Por Dr. Mercola
Segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, quase 805.000 americanos sofrem um ataque cardíaco a cada ano, dos quais 605.000 tem o primeiro ataque cardíaco. Conhecer os fatores de risco, sintomas e como agir rapidamente aumentará significativamente suas chances de sobrevivência.
No entanto, o que, a princípio, parece um ataque cardíaco eminente pode ser, na verdade, um ataque de pânico e, de acordo com pesquisadores, o preço de um diagnóstico incorreto de dor no peito não cardíaca é alto. "É importante para os médicos saber reconhecer ataques de pânico e diferenciá-los de doenças cardíacas, evitando assim o uso desnecessário de recursos de saúde", afirma um relatório.
Então, como você diferencia os dois? Antes de entrarmos nesses detalhes, vamos dar uma olhada nos sinais e sintomas comumente associados a cada um.
Sintomas de ataque cardíaco
Quando um ataque cardíaco começa, o fluxo sanguíneo para o seu coração fica subitamente bloqueado e o músculo não consegue obter oxigênio. Se não for tratado rapidamente, o músculo para de bombear e começa a morrer. Embora muitas vezes seja resultado de arterial coronariana, um ataque cardíaco também pode ser causado por um coágulo sanguíneo bloqueando uma artéria. Alguns dos sintomas mais comuns de um ataque cardíaco incluem:
Dor ou desconforto no peito |
Desconforto na parte superior do corpo |
Falta de ar |
Suor frio |
Náusea |
Tontura repentina |
Sensação anormal de cansado |
Vertigem |
Sintomas do ataque de pânico
Um ataque de pânico geralmente ocorre abruptamente, produzindo medo intenso e uma sensação de desgraça iminente ou até morte, que é tipicamente completamente desproporcional à situação em questão. Os sintomas mais comuns são:
Hiperventilação |
Dor no peito |
Palpitações |
Tremedeira |
Sudorese; ondas de calor ou frio |
Náusea |
Tontura ou vertigem |
Dormência e/ou sensação de formigamento |
Os ataques de pânico tendem a atingir o pico em 10 minutos, e a maioria desaparece em até 30 minutos. Poucos duram mais de uma hora. Não é raro que as pessoas procurarem ajuda médica pensando que estão tendo um ataque cardíaco ou morrendo quando os ataques de pânico se iniciam e não estão familiarizados com os sintomas.
Como diferenciá-los
Embora possa ser difícil distinguir um ataque de pânico de um ataque cardíaco, algumas generalizações podem ser feitas para ajudar a diferenciá-los.
- Início da dor — a dor no peito associada a um ataque cardíaco geralmente começa como uma sensação de pressão, empanzinamento ou dor que aumenta rapidamente, atingindo o ápice após alguns minutos, enquanto a dor associada a um ataque de pânico tende a ser aguda e lancinante, localizada no centro do peito, normalmente com duração de apenas cinco a 10 segundos.
- Localização da dor — a localização da dor também tende a diferir entre os dois. Enquanto a dor associada ao pânico está localizada em uma pequena área do tórax, os sintomas de ataque cardíaco geralmente incluem dor ou desconforto que irradia do tórax para outras áreas, como um ou ambos os braços, abdômen, costas, ombros, pescoço, garganta ou mandíbula.
Não ignore os sintomas
Em caso de dúvida, procure atendimento médico imediato. É melhor prevenir do que remediar, pois a morte súbita é o sintoma mais comum de um ataque cardíaco. Conforme observado pelo Dr. Sam Torbati, diretor médico do Departamento de Emergência de Ruth e Harry Roman, em uma entrevista para o Cedars-Sinai Medical Center:
"Infelizmente, há um grande cruzamento entre os sintomas de ataque de pânico e ataque cardíaco, tornando muito difícil discernir entre os dois sem avaliação e exame médico, como um eletrocardiograma.
Os sintomas comuns que podem afetar pacientes com pânico ou ataque cardíaco incluem dor no peito, falta de ar, tontura, sudorese, desmaios, formigamento ou sensação de morte iminente.
Esses sintomas compartilhados entre os ataques cardíaco e de pânico também podem ser causados por outras condições graves, como coágulos sanguíneos, infecção pulmonar ou laceração nos grandes vasos do tórax em pacientes com certos fatores de risco pré-existentes. Portanto, em caso de dúvida, procure atendimento médico imediato...
O melhor preditor para saber se os sintomas são devidos ao pânico ou ao ataque cardíaco é a idade do paciente e histórico anterior de ataques de pânico... Os pacientes devem procurar imediatamente o pronto-socorro ao sentirem uma dor nova no peito (aperto, pressão, peso), falta de ar, sudorese, tontura, dor que irradia para a mandíbula ou braço, ou uma sensação do peito ou costas rasgando.
