Radiologistas escondem acúmulo de metais pesados nas ressonâncias magnéticas

Fatos verificados
radiologia

Resumo da matéria -

  • As ressonâncias magnéticas mais avançadas usam um agente de contraste ou corante para melhorar a clareza das imagens produzidas. Uma pesquisa recente revela que 58% dos radiologistas evitam informar os pacientes quando descobrem depósitos de agentes de contraste, que são tóxicos
  • A justificativa mais citada para omitir qualquer menção aos depósitos de gadolínio no relatório radiológico era evitar a "ansiedade desnecessária do paciente" pela toxicidade
  • O gadolínio, um metal pesado tóxico, é o agente de contraste usado em cerca de um terço dos casos. Para reduzir sua toxicidade, o gadolínio é administrado com um agente quelante. Pesquisas sugerem que até 25% do gadolínio injetado não é excretado, e depósitos da substância ainda são encontrados em alguns pacientes muito tempo depois
  • Em um artigo de 2016, pesquisadores sugerem que os depósitos de gadolínio no corpo devem ser vistos como uma nova categoria de doença: “doença da deposição de gadolínio”
  • Pacientes com alto risco de apresentarem depósitos de gadolínio incluem aqueles que requerem doses múltiplas do agente de contraste ao longo da vida, grávidas, crianças e pacientes com condições inflamatórias. Diminua o máximo possível a repetição de ressonâncias magnéticas de alto contraste, especialmente se houver pouco espaçamento entre uma ressonância e outra

Por Dr. Mercola

A ressonância magnética (RM) é um estudo de imagem que permite ao médico ver imagens detalhadas de seus órgãos e tecidos. A máquina de ressonância magnética utiliza um imã grande, ondas de rádio e um computador para tirar fotos transversais detalhadas de seus órgãos e tecidos internos.

O equipamento parece um tubo com uma maca, onde o paciente se deita para a coleta dos dados. Ao contrário de tomografias computadorizadas ou raios X que fazem uso da radiação ionizante, conhecida por danificar o DNA, a ressonância magnética utiliza campos magnéticos.

As imagens da ressonância magnética fornecem aos médicos melhores informações sobre anormalidades, tumores, cistos e problemas específicos de órgãos como coração, fígado, útero, rins e outros.

Em alguns casos, o médico pode pedir uma ressonância magnética avançada, usando um agente de contraste ou corante para melhorar a clareza das imagens produzidas. Segundo uma pesquisa internacional recente, a maioria dos radiologistas evita informar os pacientes quando descobrem a formação de depósitos de agentes de contraste, que são tóxicos.

As diretrizes da FDA sobre o gadolínio

O gadolínio é o agente de contraste utilizado em cerca de um terço dos casos. Ele é injetado no corpo, permitindo que mais detalhes apareçam nas imagens da ressonância magnética. No entanto, isso tem seu preço, pois o gadolínio é um metal pesado altamente tóxico.

Para reduzir sua toxicidade, o gadolínio é administrado com um agente quelante. No entanto, pesquisas sugerem que até 25% do gadolínio injetado em certos pacientes não são excretados e depósitos da substância ainda são encontrados em alguns pacientes muito tempo depois.

Em 2015, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA começou a investigar os possíveis efeitos à saúde dos depósitos de gadolínio no cérebro, e divulgou diretrizes sobre o uso de agentes de contraste à base de gadolínio (GBCAs) com o intuito de reduzir qualquer risco possível.

Dois anos depois, a agência divulgou uma atualização dizendo que "a retenção de gadolínio não está diretamente associada a efeitos adversos para a saúde em pacientes com função renal normal" e que os benefícios dos GBCAs superam os potenciais riscos. Ainda assim, a agência exigiu que um novo aviso de classe e certas medidas de segurança fossem implementados. Em seu comunicado de segurança de 19 de dezembro de 2017, a FDA declarou:

"...após uma revisão e consulta adicionais com o Medical Imaging Drugs Advisory Committee, exigimos várias ações para alertar os profissionais de saúde e pacientes sobre a retenção de gadolínio após uma ressonância magnética que utilize um GBCA e ações que possam minimizar os problemas.

Isso inclui a necessidade de um novo Guia de Medicação para os pacientes, que forneça informações educacionais que todos os pacientes devem ler antes de serem submetidos a um GBCA. Também exigimos que os fabricantes de GBCAs realizem estudos em humanos e animais para avaliar melhor a segurança desses agentes de contraste…

Os profissionais de saúde devem considerar as características de retenção de cada agente ao escolher um GBCA para pacientes que possam apresentar maior risco de retenção de gadolínio…

Tais pacientes incluem aqueles que requerem dosagens múltiplas ao longo da vida, grávidas, crianças e pacientes com condições inflamatórias. Diminua a repetição de ressonâncias magnéticas de alto contraste quando possível, especialmente se houver pouco espaçamento entre uma ressonância e outra."

