A pandemia de COVID-19 provoca aumento no uso de antidepressivos

Fatos verificados
saúde mental e coronavírus

Resumo da matéria -

  • Comparando com a semana de 11 a 15 de março, uma quantidade ainda maior de pessoas também relatou impactos negativos na saúde mental na semana do dia 25 a 30 de março — 45% comparado a 32% na semana anterior
  • A prescrição de antidepressivos aumentou em 34,1% entre meados de fevereiro e março, época na qual ordens de ficar em casa foram emitidas em várias partes dos EUA. Combinadas, as prescrições de medicamentos para a ansiedade, depressão e insônia aumentaram em 21%
  • Para aumentar sua coragem, procure se instruir e se preparar para o futuro da melhor forma possível. Estratégias para aliviar o medo, a ansiedade e a depressão incluem técnicas da psicologia energética, como EFT e NET FAST, além da adoção de hábitos como alimentação saudável, prática de exercícios físicos e dormir o suficiente

Por Dr. Mercola

Com especialistas financeiros prevendo que a pandemia de COVID-19 resultará numa quebra da economia pior do que a Grande Depressão dos anos 30, é claro que as taxas de depressão e suicídio estão aumentando.

De acordo com uma pesquisa Kaiser Family Foundation, entre os dias 25 e 30 de março, 45% dos participantes disseram que a pandemia atrapalhou "muito" suas vidas, com as mulheres (49%) sendo afetadas de forma desproporcional em relação aos homens (40%); 27% disseram que suas vidas foram afetadas em "algum" grau.

A maioria também disse que não há "previsão para o final da pandemia", e 74% acreditam que "o pior ainda está por vir". Apenas 1% acreditam que o pico da pandemia já passou.

59% se preocupam que seus investimentos sejam afetados negativamente por um longo tempo, e 52% se preocupam em perder o emprego. Um número quase idêntico de pessoas — 53% — se preocupa que elas ou suas famílias possam contrair o COVID-19.

Atualmente, 39% dos adultos relatam ter perdido o emprego ou sofrer redução de renda devido às jornadas de trabalho mais curtas. A grande maioria — 85% — se preocupa que os comércios e serviços locais fechem as portas de forma permanente devido à perda de receita.

Comparando com a semana de 11 a 15 de março, uma quantidade maior de estadunidenses também relatou impactos negativos na saúde mental durante a semana de 25 a 30 de março — 45% comparado a 32% na semana anterior.

Figura 8

O uso de antidepressivos decola

De acordo com um relatório emitido no dia 16 de abril de 2020 pela Express Scripts, uma empresa de administração de benefícios de farmácia com base no empregador, as prescrições de medicamentos anti ansiedade aumentaram em 34,1% entre meados de fevereiro e meados de março, época na qual ordens de ficar em casa foram emitidas em várias partes dos EUA.

Combinadas, as prescrições de medicamentos para a ansiedade, depressão e insônia aumentaram em 21%. Refletindo os resultados da pesquisa, o número de mulheres que recorreram aos antidepressivos foi muito maior que dos homens, sendo que elas aumentaram o uso em 40%, enquanto os homens aumentaram em 22,7%. A Newsweek informou:

"A ansiedade é a doença mental mais comum nos EUA, de acordo com a Associação de Ansiedade e Depressão da América, com mais de 40 milhões de adultos sofrendo de alguma forma do transtorno.

Embora a medicação possa ser um tratamento eficiente, alguns dos medicamentos utilizados podem causar efeitos colaterais sérios e a possibilidade de abusos e vícios. Os medicamentos para insônia compartilham destas mesmas ressalvas.

O dr. Glen Stettin, vice presidente sênior da Express Scripts, insistiu que a maioria das pessoas que sofrerem problemas de ansiedade ou insônia durante a pandemia devem, em primeiro lugar, buscar tratamentos sem medicamentos, como terapias cognitivas comportamentais, ou tentar melhorar seu padrão de sono. 'Quando o assunto é ansiedade ou problemas de sono, para a maioria das pessoas, medicamentos não são a solução', disse Glen."

