Por Dr. Mercola
O oil pulling remonta há aproximadamente 3.000 anos. O Ayurveda foi desenvolvido antes da medicina moderna por anciões da Índia como uma forma de sistema para a saúde do corpo e da mente. O princípio básico do Ayurveda é que o corpo possui a incrível capacidade de curar a si mesmo quando está em equilíbrio.
Segundo os praticantes do Ayurveda, é preciso dar apoio ao corpo através de uma alimentação saudável, diminuição do estresse, fortalecimento do sistema digestivo, dormir o suficiente e viver em sintonia com sua própria constituição natural.
Uma das práticas do Ayurveda é o oil pulling, um tipo de bochecho com óleo. O oil pulling é usado na medicina popular tradicional indiana para o fortalecimentos dos dentes, gengivas, para prevenir cáries, mau hálito e sangramento nas gengivas.
Os benefícios para a saúde bucal
Algumas pessoas acreditam que o oil pulling pode trazer benefícios mais extensos para a saúde. Não posso defender todas essas alegações, mas como pratico a técnica desde 2011, sei em primeira-mão como o oil pulling beneficia a saúde bucal.
O oil pulling também é um método eficaz de limpeza mecânica dos dentes, especialmente entre as pequenas fendas entre os dentes molares aonde a escova não chega. Pode até ser que seu dentista tenha indicado o uso de selantes nos dentes com o intuito de prevenir a formação de cáries nessas regiões de difícil acesso.
Antigamente, os mais populares da técnica eram os óleos de gergelim e girassol. O problema é que eles contêm alto teor de ácidos graxos ômega-6, e você provavelmente já consome o suficiente diariamente. Eu escolho o óleo de coco extravirgem prensado a frio por diversos motivos.
A principal causa de mau hálito e da formação de cáries são as bactérias. Elas têm membranas solúveis em gordura que se fragmentam com a ação mecânica do oil pulling. Pesquisas comprovam que o oil pulling melhora a saponificação, isto é, a quebra das membranas das bactérias.
Sobre o aspecto funcional, apesar de os óleos de gergelim e girassol conseguirem fragmentar as bactérias, o óleo de coco possui outra vantagem. Foi comprovado que o óleo de coco é um ácido graxo de cadeia média capaz de inibir o Streptococcus mutans, que a principal bactéria responsável pelas cáries.
O óleo de coco também protege contra o famoso "sapinhos", uma infecção fungica bucal. Esta condição ocorre com mais frequência em bebês, lactantes e quando o sistema imunológico está comprometido.
O manual do oil pulling
Uma colher de sopa de óleo de coco é o suficiente. Você pode achar essa quantidade pequena ou demais, mas é um bom ponto de partida. O óleo de coco fica sólido abaixo de 24,4ºC, mas fica líquido rapidamente quando colocado na boca.
Movimente-o na boca com o auxílio da língua e das bochechas, passando por entre os dentes. Relaxe os músculos da mandíbula para não sentir fadiga. O movimento deve ser natural e não pode causar desconforto.
Você pode até se sentir tentado a usar o óleo de coco como se fosse um enxaguante bucal, mas não engula nem faça gargarejos. Se der vontade de engolir, cuspa e comece de novo.
As bactérias presentes na boca são quebradas à medida que você movimenta o óleo, Aos poucos, o óleo vai ficando cheio de bactérias e saliva, e é por isso que você não deve engoli-lo. Após 20 minutos, ele começa a ficar grosso e leitoso.
Cuspa o óleo no lixo ou no quintal. Eu cuspo no meu quintal, tomando cuidado para não acertar minhas plantas. Embora o óleo esteja misturado com saliva, com o tempo pode obstruir o encanamento ou diminuir o escoamento da água. Com o tempo, praticar o oil pulling pode ser tão natural como escovar os dentes.
De quebra, ainda é possível diminuir o crescimento das bactérias, uma vez que o oil pulling aumenta o pH da boca. Para completar, dissolva 1 colher de chá de bicarbonato de sódio em 180 ml de água. Gargareje. Com isso, você vai deixar o pH da boca ainda mais alcalino, desestimulando o crescimento das bactérias, que precisam de um ambiente ácido.
Por que eu não recomendo o uso de cremes dentais com flúor?
Há anos que o flúor é adicionado ao abastecimento de água e aos cremes dentais, ou oferecido por dentistas em consultório, como uma solução para acabar com as cáries. Mas nos últimos anos, o flúor têm sido objeto de uma análise rigorosa, e com razão.
Um estudo inovador comprovou que a camada de fluorapatita que se forma ao redor dos dentes com o uso dos cremes dentais tem somente 6 nanômetros espessa.
Para fins de comparação, seria preciso 10.000 camadas de fluorapatita para alcançar a espessura de um único fio de cabelo. Como uma simples mastigação é capaz de eliminar rapidamente essa camada dos dentes, pesquisadores agora questionam se essa camada ultrafina protege mesmo o esmalte.
