A melatonina reduz de maneira significativa a mortalidade por COVID-19

Fatos verificados
Melatonina para covid

Resumo da matéria -

  • Embora seja mais conhecido como um regulador natural do sono, a melatonina também possui diversas outras funções consideradas importantes. Aumenta a função imunológica, ajuda a recarregar a glutationa e pode ajudar no tratamento de certas doenças bacterianas; possui propriedades anticonvulsivantes e anti-excitotóxico, sendo um poderoso antioxidante com a rara capacidade de penetrar nas mitocôndrias
  • Se tratando de infecções virais, a melatonina reduz a reação exagerada das células hospedeiras ao patógeno, aumentando assim a tolerância do hospedeiro ao vírus. Isso fornece para o hospedeiro mais tempo para desenvolver a resposta imune adaptativa e eliminar o patógeno invasor
  • A melatonina ameniza diversas características patológicas do COVID-19, incluindo: estresse oxidativo excessivo e inflamação, resposta imune exagerada resultando em uma tempestade de citocinas, lesão pulmonar aguda e síndrome do desconforto respiratório agudo
  • Um estudo de outubro de 2021, descobriu que a melatonina reduziu de maneira significativa a mortalidade, quando administrada a pacientes com COVID infectados de maneira grave. No grupo de tratamento padrão apenas, 13 dos 76 pacientes morreram (17,1%), quando comparados com apenas 1 dos 82 pacientes (1,2%) que receberam melatonina, além do tratamento padrão, observou-se uma redução na mortalidade de 93%

Por Dr. Mercola

A melatonina é um hormônio sintetizado em sua glândula pineal e em vários outros órgãos, além da maioria de suas células, incluindo monócitos e macrófagos pulmonares humanos, pois é de fato sintetizado em suas mitocôndrias.

Embora seja mais conhecido como um regulador natural do sono, a melatonina também possui diversas outras funções consideradas importantes. Desempenha uma função importante na prevenção do câncer, podendo prevenir ou melhorar certas doenças autoimunes, como a diabetes tipo 1.

Também possui propriedades anticonvulsivantes e anti-excitotóxico, sendo um potente antioxidante com a rara capacidade de entrar em suas mitocôndrias, onde auxilia na prevenção do comprometimento mitocondrial, na falha de energia e na morte das mitocôndrias danificadas pela oxidação. Além de:

  • Aumentar a função imunológica
  • É benéfica para a glutationa (e a deficiência da mesma tem sido associada à gravidade do COVID-19)
  • Pode potencializar o tratamento de certas doenças bacterianas, incluindo a tuberculose
  • Ajuda a regular a expressão genética por uma série de enzimas

A melatonina também desempenha uma função muito importante no tratamento da COVID-19

Nos últimos 2 anos, a melatonina surgiu como um artifício surpresa contra o COVID-19. Demonstrou importantes funções em infecções virais, bacterianas e fúngicas, sendo que em junho de 2020, os pesquisadores sugeriram que poderia ser um complemento importante no tratamento de COVID-19. Segundo os autores desse artigo, a melatonina reduz diversas características patológicas do COVID-19, incluindo:

  • Estresse oxidativo excessivo e inflamação
  • Resposta imune exagerada, resultando em uma tempestade de citocinas
  • Lesão pulmonar aguda
  • Síndrome da insuficiência respiratória aguda

Em outubro de 2020, uma revisão científica, “Melatonin Potentials Against Viral Infections Including COVID-19: Current Evidence and New Findings”, resumiu todos os fatores onde a melatonina pode proteger e melhorar se tratando de infecções virais, como: vírus sincicial respiratório, hepatite e miocardite viral, além de ebola, vírus do Nilo Ocidental e dengue.

Baseado nessas descobertas coletivas, eles julgaram que a melatonina pode oferecer proteção semelhante contra o coronavírus. Uma base mecanicista para isso está relacionada aos efeitos da mesma nas quinases ativadas por p21 (PAKs), uma família de serina e treonina quinases.

