Por Dr. Mercola
Homens e mulheres sentem melhorias na circunferência abdominal e pressão sanguínea, dois marcadores de síndrome metabólica, quando estão tomando suplementos de carnitina, de acordo com uma meta análise recente. A síndrome metabólica é uma doença caracterizada por diversos fatores, incluindo:
- Circunferência alargada da cintura indicando altos níveis de gordura visceral ao redor dos órgãos
- Pressão sanguínea elevada
- Altos níveis de açúcar no sangue e/ou resistência à insulina
- Alta contagem de triglicerídeos
- Baixos níveis de colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade)
A síndrome metabólica se caracteriza por três ou mais dos fatores citados acima, e ela pode acabar levando a diversas outras doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, doença cardiovascular, mal de Alzheimer, e doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e muitas outras.
Um dos primeiros fatores da síndrome metabólica é a presença de resistência à insulina, que, conforme a dieta moderna se tornou mais dependente de ácidos graxos poliinsaturados (AGPIs) e açúcares adicionados, chegou a níveis epidêmicos. Você encontrará os AGPIs em óleos populares, comestíveis e vegetais e de sementes, como, óleo de girassol, cártamo, soja, milho e muitos outros.
É importante lembrar que tomar um suplemento não é uma forma de curar os danos causados ao seu corpo por uma dieta ruim, cheia de açúcares processados, AGPIs e alimentos processados. Mas, uma pesquisa identificou como a carnitina e a colina pode melhorar o metabolismo de gorduras, e a flexibilidade metabólica.
A carnitina melhora fatores da síndrome metabólica
A carnitina é um aminoácido que pode ser encontrado em todo o corpo humano. A carnitina é crucial para o metabolismo de energia para a obtenção da energia necessária para o corpo, e a maior parte da carnitina que seu corpo usa, vem da sua dieta ou de um suplemento. Os resultados de nove testes aleatorizados controlados em uma revisão de literatura sobre a carnitina foi publicada no periódico Nutrients.
Os pesquisadores fizeram os seguintes teste: circunferência abdominal, níveis de açúcar no sangue em jejum, pressão sanguínea, níveis de triglicerídeos, ou colesterol HDL. Os estudos duraram 24 semanas e os pacientes receberam uma dose suplementar entre 0.75gramas e 3 gramas por dia.
A redução na pressão sanguínea sistólica, e na circunferência abdominal estão ligadas á suplementação, de acordo com os pesquisadores. Eles sugeriram que uma dose de carnitina entre 1g e 3g por dia pode melhorar os biomarcadores da síndrome metabólica. Os pesquisadores escrevem:
"Até o momento, não foram feitas meta análises sobre a melhoria dos biomarcadores da síndrome metabólica com o uso de suplementos de L-carnitina. No que tange a melhoria de biomarcadores da síndrome metabólica, é crucial que se faça revisões sistemáticas das evidências existentes em estudos sobre o consumo de L-carnitina. Este foi o primeiro estudo a investigar os efeitos da suplementação com L-carnitina sobre os biomarcadores da síndrome metabólica."
A carnitina combate a deficiência no metabolismo de gordura
Para prevenir doenças metabólicas e para ajudar na performance atlética na prática, é importante entender como o corpo queima combustível. O modo como o corpo queima de carboidratos e gorduras é um sistema complexo. Estudos analisaram como a carnitina tem um papel importante no metabolismo de gordura e melhora a performance em exercícios.
De acordo com atletas e pesquisadores, existe pouco efeito da suplementação com carnitina no metabolismo de gordura. No entanto, dados apresentados por um estudo publicado no Journal of Physiology pelo Dr. Benjamin Wall mostraram que seis meses de suplementação aumentaram os níveis de carnitina nos músculos em 21%.
Os pesquisadores demonstraram as diferenças nos níveis de lactato e carnitina após exercícios de baixa intensidade e alta intensidade, como descrito em outro artigo no Journal of Physiology. A carnitina reduziu o uso de glicogênio e a atividade de complexo de piruvato desidrogenase (CPD), durante exercícios de baixa intensidade. Essa substância media o metabolismo de carboidrato.
