Por Dr. Mercola
A osteoporose - perda da densidade e qualidade óssea - é uma doença séria e generalizada. À medida que os ossos se tornam mais frágeis e porosos, eles correm maior risco de fratura, o que tem consequências importantes especialmente para os idosos, principalmente se ficarem acamados. Dentre os indivíduos com mais de 50 anos, cerca de 50% das mulheres e 25% dos homens sofrerão uma fratura nos próximos anos.
Muitos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da osteoporose, como o envelhecimento, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, uma dieta inapropriada, efeitos colaterais de medicamentos, uma predisposição genética ou a perda hormonal após a menopausa.
Reposição hormonal e bifosfonatos, medicamentos que inibem a reabsorção e a perda óssea pelos osteoclastos, têm sido usados para tratar a osteoporose, mas, como mencionado em um estudo na Nutrients, seus efeitos colaterais podem ser tão perigosos que talvez superem os benefícios. Por esse motivo, é uma excelente notícia que o resveratrol, um fitonutriente encontrado em uvas e outras frutas vermelhas, apresenta indícios de ser capaz de combater e prevenir a osteoporose.
Resveratrol aumenta a densidade óssea em mulheres na pós-menopausa
Em um estudo publicado no Journal of Bone and Mineral Research, conduzido na University of Newcastle, em New South Wales, os pesquisadores detectaram melhorias na densidade óssea em mulheres na pós-menopausa que receberam Resveratrol.
No estudo, denominado “Resveratrol para o envelhecimento saudável em mulheres (RESHAW)”, mulheres tomaram 75 miligramas (mg) de resveratrol duas vezes ao dia ou um placebo por 12 meses, após o que os pesquisadores mediram sua densidade óssea por absorciometria de raio-X de dupla energia, comumente chamadas de varreduras DXA.
"O aumento modesto na densidade mineral óssea no colo do fêmur com resveratrol resultou em uma melhora no escore T da população do estudo e uma redução na probabilidade de 10 anos de risco de fratura grave", disse Peter Howe, autor do estudo e professor emérito da universidade.
O T-score é usado para medir a densidade óssea. Em uma subanálise dos resultados do estudo, indivíduos que suplementaram o resveratrol com vitamina D e cálcio apresentaram uma melhora ainda maior, acrescentou Howe.
Segundo os pesquisadores, o resveratrol melhorou a densidade óssea e diminuiu o risco de fratura, mesmo em mulheres sem sinais claros de osteoporose:
"Após 12 meses de suplementação com resveratrol versus placebo, houve efeitos positivos na densidade óssea na coluna lombar e no colo do fêmur, que foram acompanhados por uma redução de 7,24% nos níveis de colágeno do telopeptídeo C-terminal tipo 1, um marcador de reabsorção óssea, quando comparado com o placebo ...
A magnitude desta melhoria foi maior em mulheres em mau estado do biomarcador de saúde óssea... A suplementação regular com 75 mg de resveratrol duas vezes ao dia tem o potencial de retardar a perda óssea na coluna lombar e colo do fêmur, locais de fratura comuns em mulheres na pós-menopausia sem osteoporose evidente."
Cientistas descobriram que ameixas, ricas em resveratrol, auxiliam na densidade óssea
Os benefícios do resveratrol no fortalecimento ósseo foram identificados em outros estudos. Em uma pesquisa publicada na revista Nutrients, os cientistas descobriram que as ameixas secas, que são ricas em resveratrol, exibiram benefícios para os ossos em estudos com animais e humanos.
Os pesquisadores removeram os ovários de ratos para criar um modelo animal de menopausa humana, e descobriram que a "ovariectomia levou a declínios significativos na densidade mineral óssea (DMO) da 4ª vértebra lombar e fêmures, bem como uma diminuição na região trabecular do osso tibial"
No entanto, quando os ratos receberam uma dieta composta de 25% de ameixa seca por 45 dias, eles não tiveram perda óssea, levando os pesquisadores a concluir que "a ameixa seca evitou a perda óssea, em parte, aumentando a taxa de formação óssea, mas não através da inibição da reabsorção óssea”. O osso pode ser perdido por falta de formação óssea ou por reabsorção óssea, que é causada por macrófagos especializado chamadas osteoclastos.
Os autores de outros estudos também mostraram que a ameixa é benéfica para a saúde óssea das mulheres, escreveram os pesquisadores. Mulheres mais velhas na pós-menopausa que receberam resveratrol tiveram menos perda de DMO do que os grupos de controles, e os benefícios foram mantidos mesmo quando não continuaram comendo ameixas secas.