A melatonina reduz a mortalidade por COVID-19

Então, no último dia de 2021, a Melatonin Research publicou um comentário de pesquisa discutindo um estudo de outubro de 2021 de Hasan et. al., onde foi descoberto que a melatonina reduziu de maneira significativa a mortalidade, quando administrada a pacientes com COVID infectados de maneira grave. Segundo os autores:

“Em um ensaio clínico randomizado, aberto e de centro único, observou-se que o tratamento feito com melatonina reduziu a taxa de mortalidade em 93% em pacientes com COVID-19 infectados de maneira grave, quando comparados com o grupo controle.

Esse é de certo modo o primeiro relatório a mostrar uma redução tão grande da mortalidade em indivíduos com casos graves de COVID-19, com um tratamento simples. Se essa observação for confirmada por ensaios clínicos mais rigorosos, a melatonina poderá se tornar uma importante recurso no combate dessa pandemia.”

Os comentaristas sugerem que, por menos de US$ 5 (R$ 27,58) por curso de tratamento, a melatonina é uma adição econômica para qualquer plano de tratamento. Para comparação, os anticorpos monoclonais Regeneron custam cerca de US$ 2.100 (R$ 11.690,91) por dose e o remdesivir custa US$ 3.100 (R$ 17.258,01) por tratamento. A melatonina também não possui efeitos colaterais graves, por esse motivo, pode ser utilizada de maneira universal.

O estudo Hasan incluiu 158 pacientes com COVID hospitalizados entre 18 a 80 anos. Todos com infecção grave por coronavírus.

Dos pacientes examinados, 82 foram incluídos no grupo da melatonina e receberam 10 miligramas (mg) da mesma, meia hora antes de dormir por 14 dias, além dos cuidados terapêuticos padrão, incluindo: intubação com oxigênio, remdesivir, levofloxacina (um antibiótico para proteção contra infecções bacterianas secundárias), dexametasona (um anti-inflamatório) e enoxaparina (um anticoagulante).

No grupo de tratamento padrão apenas, 13 dos 76 pacientes faleceram (17,1%), em comparação com apenas 1 dos 82 pacientes (1,2%) que receberam melatonina além do resto. Isso é uma redução na mortalidade de 93%, o que é de fato notável. Três mecanismos de ação responsáveis ​​por esse sucesso aparentam ser uma combinação de suas atividades, sendo elas: antioxidante, anti-inflamatória e imunorreguladora.

Durante a segunda semana de infecção, um momento em que os pacientes com infecção grave podem piorar muito, o grupo da melatonina obteve resultados muito melhores do que o grupo com tratamento padrão, com apenas 2 pacientes desenvolvendo sepse, em comparação com 8 no tratamento padrão.

O estudo Hasan também mostra os resultados de uma série de casos clínicos publicada em 2020, onde pacientes diagnosticados com pneumonia por COVID-19 receberam 36 mg a 72 mg de melatonina por via intravenosa a cada dia, em quatro doses divididas, como terapia adjuvante ao tratamento padrão.

Todos os pacientes que receberam melatonina observaram uma melhora dentro de 4 a 5 dias, além disso, todos eles sobreviveram. Em média, aqueles que receberam melatonina tiveram alta hospitalar após 7,3 dias, em comparação com 13 dias para as pessoas que não receberam.

Como a melatonina pode prevenir a sepse

Essa não é a primeira vez que a melatonina é destacada devido sua capacidade de prevenção e tratamento contra a sepse. Um artigo de 2010 no The Journal of Critical Care, observou que a melatonina auxilia na prevenção e na melhora dos sintomas do choque séptico:

  • Reduz a síntese de citocinas pró-inflamatórias
  • Previne danos oxidativos, endotoxemia e alterações metabólicas induzidas por lipopolissacarídeos (LPS)
  • Pode suprimir a expressão gênica da forma maléfica do óxido nítrico, o óxido nítrico sintase induzível (iNOS)
  • Evita a apoptose (morte celular)

Do mesmo jeito, um estudo de 2014 no Journal of Pineal Research, apontou que a melatonina se acumula nas mitocôndrias e possui atividade antioxidante e anti-inflamatória, podendo ser útil no tratamento contra a sepse.

