Por Dr. Mercola
O Cólon, também conhecido como intestino grosso, tem um papel crucial na saúde geral. Além de remover o líquido das fezes e prepará-las para eliminação, o cólon tem bilhões de bactérias essenciais para uma saúde otimizada. Exames em estágios iniciais aumentam as chances de sobrevivência e as opções de tratamento.
É incomum que o câncer colorretal tenha quaisquer sinais ou sintomas. Um dos exames mais simples usados para determinar se há uma anormalidade no cólon é um exame de sangue oculto nas fezes (FOBT) que detecta até mesmo pequenos vestígios. Porém, um estudo recente demonstrou que esse sangue "invisível" pode estar associado a um aumento das chances de morte prematura por todas as causas.
O sangue oculto nas fezes pode denunciar problemas de saúde
Mesmo que não possa ser visto a olho nu em suas fezes, a presença de sangue pode denunciar outras doenças fatais além do câncer colorretal. Pesquisadores descobriram que pessoas com vestígios de sangue nas fezes têm 58% a mais de chance de morte por todas as causas.
Um exame padrão de câncer colorretal procura sangue nas fezes, que está associado ao sangramento na área colorretal. Esses surpreendentes resultados indicam que o sangramento no cólon pode ser um sinal de problemas que não estão associados ao sangramento interno. Os pesquisadores analisaram os registros médicos de mais de 130.000 pessoas que vivem na Escócia e que fizeram um exame FOBT entre 2000 e 2016.
Durante esse tempo, 2% dos participantes, cerca de 2.700, deram positivo nesse exame. Como esperado, as pessoas que deram positivo eram mais propensas a morrer de câncer colorretal do que aquelas que não tinham vestígios de sangue nas fezes. O resultado mais surpreendente foi a associação de mortalidade por câncer não colorretal com aqueles que também tiveram um resultado positivo no exame FOBT.
Embora se trate de um estudo observacional, ou seja, um estudo incapaz de confirmar causalidade, pesquisadores especulam que uma reação inflamatória pode produzir sangramento no corpo. Fortes evidências sugerem que vários cânceres, o mal de Alzheimer e outras doenças crônicas com inflamação sistêmica estão ligadas à presença de sangue fecal.
Conforme observado pelos autores, "fatores que predispõem a problemas de saúde, como obesidade, comportamento sedentário, tabagismo, dependência de álcool e uma dieta ocidental, estão associados à inflamação sistêmica".
Em um comentário posterior, um professor da Stanford University School of Medicine especulou que o FOBT pode oferecer insights únicos sobre sua saúde geral e, mais importante, é um indicador da expectativa de vida. O professor aponta que o estudo atual confirma e expande as observações anteriores relatando uma relação entre o sangue fecal e a mortalidade por todas as causas. O sangue oculto nas fezes também pode lhe dar uma ideia da sua saúde geral, que vai muito além do cólon ou do reto.
Outros motivos para a presença de sangue nas fezes
Pesquisadores descobriram que a idade avançada, os níveis crescentes de privação de sexo em homens, bem como o uso de aspirina e outros medicamentos aumentam o risco de sangramento no trato digestivo. Embora um exame FOBT, que analisa a presença de sangue nas fezes, seja utilizado como preditor de câncer de colorretal, há outros motivos pelos quais você pode ter vestígios de sangue fecal.
Encontrar sangue em suas fezes pode ser assustador, visto que é sinal de problemas sérios de saúde. Mas nem sempre esse é o caso. Na maioria dos casos, trata-se de um sangramento em algum lugar do trato digestido, visto que o tubo que leva da boca ao reto é separado dos outros órgãos internos.
