Como os esporobióticos podem ajudar você

Esporobióticos

Resumo da matéria -

  • Os esporobióticos, probióticos à base de esporos, são a parede celular dos esporos de um bacilo e possuem um longo histórico bem-sucedido de uso como modulador do sistema imunológico
  • Os esporobióticos aumentam a tolerância imunológica de uma modo drástico e, em muitos casos, podem solucionar as intolerâncias alimentares de crianças autistas ou que sofrem de doenças neurológicas, como é o caso da esclerose múltipla, Parkinson, ELA e doença de Lyme
  • Esse gênero de bacilo converte o açúcar em vitamina C. Encontra-se envolvido também na produção de vitamina K no intestino, que atua de modo sinérgico com a vitamina D

Por Dr. Mercola

É provável que você saiba que os probióticos fazem bem, mas pode ser que ainda não tenha conhecimento dos esporobióticos e de como beneficiam diversos problemas de saúde, tais como autismo e outras condições neurológicas e imunológicas. Meu mentor de longa data, o Dr. Dietrich Klinghardt é Doutor e Ph.D. em medicina.

Embora tenha se formado na Alemanha, exerce seu trabalho em Seattle, onde atende os mais enfermos pacientes. É óbvia a necessidade de limpar sua alimentação se quiser uma boa saúde. Mas não discutiremos isso aqui. Vamos manter nosso foco nos esporobióticos, que complementam com excelência os probióticos.

O que são esporobióticos?

Os esporobióticos pertencem a um grupo de derivados dos micróbios denominados bacilos. Com centenas de subespécies, a mais importante do gênero é o Bacillus subtilis. Em essência, os esporobióticos constituem-se da parede celular dos esporos de um bacilo. Foi na Alemanha de 1935 que surgiu o primeiro produto do tipo, criado pelo microbiologista alemão Gunther Enderlein.

Diferente do que se acredita, o corpo humano é mesmo capaz de produzir a própria vitamina C. Isso se dá por uma espécie específica de micróbios presentes no intestino: o bacilo, o qual pode converter açúcares em vitamina C. Encontra-se envolvido também na produção de vitamina K no intestino, que atua de modo sinérgico com a vitamina D.

"Quando descobri isso, foi uma revolução para mim", afirma Klinghardt. “A função de outras espécies é criar aminoácidos. Existe até um famoso pesquisador suíço chamado Bircher-Benner, que inventou o muesli... Ele foi um médico, e maravilhoso pesquisador, que, na década de 1940, percorreu o mundo para descobrir quanto tempo as pessoas viviam e o que comiam.

No Caribe, ele descobriu uma subcultura na qual as pessoas viviam bem mais de cem anos, mas comiam um único alimento. Era a batata-doce. Ele pensou: "Como pode esse povo sobreviver de batata-doce?" Visto que esse alimento não contém aminoácidos nem ácidos graxos. Quase não tinha vitaminas também.

Ele veio a descobrir que esse povo trazia uma espécie de clostridium no intestino. Todo o espectro de aminoácidos essenciais e ácidos graxos essenciais, na verdade, eram produzidos [no intestino]."

Os esporobióticos são um instrumento primário para elevar a tolerância imunológica

No seu intestino, há pelo menos 2.500 espécies de micróbios, a maioria dos quais, quando não todos, servindo ao organismo com simbiose. Eles não só combatem a inflamação, mas produzem aquilo de que você precisa, metabolizam substâncias tóxicos para que sejam eliminadas com segurança ou equilibram o sistema imunológico e a tolerância imunológica. Como Klinghardt observa:

“Muitos perdemos a tolerância aos fatores pertencentes ao nosso ambiente. Muitos pacientes perderam a tolerância a alimentos que, de muitas formas, lhes seriam úteis, mas os quais não suportam. Quanto mais saudável se é hoje, mais tolerante é o sistema imunológico. São pessoas que não sofrem muita influência do ambiente eletromagnético.

São pessoas que evitam as substâncias químicas presentes no ar e nos alimentos: alumínio no ar, glifosato nos alimentos. A questão é: Será que a tolerância imunológica é consequência de uma boa saúde? ou Será que a tolerância imunológica é, na verdade, o fator que torna as pessoas saudáveis? Eu diria ser este último.

Os esporos dos bacilos... elevam de forma drástica a tolerância imunológica. Com isso, torna-se uma questão de muita importância, não apenas uma das muitas coisas a fazer pela saúde, experimentar ou incluir na rotina. Poucos são os instrumentos que temos para elevar a tolerância imunológica de forma preditiva em um paciente, e nisso os esporos figuram em primeiro lugar."

