O treino intervalado de alta intensidade reduz o crescimento de células malignas no cólon

homem correndo

Resumo da matéria -

  • Pesquisadores descobriram compostos químicos presentes no sangue logo após a realização de Treino Intervalado de Alta Intensidade (HIIT, na sigla em inglês) que foram capazes de reduzir o número de células cancerígenas no cólon, sugerindo que o HIIT pode ter um papel em sua prevenção e tratamento
  • Seu cólon é separado em quarto partes e também é conhecido como intestino grosso. Ele possui um papel importante em como o seu corpo utiliza os alimentos que você ingere e na remoção da água antes de ser realizada a defecação
  • O câncer colorretal matou 17.000 brasileiros em 2017 e é um dos marcadores mais evidentes da transição nutricional, crescendo em países que apresentam rápidas mudanças sociais e econômicas
  • Proteger a microbiota do seu intestino ajuda a proteger seu cólon de desenvolver câncer e tem um papel vital na prevenção de doenças

Por Dr. Mercola

Você pode, às vezes, ouvir os termos câncer de cólon e câncer colorretal usados de forma intercambiável. No entanto, eles são diferentes. O câncer colorretal inclui cânceres que ocorrem no cólon e no reto, enquanto o câncer de cólon ocorre apenas no intestino grosso.

Historicamente, o câncer de cólon afetava somente os maiores de 50 anos, mas isso está mudando. De acordo com um relatório recente da American Cancer Society, a prevalência entre os adultos mais jovens está aumentando.

Seu cólon é essencial à digestão

Existem quatro partes anatômicas do cólon: o cólon descendente, o cólon ascendente, o cólon transverso e o cólon sigmoide. Embora o intestino delgado desempenhe um papel importante na absorção de nutrientes, a função do intestino grosso é armazenar resíduos, recuperar água e absorver certas vitaminas, como a vitamina K.

Em alguns casos, o cólon é chamado de intestino grosso e desempenha um papel importante na forma como seu corpo utiliza os alimentos que você come. A digestão começa em sua boca, onde a comida é mastigada em pedaços menores e movida para a parte de trás da garganta. Depois de engolir, o bolo alimentar percorre o esôfago e chega ao estômago.

Dentro do seu estômago, os sucos gástricos quebram a comida e os poderosos músculos espremem até formar um líquido pastoso. À medida que ele se move para o intestino delgado, as partículas ficam ainda menores e sucos do pâncreas, fígado e vesícula biliar são misturados com o líquido para ajudar na digestão.

A comida viaja quase 6 metros através do intestino delgado até atingir o cólon. Quando chega, é principalmente líquida. O intestino grosso absorve a água e as bactérias quebram o material restante, antes de serem armazenadas no reto e excretadas durante a evacuação intestinal.

Exercício de Alta Intensidade Reduz o Crescimento de Células Cancerígenas no Cólon

Eu sou um grande defensor do exercício, especialmente o treino intervalado de alta intensidade (HIIT). Uma pesquisa recente publicada no Journal of Physiology descobriu que a atividade de alta intensidade estava associada a uma redução na mortalidade entre aqueles que sobreviveram ao câncer colorretal.

Pesquisas anteriores demonstraram que exercícios durante um longo período de tempo podem ajudar a prevenir o câncer, mas os resultados deste novo estudo sugerem que até mesmo explosões curtas de atividade podem ter um efeito positivo.

A equipe estava interessada no mecanismo por trás desse efeito. Indivíduos com câncer colorretal foram recrutados para o estudo e solicitados a completar uma sessão aguda de HIIT ou 12 sessões de HIIT durante um período de quatro semanas. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue dos participantes do grupo que completaram uma sessão aguda antes, imediatamente após o término da sessão e aos 120 minutos após o treino.

No grupo que completou quatro semanas de HIIT, os pesquisadores coletaram amostras de sangue antes e depois de quatro semanas. O sangue foi então adicionado a uma placa de Petri com células de câncer colorretal humano. Eles relataram que a amostra de sangue retirada imediatamente após o exercício reduziu o número de células cancerígenas no cólon.

Eles também encontraram um aumento significativo nas proteínas sinalizadoras de citocinas, responsáveis pela modulação das respostas inflamatória e imune, que podem ter sido desencadeadas por uma resposta inflamatória transitória após um exercício intenso. O autor principal, James Devin, Ph.D., comentou os resultados:

“Nós mostramos que o exercício pode desempenhar um papel na inibição do crescimento de células de câncer de cólon. Após uma série de HIIT houve aumentos específicos na inflamação imediatamente após o exercício, que supostamente estão envolvidos na redução do número de células cancerígenas.

