Por Dr. Mercola
Em 2018, o mercado de mamadeiras em todo o mundo foi avaliado em US$ 2,6 bilhões. E o segmento do plástico foi responsável por 44,1% da participação geral. Se você usa mamadeiras de plástico com seu bebê, talvez queira mudar para mamadeiras de vidro agora que pesquisas revelaram a liberação de microplásticos no conteúdo da garrafa.
No geral, parece que temos um vício pelo plástico. Em quase todos os cantos das lojas locais, os produtos são revestidos ou feitos de plástico. Livrar-se do plástico sem agredir o meio ambiente não é apenas difícil, parece que nosso vício é por tudo que é descartável.
Em todo o mundo, 299 milhões de toneladas foram produzidas em 2013, muitas das quais acabaram nos oceanos, ameaçando a vida selvagem e o meio ambiente.
As substâncias químicas encontradas nos produtos plásticos são conhecidas por agirem como desreguladores endócrinos, dos quais os mais difundidos e conhecidos incluem os ftalatos e o bisfenol A (BPA).
Os desreguladores endócrinos têm uma estrutura semelhante a dos hormônios sexuais e interferem no funcionamento normal desses hormônios no corpo. Isso representa um problema específico para as crianças que ainda estão crescendo e se desenvolvendo.
De acordo com Pete Myers, Ph.D., professor adjunto de química da Carnegie Mellon University e fundador, CEO e cientista-chefe de Ciências da Saúde Ambiental, há evidências de que as substâncias plásticas estão prejudicando a saúde das gerações futuras através do desregulamento endócrina.
Ele ressalta que nenhum plástico jamais foi exaustivamente testado quanto à segurança e que os testes usados atualmente são baseados nos “princípios do século XVI”. Enquanto os pesquisadores continuam medindo a quantidade e o tipo de plástico que ingerimos, uma equipe analisou o número de micropartículas que podem ser liberadas nas mamadeiras de plástico.
As mamadeiras de plástico liberam micropartículas durante o uso
John Boland, Ph.D., Trinity College Dublin, e colegas analisaram a liberação de microplásticos por mamadeiras de plástico às quais os bebês podem ser expostos enquanto se alimentam da fórmula infantil.
Para coletar os dados, os cientistas inicialmente limparam e esterilizaram garrafas novas de polipropileno. Após a secagem natural das garrafas, os cientistas adicionaram água purificada a 70ºC. Essa é a temperatura recomendada pela Organização Mundial de Saúde para a preparação da fórmula. As garrafas foram então colocadas em um agitador mecânico por um minuto.
A equipe filtrou a água e analisou seu teor, descobrindo que as garrafas haviam liberado uma grande variedade de partículas por litro de água, chegando a 16,2 milhões de partículas de plástico. O número médio nas garrafas testadas chegou a 4 milhões de partículas para cada litro de água. O experimento foi repetido com fórmulas infantis, e os resultados foram os mesmos. Boland comentou sobre o estudo:
“Ficamos surpresos com a quantidade. Com base em pesquisas feitas anteriormente sobre a degradação dos plásticos no meio ambiente, suspeitávamos que as quantidades seriam substanciais, mas não acho que ninguém esperava os níveis tão altos que encontramos.”
Os dados também revelaram que o número de microplásticos eliminados dependia da temperatura e da mecânica da água. Quanto mais alta a temperatura da água ao chegar à garrafa, mais microplásticos eram liberados.
Quando a temperatura estava mais alta, as garrafas liberavam até 55 milhões de partículas de microplástico. O experimento também demonstrou que sacudir as garrafas aumentava o número de microplásticos liberados.
Os bebês podem ingerir até 4,5 milhões de partículas por dia
Os pesquisadores previram que, globalmente, bebês de até 12 meses podem ser expostos a 14.600 a 4,55 milhões de partículas de microplástico por dia, dependendo da região. Uma quantidade ainda maior do que a anteriormente reconhecida devido ao uso generalizado das mamadeiras de polipropileno.
Se essa exposição representa ou não um risco para a saúde dos bebês, essa é uma questão de “urgente necessidade”, acrescentaram eles. E deixaram várias recomendações para os pais que continuarem usando mamadeiras de plástico possam reduzir a quantidade de microplásticos que seu bebê ingere.