Os esporobióticos são ideais se você anda tomando antibióticos

Como dito antes, os esporobióticos não contêm nenhuma cepa de bacilo vivo, apenas seus esporos — que são o revestimento protetor em volta do DNA e o mecanismo de atuação desse DNA. O resultado disso é que não sofrem influência dos antibióticos. Muitos sofrem superexposição aos antibióticos, quando não pelos medicamentos, se dá através dos alimentos (nos EUA, 80% dos antibióticos comercializados são usados na produção de alimentos).

Os antibióticos matam da mesma forma as bactérias presentes no intestino, sejam elas boas ou ruins. É por isso que o uso de antibióticos resulta em infecções secundárias e redução da função imunológica. A exposição crônica aos antibióticos por meio da alimentação, mesmo que em baixa dosagens, cobra seu preço do microbioma intestinal, resultando em doenças crônicas e elevação do risco de resistência a medicamentos.

Os esporobióticos podem contribuir para o restabelecimento do microbioma intestinal com mais eficácia, visto que não são destruídos pelos antibióticos. A desvantagem da maioria dos produtos que contêm acidófilos é que esses bacilos não sobrevivem ao ácido estomacal se você os tomar de estômago vazio, algo que a maioria das pessoas faz. Já os probióticos de baixa qualidade podem nem estar vivos na hora da ingestão.

A importância de um biofilme saudável

O pH do estômago está um pouco mais elevado quando toma probióticos depois de uma refeição, o que permite que alguns sobrevivam, mas é improvável que você obtenha 25% das unidades prometidas pelo produto.

"Para que [os probióticos] fiquem ativos e funcionem de verdade, eles têm de germinar. Isso é o principal. A germinação tem início no intestino delgado, e é preciso estabelecer uma residência. Ou seja, eles precisam se comunicar com os outros micróbios e tornarem-se aceitos. As outras espécies precisam recebê-los e concordar que uma certa quantidade deles se estabeleçam no local.

Visto que o bacilo é uma espécie que habita a flora intestinal normal, os esporos [germinados] são aceitos com integralidade pela comunidade do microbioma intestinal e assim revelam a propriedade de sua contribuição simbiótica para intestino... [A] pesquisa é muito clara quando mostra que os esporos, uma vez... germinados, estabelecem residência permanente ao longo de suas vidas e passam a se replicar no intestino...

Além disso, os esporos dos bacilos tendem a se envolver de forma ativa na criação de um biofilme saudável, e considero importante as pessoas saberem disso, pois o biofilme tem recebido uma reputação bem ruim nos últimos tempos. Todos os micróbios residentes têm um esquema próprio e deixam uma camada germinativa na forma de um biofilme saudável que reveste todo o intestino... [O] biofilme patogênico é muito diferente, mas devemos tomar cuidado com as estratégias insanas que visam destruir todo e qualquer biofilme.

Os micróbios saudáveis do intestino têm um esquema próprio que reveste todo o intestino com um biofilme, e o bacilo tem grande envolvimento na criação de um biofilme saudável. O biofilme é [como] um berçário [para os micróbios], e nós precisamos dele para a quebra e metabolização dos nossos alimentos, para haver uma comunicação com o sistema imunológico, criando tolerância imunológica e tudo mais."

Como os esporos dos bacilos podem melhorar a função imunológica

Quando estabelecidos no intestino, os esporos contribuem para uma variedade de funções importantes. Entre elas, melhorar a função da barreira do intestino. Quem decide quais nutrientes serão absorvidos ou excretados é a barreira mucosa do intestino. A barreira intestinal exerce papel de igual importância para a função imunológica. Para que os nutrientes da comida possam ser absorvidos, esta deve primeiro ser decomposta da forma correta pelo processo digestivo; depois, o sistema imunológico contribui para a decisão de quais elementos são permitidos ou não.

Como já foi dito, os esporos elevam a tolerância imunológica, e isso significa que contribuem para o reparo dos danos à barreira do intestino. Descobriu-se que exercem uma função significativa na cura da permeabilidade intestinal, como revela Klinghardt. Além disso, os esporos se comunicam com o sistema imunológico, instruindo-os a elevar a tolerância a diferentes partículas de alimentos e sua absorção.

Como é a comunicação dos micróbios com o sistema imunológico

O bacilo modula as citocinas de um modo muito eficaz: as citocinas anti-inflamatórias são suprarreguladas, enquanto as citocinas inflamatórias são infrarreguladas, promovendo o equilíbrio entre ambas. A importância disso se dá porque a maioria de nós recebe ataques diários dos campos electromagnéticos (CEM), de alimentos contaminados com glifosato e atrazina, do alumínio que é carregado pelo ar e outros fatores de elevada ação inflamatória no ambiente. Os esporobióticos atuam em todos os níveis como antídoto a tais ataques.