Isso sugere que um estilo de vida fisicamente ativo pode ser importante no combate aos tumores colorretais humanos. A partir de agora gostaríamos de ver como essas mudanças no crescimento ocorrem e entender os mecanismos pelos quais os biomarcadores no sangue podem impactar o crescimento das células.”

Câncer Colorretal Mata 17.000 no Brasil

Segundo o Fundo Mundial para Pesquisa do Câncer do Instituto Americano para Pesquisa do Câncer, o câncer colorretal é um dos marcadores mais claros da transição nutricional, aumentando em países que passam por rápidas mudanças sociais e econômicas. Segundo o Combate ao Câncer Colorretal, 60% das mortes por câncer colorretal poderiam ter sido evitadas com triagem e 25% tiveram história familiar da doença.

Enquanto a causa exata para o câncer de cólon nunca foi identificada em um fator, os pesquisadores identificaram vários que podem aumentar o risco de desenvolver câncer de cólon. Os dados mostram que uma história familiar influencia seu risco, especialmente em combinação com fatores ambientais.

Os dados também demonstraram que os afro-americanos têm uma incidência maior de câncer colorretal, assim como os judeus asquenazes. Fatores de estilo de vida também podem aumentar seu risco, incluindo uma dieta rica em carnes vermelhas e processadas, um estilo de vida inativo, tabagismo, uso pesado de álcool e obesidade.

Aqueles que têm um histórico de doença inflamatória intestinal, histórico de câncer colorretal ou pólipos e diabetes Tipo 2 também podem sofrer um risco aumentado de câncer colorretal.

Antibióticos Podem Influenciar o Risco de Câncer Colorretal

Os antibióticos não apenas alteram fundamentalmente o seu microbioma intestinal, as bactérias que requerem tratamento antibiótico também podem ser inflamatórias. Pesquisas mostram que este é mais um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de cólon. Este estudo não foi o primeiro em que os antibióticos foram implicados em um maior risco de câncer colorretal.

Os sintomas do câncer colorretal incluem uma mudança persistente no padrão intestinal, como diarreia ou constipação. Você pode encontrar uma mudança na consistência das suas fezes ou você pode notar sangue nas suas fezes. No entanto, o sangue nas fezes nem sempre será vermelho, dependendo da localização do sangramento no cólon.

Quanto maior o seu sangramento no cólon, maior a probabilidade de o sangue ficar com uma cor preta mais escura, potencialmente misturando-se com as fezes se houver uma pequena quantidade dele. Você pode sentir desconforto abdominal persistente, como cãibras, gases ou dor que não alivia com o tempo.

Fraqueza, fadiga e perda de peso inexplicada são outros sintomas do câncer colorretal. Alguns podem não apresentar sintomas nos estágios iniciais da doença. O momento que os sintomas aparecem depende do tamanho do câncer e de sua localização no intestino grosso.

Os benefícios de se exercitar incluem mais do que a prevenção ao câncer

Cerca de 80% dos adultos dos EUA não fazem exercício físico suficiente, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Apenas 20% estavam realizando a quantidade recomendada de exercícios, que significa 2,5 horas de exercícios aeróbicos de intensidade moderada e atividades de treino de força duas vezes por semana.

Enquanto o estudo apresentado demonstra os benefícios do HIIT contra a proliferação de células de câncer de cólon, exercícios contém uma infinidade de outros benefícios. Na verdade, exercitar-se pode ser a chave para uma vida mais longa. Um estudo publicado no European Journal of Preventive Cardiology procurou estimar a idade com base no desempenho durante um teste de estresse.

Os pesquisadores descobriram que o risco de morte poderia ser reduzido em 17% ao substituir 30 minutos de sessão com exercícios de baixa intensidade, como caminhar. Substituir 30 minutos por exercício moderado a vigoroso reduz o risco em 35%. Exercícios também tem sido associados a taxas mais baixas de depressão e doença de Alzheimer, juntamente com uma melhoria na memória.

De fato, exercícios parecem ser fundamentais para o sucesso do tratamento da depressão ou da ansiedade. Aqueles que se exercitam experimentam sensações mais felizes, potencialmente a partir de um aumento na serotonina, dopamina e norepinefrina.