Esse foi um estudo de escalonamento de dose de Fase 1, em voluntários saudáveis ​​para avaliar a condição e os efeitos na saúde da melatonina em várias dosagens. Eles também avaliaram o efeito da melatonina em um modelo de sangue total simulando sepse.

Nenhum efeito adverso foi relatado para dosagens variando de 20 mg a 100 mg. O teste do modelo de sangue revelou que a melatonina e seu metabólito 6-hidroxi melatonina “mostraram efeitos eficazes na disfunção mitocondrial induzida pela sepse, estresse oxidativo e respostas de citocinas…”

A melatonina possui diversos mecanismos eficazes

Se tratando de infecções virais, a melatonina não tem como alvo o próprio vírus. Auxilia sobretudo o hospedeiro, reduzindo a reação exagerada das células hospedeiras ao patógeno, aumentando assim a tolerância do hospedeiro ao vírus. Conforme esclarecido no comentário da Melatonin Research, “Essa tolerância permite com que o hospedeiro tenha tempo suficiente para desenvolver a resposta imune adaptativa e erradicar os patógenos invasores.”

Ao regular suas respostas imunológicas, a melatonina também ajuda na prevenção da tempestade de citocinas, o que acaba sendo a causa de morte de pacientes com infecção grave por coronavírus. A melatonina também é conhecida por suas propriedades neuroprotetoras, podendo reduzir de modo potencial as sequelas neurológicas examinadas em pacientes com COVID-19.

Parte do benefício da melatonina contra o COVID também pode ser devido o fato de aumentar a sinalização da vitamina D e, juntas, a melatonina e a vitamina D melhoram sua função mitocondrial. Na verdade, suas mitocôndrias são os alvos comuns finais para ambos.

Escrevi muitos artigos detalhando a importância da otimização da vitamina D na prevenção a infecção e doenças mais graves causadas pelo COVID-19. A evidência para isso é de fato convincente, além disso, aumentar os níveis de vitamina D na população em geral pode ser uma das estratégias de prevenção mais importantes a serem realizadas. A melatonina também pode combater a infecção por coronavírus:

Ter um efeito antibacteriano nos glóbulos brancos chamados neutrófilos (uma alta contagem de neutrófilos é um indicador de infecção)

Eliminando o estresse oxidativo

Regulação da pressão arterial (um fator de risco para casos graves de COVID-19)

Melhorar os defeitos metabólicos associados à diabetes e resistência à insulina (fatores de risco para casos graves de COVID-19) através da inibição do sistema renina-angiotensina (RAS)

Proteger as células-tronco mesenquimais (MSCs, as quais demonstraram melhorar a infecção grave por coronavírus) contra lesões e melhorar suas atividades biológicas

Promovendo imunidade através de células e humoral

Promovendo a síntese de células progenitoras para macrófagos e granulócitos, células NK (natural killer) e células T auxiliares, de maneira específica CD4+

Inibição de inflamassoma NLRP3 — O inflamassoma faz parte de sua resposta imune natural. Quando um patógeno é detectado, o inflamassoma é ativado, começando a liberar citocinas pró-inflamatórias. O inflamassoma NLRP3 é um dos principais causadores da síndrome do desconforto respiratório agudo e da lesão pulmonar aguda, sendo ambas possíveis resultados da infecção por COVID-19

A melatonina reduz o risco de teste positivo para COVID-19

Informações da Cleveland Clinic, também apoiam o uso de melatonina. Pesquisadores analisaram dados de pacientes do registro COVID-19 da Cleveland Clinic, através de uma plataforma de inteligência artificial projetada para identificar medicamentos que podem ser reaproveitados.

Ao identificar manifestações clínicas e patologias compartilhadas pelo COVID-19 e 64 outras doenças, eles tiraram como conclusão que certas proteínas associadas a doenças crônicas estão de fato conectadas às proteínas relacionadas ao coronavírus. Falando de outro modo, várias proteínas parecem desempenhar uma função fundamental nas patologias observadas tanto no COVID-19, quanto em outras doenças crônicas.

