Os notórios benefícios da naltrexona em baixas dosagens

Fatos verificados
Naltrexona em baixas doses

Resumo da matéria -

  • A naltrexona em baixas dosagens, um antagonista dos opioides, pode ser benéfica para o sistema autoimune e condições crônicas de dor
  • A NBD também vem sendo usada como um adjunto no tratamento do câncer. E ainda pôde fazer com que células cancerígenas entrassem em remissão usando dosagens pulsadas em uma pesquisa realizada pelo professor Angus George Dalgleish e o Dr. Wei Lou
  • A naltrexona bloqueia os receptores de opioides apenas por breves períodos. A regulação positiva do sistema imunológico e a redução nas inflamações são os seus principais efeitos rebote e também seus benefícios clínicos
  • A doença de Lyme e suas coinfecções, a fibromialgia, SCBID, síndrome da perna inquieta, depressão, problemas dermatológicos e até infertilidade são condições tratadas com a naltrexona em baixas dosagens

Por Dr. Mercola

Neste artigo, revisaremos os incríveis benefícios da naltrexona em baixas dosagens (NBD), incluindo os surpreendentes benefícios da NBD em microdosagens. As duas especialistas são Linda Elsegood, uma britânica que fundou o LDN Research Trust em 2004 e Dra. Sarah Zielsdorf que pratica medicina na área de Chicago nos EUA.

Elsegood trabalha com pesquisas relacionadas à NBD e na educação pública há 16 anos, e foi diagnosticada com Esclerose Múltipla em 2000. Poucos profissionais da saúde conhecem a NBD, mas ela é um tratamento poderoso e eficaz contra muitas doenças autoimunes. Por normalizar o sistema autoimune, ela vem sendo útil na luta contra a COVID-19.

Elsegood publicou recentemente um livro sobre a NBD chamado "The LDN Book, Volume Two: The Latest Research on How Low Dose Naltrexone Could Revolutionize Treatment for PTSD, Pain, IBD, Lyme Disease, Dermatologic Conditions and More". Cada capítulo desse livro foi escrito por um profissional da medicina com conhecimento clínico sobre o uso dessa substância. Zielsdorf é uma das autoras que contribuíram para o livro. Elsegood também tem um programa de rádio chamado The LDN Radio Show.

Ela contra a história sobre como descobriu a NBD e seus drásticos benefícios. Os benefícios puderam ser notados após três semanas do uso da droga e, depois de um ano e meio, ela tinha melhorado de modo considerável.

Zielsdorf, que é graduada em microbiologia e possui um mestrado em microbiologia da saúde pública e doenças infecciosas emergentes, também tem um histórico pessoal de saúde que a levou à NBD. Em 2003, ela recebeu o diagnóstico de hipotiroidismo. Ela foi diagnosticada com doença de Hashimoto, uma doença autoimune que afeta a tireoide.

Naltrexona: Uma joia rara entre os medicamentos

A naltrexona em baixas e até em micro dosagens é um dos poucos remédios que eu recomendo. Ela é um bom complemento à terapia de uma grande variedade de doenças, e, além disso, é muito segura. Como Zielsdorf explica:

"Uma das poucas coisas que ajuda de verdade o nosso corpo, nosso sistema imunológico, a funcionar da melhor maneira e a restaurar suas funções é a naltrexona.

Após a Segunda Guerra Mundial, começaram as pesquisas por mais medicamentos opioides. Os cientistas descobriram como bloquear os receptores de opioides por acidente. Eles queriam encontrar substâncias análogas à morfina para os soldados, mas acabaram fazendo o exato oposto.

Eles foram capazes de sintetizar a naloxona e a naltrexona na década de 1960... O FDA aprovou as dosagens de 50 a 100 mg para os dependentes de opioides nas décadas na década de 1980 e depois, na década de 1990, para a dependência em álcool.

Na década de 70, surgiu a maravilhosa ideia de pegar uma dosagem muito baixa de naltrexona e a manipular de maneira bem simples para alguns poucos miligramas. Assim, ela bloqueia de modo rápido os receptores de opioides no sistema nervoso central, apenas dando um toque rápido nos receptores e depois os desbloqueando. Esse tratamento foi desenvolvido pelo Dr. Bernard Bihari e pelo Dr. Ian Zagon.