O exercício retarda o processo de envelhecimento, melhora a sua pele e pode ajudá-lo a recuperar mais rapidamente de uma doença crónica. Por exemplo, exercitar-se beneficiou aqueles com dor nas articulações, incluindo osteoartrite. Outro benefício do HIIT consistente é a queima de gordura e a perda de peso.

Microbiota (flora) intestinal ajuda na saúde do cólon

Sua microbiota intestinal também desempenha um papel no tratamento e prevenção do câncer colorretal. Pesquisadores descobriram que o Lactobacillus reuteri tem potencial para tratar tumores de câncer de cólon. Outros estudos visando o câncer colorretal determinaram que existem vários fatores que aumentam a incidência de câncer colorretal, incluindo o diagnóstico de doença inflamatória intestinal.

Sjua microbiota intestinal é um grande participante em sua saúde geral, incluindo no desenvolvimento do câncer colorretal. Em um estudo, os pesquisadores usaram tomografia por emissão de pósitrons para detectar tumores em camundongos. Eles encontraram menos e menores tumores naqueles tratados com probióticos em comparação com camundongos que foram tratados com placebos.

Os pesquisadores encontraram evidências experimentais destacando o papel fundamental desempenhado pela microbiota intestinal em doenças gastrointestinais malignas. Em outro estudo, dados mostraram que a microbiota pode promover homeostasia e respostas antitumorais nos intestinos.

Em uma terceira revisão, os cientistas examinaram a pesquisa atual e focaram na patogênese bacteriana, propondo evidências de uma associação com o câncer colorretal.

Há mais de uma razão para haver sangue nas fezes

O câncer colorretal é apenas uma das razões pelas quais pode haver sangue nas fezes. Embora possa ser assustador e sinalizar um problema sério, nem sempre isso é verdade. O sangue nas fezes significa que há sangramento no trato digestivo originando algum lugar entre o esôfago e o reto.

Se o sangue estiver vermelho, sinaliza que o sangramento está acontecendo no reto ou ao redor do ânus. Outras vezes, o sangue pode ter sido digerido nos intestinos, fazendo com que as fezes pareçam pretas, como grãos de café.

Possíveis causas de sangue em suas fezes incluem:

Diverticulite — Estas são pequenas bolsas que se projetam da parede do cólon, que geralmente não causam problemas, mas às vezes sangram ou se infectam.

Hemorroidas — São veias inchadas na parte mais baixa do reto e do ânus. As hemorroidas são uma das causas mais comuns de sangramento retal, já que a veia às vezes é esticada de maneira tão fina que elas ficam irritadas, causando rachaduras e sangramento.

Elas raramente são perigosas e muitas vezes passam em algumas semanas. No entanto, você pode querer consultar seu médico para garantir que não seja uma condição mais séria.

Fissura Anal — É um pequeno corte ou rasgo no tecido que reveste o ânus, semelhante em aparência a rachaduras labiais ou a um corte de papel. Fissuras podem surgir com a passagem de fezes grandes e duras.

Angiodisplasia — Esta é uma condição na qual os vasos sanguíneos são frágeis e podem levar a sangramentos.

Úlceras Pépticas — As úlceras pépticas podem ocorrer no estômago ou na extremidade superior do intestino delgado. Causadas por uma infecção por Helicobacter pylori, elas podem gerar áreas de sangramento aberto. O uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios, como aspirina, ibuprofeno ou naproxeno, também pode causar úlceras.

Pólipos ou câncer — Os pólipos são tumores benignos, que às vezes se tornam cancerosos. Ambos os pólipos e o câncer colorretal podem causar sangramento que não se vê a olho nu.

Gastroenterite — Esta é uma infecção no estômago, muitas vezes apresentando fezes mais moles, contendo muco e vestígios de sangue. Pode resultar de um vírus, bactéria ou intoxicação alimentar e, embora o principal sintoma seja a diarreia, pode também incluir vômito, dor de estômago e desidratação.

Doença Inflamatória Intestinal (DII) — As duas principais formas de DII são a doença de Crohn e a colite ulcerativa. A condição não é a mesma que a síndrome do intestino irritável. É uma condição crônica responsável por inflamar as paredes intestinais, muitas vezes resultando em diarreia, dor e perda de peso.

Reduza seu risco de câncer colorretal

A saúde do seu intestino afeta todo o seu corpo, e é por isso que proteger sua saúde no cólon compartilha muitos dos mesmos princípios que protegem a sua saúde intestinal. Fibras e probióticos em alimentos fermentados, todos desempenham papéis vitais na prevenção de doenças e na promoção de um microbioma intestinal forte e saudável.

+ Recursos e Referências