Essa falta de nutrients está ligada à depressão

Fatos verificados
falta de vitamina b12

Resumo da matéria -

  • Um estudo publicado no British Journal of Nutrition, encontrou uma ligação entre a falta de vitamina B12 e a ocorrência de depressão em idosos
  • Os adultos mais velhos que possuem baixos níveis, tiveram um risco de 51% maior de desenvolver depressão durante o estudo realizado. Baixos níveis de vitamina B12 podem ser acarretados devido a uma má alimentação ou má absorção relacionada a níveis mais baixos de secreção de pepsina, que libera vitamina B12 dos alimentos
  •  Outras carências de nutrientes também estão relacionadas à depressão, incluindo vitamina D e baixo índice de ômega-3. A falta de vitamina D, pode ser devido a pouca exposição à luz solar, absorção inadequada ou conversão deficiente para a forma ativa
  • Os ácidos graxos ômega-3 são essenciais para uma boa saúde do cérebro, a coagulação do sangue, a atividade muscular e muito mais. O índice ômega-3 é o mais baixo na América do Norte, Europa, América Central e do Sul, África e Oriente Médio. A falta do mesmo contribui para transtornos de humor, incluindo depressão

Por Dr. Mercola

Uma pesquisa publicada em dezembro de 2021 que utilizou dados do Irish Longitudinal Study on Aging (TILDA), descobriu que pessoas com baixos níveis de vitamina B12, tinham um maior risco de sintomas de depressão. Segundo a Anxiety and Depression Association of America, 264 milhões de pessoas possuem sintomas de depressão no mundo.

Esse número aumentou no ano de 2019 para 19,4 milhões de adultos, que haviam passado por um episódio maior de depressão. É normal que determina pessoa que sofre de depressão também sofra de sintomas de ansiedade. Segundo o CDC, os dados do National Health and Nutrition Examination Survey, mostram que as mulheres possuem cerca de duas vezes mais probabilidade de sofrer de depressão do que os homens, um padrão observado em cada faixa etária pesquisada.

Os sintomas de depressão podem incluir: sentir-se triste ou vazio, sem esperança, nervosismo e preocupação. Pode ter dificuldade para dormir, sentir alterações no apetite ou do peso, além de pensamentos de morte ou suicídio. Nem todas as pessoas possuem ou passam por todos os sintomas. Para alguns indivíduos, seus sintomas dificultam o funcionamento.

O estudo de dezembro de 2021, relacionou os baixos níveis de vitamina B12 com a incidência de sintomas de depressão em idosos. A vitamina B12 é uma vitamina solúvel em água, podendo ser encontrada em alguns alimentos. Também está disponível como um medicamento de prescrição e suplemento dietético. Seu organismo utiliza a vitamina B12 para a função e mielinização do sistema nervoso central, para formar glóbulos vermelhos saudáveis ​​e na síntese de DNA.

As fontes de alimentos incluem as de origem animal, como certas aves, laticínios, ovos e carne. A absorção da vitamina B12 depende do fator intrínseco, sendo essa uma proteína de ligação de transporte e entrega, produzida no estômago. A biodisponibilidade dos alimentos diminui quando a quantidade de vitamina B12 excede a capacidade do fator intrínseco.

A vitamina B12 é liberada dos alimentos pela atividade do ácido clorídrico e da protease gástrica no estômago e da saliva da boca. No ano de 1999, estimou-se que a falta de vitamina B12 afetava até 15% das pessoas com mais de 60 anos. Nesse estudo, no entanto, os sintomas clássicos dessa deficiência muitas vezes não existiam nessa população.

O baixo nível de vitamina B é devido à alta prevalência de gastrite atrófica, que resulta na secreção de pepsina com baixo teor de ácido e reduz a liberação de vitamina B12 dos alimentos. Um estudo de 2021, descobriu que esses baixos níveis de vitamina B12 podem aumentar o risco de depressão em adultos mais velhos.

Falta de vitamin B12 ligada à depressão

O estudo publicado no British Journal of Nutrition, buscou avaliar a relação entre a vitamina B12, o folato e a incidência de depressão em idosos. Havia 3.849 indivíduos com mais de 50 anos incluídos na avaliação.