Essas conexões sugerem que medicamentos já em uso para uma doença crônica, podem ser reaproveitados e utilizados ​​no tratamento da COVID-19, pois atuam em um ou mais alvos biológicos compartilhados. A melatonina teve destaque nesse aspecto. Pacientes que utilizaram melatonina como suplemento tiveram em média um risco 28% menor de testar positivo para coronavírus. Pessoas negras que utilizaram melatonina foram 52% menos propensos a testar positivo para o vírus.

Infelizmente, dois pontos cruciais de dados ausentes da análise são a dosagem utilizada e a duração da suplementação. Esses dados não foram incluídos no registro de pacientes, portanto, não sabemos a quantidade de melatonina necessária ou por quanto tempo você precisa utilizá-la para reduzir o risco de infecção por coronavírus, segundo os dados observados no estudo.

A melatonina é uma parte integrante do protocolo da linha de frente

No início de 2020, a Front Line COVID-19 Critical Care Alliance (FLCCC) desenvolveu protocolos de tratamento preventivo e ambulatorial através das percepções dos médicos fundadores de cuidados intensivos. Dr. Paul Marik, um médico de cuidados intensivos conhecido por seu protocolo de sepse com vitamina C pode salvar vidas, é um desses médicos.

Ele publicou um artigo no Journal of Thoracic Disease em fevereiro de 2020, dando a justificativa científica para o uso da melatonina para ajudar a regular o desequilíbrio oxidativo e a disfunção mitocondrial que são encontrados na sepse.

Isso foi seguido por um artigo publicado no Frontiers in Medicine em maio de 2020, onde ele e uma equipe de cientistas apresentaram um algoritmo terapêutico para a melatonina no tratamento do COVID-19. “As múltiplas ações da melatonina como anti-inflamatório, antioxidante e antiviral (contra outros vírus) a fizeram uma escolha de uso razoável”, segundo eles.

Com base em seus mecanismos de ação conhecidos, o FLCCC incluiu a melatonina em seus protocolos de tratamento precoce e hospitalar desde o início. Você pode baixar os protocolos mais recentes no site da FLCCC.

Como terapia de suporte, o FLCCC recomenda ingerir 6 mg antes de dormir, caso esteja tratando COVID-19 sintomático precoce ou leve. O protocolo de tratamento hospitalar exige de 6 mg a 12 mg de melatonina à noite, até obter alta.

Para pacientes tratando a síndrome COVID-19 de longa distância (LHCS), eles recomendam ingerir entre 2 mg e 12 mg à noite. Comece com uma dose baixa e vá aumentando aos poucos conforme tolerado. Se o seu sono for interrompido, reduza a dose. (Baixas doses de melatonina ajudarão a deixá-lo sonolento, enquanto doses mais altas podem provocar insônia.)

Orientação Geral para Suplementação

Embora as doses sugeridas quando utilizadas contra o COVID sejam bem mais altas do que você de certo modo usaria para melhorar seu sono, não parece haver nenhum perigo para tais doses. A pesquisa não encontrou efeitos adversos para dosagens que variando de 20 mg a 100 mg.

Esses intervalos de dose são até 100 vezes maiores do que uma dose conservadora típica de 0,5 mg, porém é gratificante saber que nenhum efeito adverso tenha sido observado nessas doses mais altas. Ainda seria prudente, no entanto, utilizar apenas doses tão altas por tempos limitados, apenas quando você de fato precisar.

Independente da dose que você utilize, eu recomendo começar com 1 mg ou menos. Certifique-se de ingerir melatonina à noite, antes de dormir. O aumento dos níveis de melatonina é a razão do porque você se sente sonolento à noite, por isso é desaconselhável ingeri-lo de manhã ou durante o dia, quando seu nível natural é (e deve ser) baixo.

A melatonina também é melhor se ingerida via sublingual, na forma de spray ou comprimido. Pode entrar direto na corrente sanguínea e não precisa passar pelo trato digestivo. Como resultado, seu efeito será sentido mais de maneira mais rápida.

+ Recursos e Referências