As sugestões incluem reduzir a exposição da mamadeira ao calor e agitação, preparando a fórmula em um recipiente de vidro e transferindo-a para a mamadeira após esfriar. A amamentação, se possível, seria uma alternativa ainda melhor, pois elimina a necessidade de mamadeiras; no entanto, as mamadeiras de vidro também estão disponíveis.
Para o estudo, os pesquisadores usaram água filtrada e não água potável padrão. Isso significa que eles podem até ter subestimado o número de partículas de plástico às quais os bebês são expostos. Um estudo da Universidade de Newcastle analisou a literatura "existente, mas limitada", estimando a quantidade média de plástico ingerido por humanos.
Os cálculos foram feitos com base em 33 estudos sobre o consumo de plástico em alimentos e bebidas. Os pesquisadores estimaram que uma pessoa comum consome 1.769 partículas de plástico da água potável a cada semana. As partículas de plástico são encontradas em muitas fontes de água. Nos EUA, 94,4% de todas as amostras de água encanada continham fibras plásticas, assim como 82,4% das amostras da Índia e 72,2% da Europa.
Nosso consumo médio de plástico ao longo da vida é chocante
Embora a água potável seja a maior fonte de microplásticos nos alimentos e bebidas, ela não é a única. A água de garrafa pode conter ainda mais plástico do que a água da torneira, e pesquisa sugere que aqueles que bebem exclusivamente água de garrafa "podem estar ingerindo 90.000 microplásticos a mais anualmente, em comparação com 4.000 microplásticos daqueles que consomem apenas água filtrada".
Quando os pesquisadores testaram 259 garrafas de 11 marcas de água mineral, eles descobriram que havia 325 pedaços de microplástico por litro. As marcas testadas incluíam: Aquafina, Evian, Dasani, San Pellegrino e Nestlé Pure Life. Com base nas descobertas do estudo do WWF International, a Reuters criou uma ilustração mostrando a quantidade de plástico que uma pessoa consumiria ao longo do tempo.
De acordo com essas estimativas, você pode consumir 20 kg de plástico picado ao longo de 79 anos. Para colocar isso em perspectiva, um pneu de carro pesa cerca de 9 quilos. Portanto, um suprimento vitalício de consumo de plástico seria como comer lentamente 2.2 pneus de carro.
Os riscos decorrentes da ingestão de partículas de plástico para a saúde a longo prazo são desconhecidos. No entanto, há motivos para preocupação. Por exemplo, os microplásticos usados nas fibras têxteis representam 16% da produção mundial de plásticos. Esses plásticos contêm contaminantes como os hidrocarbonetos policíclicos (PAHs), que podem ser genotóxicos, causando danos ao DNA capazes de levar ao câncer.
Os plásticos também contêm corantes, plastificantes e outros aditivos associados a efeitos tóxicos, incluindo carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva e mutagenicidade. Como os humanos estão expostos a uma grande carga tóxica, é difícil relacionar os problemas de saúde aos microplásticos.
No entanto, muitos dos produtos químicos usados em sua fabricação também são conhecidos por perturbar os hormônios e a expressão gênica, e causar danos aos órgãos. Pesquisas também os associou à obesidade, doenças cardíacas e câncer.
Quanto plástico você gostaria que tivesse no seu chá?
Se você está tentando reduzir sua exposição aos plásticos nos alimentos e bebidas, pode ser surpreendente saber onde os plásticos também estão escondidos. O chá é uma bebida importante em muitas culturas ao redor do mundo, sendo reconhecido há séculos pelos efeitos drásticos e positivos que tem na saúde.
Uma boa xícara de chá quente pode ser exatamente o que seu corpo precisa para ingerir fitoquímicos e outros nutrientes. Mas sabia que você pode estar bebendo 11,6 bilhões de partículas de microplástico e 3,1 bilhões de nanoplásticos a cada xícara de chá? Pesquisadores da Universidade McGill analisaram a poluição plástica liberada por saquinhos de chá e descobriram que, quando as folhas foram removidas, o chá não tinha micropartículas de plástico.
