Por Dr. Mercola
O orégano (Origanum vulgare) é geralmente associado à culinária italiana, mas acredita-se que seja na verdade originário da Grécia. Ele é parente da erva Manjerona (Origanum majorana), com a qual é frequentemente confundido.
Uma variedade de orégano do México (Lippia graveolens) foi usada por décadas antes de ser levada para os Estados Unidos. Ele só foi aparecer nos livros de receitas americanos depois da Segunda Guerra Mundial. As ervas originárias do Mediterrâneo e do México são ligeiramente diferentes.
A erva mexicana tem um sabor mais forte, enquanto a de origem mediterrânea é menor, de cor mais clara e sabor mais suave. Ao escolher qual incluir na sua cozinha, a variedade do México funciona bem com sabores picantes, enquanto a do Mediterrâneo complementa pratos gregos e italianos.
O Origanum vulgare é uma planta perene que chega a até 1 metro de altura e 60 centímetros de largura. Ela floresce entre julho e outubro, com flores roxas ou brancas rosadas. O orégano gosta de sol, e é uma planta de baixa manutenção que atrai borboletas. Ele também é resistente à seca e à erosão.
A erva é rica em fenóis, que são fitoquímicos naturais com efeitos antioxidantes benéficos. Os dois mais abundantes são o timol e o carvacrol. O orégano tem sido usado em remédios tradicionais como relaxante, analgésico e agente antibacteriano. Ele também auxilia o sistema imunológico O óleo de orégano é eficaz contra o norovírus.
Ao redor do mundo, o norovírus é o causador de quase 20% de todos os casos de gastroenterite, levando a diarréia e vômitos. Os surtos geralmente ocorrem de novembro a abril; nos anos em que surge uma nova cepa, o número de casos pode aumentar em até 50%.
Os sintomas de infecção por norovírus incluem náusea, vômito, dor de estômago e diarreia. Algumas pessoas também podem sentir febre, dores no corpo e dores de cabeça. Os sintomas se desenvolvem de 12 a 48 horas após a exposição, e a maioria das pessoas melhora de um a três dias após o surgimento dos sintomas.
A cada ano, cerca de 900 pessoas morrem de norovírus, com 109.000 hospitalizações e até 21 milhões de casos. Muitos dos surtos ocorrem em locais cheios, como asilos e escolas. Apesar do impacto na saúde e na economia, ainda não há medicamentos disponíveis para sua prevenção ou tratamento.
Além disso, muitos aspectos do vírus não são muito conhecidos, uma vez que é difícil cultivar o norovírus humano e não há modelos animais apropriados. Os norovírus foram identificados em camundongos, bovinos e suínos e, destes, o norovírus murino, encontrado em camundongos, pode ser replicado em cultura de células e ou cobaias pequenos. Por esse motivo, esta é a cepa de norovírus estudada em laboratório.
Os pesquisadores descobriram que o carvacrol, um dos principais componentes do óleo de orégano, é eficaz contra o norovírus murino. Em um estudo, cientistas usaram culturas de células e um experimento lado a lado com um ensaio de ligação de células e microscopia eletrônica de transmissão.
A infecciosidade viral diminuiu 15 minutos após a exposição ao óleo de orégano e ao carvacol, mas usar o carvacrol puro foi muito mais eficaz. Os pesquisadores concluíram que o Carvacrol poderia:
“…Desativar o norovírus murino dentro de 1 hora após a exposição, agindo diretamente no capsídeo viral e, subsequentemente, no RNA. Este estudo fornece novas descobertas sobre as propriedades antivirais do óleo de orégano e do carvacrol contra o NVM, demonstrando o potencial do carvacrol como alimento natural e desinfetante de superfícies (fomite) para controlar o norovírus humano.”
O óleo de orégano e o carvacrol são ativos contra outros agentes bacterianos encontrados na cozinha, que podem levar à intoxicação alimentar. Em outro estudo, os pesquisadores descobriram que o óleo essencial de orégano pode remover biofilmes de Staphylococcus aureus jovens e maduros do aço inox.
Óleo de orégano ativo contra o supercrescimento bacteriano intestinal
O Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado (SBID) é o termo usado para descrever um aumento anormal na população bacteriana geral do intestino delgado. Isto pode acontecer quando uma cirurgia, doença ou medicamentos desaceleram o trato intestinal, o que cria um terreno fértil para as bactérias. Isso pode afetar negativamente a saúde imunológica, uma vez que seu microbioma intestinal regula sua homeostase imunológica.
Algumas das condições de saúde que podem causar problemas de motilidade no trato gastrointestinal incluem esclerodermia, lúpus e diabetes. O uso de medicamentos antiespasmo, o uso a longo prazo de inibidores da bomba de prótons e o uso frequente de antibióticos e medicamentos narcóticos têm sido associados ao SBID.
O excesso de bactérias pode causar perda de peso, desnutrição e diarréia. As principais opções de tratamento usadas pela Johns Hopkins Medicine são o antibiótico rifaximina (Xifaxan) e, em alguns casos, uma combinação de rifaximina e neomicina.
A condição foi estudada em indivíduos com doenças que afetam os intestinos, como a síndrome do intestino irritável (SII). Em uma revisão da literatura, pesquisadores identificaram 50 estudos e descobriram que mais de 38% das pessoas com SII eram positivas para SBID. A prevalência variou de acordo com o tipo de teste usado para o diagnóstico, e o risco aumentou para mulheres, pessoas de idade avançada e indivíduos que tiveram diarreia com a SII.