Cabe aos pacientes solicitar o guia de medicação

No entanto, embora os centros de ressonância magnética sejam obrigados a fornecer o guia de medicação com gadolínio para todos os pacientes que se submeterão a uma ressonância magnética avançada pela primeira vez, os pacientes internados não precisam receber o guia, a menos que o solicite especificamente. Um detalhe bastante desconcertante, mencionado na atualização de 16 de maio de 2018, pela FDA diz que:

"Se um profissional de saúde determinar que não é melhor para o paciente receber o Guia de Medicação devido a preocupações significativas sobre seus efeitos, ele pode determinar que o guia não seja fornecido a tal paciente".

Em outras palavras, se acharem que você pode recusar o procedimento por estar preocupado com a toxicidade do metal pesado, o profissional de saúde pode simplesmente reter as informações de segurança. Somente se solicitar especificamente esse guia é que ele deverá ser fornecido a você.

Embora o FDA tenha decidido não restringir o uso de nenhum GBCA, o Comitê de Farmacovigilância e Avaliação de Risco da Agência Europeia de Medicamentos recomendou a suspensão do uso de quatro agentes de contraste semelhantes ao gadolínio, que se mostraram menos estáveis (e, portanto, mais propensos a se acumular no cérebro e causar problemas em pacientes com problemas renais) do que os GBCAs macrocíclicos.

A maioria dos radiologistas esconde a descoberta de depósitos de gadolínio

Uma descoberta igualmente perturbadora é que 58% dos radiologistas escondem a descoberta de depósitos de gadolínio nos pacientes durantes os exames. Conforme relatado pela Health Imaging, a justificativa mais citada para omitir qualquer menção aos depósitos de gadolínio no relatório radiológico era evitar provocar "ansiedade desnecessária no paciente".

No entanto, isso também impede que os pacientes tomem medidas para proteger sua saúde, o que pode ser de grande importância se eles estiverem sentindo os efeitos da toxicidade do gadolínio e ainda não tiverem juntado os pontos.

Até o momento, acredita-se que o maior perigo do GBCA seja relegado àqueles que sofrem de doença renal grave, nos quais a exposição ao GBCA tenha sido associada à fibrose sistêmica nefrogênica (NSF), uma doença debilitante que envolve fibrose tecidual progressiva da pele e tecidos subcutâneos. Para evitar isso, os pacientes com doença renal precisam receber formas mais estáveis de quelato com o gadolínio.

No entanto, o fato de o gadolínio se acumular no cérebro (e em todo o corpo), mesmo que você não tenha problemas renais, pode trazer perigos consideráveis, até então não reconhecidos. Por exemplo, o uso de GBCAs tem sido associado à hipersensibilidade em duas regiões do cérebro (núcleo denteado e globus pallidus), com consequências ainda desconhecidas.

A hiperintensidade no núcleo denteado já havia sido associada à esclerose múltipla e, de acordo com pesquisas mais recentes, essa hiperintensidade pode ser resultado do grande número de exames de ressonância magnética avançados o qual os pacientes com esclerose múltipla tendem a se submeter. Já a hiperintensidade do globus pallidus está associada à disfunção hepática.

Pesquisadores propõem uma nova categoria de doença por gadolínio

No artigo de 2016, "Gadolínio em seres humanos: uma família de desordens", os pesquisadores sugerem que os depósitos de GBCA no corpo sejam vistos como uma nova categoria de doença. Eles escrevem:

"No início de 2014, uma investigação de Kanda et.al. descreveu o desenvolvimento de alta intensidade de sinal no tecido cerebral em imagens ponderadas em T-2 de pacientes com função renal normal após administrações repetidas de GBCA…

Isso pegou muitos radiologistas de surpresa, pois muitos pensavam que a deposição de gadolínio não ocorreria em pacientes com função renal normal. Essa deposição resulta no aumento da intensidade do sinal em imagens ponderadas em T1 sem aprimoramento em diferentes regiões do cérebro, principalmente no núcleo denteado e globus pallidus…

Até onde sabemos, nem a deposição óssea relatada pela primeira vez por Gibby et. al. nem a deposição cerebral relatada pela primeira vez por Kanda et. al. foram associadas a doenças reconhecidas. Propomos chamar essas entidades de armazenamento de "condição de armazenagem de gadolínio".

Juntamente com uma investigação separada, grupos de defesa de pacientes se formaram, com presença on-line, na qual membros relatam ter sofrido doenças graves após a administração de GBCAs.