Indivíduos com maiores níveis de carnitina, continuaram queimando a gordura para produzir energia em vez de queimar o glicogênio dos músculos. Os músculos produziram menos lactato quando o participante tinha mais carnitina e a atividade de CPD foi aumentada, durante os exercícios de alta intensidade. Os pesquisadores começaram a desenvolver um melhor entendimento sobre o papel do lactato a partir da década de 1980.
Com os exercícios, a demanda de energia aumenta, as fibras musculares queimam glicose e, como um produto dessa reação, criam piruvato. O piruvato é reduzido a lactato e depois transportado para fibras musculares oxidativas onde ele pode ser usado como combustível, quando a produção de piruvato excede a capacidade dos músculos de consumir a substância.
Esta pesquisa tem implicações para a performance atlética e preparou o terreno para pesquisas posteriores ao trabalho desenvolvido por Wall mostrando que a carnitina tem um impacto na melhoria da flexibilidade metabólica. Uma pesquisa avaliou pessoas com tolerância a glicose prejudicada, buscando descobrir se a suplementação com carnitina poderia alterar a flexibilidade metabólica e a sensibilidade à insulina.
O estudo foi feito em um regime de 36 dias comparando onze voluntários que tomaram um placebo ou uma intervenção de carnitina, em um experimento aleatorizado em que ambos os lados tanto o examinador quanto o examinado não sabiam o que os voluntários estavam tomando. Em pessoas com tolerância à glicose prejudicada, os dados mostraram que a suplementação ajudou a restaurar a flexibilidade metabólica.
Suas fibras musculares dependem do metabolismo de gordura
É importante notar que os participantes que tomaram os suplementos de carnitina aumentaram sua performance atlética e produção de trabalho em 11% em um teste de performance de 30 minutos nesse estudo feito por Wall. "Devido ao papel duplo da carnitina - economizar glicogênio em baixas intensidades e reduzir o acúmulo de lactato nos músculos em altas intensidades" de acordo com os pesquisadores, é por isso que essa melhoria ocorre.
A performance foi melhor e a produção de trabalho foi mais eficiente quando os músculos estavam queimando ácidos graxos para gerar energia, em outras palavras. A deficiência de carnitina possui alguns sintomas que inclui fraqueza muscular, fadiga e falta de ar ou inchaço se o coração for afetado, isso também é demonstrado nesses sintomas.
Muitas células do corpo usam ácidos graxos para a produção de energia. Na verdade, 90% da energia que as células do seu coração precisa vem do metabolismo de gordura. O metabolismo de gordura é a principal fonte de energia que sua musculatura do esqueleto precisa durando o repouso e exercícios de intensidade moderada. Por isso, os riscos de resistência à insulina e a flexibilidade metabólica, pode melhorar com a queima efetiva de gordura para combustível.
Tanto a colina quanto a carnitina ajudam seu corpo a queimar gordura. Os cientistas avaliaram o efeito de produção de energia com a suplementação de uma ou das duas com e sem exercícios em uma pesquisa. Os pesquisadores descobriram os efeitos interativos de suplementos já documentados em modelos animais também aconteceram com os participantes humanos ao realizar a pesquisa com 19 mulheres.
Os cientistas descobriram que o corpo conservou a carnitina no tecido que aumentou o metabolismo em participantes, quando os participantes foram suplementadas com mais colina do que eles receberiam de sua dieta comum.
A excreção de carnitina foi normalizada após a suplementação de carnitina por sete dias, o que os pesquisadores acreditavam sugerir que os armazenamentos de carnitina dos músculos eram os adequados.
Sua performance em exercícios foi melhorada e ela reduziu o peso dos participantes, mas não a gordura corporal, quando o exercício foi adicionado à equação. A suplementação de colina resultou em metabolismo de gordura incompleto e o desperdício de energia que aumentou com exercícios de média intensidade, de acordo com o que os dados levaram os pesquisadores a concluir.
A colina e a carnitina aumentam os níveis de TMAO?
Para produzir a trimetilamina, que em um segundo momento é metabolizada em n-óxido de trimetilamina, a sua microbiota intestinal metaboliza a colina e a carnitina. A incidência de doenças cardiovasculares, pré-diabetes e trombose estão ligados à produção de TMAO de acordo com alguns estudos.