Outros cientistas também descobriram benefícios do resveratrol
Os autores de um estudo sobre o efeito do resveratrol nos ossos de ratos publicado no International Journal of Biomedical Science também encontraram benefícios do resveratrol para a saúde óssea quando administrado como suplemento.
Observando que a terapia de reposição hormonal (TRH) estava ligada a um "risco aumentado de câncer de mama e possivelmente de útero", os pesquisadores escreveram que as mulheres frequentemente procuram alternativas dietéticas como preventivos de doenças, incluindo alimentos que contêm resveratrol, como uvas, amendoim e vinho.
Como no estudo anterior, as ratas foram ovariectomizadas e perderam densidade óssea, assim como as mulheres humanas na menopausa. Após o tratamento com resveratrol, todos os três grupos de ratas ovariectomizadas tiveram medições de densidade mineral óssea no nível das ratas controle, não ovariectomizadas.
Além disso, escreveram os pesquisadores, a densidade óssea das ratas ovariectomizadas após terem recebido tratamento com resveratrol foi superior à das ratas comparadoras, que receberam reposição de estrogênio. A densidade da região lombar das ratas também era quase a mesma do grupo de controle.
Os benefícios ósseos do resveratrol podem vir por meio de dois mecanismos separados, segundo os pesquisadores - a promoção dos osteoblastos, que constroem os ossos, e a inibição dos osteoclastos, que causam a reabsorção óssea.
"... o trans-resveratrol pode promover a formação óssea aumentando a atividade dos osteoblastos e estimulando a proliferação e diferenciação dos osteoblastos ... estudos também relataram efeitos inibidores significativos do trans-resveratrol na expressão e/ou produção de citocinas que aumentam a atividade dos osteoclastos e redução ... da reabsorção óssea."
Uma alternativa segura para mulheres na menopausa
Como mencionei acima, o uso de TRH para o tratamento da menopausa estava bem estabelecido até o Conselho de Segurança e Monitoramento de Dados para os Ensaios Clínicos da Iniciativa de Saúde da Mulher determinar, em 2002, que ela "não proporcionou benefício líquido medido por um ... índice global... de doença cardíaca coronária, câncer de mama invasivo, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar, câncer endometrial, câncer colorretal, fratura de quadril e morte devido a outras causas.”
No entanto, outros pesquisadores argumentaram que a TRH teve um benefício claro - ela foi eficaz na prevenção da perda óssea e fraturas relacionadas. Como a TRH estava perdendo espaço entre milhões de mulheres, a grande indústria farmacêutica lançou medicamentos para os ossos chamados bifosfonatos para manter sua base de clientes. Infelizmente, esses medicamentos, que incluem nomes conhecidos, como o Fosamax e Boniva, apresentam efeitos colaterais, alguns dos quais podem ser bastante desagradáveis (veja o gráfico abaixo).
Em primeiro lugar, a própria ação das drogas é mal concebida. Em vez de tratar a causa da osteoporose, os bifosfonatos funcionam apenas para interromper a perda de cálcio nos ossos, matando os osteoclastos, prevenindo ou diminuindo a deterioração da densidade óssea.
À medida que os medicamentos se tornaram mais amplamente usados, há relatos de mulheres que os estão tomando sofrendo fraturas graves nos ossos da coxa - uma ocorrência normalmente rara. Os ossos, que não foram remodelados, “quebraram como um galho”, segundo relatos, mesmo durante as atividades diárias normais. Normalmente, o fêmur (osso da coxa) é um dos ossos mais fortes do corpo.
Outro efeito colateral sério é a osteonecrose da mandíbula, que não só pode causar uma fratura, mas pode ser extremamente dolorosa e às vezes infecciosa. Causar fraturas, quando os bisfosfonatos deveriam preveni-las, é apenas um dos muitos efeitos colaterais prejudiciais dessa classe de drogas. Outros efeitos colaterais incluem:
Inflamação ocular grave, uveíte |
Problemas gastrointestinais, flatulência, diarreia, náuseas |
Dores musculares |
Queda de cabelo |
Câncer de esôfago |
Dor e inchaço nas articulações |
Esofagite e regurgitação ácida |
Reações cutâneas |
Hipocalcemia (níveis de cálcio no sangue muito baixos) |
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Essas drogas ósseas mal concebidas não se limitam aos bifosfonatos. A indústria farmacêutica também comercializa um medicamento injetável para tratar a osteoporose pós-menopausa, chamado Prolia.