Klinghardt menciona uma pesquisa recente de Luc Montagnier, o médico francês que descobriu o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Ele dedicou os últimos anos a descobrir a forma de comunicação dos micróbios entre si e com nosso sistema imunológico. Isso se dá por meio das emissões de ondas eletromagnéticas no espectro de luz e de micro-ondas.

Alguns também se dão no espectro de frequência mais baixo. Portanto, os micróbios se reconhecem e se comunicam com nosso sistema imunológico através dos sinais eletromagnéticos. A verdade é que os sinais químicos são secundários.

"Um [micróbio] emite um espectro de frequências enquanto o outro responde emitindo o mesmo padrão de frequências... De modo que, se você instalasse um instrumento de medição, nada encontraria, pois, ambas as frequências são espelhos exatos uma da outra. Eles se cancelam", explica Klinghardt. “Quando um novo micróbio não é bem-vindo ao intestino em sua chegada, não existe nenhum dos micróbios residentes do sistema imunológico que possa anular sua frequência.

É deste modo que o sistema imunológico reconhece o micróbio desconhecido, ativando uma grande resposta contra ele. Esse mecanismo se dá antes da excreção de citocinas. Em matéria de permeabilidade intestinal e os diversos mecanismos envolvidos, Montagnier revela a existência de um grande envolvimento com mecanismos eletromagnéticos capazes de provocar quase qualquer disfunção."

Os esporos dos bacilos também elevam a produção de outros micróbios benéficos

Conforme Klinghardt descobriu, com o tempo, os esporobióticos vão curar por completo a disfunção da barreira mucosa do intestino e seus problemas afins. A solução completa, em muitos casos, pode levar de quatro a seis meses, mas Klinghardt observa que "jamais tivemos antes um produto que fosse capaz disso". A pesquisa revela também que os esporos elevam a reprodução de acidophilus, bifidus e outros micróbios presentes no intestino através das mensagens eletromagnéticas que eles emitem.

Trata-se de um fenômeno único. Quando você toma um probiótico comum, ele cuida apenas de si mesmo, na maioria das vezes. Os esporos de bacilos, por sua vez, reforçam muitos dos demais microrganismos benéficos. Além disso, os esporos criam 24 substâncias diferentes com fortes propriedades antimicrobianas. Sem matar de forma indiscriminada. Eles suprimem os patógenos em específico, trazendo uma contribuição valiosa.

Observações clínicas

Entre os pacientes de tratamento mais difícil estão as crianças que com autismo, cuja parte Th2 do sistema imunológico, na maioria das vezes, se acumulou pelo excesso de estimulação com vacinas, por exemplo, à custa do sistema Th1. Para fins de esclarecimento, existem duas partes distintas do sistema imunológico responsáveis por combater as doenças. Uma delas, o sistema imunológico inato, está sempre pronto para atacar os invasores; a outra é o sistema imunológico adaptativo.

Já o sistema imunológico adaptativo apresenta dois ramos distintos, chamados de Th1 e Th2. Th1 é conhecido por ser mediado pelas células enquanto o Th2 é o ramo humoral ou anticorpo. A maioria das vacinas prefere estimular a parte Th2, ou humoral, do sistema imunológico para a produção de anticorpos.

Porem sofrerem uma hiperativação do sistema Th2 e hipoatividade do sistema Th1, as crianças com autismo costumam apresentar graves intolerâncias alimentares. Algumas só conseguem tolerar dois ou três alimentos, o que limita sua nutrição de um modo grave. Os esporobióticos demonstraram, nestes casos, a capacidade de elevar em poucos meses a tolerância dessas crianças para uma ampla variedade de alimentos.

Outro grupo de difícil tratamento diz respeito aos pacientes com doença neurológica crônica intratável, como esclerose múltipla, Parkinson, ELA e doença de Lyme. “Os esporos são inestimáveis para essa comunidade", afirma Klinghardt. "Mesmo apresentando 60 diferentes alergias alimentares documentadas, em poucos meses, podem restar apenas cinco ou seis."

Ele também observou, com o uso de esporos, uma melhora considerável nos sintomas neurológicos gerais, além de melhora na visão. Em termos gerais, quase todos os pacientes que Klinghardt tratou mostraram melhoras palpáveis quando tomaram esporobióticos.

+ Recursos e Referências
  • International Institute for Building Biology