Avalie cuidadosamente sua estratégia para enfrentar a pandemia

O fato de que tantas pessoas estão recorrendo a antidepressivos atualmente é um problema, pois estes medicamentos já demostraram repetidamente como são ineficientes e podem até piorar o problema. Os antidepressivos vêm com uma lista de possíveis efeitos colaterais, que podem incluir:

  • Agravamento da depressão, auto-agressão, violência e suicídio
  • Aumento nos riscos de diabetes tipo 2, mesmo após se descontar outros fatores de risco como o índice de massa corporal (IMC)
  • Aumento nos riscos de ataque cardíaco e AVC
  • Aumentonosriscos de demência
  • Esgotamento de vários nutrientes do corpo, incluindo a coenzima Q10 e a vitamina B12 — no caso de antidepressivos tricíclicos — que são necessárias para se ter uma função mitocondrial adequada. Os ISRSs foramassociados à depleção de iodo e folato

Em um relatório emitido pela Full Measure em março de 2019, a jornalista investigativa premiada Sharyl Attkisson entrevistou o psiquiatra e diretor do Centro Internacional de Psiquiatria Orientada ao Paciente, Dr. Peter Breggin.

Ele é conhecido por muitos como "a consciência da psiquiatria", pois foi instrumental para a prevenção do retorno da lobotomia como um tratamento psiquiátrico no início dos anos 70. Peter também é o autor do livro "Medication Madness", no qual detalha os vários problemas causados pelas drogas psiquiátricas.

Quando questionado sobre o que as pessoas não sabem sobre os tratamentos psiquiátricos mas deveriam, Peter respondeu "Elas não sabem que todas as drogas psiquiátricas são neurotoxinas. Elas não sabem que as drogas não corrigem desequilíbrios bioquímicos, e sim causam desequilíbrios bioquímicos".

Para Peter, "Não existe um tratamento médico promissor, e provavelmente nunca existirá", pela simples razão de que a depressão está primariamente enraizada na complexidade das emoções e experiências humanas.

Ele acredita que as pessoas precisam evitar comportamentos entorpecentes e escapistas e, ao invés disso, implementar estratégias que sustentem um funcionamento cerebral saudável, para que assim "sejam capazes de lidar com seus problemas".

Como observado por Peter, estudos já demostraram repetidamente que antidepressivos não funcionam melhor do que placebos contra a depressão leve a moderada. Duas metanálises também demonstraram que, levando em conta estudos publicados e não publicados, a resposta ao placebo representa 82% da resposta benéfica aos antidepressivos.

Mais recentemente, uma revisão sistemática de 2017 com metanálise e análise sequencial de 131 estudos controlados com placebo descobriu que “todos os ensaios apresentavam alto risco de viés e o significado clínico parece questionável. Os ISRSs aumentam consideravelmente os riscos de efeitos colaterais sérios e não sérios.

Os possíveis pequenos efeitos benéficos parecem ser superados pelos efeitos nocivos". Nenhum dos ensaios, até mesmo aqueles que relataram resultados positivos, alcançaram o limite de significância clínica de 3 pontos na escala de depressão.

Você está apenas assustado ou vivendo com medo?

Como expliquei em meu artigo recente, "É possível controlar o medo" e existe uma diferença entre estar assustado e estar com medo. Atualmente, o mundo inteiro está preocupado sobre o que pode acontecer em seguida. É fácil sentir medo, considerando carga diária de notícias ruins.

No entanto, entender a diferença entre estar assustado e ter medo pode ser de grande ajuda, pois o medo causa um efeito paralisante, enquanto o susto principalmente aumenta a atenção.

Novas ameaças aumentam mais o nível de ansiedade de uma pessoa do que ameaças familiares, mesmo quando suas consequências são as mesmas ou similares. Considera-se que isso esteja relacionado à atividade da sua amígdala, que processa emoções.

Os autores de um estudo de 2013 descobriram que a atividade na amígdala aumentou quando uma série de imagens de flores e cobras desconhecidas eram mostradas aos participantes, enquanto imagens de flores e cobras familiares não aumentou essa atividade. Ryan Holiday, autor de 10 livros, inclusive "The Daily Stoic" e "O Obstáculo é o Caminho", escreveu:

"Está com medo? Isso não é luta ou fuga. É paralisia. Isso só piora as coisas. Especialmente agora. Especialmente em um mundo que exige soluções para os muitos problemas que enfrentamos. Eles certamente não vão se resolver sozinhos. E a inação (ou a ação errada) pode piorá-los, pode colocar você em ainda mais perigo. Cuidado com a incapacidade de aprender, adaptar-se e acolher a mudança."