A provável causa de níveis elevados não é a ingestão de carnitina e colina, mas maior resistência à insulina, de acordo com um estudo publicado por James DiNicolantonio, Pharm.D. e seus colegas. O fator chave é a elevação significativa de TMAO pela monooxigenase 3 contendo flavina (FMO3), de acordo com DiNicolantonio. Ele escreve:
"Os fatores que regulam a expressão hepática e a atividade de FMO3, responsável pela conversão de TMA em TAMO por isso está sob suspeita. Deste modo, é possível afirmar que a atividade de insulina hepática a baixo do normal que reflete a resistência à insulina hepática aumenta a expressão de FMO3 hepática.
Dois fatores de risco de doenças vasculares e diabetes, a síndrome metabólica e a obesidade visceral estão associadas à entrada de FFA em excesso, que induz a resistência à insulina hepática".
DiNicolantonio propõe que a atividade elevada da FMO3 no fígado possa ser um reflexo da resistência à insulina no órgão, o que, por sua vez, influencia o risco para a saúde cardiovascular. Ele acredita que isso “pode racionalizar a epidemiologia do TMAO”.
“A resistência hepática à insulina e sua concomitante esteatose hepática, estão associadas a um aumento do risco de doença cardiovascular, bem como ao aumento do risco de diabetes tipo 2 — ambos associados os níveis elevados de TMAO.
Portanto, é simples postular que o TMAO possa servir como marcador da resistência hepática à insulina, e isso explica pelo menos uma parte do risco de eventos cardiovasculares e de diabetes associados ao TMAO”.
A dieta cíclica cetogênica melhora a inflexibilidade metabólica
Se os níveis elevados de TMAO aumentam o risco de doenças cardiovasculares, de fato, é um reflexo da resistência hepática à insulina após ingerir alimentos com níveis elevados de carnitina o que você pode fazer para reduzir este risco? É interessante normalizar seu peso, para começar.
Duas são as estratégias mais úteis para alcançar este objetivo e melhorar sua flexibilidade metabólica: uma dieta cetogênica cíclica e o jejum intermitente.
Nesses artigos você vai descobrir como estas ferramentas poderosas podem ajudar a rejuvenescer sua saúde. Para reduzir os potenciais danos da TMAO, você pode considerar certos suplementos que podem ser benéficos no tratamento de resistência hepática à insulina.
• Berberina — que funciona de modo similar à metformina no seu corpo, um medicamento que costuma ser usado no tratamento do diabetes. Ambos operam, pelo menos em parte, ativando a proteína quinase, que é ativada ativada pelo monofosfato de adenosina (AMPK). Conhecida como a "chave mestra metabólica", a AMPK é uma enzima que controla a forma como a energia é produzida no corpo e usada pelas células.
Ao ativar essa enzima, a berberina ajuda a regular as atividades biológicas que normalizam os desequilíbrios de lipídios, glicose e energia. A berberina, usada na medicina chinesa para tratar diabetes, também é capaz de balancear a resistência hepática à insulina em roedores diabéticos.
• Astaxantina — É um potente antioxidante carotenoide, com atividade similar à do fenofibrato, medicamento redutor do colesterol. Estimula de forma indireta a AMPK no fígado e diminuíram a resistência hepática à insulina em animais submetidos a alimentação rica em gordura, reduzindo o risco de eventos cardiovasculares em pacientes com síndrome metabólica.
• Óleo de krill — Ele contém a forma esterificada da astaxantina, que aumenta sua biodisponibilidade juntamente com os ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa, que são essenciais para a saúde geral, incluindo o bom funcionamento cardíaco. Como foi apontado no artigo de DiNicolantonio:
"O óleo de krill, mesmo quando comparado ao óleo de peixe, suprime melhor a esteatose hepática em roedores. É possível que isso se deva ao fato de ele conter astaxantina, que não é encontrada no óleo de peixe.
Além disso, o óleo de krill reduz o diacilglicerol e a ceramida no fígado, algo que o óleo de peixe não faz. Observamos também que a fração fosfolipídica do óleo de krill reduz a produção de glicose no fígado, ao contrário do óleo de peixe.
Assim, o óleo de krill, por ser uma fonte muito biodisponível de astaxantina, parece ter vantagens adicionais na redução da esteatose hepática e da resistência hepática à insulina quando comparado ao óleo de peixe."