Grande parte de todo sal marinho contém plástico

Sal marinho

Resumo da matéria -

  • Todos os dias, grandes quantidades de plástico são jogadas nos oceanos. Parte desse plástico se torna micro partículas que podem ser ingeridas por animais ou se alojar nos depósitos de sal marinho
  • A menos que vejamos uma mudança drástica nesse cenário, cerca de 26 milhões de toneladas de plástico devem continuar sendo lançadas ao mar todos os anos, ameaçando a vida marinha e nossas fontes marítimas de alimento. Mesmo hoje, os pesquisadores já encontram plástico em cerca de 90% das amostras de sal coletadas
  • Em matéria de sal, minha primeira escolha é sempre o sal do himalaia, que foi produzido milhares de anos antes do plástico e das toxinas chegarem ao meio ambiente, o que faz dele uma fonte sem contaminação

Por Dr. Mercola

O plástico lançado no mar, as garrafas e sacolas plásticas, bem como as microfibras das roupas lançam um fardo enorme no meio ambiente todos os anos. Apesar de a maioria das pessoas não ser diretamente afetada pelo lixo que se acumula no dia a dia, nosso ecossistema não para de piorar. Com a grande produção de recipientes descartáveis e nada biodegradáveis, a quantidade de plástico que chega ao ambiente só aumenta.

Estima-se que, a menos que uma grande mudança aconteça, teremos uma quantidade de 26 milhões de toneladas de plástico caindo no mar a partir de 2025. De acordo com o Ocean Conservancy, um grupo de direito ambiental, alguns tipos de plástico resistem à degradação, mantendo sua forma reconhecível por até 400 anos.

Áreas altamente poluídas já são entendidas como lixões no mar, ocupando cerca de 40% das superfícies oceânicas. Porém, os problemas não vêm apenas do plástico grande e visível, que não se degrada na natureza. Certos tipos de plástico se desfazem em pedaços microscópicos com muita facilidade, alguns com menos de 5 milímetros. Essas partículas se movem muito rápido por distâncias incríveis, podendo ser encontradas até mesmo no oceano Ártico.

Em todos os oceanos há sistemas formados por padrões de vento que fazem correntes circularem por todo o globo. Recentemente, pesquisadores descobriram que determinados tipos de plástico, microfibra e produtos de esfoliação facial podem se degradar, tornando-se microplásticos. Esses microplásticos são transportados por águas das quais se tira o sal marinho.

O plástico nos oceanos polui o sal marinho

A Environmental Science and Technology publicou um estudo que descobriu que o sal vendido e consumido na China contém partículas de plástico de recipientes descartáveis, bem como polietileno, celofane e vários outros tipos de plástico. As maiores concentrações de plástico foram encontradas no sal marinho. A conclusão óbvia é que consumir esse produto significa poluir seu próprio corpo com plástico.

No mesmo estudo, 45 mg de sal marinho chegou a conter 250 partículas de plástico. Sherri Mason, Ph.D, professora de química do departamento de geologia e ciência ambiental da State University New York Fredonia, falou sobre os resultados pouco antes de liderar o maior estudo relacionado ao consumo de plástico consumido com o sal marinho no mundo. Sobre o estudo na China, ela comentou:

"O plástico é um contaminante tão onipresente que não deve fazer a menor diferença comprar sal marinho na China ou nos Estados Unidos. Eu gostaria de ver mais estudos de países sobre sua própria responsabilidade no problema."

Dois anos depois, ela publicou um estudo no qual demonstra que pessoas nos Estados Unidos estão ingerindo cerca de 660 partículas de microplástico anualmente quando consomem cerca de 2.3 gramas de sal por dia. É claro que pelo menos 90% dos americanos consomem muito mais sal do que isso, o que torna tudo ainda mais preocupante.

Em conjunto com pesquisadores da Universidade de Minnesota, Mason examinou o plástico contido na cerveja, água da torneira e no sal. Foram avaliados 12 tipos diferentes de sal, 10 dele sendo sais marinhos comprados em mercados por todo o mundo. Para Mason, o sal marinho é o mais passível de contaminação por plástico, visto que ele é retirado dos oceanos em um processo que colhe água do mar e a deixa evaporar, deixando o sal como produto final. Segundo Mason:

"Não se trata do sal marinho da China ou dos Estados Unidos. Todos vêm das mesmas origens. Estamos lidando com um problema muito mais consistente. A ideia aqui não é que as pessoas simplesmente troquem de marca ou usem outro tipo de sal.

O importante é que paremos de achar que está tudo bem ir a uma cafeteria todos os dias e adicionar mais um copo descartável à pilha de lixo... É preciso abordar o fluxo de plástico mundial e direcionar a sociedade ao uso de outros tipos de material".

As Nações Unidas declaram guerra contra o plástico

Hoje, acredita-se que grande parte da poluição do plástico seja causada por microfibras e recipientes descartáveis. Hoje, cerca de 13 toneladas de plástico chegam aos mares todos os dias. Isso dá cerca de um caminhão de lixo por minuto. Caso nada mude, estamos caminhando para dobrar esse valor até 2025.

Para lidar com o problema cada vez maior, as Nações Unidas anunciaram um esforço global de combate à poluição com a hashtag #CleanSeas. A ideia é levar governantes de todo o mundo a criar políticas de redução do uso de plásticos, legislações que exijam que determinados produtos sejam feitos de diferentes materiais e campanhas de conscientização para que seus cidadãos mudem seus hábitos antes que o dano causado ao ambiente seja irreversível.

