamatória, bem como um efeito estrogênico significativo em comparação ao controle negativo.” E concluiu que este estudo oferece um escopo do uso potencial dos extratos de Petroselinum sativum Hoffm. na neutralização dos problemas de infertilidade feminina.”
Pesquisadores de duas universidades da Coreia também analisaram o extrato etanólico da salsa como ingrediente em cosméticos funcionais. Eles buscaram verificar os efeitos antienvelhecimento, anti-inflamatórios e clareadores cutâneos do extrato de salsa, incluindo o teor de polifenóis e flavonoides totais. Os estudos laboratoriais não demonstraram citotoxicidade e os pesquisadores concluíram que, pelas evidências sugeridas:
“Os extratos de salsa têm efeitos antioxidantes notáveis e são valiosos como ingredientes cosméticos com efeitos anti-inflamatórios, clareadores e anti-envelhecimento.”
Um estudo anterior do extrato de etanol da salsa avaliou a atividade anti-inflamatória e anti-hepatotóxica em um modelo animal quando o dano hepático foi induzido. Mais tarde, foram realizados exames histopatológicos do fígado. Os resultados do experimento mostraram que os flavonoides, taninas e/ou triterpenoides ofereceram proteção contra danos hepáticos.
A salsa pode ajudar a reduzir a ansiedade e a depressão
As estimativas da porcentagem da população com depressão ou transtornos de ansiedade incluíram 6,68% de americanos adultos com ansiedade em 2018 e 4,7% da população com depressão em 2019. Esses números aumentaram muito em 2020 durante a pandemia de COVID-19.
Uma revisão sistemática da literatura encontrou uma prevalência de 29,6% de estresse, 31,9% de ansiedade e 33,7% de depressão. Os pesquisadores concluíram que o COVID-19 teve um impacto na saúde mental e foi essencial para desenvolver intervenções para grupos vulneráveis.
Em um artigo publicado em 2021, pesquisadores procuraram avaliar os efeitos que o extrato da salsa pode ter sobre a ansiedade e depressão, com o objetivo de auxiliar no tratamento desses transtornos. Os pesquisadores escreveram que a depressão e a ansiedade são tratadas com medicamentos psicotrópicos químicos que podem causar efeitos colaterais indesejados.
A intenção era investigar plantas medicinais que possam oferecer opções de tratamento terapêutico seguras e eficientes com menos efeitos colaterais. A salsa foi investigada por suas atividades ansiolíticas e antidepressivas para descobrir se havia uma correlação com sua atividade antioxidante conhecida.
Em um modelo animal, os pesquisadores usaram vários testes químicos e funcionais para determinar a atividade anti-ansiedade, antidepressiva e antioxidante do extrato de salsa. Eles concluíram que:
“A salsa, uma erva culinária de uso diário em todo o mundo, apresenta enormes benefícios à saúde e, por meio deste estudo, demonstrou ter uma notável atividade antidepressiva e ansiolítica, ainda melhor do que os medicamentos clássicos, sobretudo em uma dose de 100 mg/kg.
Na busca por um medicamento eficiente com menos ou quase nenhum efeito colateral, essa planta pode ser uma alternativa interessante. Este trabalho estimula o seu consumo diário, bem como o seu desenvolvimento na fitomedicina.”
Outro componente ativo da salsa é a miristicina, que os pesquisadores demonstraram ter ação quimiopreventiva. A mesma substância também é encontrada em grandes quantidades na noz-moscada. Pesquisas com miristicina derivada da noz-moscada demonstraram efeitos ansiolíticos em ratos.
Mais benefícios da adição de salsa à sua dieta
Os vegetais de folhas verdes, como a salsa, contêm vitamina K1, também conhecida como filoquinona. 10 raminhos de salsa já oferecem vitamina K acima do valor diário recomendado. Seu corpo usa vitamina K para mover o cálcio da corrente sanguínea para os ossos.
Os baixos níveis de vitamina K estão associados a um maior risco de fratura óssea. Uma recente revisão da literatura descobriu que pessoas com os níveis mais altos de vitamina K sofriam 22% menos fraturas ósseas do que aqueles com níveis mais baixos.
A vitamina K é solúvel em gordura e seu corpo a utiliza na coagulação do sangue e em uma variedade de outras funções celulares. Um artigo publicado na American Journal of Clinical Nutrition procurou determinar se há uma associação entre vitamina K, doenças cardiovasculares e mortalidade por todas as causas.
Os dados que coletamos do estudo Framingham Offspring incluíram 3.891 homens e mulheres. Embora a vitamina K esteja associada à saúde vascular, os dados não mostraram uma associação entre o baixo teor de vitamina K e as doenças cardiovasculares (DCV).
Houve, no entanto, uma ligação entre níveis baixos e mortalidade por todas as causas, visto que aqueles com níveis baixos tinham maior probabilidade de morrer em 13 anos, representando um risco aumentado de 19%. Dez raminhos de salsa também têm 22% do valor diário recomendado de vitamina C.
A combinação da vitamina C com os efeitos anti-inflamatórios da salsa pode oferecer alguma proteção às pessoas que sofrem de artrite reumatoide. Os resultados apresentados nos Annals of Rheumatic Diseases se concentraram em indivíduos que desenvolveram poliartrite inflamatória. Pesquisadores descobriram que aqueles que comiam a menor quantidade de alimentos ricos em vitamina C tinham três vezes mais probabilidade de desenvolver artrite.
A salsa também tem efeito diurético. Modelos animais demonstram que esse efeito pode ser mediado pela bomba celular de sódio e potássio, levando a uma redução na absorção de ambos os minerais e, portanto, a um aumento no fluxo osmótico da água e da diurese.
Como a vitamina K é lipossolúvel, é melhor comer salsa com alimentos que contenham gordura saudável, como carne e laticínios cultivados de forma orgânica e terminada a pasto. Isso aumenta a absorção. Consumir alimentos ricos em vitamina K, como a salsa, é a melhor forma de consumir vitamina K1.