Alguns desses pacientes relataram presença persistente de gadolínio em seus sistemas, como mostrado pelo aumento contínuo de gadolínio na urina. Todos apresentaram uma variedade de sintomas, incluindo dor no tronco e nas extremidades, estas últimas associadas ao espessamento e descoloração da pele.

Essas características físicas se assemelham, mas em menor gravidade, àquelas relatadas para a NSF. Nossa investigação preliminar nos convenceu de que esse fenômeno é um o verdadeiro processo de uma doença, que propomos chamar de 'doença da deposição de gadolínio'."

Os pesquisadores destacam outros sinais e sintomas comuns da "doença da deposição de gadolínio", como dor de cabeça persistente, dor nos ossos, articulações, tendões e ligamentos (geralmente descritos como agulhadas, dor cortante ou queimação), repuxamento nas mãos e pés, nebulosidade mental e espessamento de tecidos moles que "parecem clinicamente esponjosos ou emborrachados sem a dureza e vermelhidão observadas na NSF".

A família Norris afirma ter gastado quase US$ 2 milhões em esforços para restaurar a saúde de Gena, mas tiveram pouco progresso. Até a terapia de quelamento teve sucesso limitado.

A toxicidade dos metais pesados é um risco comum na modernidade

Os metais pesados são amplamente distribuídos em todo o ambiente a partir de poluição industrial, agrícola, médica e técnica. A toxicidade dos metais pesados tem um potencial documentado de trazer sérias consequências para a saúde, incluindo danos renais, neurológicos, cardiovasculares, esqueléticos e endócrinos.

Os metais pesados mais comumente associados à intoxicação são arsênico, chumbo, mercúrio e cádmio, que também são os metais pesados mais comumente encontrados na poluição ambiental. Os sintomas da intoxicação por metais pesados variam de acordo com os sistemas orgânicos afetados.

Os cientistas descobriram que os metais pesados também aumentam o estresse oxidativo secundário à formação de radicais livres. Os testes de toxicidade dos metais pesados incluem análises de sangue, urina, cabelos e unhas para exposição cumulativa.

A desintoxicação pode ser difícil e precisa ser feita com os devidos cuidados. Eu escrevi vários artigos sobre o assunto. Você encontra mais informações em "The Three Pillars of Heavy Metal Detoxification" e "The Walsh Detoxification Program".

Pondere cuidadosamente sua necessidade de uma ressonância magnética com contraste

A moral da história aqui é evitar os exames de ressonância magnética com contraste, a menos que seja absolutamente necessário. Muitas vezes, os médicos solicitam a ressonância apenas para completar a bateria de exames e para se protegerem numa perspectiva legal.

Se for esse o seu caso, simplesmente se recuse a fazer o exame com contraste. Se necessário, consulte outros médicos que possam oferecer uma perspectiva diferente.

Isso é particularmente importante se você sofre de condições como a esclerose múltipla, na qual várias ressonâncias magnéticas são feitas. Lembre-se também de que várias ressonâncias magnéticas com contraste serão particularmente perigosas quanto mais próximas umas das outras.

Se você precisar de uma ressonância magnética, vale a pena pesquisar

Embora eu sempre recomende ser criterioso quanto ao uso de procedimentos médicos de diagnóstico, há momentos em que é apropriado e útil fazer determinado exame.

O que muitos não percebem é que o preço desses procedimentos pode variar muito, dependendo de onde são executados. Os hospitais tendem a ser a opção mais cara em diagnósticos e procedimentos ambulatoriais, às vezes com uma margem enorme de lucro.

Os centros de diagnóstico independentes são locais alternativos para obter serviços como exames laboratoriais, raios-X e ressonância magnética, geralmente com uma fração do custo cobrado pelos hospitais. Os centros de imagem particulares não são associados a nenhum hospital em particular e normalmente estão abertos de segunda a sexta-feira, em oposição aos centros de radiologia de hospitais, que funcionam 24 horas por dia.

Os hospitais geralmente cobram taxas mais altas por seus serviços para compensar os custos de suas operações 24/7. Os hospitais também podem cobrar taxas exorbitantes para diagnósticos que envolvam alta tecnologia, como é o caso da ressonância magnética, para subsidiar outros serviços de menor margem. E os hospitais podem cobrar dos planos de saúde uma "taxa de instalação", levando a uma inflação ainda maior dos preços.

Portanto, se você achar que precisa de uma ressonância magnética, não tenha medo de pesquisar preços. Com algumas ligações para centros de diagnóstico da sua região, você pode economizar até 85% sobre o que um hospital cobraria pelo mesmo serviço.