Como o hidrogênio molecular pode ajudar contra o COVID-19

Fatos verificados
Hidrogênio

Resumo da matéria -

  • O hidrogênio molecular (gás H2) possui poderosos efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, o que o torna potencialmente útil contra o COVID-19
  • Por ser a menor molécula no universo e não possuir carga polar, a molécula de hidrogênio também é capaz de passar por todas as membranas de células e compartimentos subcelulares, incluindo o núcleo e a mitocôndria. E não precisa de nenhum transportador para fazê-lo, de modo que é excepcionalmente biodisponível
  • Tyler W. LeBaron, fundador do Molecular Hydrogen Institute, explica a patofisiologia do COVID-19 e a lógica pela qual o H2 está sendo clinicamente investigado e recomendado para o COVID-19 por médicos e organizações proeminentes
  • É importante pulsar ou criar uma elevação aguda de H2 no sistema por um curto período em vez ter exposição contínua. A elevação aguda é o que ativa a via Nrf2 que aumenta seus antioxidantes endógenos

Por Dr. Mercola

O hidrogênio molecular (H2) possui poderosos efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, o que o torna potencialmente útil contra o COVID-19. Tyler W. LeBaron, fundador do Molecular Hydrogen Institute, revê a patofisiologia do COVID-19 e explica por que o H2 está sendo clinicamente estudado e discutindo os mecanismos propostos de como o hidrogênio molecular pode amenizar esta doença em particular.

Na verdade, diversos pesquisadores chineses estão usando terapia com H2 em pacientes com COVID-19, e resultados preliminares são animadores o suficiente para que o Dr. Zhong Nanshan, o epidemiologista que descobriu o SARS vírus (SARS-CoV-1) em 2003, agora esteja recomendando a terapia com H2 para o COVID-19.

Por enquanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar os benefícios e efeitos benéficos em casos de COVID-19, o último guia de tratamento do COVID-19 feito pela Comissão Nacional de Saúde Chinesa inclui inalação de hidrogênio.

No vídeo abaixo, LeBaron inclui um videoclipe de pacientes chineses recebendo uma solução de hidrogênio e oxigênio para respiração mais profunda sem desconforto. Dito isso, Le Baron afirma:

"Ainda não existem evidências publicadas de que o H2 vai beneficiar verdadeiramente os pacientes com COVID-19, e esta informação é apenas para fins educacionais. Não constitui evidência clínica e não deve substituir as orientações do seu profissional de saúde."

Vídeo disponível apenas em inglês

Padofisiologia do COVID-19

Como explicado por LeBaron, o vírus SARS-CoV-2, responsável pelo COVID-19 entra nos pulmões, onde ataca os pneumócitos tipo 2, as células alveolares responsáveis pela secreção de surfatantes que reduz a tensão superficial dos fluidos em seus pulmões e são importantes para a elasticidade.

O vírus SARS-CoV-2 usa proteínas perfurantes para se fixar no receptor celular ACE-2. É assim que ele ganha entrada e libera RNA de cadeia simples e senso positivo na célula. Ao inserir seu RNA, o vírus apodera-se da célula, e desencadeia a o processo de replicação viral dentro desta.

Em resposta, macrófagos (células sanguíneas brancas) são ativados para combater a infecção e, por sua vez liberam citocinas no plasma sanguíneo, incluindo a interleucina-6 (Il-6), IL-1 e TNF-alpha. Uma vez que as citocinas entram no plasma, os neutrófilos são recrutados, assim, aumentando a vasodilatação (expansão dos vasos sanguíneos) e permeabilidade dos vasos capilares.

Dentro da célula, as espécies reativas de oxigênio (sigla em inglês ROS) são criadas em um esforço para matar a célula infectada e prevenir a replicação. Essa é uma parte essencial do sistema de defesa do corpo. Entretanto, enquanto o processo progride, o paciente acaba com uma grande quantidade crescente de ROS e inflamações. Pior, como o vírus continua a atacar os pneumócitos de tipo 2, os pulmões não conseguem trabalhar corretamente.