Ao aumentar a própria produção de betaendorfina e metaencefalina do receptor, ele regula positivamente o sistema autoimune. O humor, dores, o sono e o sistema imunológico são beneficiados pelas betaendorfinas, e as metaencefalinas também são conhecidas como um fator de crescimento derivado de opioides, havendo receptores para elas em tecidos diferentes, o que inclui a tireoide.

Nós as usamos para quase todos os tratamentos de dores crônicas, como adjunto no tratamento dores crônicas e contra o câncer. Para potencializar o alívio da dor para pessoas que estão sob o efeito de opioides e ajudá-las a ser independentes desses medicamentos, também usamos a naltrexona em dosagem ultra baixa [microdosagens], como eu já escrevi antes.

Enquanto especialistas dizem aos pacientes "você nunca mais vai viver sem estes medicamentos para dor", eu consegui tirar pacientes da fentanila e da oxicodona ou Norco. Tem sido uma jornada incrível e eu sou um grande defensor dela."

Naxolona versos naltrexona

A naxolona (Narcan) é um antídoto para a overdose de opioides, por isso está presente em ambulâncias, alas de emergência e de traumatismo. A naxolona é usada em certas dosagens quando alguém toma uma dose alta de opioides, porque age como um completo bloqueador dos opioides.

A naltrexona bloqueia os receptores de opioides apenas por breves períodos e por um mecanismo diferente. Os principais benefícios da NBD, quando usada em baixas dosagens é o efeito rebote, após o breve bloqueio dos receptores de opioides.

Estratégias fundamentais do tratamento de doenças autoimunes

É importante entender que existem outras estratégias importantes que são fundamentais para o tratamento das doenças auto imunes e que beneficiarão a maioria dos pacientes com um sistema imunológico disfuncional. Por exemplo, isso inclui otimizar os níveis de vitamina D e a taxa de ômega-3.

Também é importante eliminar potenciais desencadeadores. Quando se é exposto a algo no ambiente que serve como um antígeno cujo corpo reconhece como um invasor externo e o ataca, isso pode fazer com que as pessoas tenham doenças auto imunes. Você pode reduzir ou eliminar os sintomas ao evitar estes estímulos apenas por remover os estímulos.

As lectinas são causas comuns para a ação autoimune, sendo encontrada em muitos vegetais considerados saudáveis. Para otimizar a desintoxicação, as funções do fígado e dos rins, e a microbiota, Zielsdorf costuma colocar seus pacientes em uma dieta paleolítica no estilo mediterrâneo ou em uma dieta de eliminação oligoantigênica.

A dieta carnívora do "nariz à cauda" pode ser indicada para outros pacientes É "um meio de descarregar e simplificar o que os antígenos do seu corpo estão vendo", como afirma Zielsdorf. Outras dietas são úteis nesse sentido são a dieta paleolítica autoimune e a dieta FODMAP ou de baixa histamina.

"Eu faço um monte de testes e começo observando mais profundamente as possíveis causas, porque sou microbiologista", diz ela. "Agora sabemos que certos pacientes terão um alargamento porque seu sistema imunológico está suprimido devido a infecções, mas antes eu colocava todos os pacientes em NBD.

Isso é mais comum com infecção fúngica e a doença de Lyme. Eu vou trabalhar na microbiota de um paciente e depois começar com a NBD... se suspeitar ou tiver exames de que um paciente tem alguma dessas coisas ou de que seu sistema imunológico está super suprimido...

Agora, algo interessante é que o intestino permeável é um cérebro permeável, e nós sobrecarregamos nosso sistema imunológico, por isso eu faço exames nos intestinos, e o que eu vejo é se você tem uma intensa permeabilidade intestinal... Eu vejo isso. Às vezes, fazemos exames sobre lectinas, mas o primeiro passo é evitar os principais desencadeadores.

Todos os pacientes autoimunes têm algo em comum: eles não podem comer trigo. O trigo pode ser tratado com Roudup e glifosato antes do processamento, o que já é uma toxicidade a mais, porém, além disso, o trigo tem mais de 150 antígenos aos quais podemos ter sensibilidade. Eu vejo muitos pacientes com toxicidade de glifosato, por isso faço exames nos pacientes para avaliar a toxicidade ambiental.