Os ataques cardíacos tendem a ocorrer em indivíduos de meia-idade e em faixas etárias maiores; portanto, quanto mais velha a pessoa, menor deve ser o limiar para ela correr para o pronto-socorro imediatamente.
Os pacientes com doença arterial coronariana pré-existente e aqueles com fatores de risco associados à doença arterial coronariana também devem ser avaliados imediatamente, incluindo aqueles com hipertensão, diabetes, obesidade, colesterol alto ou histórico de tabagismo."
Possível conexão entre síndrome do pânico e DAC
Também convém checar os seus sintomas, mesmo se você tiver certeza de que são devido a um ataque de pânico. Algumas pesquisas sugerem que, de fato, pode haver uma conexão entre a síndrome do pânico e a doença arterial coronariana, embora a relação exata ainda não seja clara.
De acordo com uma revisão de 2008 no Primary Care Companion do Journal of Clinical Psychiatry:
"Existem várias razões para considerar que uma relação entre a síndrome do pânico e doença arterial coronariana (DAC) possa existir. Primeiro, a síndrome do pânico tem sido associada a outras formas de doenças cardíacas.
Segundo, a fonte mais comum de dor no peito durante ataques de pânico é a isquemia. Por último, há evidências de que a síndrome do pânico pode estar associada a fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, hiperlipidemia e tabagismo.
A síndrome do pânico está associada a várias anormalidades cardíacas. Além disso, pacientes com síndrome do pânico apresentam frequência cardíaca elevada quando de pé, e 10% apresentam arritmia.
A síndrome do pânico está associada a um aumento da massa e diâmetro do ventrículo esquerdo, e os pacientes com síndrome do pânico têm pior condicionamento cardiovascular, como demonstrado pelo menor consumo máximo de oxigênio e menor tolerância ao exercício…
Relatos de casos associaram o transtorno do pânico a um aneurisma da aorta descendente, e hipertensão pulmonar secundária a um defeito do septo atrial com doença valvar pulmonar. No entanto, a associação mais forte é entre a síndrome do pânico e o prolapso da válvula mitral (MVP)... mas é improvável que a MVP seja fonte de dor no peito.
Além disso, a significância da relação pânico-MVP não é muito clara... Foram propostas ligações indiretas devido à vulnerabilidade ou disfunção autonômica. No entanto, a explicação mais provável é que a diminuição do volume do ventrículo esquerdo devido à taquicardia observada na síndrome do pânico produz a MVP."
A revisão cita evidências sugerindo que a isquemia é a causa da dor no peito sentida durante um ataque de pânico, e os pesquisadores descobriram que há uma associação entre ataques de pânico e dor isquêmica e não isquêmica no peito. Segundo os autores, "a isquemia miocárdica pode causar ataques de pânico através do aumento de catecolaminas ou níveis cerebrais de dióxido de carbono secundários ao lactato".
Além disso, ao analisar um grande banco de dados de atendimento gerenciado, os pesquisadores descobriram uma associação entre a síndrome do pânico e doença arterial coronariana, e essa associação permaneceu mesmo após o controle de co-variáveis.
No geral, os pacientes com síndrome do pânico tinham entre 80% e 91% mais chances de ter doença arterial coronariana também. Pacientes diagnosticados com síndrome do pânico e depressão apresentaram, em média, 260% mais chances de desenvolver doenças cardíacas do que pacientes sem esses problemas de saúde mental.
Por outro lado, pesquisas publicadas em 2017 também apontam que "a ansiedade e os distúrbios associados são comuns em pacientes com doenças cardiovasculares, podendo influenciar significativamente a saúde cardíaca".
Muitas mulheres confundem sintomas de ataque cardíaco com ansiedade
Também é importante perceber que os sintomas do ataque cardíaco podem variar de pessoa para pessoa, e alguns podem apresentar muito poucos sintomas, especialmente as mulheres. É importante ressaltar que a pesquisa mostra que as mulheres são menos propensas a relatar dor no peito ao sofrer um ataque cardíaco.
Elas também são menos propensas a suspeitar que seu desconforto esteja relacionado a um problema cardíaco. Comparado a apenas 11,8% dos homens, 20,9% das mulheres atribuíram sua dor no peito ao estresse ou ansiedade. As mulheres também costumam descrever a dor de maneira diferente. Elas usam com mais frequência termos como "pressão", "aperto" ou "desconforto" no peito, em vez de se referirem a ela como "dor no peito".