Em outro estudo, os pesquisadores coletaram dados de 104 pessoas testadas positivo para SBID. Os participantes completaram uma intervenção do estudo e testes subsequentes.
Foi oferecido a eles um regime diário de rifaximina ou uma terapia à base de ervas durante 4 semanas. Os pesquisadores utilizaram uma combinação de ervas para oferecer uma cobertura ampla. O óleo de orégano foi um dos escolhidos, já que está bem documentada a sua capacidade de “matar diretamente ou inibir fortemente o crescimento de micróbios intestinais. O óleo de orégano tem outras propriedades benéficas, como induzir a apoptose em células caco2 de câncer de cólon humano.”
Ao final do estudo, cada participante foiosubmetida a um teste respiratório da lactulose (TRL) para verificar a presença de SBID. Dos pacientes que receberam terapia fitoterápica, 46% tiveram resultado negativo, em comparação com 34% daqueles que usaram rifaximina. 31,8% não responderam à rifaximina, e receberam então a terapia de resgate com ervas. Destes, 57,1% tiveram um TRL negativo após a conclusão do tratamento. Os pesquisadores concluíram:
“As terapias fitoterápicas são pelo menos tão eficazes quanto a rifaximina para a resolução do SBID por TRL. As ervas também parecem ser tão eficazes quanto a terapia antibiótica tripla na terapia de resgate para SBID para pacientes que não responderam à rifaximina. Estudos prospectivos posteriores são necessários para validar essas descobertas e explorar terapias alternativas adicionais em pacientes com SBID refratário.”
O óleo pode ajudar a reduzir a resistência antibacteriana
A Resistência a antibióticos é uma ameaça para a saúde humana. As infecções causadas por patógenos resistentes a antibióticos podem ser muito difíceis de tratar. Especialistas em saúde vêm alertando há décadas que o uso excessivo de antibióticos em humanos e na agricultura pode levar a uma potencial explosão de morte por patógenos que eram antes facilmente tratados.
A avaliação da resistência antimicrobiana foi solicitada pelo Primeiro Ministro do Reino Unido em 2014. Os dados sugeriram que as infecções resistentes a medicamentos causam a perda de 50.000 vidas a cada ano na Europa e nos EUA. Globalmente, esse número é de pelo menos 700.000.
No entanto, outra estimativa sugere que o número nos EUA é muito maior, cerca de 162.000 a cada ano. Além disso, especialistas preveem que o número global pode aumentar para 10 milhões de pessoas a cada ano até 2050. Este número é 2 milhões mais alto do que as mortes por câncer projetadas para o mesmo ano.
Os óleos essenciais, como o óleo de orégano, podem ajudar a reduzir a resistência aos antibióticos. Em um estudo, pesquisadores avaliaram a eficácia dos óleos essenciais de olíbano, lavanda, limão, tomilho, orégano e murta contra bactérias patogênicas comuns, incluindo Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Enterococcus faecalis, Klebsiella pneumoniae e Staphylococcus aureus.
Essas bactérias são responsáveis por vários tipos de infecções, incluindo doenças gastrointestinais e de pele. Os pesquisadores usaram extratos aquosos e micelares para determinar a concentração inibitória mínima (CIM) e as concentrações bactericidas mínimas (CBM). Os óleos com maior atividade contra as bactérias foram os óleos de orégano, limão, lavanda e tomilho.
O óleo de orégano teve CIMs e CBMs 64 vezes mais baixos do que o álcool etílico. As bactérias mais suscetíveis a ele incluíam S. aureus resistente à meticilina (SAMR, ou MRSA da sigla em inglês). Extratos aquosos de orégano e lavanda se mostraram ativos contra a K. Pneumoniae. Os pesquisadores concluíram:
“Os presentes resultados podem sugerir algumas fórmulas de suspensões coloidais ou micelares de óleos essenciais integrais como o de orégano, tomilho ou de limão, que podem auxiliar no combate microbiano. Extratos aquosos de orégano ou óleo de tomilho com boa atividade antibacteriana também podem ser usados em casos específicos.”
Tome cuidado ao escolher seu óleo de orégano
Ao comprar um óleo de orégano, procure comprar de um fabricante confiável, pois alguns vendem óleos adulterados. Como já escrevi anteriormente, alguns óleos pode ser feitos de produtos que não oferecem os mesmos benefícios à saúde.
O óleo de orégano deve ser diluído em água ou usado com um óleo carreador. Minhas escolhas principais seriam o azeite de oliva, óleo de coco ou óleo de jojoba. Teste-o em uma pequena área da pele ao usá-lo topicamente para ter certeza de que não terá uma reação. O óleo puro pode irritar moderadamente a pele e as membranas mucosas, devendo ser diluído antes do uso. Não o utilize em cortes ou feridas.
A fitoterapeuta clínica Michelle Lynde escreve que a proporção ideal ao diluí-lo para uso tópico é de uma parte de óleo de orégano para três partes de óleo carreador. Algumas gotas de óleo essencial também podem ser adicionadas a um vaporizador ou difusor para ajudar a aliviar os sintomas de alergias, sinusite, bronquite crônica e tosse.
No entanto, o óleo diluído deve ser evitado em gestantes ou lactantes, e não deve ser administrado a bebês ou crianças. Pessoas com pressão alta ou problemas cardíacos também devem evitar o uso de óleo de orégano. Quando tomado internamente, o sabor pode ser forte. O óleo diluído pode ser misturado com suco ou mel, ou adicionado por exemplo ao molho de pizza.