O trigo que comemos agora não é o mesmo trigo que nós comíamos no início da agricultura por volta de 10.000 anos atrás. E até o número de cromossomos já foi alterado desde a época que o comíamos em pequenas quantidades quando éramos caçadores e coletores."

Por que evitar carnes de animais monogástricos

Em alguns casos, uma dieta carnívora do "nariz à cauda" pode ser uma intervenção excelente, em especial para aqueles com grave supressão da função do sistema imunológico, como afirma Zielsdorf. No entanto, evite animais que tenham apenas um estômago, ou seja, animais monogástricos.

Enquanto vacas possuem dois estômagos, galinhas e porcos têm apenas um. A razão para essa recomendação é porque os animais de criação convencional, como porco e frango, têm altas quantidades de ácido linoleico ômega-6. Eles possuem altas quantidades desses ácidos graxos porque se alimentam de milho. E altas quantidades de ácido linoleico podem acabar com a sua saúde. Então você está fazendo mal para seu corpo se consumir grandes quantidades de carne de porco ou frango.

Animais com dois estômagos possuem bactérias nos intestinos que podem quebrar os ácidos graxos ômega-6 em gorduras mais saudáveis, além disso, os dois estômagos em si são capazes de processar por completo os cereais ricos em ácidos graxos. Além da carne bovina comum, também inclui a carne de búfalo e cordeiro.

O que a NBD pode tratar?

A NBD também faz parte do tratamento das seguintes condições, além de doenças auto imunes. Tenha em mente que essa não é uma lista completa. Algumas dessas doenças estão em vários documentários produzidos pela LDN Research Trust. Os links para esses documentários estão nas referências.

Câncer — Pôde fazer com que células cancerígenas entrassem em remissão usando dosagens pulsadas em uma pesquisa realizada pelo professor Angus George Dalgleish e o Dr. Wei Lou. A NBD funciona bem no tratamento contra o câncer, doenças autoimunes e condições que envolvem dor, podendo ter uma sinergia com o canabidiol (CBD).

Recuperação da dependência do vício em opioides — Pessoas que fazem uso prolongado de opioides podem receber tratamento com 0,001 miligramas (1 micrograma) para reduzir sua dosagem de opioides ao longo do tempo, visto que a NBD torna os opioides mais eficazes.

A dose inicial é de 1 micrograma duas vezes ao dia, que permitirá uma redução das dosagens de opioides em 60% para dependentes de opioides. A NBD deve ser tomada entre quatro e seis horas após o opioide para não interferir nos efeitos dos opioides, quando estes são tomados para dor.

Doença de Lyme e suas coinfecções

Fibromialgia

Pequenos crescimentos bacterianos do intestino delgado (SCBID)

Síndrome das pernas inquietas

Depressão

Problemas dermatológicos

Infertilidade

Orientações gerais para a dosagem

Existem algumas orientações gerais que podem ser úteis, mas é claro, a dosagem vai depender da condição do paciente e do tratamento. Você pode encontrar guias baixáveis em diversos idiomas no site LDN Research Trust. A NBD é uma droga, não algo que se pode comprar na farmácia, e você precisa trabalhar com um médico que possa prescrever a droga e monitorar sua saúde, mantenha isso em mente.

"Podemos usar de 1,5 a 3 ou 4,5 mg para condições com dor em geral. Como os pacientes com doença de Hashimoto podem ter que reduzir seus remédios para hormônio da tireoide, caso os estejam tomando, começamos com menores dosagens e mais devagar, pois eles têm uma redução na inflamação e podem produzir maiores quantidades dos seus próprios hormônios. Por isso, é normal começarmos com 0,5 mg.

Ou de 0,5 a 1 mg para pacientes com problemas de humor. Para pacientes que tomam antidepressivos adjuntos, houve uma publicação mostrando que a NBD é um importante agente contra a depressão. Pacientes com transtorno de estresse pós-traumático podem ter que receber maiores dosagens. Você precisa encontrar um médico que saiba tratar sua condição, pois existem diversos tipos de estratégias."