Além disso, os médicos também são mais propensos a descartar as queixas de dor no peito das mulheres como de natureza não cardíaca. No geral, 53% das pacientes com ataque cardíaco relataram que seu médico não achou que seus sintomas estavam relacionados ao coração, em comparação com 37% dos pacientes com ataque cardíaco do sexo masculino.
Aproximadamente 29,5% das mulheres procuraram ajuda médica antes de serem hospitalizadas com um ataque cardíaco, em comparação com apenas 22,1% dos homens. O que essas descobertas sugerem é que as mulheres e seus médicos tendem a diagnosticar incorretamente ou descartar sintomas de ataque cardíaco, colocando as mulheres em maior risco de morte do que os homens.
Infelizmente, a ausência de desconforto no peito é um forte preditor de atrasos no diagnóstico e tratamento. Por esse motivo, é importante lembrar que existem muitos outros sintomas que podem indicar um ataque cardíaco eminente, incluindo os seguintes:
Ataque de ansiedade |
Dor nas costas |
Azia |
Ondas de calor |
Fadiga extrema |
Sensação de choques no lado esquerdo do corpo |
Dormência e rigidez no braço esquerdo e pescoço |
Sensação de algo grande preso na garganta |
Respire corretamente para conter os ataques de pânico
Quando se trata de ataques de pânico, familiarizar-se com a função de sua resposta de luta ou fuga pode ser útil para ajudar com estratégias de auto-ajuda que funcionam para a sua situação.
Por exemplo, ao contrário da crença popular, respirar fundo pode, na verdade, piorar um ataque de pânico, conforme explicado pelo especialista no método Buteyko, Patrick McKeown. Um exercício de respiração que pode ajudar a conter a ansiedade e ataques de pânico é apresentado abaixo.
Essa sequência ajuda a reter e acumular dióxido de carbono (CO2) delicadamente, levando a uma respiração mais calma e reduzindo a ansiedade. Em outras palavras, a necessidade de respirar diminui à medida que você entra em um estado mais relaxado.
- Inspire, expire; tampe seu nariz por cinco segundos para prender sua respiração, solte, e volte a respirar.
- Respire normalmente por 10 segundos.
- Repita a sequência várias vezes: inspire, expire; tampe seu nariz por cinco segundos, solte e respire normalmente por 10 segundos.
EFT: Uma solução a longo prazo para a ansiedade
As técnicas de psicologia energética, como as Técnicas de Libertação Emocional (EFT, da sigla em inglês) também podem ser muito eficazes para ataques de ansiedade e pânico. A EFT é semelhante à acupuntura, que se baseia no conceito de que uma energia vital flui através do corpo por via invisíveis, conhecidas como meridianos.
A EFT estimula diferentes pontos energéticos dos meridianos do corpo, através do toque com as pontas dos dedos, enquanto faz uso de afirmações verbais personalizadas simultaneamente. Isso pode ser feito sozinho ou sob a supervisão de um terapeuta qualificado. Ao fazer isso, você reprogramará a maneira como seu corpo responde aos principais estressores emocionais.
A EFT é particularmente eficaz no tratamento do estresse e da ansiedade, pois atua especificamente sobre a amígdala e o hipocampo, que são as partes do seu cérebro que ajudam a decidir se algo representa uma ameaça ou não. Também foi demonstrado cientificamente que a EFT pode ser capaz de reduzir os níveis de cortisol, que são elevados quando você está estressado ou ansioso.
Prevenindo ataques cardíacos
Quanto aos ataques cardíacos, o melhor curso de ação é tomar medidas proativas para evitá-los. Segundo um estudo de 2015, mais de 70% dos ataques cardíacos poderiam ser evitados através da implementação de:
- Uma alimentação saudável
- Índice de massa corporal normal
- Fazer pelo menos 2,5 horas de exercício por semana e ver televisão no máximo sete horas por semana
- Evitar o tabagismo
- Limitar o consumo de álcool a uma dose ou menos por dia
A isso, eu acrescentaria que manter um nível saudável de ferro é importante para o coração, pois vários estudos mostram que tanto a deficiência quanto a sobrecarga de ferro podem ser um fator de risco significativo para os ataques cardíacos.
Conforme discutido em "Why HardWater Decreases Heart Attacks", a insuficiência de magnésio também foi associada a ataques cardíacos; portanto, você precisa garantir que está obtendo magnésio suficiente dos alimentos e/ou suplementos. Em "Você poderia ter um ataque cardíaco e não saber?", também reviso alguns dos problemas subjacentes que causam ataques cardíacos e medidas adicionais que você pode tomar para reduzir seu risco.