Outras substâncias presentes no creme dental são capazes de reparar e remineralizar a dentina (o tecido debaixo do esmalte que forma a maior parte do dente) melhor do que o flúor.
Isso sem mencionar que os cremes dentais com flúor costumam ser a maior fonte única de ingestão de flúor para crianças, sendo um importante fator de risco para a fluorose dentária. De fato, pesquisas mostraram que não é incomum as crianças engolirem mais flúor dos cremes dentais do que o recomendado como ingestão diária.
A ciência já comprovou com clareza que engolir flúor faz mal para a saúde das crianças. O flúor é uma toxina que se acumula nos tecidos com o passar do tempo, causando alterações nas enzimas e gerando graves danos neurológicos e disfunção endócrina.
As crianças estão particularmente expostas ao risco de efeitos adversos da superexposição ao flúor. Se você tem filhos pequenos, é recomendável usar uma pasta de dentes sem flúor ou ensiná-los a usar uma pasta dental caseira feita com óleo de coco.
Lembre que o flúor também se acumula em você. Então, use você também um creme dental sem flúor.
O impacto que a saúde bucal tem na sua saúde física
A saúde oral exerce uma profunda ação sistêmica sobre a saúde física. Avaliar a saúde das gengivas e tecidos moles é uma tarefa fácil, por isso pode ser considerada como uma porta de entrada para a saúde. Conforme observado pelo relatório Executive Summary do Surgeon General em 2000:
"A última metade do século viu a evolução do significado da saúde oral, que passou de um foco estreito nos dentes e nas gengivas para o reconhecimento de que a boca é o centro de tecidos e funções vitais que são essenciais para a saúde como um todo e para o bem-estar de toda a expectativa de vida.
A boca é como um espelho para a saúde ou doença, um sistema de alerta precoce ou de sentinela, um modelo acessível para o estudo de outros tecidos e órgãos, uma possível ponto de patologia que influencia outros sistemas e órgãos..."
A boca serve de entrada para agentes patogénicos e toxinas. Pesquisas recentes comprovam a relação entre o diabetes, as doenças cardiovasculares e desfechos adversos na gravidez com as infecções orais.
Uma saúde dental precária pode aumentar o risco de demência. Uma teoria dos pesquisadores é que a periodontite ou as doenças gengivais possam ser um gatilho. Após a avaliação dos dados de mais de 4.000 adultos acima de 65 ano, conclui-se que aqueles que tinham um número menor de dentes e não usavam dentadura apresentavam um risco muito maior de demência do que aqueles que tinha 20 dentes ou mais.
A periodontite é uma doença inflamatória de caráter crônico que não afeta somente a boca. Pesquisas descobriram uma relação recíproca entre a periodontite em diabéticos e a necessidade de medicamentos para o diabetes. No estudo em questão, o tratamento da periodontite diminuiu a necessidade de insulina.
Em outro estudo, os cientistas descobriram uma relação entre a periodontite e o aumento do risco de desenvolvimento de doença renal crônica. Pessoas que sofrem de doença gengival desenvolvem quatro vezes mais doença renal crônica do que aquelas que não têm doença gengival.
Um planejamento abrangente para a saúde bucal
Um fator crucial para a saúde e o bem-estar geral é o cuidado com os dentes e as gengivas. Pontos importantes a serem abordados incluem: nutrição, higiene bucal e os produtos que você usa. Veja essas orientações gerais para melhorar sua saúde bucal:
• Diminua a ingestão de carboidratos líquidos para normalizar seus níveis de insulina. Minha sugestão é diminuir os carboidratos líquidos — os gramas totais de carboidratos menos a quantidade de ingestão de fibras em gramas — caso sua insulina esteja acima de 5.
Evite carboidratos na forma de legumes e cereais, como arroz, quinoa e aveia, assim como os cerais altamente processados, como pão, macarrão, bolos e salgadinhos. A digestão desses alimentos começa na boca, impactando a saúde bucal. Consuma no máximo 25 gramas de frutose. Limite também a frutose presente nas frutas.
• Use um creme dental fabricado com ingredientes naturais, como óleo de coco, bicarbonato e óleos essenciais. Com outras alternativas naturais tão prontamente disponíveis, eficazes e econômicas, não existe motivo para se expor a substâncias químicas nocivas, como é o caso do flúor.
• Tenha uma alimentação rica em alimentados in natura e frescos, carnes de animais terminados a pasto e vegetais fermentados. Assim, você garante o consumo de minerais para fortalecer seus dentes e ossos.
• Escove os dentes e use fio dental diariamente. Escove os dentes gentilmente, pois o excesso de força na escovação pode provocar um recuo do tecido gengival e ao desenvolvimento de bolsões próximo aos dentes, que se tornarão áreas propícias ao crescimento de bactérias.
• Para diminuir o crescimento de bactérias, o mau hálito e o risco de doenças gengivais, além de fortalecer os dentes, pratique o oil pulling com óleo de coco uma vez ao dia durante 20 minutos.