Enquanto a tensão superficial dos fluidos no pulmão reduz, os alvéolos não conseguem manter propriamente a troca de gases, e a necessidade de oxigênio aumenta. A redução da elasticidade dos pulmões também dificulta a respiração. Adicione uma grande quantidade de ROS, e todos os alvéolos acabam morrendo. Isso é parte do que causa a tosse.

Com a progressão da inflamação e da vasodilatação, a pressão sanguínea pode abaixar, o que causa a sensação de fadiga e fraqueza. A baixa pressão sanguínea também causa uma baixa perfusão sanguínea, o que significa que as células não vão receber o oxigênio e os nutrientes de que precisam para seu devido funcionamento. O que também impede a remoção de lixo metabólico. Os baixos níveis de oxigênio (hipoxia) resultam em uma sensação de insuficiência respiratória.

A menos que seja tratada com sucesso, essa cadeia de eventos pode levar à morte celular, múltipla falência de órgãos (pulmões, e rins), desconforto respiratório agudo (sigla em inglês ARD) e, em última instância, morte.

Parando o ciclo destrutivo

Para salvar o paciente, algo precisa ser feito para parar essa sequência de eventos destrutivos. Como inibir a replicação viral e aumentar a função do sistema imunológico? Como explicado por LeBaron, a maior parte da destruição ocorre pelas ROS e a inflamação sistêmica.

As ROS são moléculas que causam danooxidativo. Entretanto, elas não são ruins o tempo todo. Os neutrófilos que produzem as ROS também produzem óxido nítrico e superóxido, que são cruciais. O superóxido ajuda a matar os patogênicos, mas também não queremos demais, então precisa ser regulado.

O óxido nítrico também precisa ser regulado. Embora possa inibir a replicação viral e ajude a melhorar o sistema imunológico, também não queremos em excesso. Enquanto os níveis de superóxido e óxido nítrico aumentam, formando peroxinitritos, que são extremamente prejudiciais e, por sua vez, formam radicais hidroxilas, as ROS mais citotóxicas.

Normalmente, quando o superóxido termina seu trabalho, ele é convertido pela superóxido dismutase em peróxido de hidrogênio, que é convertido em água e oxigênio.

Esse processo é regulado por um fator de transcrição chamado Nrf2/keap1. Quando esse fator de transcrição é ativado, ele entra nos núcleos das células, onde se liga com os elementos de resposta antioxidantes (sigla em Inglês ARE), que aciona os antioxidantes naturais do corpo como glutationa e catalase.

Como afirmado por Lebaron, o Nrf2 — que é envolvido na fase 2 da desintoxicação — regula mais de 200 proteínas e enzimas protetoras. O problema é que quando as ROS estão superabundantes e fora de controle, o sistema Nrf2 é esgotado e não pode mais regular o processo inflamatório.

Entendendo o hidrogênio molecular

O hidrogênio molecular ou H2 tem a habilidade de ativar a via Nrf2/keap1, reabastecendo os antioxidantes endógenos. Assim, o H2 regula e mantém a homeostase em todo o sistema, impedindo que a infecção saia de controle e cause a morte celular.

O hidrogênio também regula as enzimas NOX e NOS, reduzindo a produção de superóxido e óxido nítrico respectivamente. Isso é bom, pois quando essas duas moléculas têm índices elevados, elas se combinam instantaneamente para criar a perniciosa molécula peroxinitrito. O H2 também dá suporte à função mitocondrial. O H2 também reduz seletivamente o peroxinitrito e os radicais de hidroxila.

Isso dá uma vantagem significativa ao H2 sobre outros antioxidantes como a vitamina C, que age indiscriminadamente com o superoxido e o óxido nítrico — ambos possuem funções importantes e benéficas. O H2 não interage com o superóxido e o óxido nítrico. A única coisa com a qual o H2 consegue interagir são as perigosas ROS como peroxinitritos e radicais de hidroxila.

Como resultado, os superóxidos e o óxido nítrico podem realizar funções benéficas enquanto o H2 elimina os subprodutos perigosos do superóxido e do óxido nítrico, enquanto simultaneamente aumenta a produção natural de antioxidantes, regulando as enzimas que produzem o superóxido e o óxido nítrico.