A sabedoria e a preparação aumentam a coragem

Embora sentimentos fugazes de preocupação sejam esperados ao enfrentar novas experiências, quando permitimos que tais sentimentos nos dominem continuamente, a paralisia pode surgir. Para prosperar em tempos de grande medo e incerteza, Ryan ressalta a importância da educação, preparação e treinamento, que são o fundamento da coragem.

A diferença entre ter medo e estar assustado é que o medo paralisa sua capacidade de avaliar o que está acontecendo e tomar decisões. Mas estar preparado e informado ajuda a tomar decisões e agir, mesmo quando estiver assustado. Esta é a definição de coragem — agir mesmo estando assustado.

A preparação começa com a compreensão das consequências de longo prazo do medo e do pânico para sua saúde — e a percepção de que tais problemas de saúde não são inevitáveis e nem necessários para a sua sobrevivência.

Existem várias estratégias que você pode usar para reduzir o medo e encontrar sua coragem. É importante começar com o entendimento de que os sentimentos não têm vida própria. Em outras palavras, os sentimentos são gerados. Seus sentimentos mudam de acordo com as suas circunstâncias e pensamentos.

Assistir a um filme engraçado pode provocar risadas e sentimentos de felicidade. Assistir a um filme triste leva muitos a chorar. Ler as manchetes durante uma epidemia ou pandemia pode desencadear medo. Há um fator desconhecido na situação. Você pode não ter controle sobre a mídia, mas você tem controle sobre seus pensamentos e sua saúde. Em outras palavras, seus pensamentos produzem os sentimentos.

Considere evitar a mídia enquanto se prepara para o futuro

Uma das estratégias que podemos utilizar para reduzir o medo é alterar a forma com que pensamos sobre as coisas. Sim, estamos lidando com várias coisas desconhecidas atualmente, mas focar no planejamento e preparação ao invés de ficar em pânico pode ajudar muito a proteger sua saúde mental. Tome as precauções de segurança que sejam possíveis e limite sua exposição às notícias da mídia.

A revista Psychology Today recomenda reduzir a ansiedade tentando consumir notícias positivas enquanto acompanha o que está acontecendo no mundo. Também é bom dar seu melhor para pensar de forma crítica ao ler as notícias. É importante prestar muita atenção a "termos vagos ou carregados, estatísticas citadas e suposições não declaradas". Em outras palavras, não aceite de cara o que está nas notícias, mas considere as informações e questione o que lhe está sendo dito.

Outras técnicas de redução de estresse e depressão incluem praticar exercícios, consumir alimentos integrais, limitar o consumo de açúcar e ter um sono de qualidade. Quando você está cansado e seu corpo não está devidamente nutrido para funcionar adequadamente, você se torna mais propenso a cair na armadilha do medo. Outras estratégias de tratamento para a depressão podem ser encontradas no artigo "O que as melhores evidências dizem sobre os antidepressivos?".

Técnicas de Libertação Emocional

A estratégia capaz de fornecer resultados mais imediatos é o uso das técnicas de libertação emocional, ou EFT. No vídeo acima, Julie Schiffman demonstra uma estratégia para aliviar a ansiedade e outras emoções desafiadoras provocadas pelas notícias e incertezas relacionadas a essa pandemia e/ou quarentena.

Se você não conhece as EFT, é possível encontrar um acervo de demonstrações no artigo "Passos básicos para a sua libertação emocional".

Vídeo disponível apenas em inglês

A técnica NET FAST

Outra alternativa é a Ferramenta de Primeiros Socorros ao Estresse da Técnica Neuro-Emocional, ou NET FAST, demostrada no vídeo acima. A página firstaidstresstool.com oferece um excelente resumo imprimível com recursos visuais da técnica, que até uma criança pode acompanhar. Confira aqui um resumo da técnica FAST:

  1. Enquanto pensa em um problema que o incomoda, coloque o pulso direito sobre a palma da mão esquerda. Coloque três dedos da mão esquerda na área do pulso direito, onde você poderá sentir sua pulsação.
  2. Coloque a mão direita aberta na testa. Inspire e expire suavemente várias vezes enquanto se concentra em sentir o problema que o incomoda.
  3. Troque as mãos e repita as etapas 1 e 2.
Vídeo disponível apenas em inglês