Os resultados mostraram uma ligação entre a deficiência de vitamina B12, porém não com a falta de folato. Pesquisadores descobriram que mesmo após controlar fatores como doenças crônicas, cardiovasculares, uso de antidepressivos, atividade física e estado de vitamina D, os resultados permanecem significativos.

Os adultos mais velhos com falta de B12, tiveram um risco 51% maior de desenvolver sintomas de depressão durante os 4 anos de estudo. Dados também mostraram que alguns fatores influenciaram a vitamina B12 em adultos mais velhos. Isso incluiu localização geográfica, obesidade, tabagismo, status socioeconômico e gênero.

Embora a ligação tenha sido encontrada entre adultos mais velhos e uma deficiência de vitamina B12, eles também descobriram que os indivíduos mais velhos no estudo tinham um menor risco de apresentar depressão. Em um comunicado à imprensa do Trinity College Dublin, Eamon Laird, da TILDA e cientista-chefe do estudo, falou sobre os resultados em um comunicado à imprensa, dizendo:

“Esse estudo é de fato relevante, dada a alta prevalência de depressão observada em adultos mais velhos que vivem na Irlanda e, sobretudo, a partir das evidências que mostram que 1 a cada 8 adultos mais velhos relata altos níveis de baixas taxas de deficiência de B12.

Existe uma vontade crescente para a introdução de uma política de fortificação alimentar obrigatória de vitaminas B, na Europa e no Reino Unido, sobretudo porque a fortificação alimentar obrigatória feita com ácido fólico nos EUA mostrou resultados positivos, com deficiência de folato ou baixas taxas de status de apenas 1,2% nas pessoas com 60 anos ou mais.”

A falta de vitamina D possui uma ligação com a saúde mental

Esse recente estudo caracteriza a importância de uma nutrição adequada para uma saúde ideal. Além da vitamina B12, outros nutrientes possuem um efeito importante na saúde mental. A vitamina D é um desses nutrientes. Também conhecida como calciferol, é uma vitamina solúvel em gordura, que seu organismo pode adquirir através de alguns alimentos e produzir quando exposto à luz solar.

As pessoas podem apresentar baixos níveis, quando consomem menos do que a quantidade recomendada, pouca exposição à luz solar, absorção do trato digestivo inadequada ou os rins não convertem a vitamina em sua forma ativa. Cientistas acreditam que a deficiência de vitamina D é um problema de saúde global, muito esquecido em proporções epidêmicas.

Como a falta de vitamina D é definida também varia. Na maioria das vezes, os pesquisadores interpretam essa deficiência como níveis séricos de 25 (OH) D a 20 nanogramas por mililitro (ng / mL) ou até menos. No entanto, os níveis séricos ideais de vitamina D estão entre 40 ng / mL e 60 ng / mL.

Pesquisas iniciais de 2000, demonstraram haver níveis bem baixos de vitamina D3 em pacientes que apresentavam depressão e dependência de álcool. Em 2007, pesquisadores reconheceram a importância dos baixos níveis de vitamina D relacionados ao humor.

Outras pesquisas descobriram que indivíduos com fibromialgia também apresentavam um maior risco de níveis séricos baixos de vitamina D e parecia que a suplementação com altas doses da mesma em pessoas com depressão e sobrepeso poderia melhorar os sintomas. Ao longo dos anos, os pesquisadores continuam a questionar se a vitamina D é uma associação causal com a depressão ou outro sintoma da doença.

Outros cientistas postularam se uma terapia eficaz para a depressão seria a detecção e o tratamento da deficiência de vitamina D. Em 2014, um estudo descobriu que a hipovitaminose D estava associada à gravidade da depressão. Seus resultados sugeriram haver uma resposta dose inversa associada, o que implicava que os baixos níveis de vitamina D podem ser uma vulnerabilidade biológica subjacente.