O H2 também impede que aconteça uma enxurrada de citocinas. A enxurrada de citocinas ocorre quando a quantidade de citocinas é maior do que o corpo consegue suportar. As citocinas são reguladas pelos fatores de transcrição, e as ROS regulam os fatores de transcrição. Os fatores de transcrição inflamatórios, por sua vez, criam mais inflamação, o que estimula uma maior produção de ROS.

Esse é um círculo vicioso que resulta em um aumento de morte celular, que leva à falência múltipla dos órgãos e à morte. O H2 se mostrou capaz de regular esses fatores de transcrição em diversos estudos com animais e humanos, quebrando o círculo vicioso. Isso é o que torna o H2 tão anti-inflamatório. Como resumido por LeBaron:

"O gás de hidrogênio, por ser uma molécula muito simples e pequena, pode ajudar a regular o status redox, seletivamente reduzindo as [ROS] ruins, ajudando a regular e melhorar as vias Nrf2/keap1 para manter a homeostase redox do nosso corpo.

Também tem efeitos reguladores da inflamação, que reduzem a nociva inflamação sistêmica crônica por regular tudo. Apenas reduzir ou inibir [referindo-se a ROS] não é o que queremos fazer. Nós precisamos de tudo isso.

Isso está no nosso sistema imunológico. Não queremos nos livrar disso. Sim, é o que está nos matando, mas também é muito importante termos, para que possamos melhorar. Então, essa é a lógica em [usar o gás de hidrogênio] para o COVID-19."

Dosagem e disponibilidade

Mesmo que os estudos clínicos específicos sobre o COVID-19 estejam sendo conduzidos com inalação de H2, o H2 dissolvido em água tem se mostrado mais eficaz do que as inalações em outros modelos animais de doença. Outro artigo também sugere que a bebida produtora de óxido nítrico com infusão de H2 da H2Bev, chamada HydroShot, também deveria ser clinicamente investigada pelos efeitos preliminares relatados.

No entanto, embora haja várias maneiras de se obter H2, o sistema de entrega mais simples e mais prático são as pastilhas de hidrogênio molecular dissolvidas em água. São portáteis e podem ser levadas para qualquer lugar, incluindo em viagens e em linhas aéreas, e elas fornecem altas concentrações de H2. Ao tomar as pastilhas, é importante beber a água assim que elas se dissolverem e enquanto a água ainda estiver "branca", porque o H2 se dissipa rapidamente.

As pastilhas de hidrogênio molecular têm a vantagem adicional de fornecer 80 mg de magnésio iônico elemental por unidade. O magnésio pode servir como um bloqueador natural do cálcio para ajudar a regular os níveis elevados de cálcio intracelular, que poderiam causar estragos no corpo.

A quantidade absoluta de H2 é muito menos importante do que criar uma elevação aguda de H2 no sistema por um curto período. A elevação aguda é o que ativa as vias Nrf2. Quando a exposição é contínua, mesmo que elevada, ela não possui quase nenhum efeito.

Claramente precisamos de mais pesquisas para sermos capazes de responder a questão da dosagem, mas neste ínterim, parece que ajustar a dose às suas circunstâncias pessoais é o mais apropriado. Então, se você está em circunstâncias não estressantes em casa, não precisando fazer nada muito estressante e nem se exercitando muito, talvez tomar o H2 uma vez ao dia seja o suficiente.

Entretanto, se você se exercita muito, pode querer tomar duas ou três vezes ao dia para ajudar a reduzir o estresse oxidante dos exercícios. O mesmo se você estiver viajando e se expondo ao estresse de radicais livre da radiação ionizante a 10.000 metros de altura. Nessas circunstâncias, é apropriado tomar a cada duas horas enquanto estiver no ar.

Considerando sua segurança, praticidade de uso e efeitos benéficos ao sistema imunológico e à saúde, as pastilhas de hidrogênio molecular são uma solução fácil na minha opinião, e poderiam ser muito úteis em diversas condições, incluindo COVID-19, que é a razão pela qual o H2 está sendo investigado.