10 países já responderam ao chamado, incluindo a Indonésia, Costa Rica e Uruguai. O problema do plástico se bifurca no plástico físico, que causa danos à vida animal e ao ambiente, e as toxinas que aderem a ele, destruindo a vida selvagem e a saúde dos consumidores de carne.

A Inglaterra, Escócia e Alemanha estão desenvolvendo programas de reciclagem com o objetivo de diminuir a pegada ambiental de seus países. Erik Solheim, chefe da divisão de meio ambiente das Nações Unidas, falou sobre o dano causado pelo plástico ao meio ambiente:

"Já faz muito tempo que contemplamos o problema do plástico nos oceanos. Esse tipo de poluição se move pelas praias indonésias, se acumula no polo norte já chegou à sua mesa de jantar. A inação fez com que o problema se intensificasse. Isso precisa parar".

Ainda em um ritmo lento, os países estão se conscientizado da devastação da vida marinha e de seu uso irresponsável de produtos plásticos. Após o Daily Mail divulgar uma campanha, a Inglaterra baniu o uso de esferas de plástico comumente usadas em esfoliantes.

O plástico afeta várias fontes nutricionais diferentes

Vídeo em inglês

Estudos demonstraram que o plástico está tão difundido na cadeia oceânica que já contaminou zooplânctons, lagostas, caranguejos e peixes, que são criaturas que fazem parte da cadeia alimentar de outros animais. Esse pequeno vídeo mostra que tanto os grandes pedaços de plástico como suas micropartículas têm um impacto muito negativo no oceano.

Não é novidade que o consumo de plástico e das toxinas associadas a ele faz mal para a saúde. Acredito que a mídia faz todo um esforço no sentido de desacreditar essa teoria, dizendo que os cientistas não foram capazes de prová-la com um estudo controlado.

Por si só, ingerir partículas de plástico é perigoso. A vida marinha encara o dobro de perigo, pois essas mesmas partículas atraem e absorvem toxinas químicas. A University of California Davis, fez um estudo no qual os pesquisadores avaliaram cinco dos plásticos mais utilizados para entender sua absorção de produtos químicos no ambiente oceânico.

Ao inseri-los em diferentes pontos de estudo, os pesquisadores conseguiram aferir a quantidade de poluentes atraídos por cada um.

A descoberta é que dois tipos de plásticos amplamente usados em uma gama de produtos são os que mais atraem contaminantes. Liderados por Chelsea Rochman, os pesquisadores aguardaram até as amostras absorverem grandes quantidades de agentes contaminantes e atingirem o ponto de saturação. Levou entre 20 e 44 meses para isso acontecer. Rochman disse:

"É incrível que os plásticos sejam capazes de absorver contaminantes por mais de um ano. Enquanto se degrada, esse material fica mais e mais perigoso para organismos vivos".

Os microplásticos foram associados à toxidade do fígado

Outro estudo demonstrou que o acúmulo de poluentes químicos absorvidos pelas micropartículas de plástico aumenta a toxicidade hepática e a patologia nos animais marinhos que as ingerem.

Quando peixes ingerem partículas de plástico que ainda não absorveram toxinas, mas seus sinais de estresse são muito menos severos. Animais marinhos são comumente contaminados com plásticos e as toxinas acumuladas neles, o que pode causar falhas mecânicas ou metabólicas.

Outro estudo, que avaliou a presença das microfibras na água da torneira descobriu que 83% de todas as amostras encontradas em 12 países estavam contaminadas. A maior taxa de contaminação está nos Estados Unidos: 94% das amostras estavam contaminadas, incluindo aquelas que foram colhidas em prédios governamentais, agências de proteção e até mesmo na Trump Tower, em Nova Iorque.

Qual a melhor opção em matéria de sais?

Não é verdade que o consumo de grandes quantidades de sal aumenta a sede ou a pressão. Não houve estudo capaz de corroborar essas teorias. Por outro lado, sabe-se que o corpo humano precisa de sódio e íons que ele não é capaz de produzir por conta própria.

É claro que nem todo sal é feito da mesma forma. O sal de cozinha é praticamente só cloreto de sódio com alguns químicos artificiais. Os sais não processados, como o sal rosa do Himalaia, têm um equilíbrio diferente entre o sódio e o cloreto com minerais naturais, além de conter fósforo e outros minerais dos quais o corpo precisa. São esses minerais que tornam o sal rosa.

O sal do Himalaia é minerado de depósitos criados muito antes da contaminação por plástico e toxinas se generalizar. Quando os leitos oceânicos se ergueram, as montanhas do Himalaia se formaram, com depósitos de sal protegidos, acima do nível do mar, cobertos de neve por milhares de anos. Comparado ao sal tirado dos oceanos, que é constantemente contaminado com micropartículas de plástico, o sal do himalaia é de longe a melhor opção para reduzir a presença de tóxicos no seu corpo.

Mudanças diárias em seu estilo de vida podem evitar a contaminação tóxica

Todos têm um impacto no ambiente que depende de suas escolhas de vida. Ao reduzir ou eliminar o uso de embalagens plásticas e produtos descartáveis, você reduz a sua exposição ao bisfenol-A e outros químicos que contaminam alimentos, a água e o meio ambiente.

O vidro é uma opção saudável, reutilizável e reciclável para usar em casa. Caso compre algo que não seja um alimento in natura, evite embalagens de plástico e sempre recicle as de vidro.