O British Journal of Psychiatry publicou em 2018, uma revisão sistemática e meta-análise, onde demonstrou que baixos níveis de vitamina D estão associados à depressão. Vale ressaltar ser bem improvável que a suplementação em pessoas com níveis séricos ideais tenha qualquer efeito sobre os transtornos de humor. Em vez disso, é provável que o efeito seja encontrado naqueles cujos níveis séricos são baixos.

Importância dos ácidos graxos ômega-3 para a depressão

As gorduras ômega-3 são ácidos graxos poli-insaturados essenciais (PUFAs), que seu organismo precisa para executar diversas funções. Isso inclui digestão, coagulação do sangue, saúde do cérebro e atividade muscular. No início de 2021, as gorduras ômega-3 foram consideradas o assunto do momento, quando os dados revelaram que indivíduos que apresentavam um índice de ômega-3 de 5,7% ou mais, tiveram resultados melhores com contra o COVID-19.

Um índice ômega-3 mede a quantidade nas membranas dos glóbulos vermelhos. Aqueles com uma medição inferior a 4%, possui um maior risco de apresentar doenças cardíacas. Indivíduos com índice ômega entre 4% e 8% apresentam risco intermediário e aqueles cujo nível é superior a 8%, apresentam baixo risco.

Uma análise dos dados publicada em 2016, revelou haver áreas do mundo com medições do índice ômega-3 superiores a 8%. Estes incluíam: Escandinávia, o Mar do Leste e as populações indígenas que não consumiam alimentos ocidentalizados. As áreas do mundo com níveis abaixo de 4% incluem: América Central e do Sul, Europa, América do Norte, Oriente Médio, Sudeste Asiático e África.

Embora seu nível de ômega-3 seja importante, a proporção entre ômega-6 e ômega-3 também é. Achei muito difícil corrigir um desequilíbrio apenas ingerindo mais gorduras ômega-3. Na verdade, assim como uma quantidade excessiva de ômega-6 pode ser perigosa, uma quantidade elevada de ômega-3 também pode contribuir para problemas de saúde.

Muitos acreditam que o desequilíbrio entre o ômega-6 e o ​​ômega-3 que ocorreu nos últimos 150 anos esteja por trás de muitas das doenças inflamatórias comuns na sociedade hoje em dia, incluindo os transtornos depressivos. Evidências crescentes sugerem que uma deficiência em gorduras ômega-3 contribui para transtornos de humor, incluindo depressão.

Aumento do risco de deficiências e depressão em idosos

Baixos níveis de vitamina D, B12 e gorduras ômega-3 são considerados problemas comuns encontrados na população em geral e em adultos mais velhos. O porque os adultos mais velhos podem apresentar deficiências de nutrientes está de certo modo relacionada à má absorção, uma alimentação ruim e falta de exposição à luz solar.

Os baixos níveis de nutrientes, contribui de modo significativo para o desenvolvimento de inflamação, doença e uma das condições de saúde associadas à inflamação é a depressão. A depressão afeta a qualidade de vida e a produtividade dos idosos, numa época em que muitas vezes eles ficam mais isolados dos demais.

Até o momento, muitos adultos mais velhos são tratados para depressão com psicoterapia e / ou medicamentos. No entanto, visto que existe uma ligação significativa entre nutrição e humor, só faz sentido abordar primeiro as potenciais deficiências de nutrientes, antes de adicionar medicamentos que vêm com diversos efeitos colaterais.

Uma das classes mais comuns de antidepressivos, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs), podem provocar náuseas, tonturas, insônia, ansiedade, diarreia e tremores, sendo todos perigosos para idosos. Esses efeitos colaterais podem afetar de modo negativo a ingestão ou aumentar o risco de queda.

Como foi demonstrado durante a pandemia de COVID-19, manter uma boa saúde e nutrição, ajuda a reduzir o risco de contrair uma doença viral. O estudo apresentado também demonstra que a ingestão de nutrientes é crucial para sua saúde mental. É muito mais fácil atender às necessidades corporais antes que elas acarretem doenças e enfermidades. Embora possa levar um tempo e energia, é vital para sua qualidade de vida ter o controle de sua saúde.

+ Recursos e Referências