Como muitos dos medicamentos injetáveis especiais e de alto preço, o Prolia é um medicamento "biológico", o que significa que contém proteínas humanas geneticamente modificadas em vez de produtos químicos sintéticos. Alguns produtos biológicos, como o popular Enbrel, contêm células de ovário de hamster chinês geneticamente modificadas.
Como o Prolia funciona da mesma forma que os bifosfonatos, não permitindo a remodelação óssea, não é surpresa que seus efeitos colaterais também sejam semelhantes. Ele também inibe o sistema imunológico, estimulando infecções. Os avisos nas informações de prescrição do Prolia incluem:
Reações alérgicas graves |
Cálcio baixo no sangue |
Lesão óssea no maxilar |
Fraturas incomuns do osso da coxa |
Aumento de fraturas, inclusive na coluna |
Pode afetar a capacidade do seu corpo de combater infecções |
Dermatite, erupções cutâneas e eczema |
Dores ósseas, articulares e musculares |
A aprovação dos medicamentos nos Estados Unidos, o marketing agressivo e os altos preços revelam o quanto o FDA dos EUA já foi capturado pela indústria farmacêutica.
Resveratrol melhora a saúde óssea de homens obesos
Encontrar uma alternativa alimentar que possa manter a resistência óssea e prevenir fraturas sem recorrer a medicamentos perigosos e caros é uma boa notícia para mulheres mais velhas. No entanto, esta também é uma ótima notícia para homens obesos. Uma pesquisa publicada no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism observa que particularmente as pessoas com obesidade e síndrome metabólica estão sob risco de osteoporose.
“A obesidade e a síndrome metabólica (SM) são os principais problemas de saúde em todo o mundo e, devido a várias comorbidades graves, os custos de saúde relacionados a essas condições são elevados. A SM está associada à inflamação de baixo grau, e a inflamação é uma das principais causas de perda óssea local e sistêmica, causada por reabsorção óssea excessiva, bem como formação óssea prejudicada.”
Os autores conduziram um estudo randomizado e controlado por placebo dos efeitos do resveratrol (RSV) nos ossos e descobriram:
"O marcador de formação óssea BAP aumentou em 16% após 4 semanas no grupo de alta dose de RSV em comparação com o placebo, e permaneceu elevado ao longo do estudo ... o que é impressionante considerando o curto período de intervenção, de 16 semanas, e a idade e fenótipo dos indivíduos do estudo ... acreditamos que um aumento de 2,6% em um período de intervenção mais curto em uma população não osteoporótica de homens obesos faz com que seja válido o esforço para investigar o potencial antiosteoporótico do RSV."
Resveratrol melhora a osteoporose relacionada ao álcool
Há ainda outro grupo que pode sofrer de osteoporose, além das mulheres na pós-menopausa e indivíduos com obesidade e síndrome metabólica: as pessoas que fazem uso excessivo de álcool. De acordo com uma pesquisa publicada no Iranian Journal of Basic Medical Sciences:
“Um fator que desempenha um papel central na osteoporose induzida pelo álcool é a geração excessiva de radicais livres, que por sua vez causa estresse oxidativo. As reações ... eventualmente levam à formação de espécies reativas de oxigênio. Isto também podem levar ao aumento na produção de citocinas, o que pode induzir danos em muitos órgãos, incluindo ossos.”
Outra maneira pela qual o consumo excessivo de álcool pode degradar a qualidade óssea é que ele pode diminuir os níveis de testosterona nos homens e os níveis de estrogênio nas mulheres, enquanto aumenta os níveis de cortisol, o que pode reduzir a densidade óssea. Independentemente do mecanismo de perda óssea, os pesquisadores descobriram que, em ratos envelhecidos que consumiam álcool:
“Essas descobertas demonstram que o resveratrol aumenta a microestrutura óssea e as propriedades mecânicas do osso em ratos machos idosos, sugerindo que o resveratrol pode ser usado como terapia anti-envelhecimento para resistir à perda óssea induzida pela idade.”
Um novo benefício para este composto valioso
O resveratrol tem sido associado a muitos benefícios para a saúde. Ele melhora do fluxo sanguíneo e suprime a inflamação no cérebro Ele pode também inibir o acúmulo de placa, diminuir a fadiga e ter propriedades antioxidantes e antimicrobianas. A identificação dos benefícios ósseos adiciona outra dimensão a este maravilhoso composto.