No entanto, os saquinhos vazios despejaram bilhões de partículas na água quente, as quais os pesquisadores encontraram em níveis milhares de vezes maiores do que os relatados com outros alimentos e bebidas. O consumo de chá apresenta um número considerável de benefícios, de forma que seria prudente manter o hábito, substituindo os saquinhos de chá por folhas soltas.
Outro produto de uso diário que contém mais microplásticos do que você pode imaginar é o sal marinho. Um estudo analisou amostras de sal de todo o mundo para analisar a distribuição geográfica dos microplásticos e a correlação com a localização da poluição no meio ambiente.
Apenas três marcas de Taiwan, China e França não apresentaram partículas de microplástico no sal marinho. Os dados mostraram que a maior quantidade de plásticos foi encontrada no sal coletado na costa dos países asiáticos.
A pesquisa também encontrou minúsculas partículas de plástico em frutas e vegetais. Os dados mostraram que as maçãs tinham uma média de 195.500 partículas de plástico em cada grama. As peras vêm em segundo lugar, com 189.500 partículas por grama.
O que você pode fazer para reduzir o uso de plásticos
Considerando que pesquisas confirmam que os estrogênios ambientais têm efeitos multigeracionais, é aconselhável tomar medidas proativas para limitar sua exposição. Isso é particularmente importante para pessoas mais jovens, que têm mais anos para acumular contaminação por plástico e podem ser mais vulneráveis aos seus efeitos durante o desenvolvimento.
É praticamente impossível evitar totalmente esse tipo de exposição, mas você certamente pode minimizá-la mantendo alguns princípios em mente. Comece o processo devagar e faça das mudanças um hábito em sua vida para que sejam duradouras.
Evite recipientes e embalagens de plástico para alimentos e produtos de higiene pessoal. Em vez disso, armazene alimentos e bebidas em recipientes de vidro. |
Evite brinquedos de plástico. Use brinquedos feitos de substâncias naturais, como madeira e materiais orgânicos. |
Leia os rótulos de seus cosméticos e evite aqueles que contenham ftalatos. |
Evite produtos rotulados com "fragrância", incluindo purificadores de ar, pois esse termo abrangente pode incluir ftalatos comumente usados para estabilizar fragrâncias e estender a vida útil do produto. |
Leia os rótulos à procura de produtos sem PVC, incluindo lancheiras infantis, mochilas e recipientes de armazenamento. |
Não leve ao micro-ondas alimentos em recipientes de plástico ou cobertos com filme plástico. |
Aspire e tire o pó com frequência de salas com cortinas de vinil, papel de parede, piso e móveis que possam conter ftalatos, pois o produto químico se acumula na poeira e é facilmente ingerido por crianças ou pode se depositar nos pratos de comida. |
Pergunte na sua farmácia de manipulação se os seus comprimidos são revestidos, uma vez que o revestimento pode conter ftalatos. |
Consuma alimentos frescos e in natura. A embalagem costuma ser uma fonte de ftalatos. |
Use mamadeiras de vidro em vez de plástico. Amamente exclusivamente no peite durante o primeiro ano do bebê e, se puder, evite chupetas e mamadeiras de plástico. |
Retire as frutas e vegetais dos sacos plásticos imediatamente após retornar do supermercado e lave-os antes de guardá-los. |
Os recibos da caixa registradora são impressos a quente e geralmente contêm BPA. Manuseie o recibo o mínimo possível e peça que os estabelecimentos mudem para recibos sem BPA. |
Use produtos de limpeza naturais ou caseiros. |
Troque produtos de higiene feminina por alternativas mais seguras. |
Evite amaciantes de roupas ou faça o seu próprio produto para reduzir a aderência estática. |
Verifique se há contaminantes na água da torneira da sua casa e sempre filtre a água. |
Ensine seus filhos a não tomar água da mangueira de jardim, pois muitas contêm plásticos com ftalatos. |
Use sacolas reutilizáveis no supermercado. |
Leve seu próprio recipiente para guardar suas sobras nos restaurantes. Evite utensílios e canudos descartáveis. |
Carregue sua própria xícara de café e leve água de casa, em vez de comprar na rua. |
Troque suas escovas de dente por outras feitas de bambu e escove os dentes com óleo de coco e bicarbonato de sódio para evitar as embalagens de plástico das pastas de dentes. |
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