Às vezes, o sangue pode ser vermelho brilhante e aparecer no papel higiênico, mas, quando o sangramento está muito acima no trato digestivo, ele sai marrom e escuro. Possíveis causas incluem:
Doença diverticular — Tratam-se de pequenas bolsas que se projetam da parede do cólon e não costumam causar problemas, mas às vezes sangram ou infeccionam. |
Hemorroidas — Nesse caso, veias inchadas na parte inferior do reto e ânus inflamam. Hemorróidas são uma das causas mais comuns de sangramento retal, já que as veias podem se esticar a ponto de romper e sangrar. Embora isso não costume ser perigoso no período de uma ou duas semanas, é melhor consultar um médico caso dure mais tempo, pois pode se tratar de algo muito mais sério. |
Fissura anal — É um pequeno corte ou rasgo no tecido que reveste o ânus, semelhante em aparência a rachaduras labiais ou a um corte de papel. Fissuras podem surgir com a passagem de fezes grandes e duras. |
Angiodisplasia — Esta é uma condição na qual que seus vasos sanguíneos são frágeis e podem causar sangramento. |
Úlceras pépticas — Úlceras pépticas podem ocorrer no estômago ou na extremidade superior do intestino delgado. Causadas por uma infecção por Helicobacter pylori, elas podem gerar áreas de sangramento aberto. Como esse sangramento ocorre no trato digestivo, o sangue pode aparecer preto nas fezes. O uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios, como aspirina, ibuprofeno ou naproxeno, também pode causar úlceras. |
Pólipos ou câncer — Os pólipos são tumores benignos, que às vezes se tornam cancerosos. Ambos os pólipos e o câncer colorretal podem causar sangramento que não se vê a olho nu. |
Gastroenterite — Uma infecção no estômago que se apresenta com fezes moles, cheias de muco e traços de sangue. Pode resultar de um vírus, bactéria ou intoxicação alimentar e, embora o principal sintoma seja a diarreia, pode também incluir vômito, dor de estômago e desidratação. |
Doença inflamatória intestinal — Suas duas formas principais são a doença de Cron e a colite ulcerativa. Esse problema crônico pode inflamar as paredes intestinais, muitas vezes resultando em diarreia, dor e perda de peso. |
Sintomas e exames do câncer colorretal
É normal que os sintomas do câncer colorretal apareçam só depois que ele cresce ou se espalha. É por isso que fazer um exame antes do qualquer sintoma torna o câncer mais fácil de tratar. Embora haja sintomas que indiquem o câncer colorretal, é preciso alguns exames para fazer o diagnóstico. Os sintomas podem incluir:
- Alteração nos hábitos de evacuação com diarreia, constipação ou afinamento das fezes que dure mais do que alguns dias
- Sangue nas fezes, vermelho brilhante ou preto
- Uma sensação de inchaço que não se alivia ao evacuar
- Cólicas ou dores abdominais
- Fraqueza, fadiga ou perda de peso não intencional
Exames são feitos em pessoas sem sintomas, mas vários testes podem ser feitos naqueles cujos sintomas já se manifestaram. Exames de fezes são menos invasivos e fáceis de fazer. Já os exames visuais, capazes de enxergar a estrutura do cólon e do reto, são feitas utilizando uma pequena câmera que deve passar pela área.
Um teste de DNA de fezes pode ser feito após um FOBT positivo para procurar seções mutantes de DNA provenientes de células cancerosas ou pólipos que são liberadas nas fezes.
Exames visuais procuram áreas anormais no reto e no cólon. Esse tipo de exame exige mais preparo e tem alguns riscos que não ocorrem no exame de fezes comum. Durante uma colonoscopia, todo o comprimento do cólon e reto é visualizado com um colonoscópio, um tubo flexível da largura do seu dedo com uma luz e uma pequena câmera de vídeo na ponta. Uma sigmoidoscopia flexível funciona de uma forma semelhante, mas apenas a extremidade inferior do reto e cólon são visualizados.
Durante uma colonografia por TC ou colonoscopia virtual, uma tomografia computadorizada é usada para tirar várias fotografias enquanto o equipamento gira ao redor do seu corpo. Um software especial permite que seu médico tenha uma visão bidimensional e tridimensional do cólon e pode ser útil para indivíduos que não podem fazer um exame mais invasivo, pois pode ser feito com bastante rapidez e não há necessidade de sedação.
No entanto, apesar de não ser tão invasivo quanto uma colonoscopia, o preparo intestinal ainda é necessário. Em caso de suspeita, uma colonoscopia ainda pode ser usada para confirmação.
Há alguns riscos relacionados a uma colonoscopia. É importante ressaltar que a maioria dos sigmoidoscópios e colonoscopias não são esterilizados de forma adequada, o que pode apresentar sérios riscos.
Estima-se que 80% dos endoscópios são limpos com Cidex (glutaraldeído), que NÃO esteriliza de forma adequada essas ferramentas, permitindo a transferência de material infeccioso de um paciente para outro. Caso precise fazer uma colonoscopia ou sigmoidoscopia flexível, é imperativo entrar em contato com o consultório antes do procedimento para se certificar de que o local limpe o endoscópio com ácido peracético e não com Cidex.
Exames de sangue costumam ser usados para ajudar a monitorar ou diagnosticar o câncer. Um hemograma completo mostrará se você tem anemia, o que é comum em pessoas que estão sangrando há muito tempo. As enzimas hepáticas podem ser examinadas, pois a disseminação para o fígado é comum no câncer colorretal.
Você pode fazer um exame de sangue que procure marcadores de câncer, pois eles sugerem um possível câncer colorretal, mas não são usados apenas para rastreamento ou diagnóstico. Os marcadores tumorais são mais utilizados para monitorar o tratamento ou como um alerta precoce para a recorrência do câncer colorretal.
Proteja-se contra o câncer colorretal
De acordo com um estudo publicado na Pharmaceutical Research, apenas 5 a 10 por cento dos cânceres são causados por problemas genéticos e o restante está relacionado a fatores ambientais e de estilo de vida. Isso significa que, embora o câncer colorretal seja a principal causa de mortes por câncer nos Estados Unidos, ele pode ser prevenido.
Pesquisadores estimam que quase 35 por cento de todas as mortes relacionadas ao câncer podem se devem a uma dieta ruim, outros 30 por cento ao uso do tabaco, 20 por cento à infecção e o restante a outros fatores ambientais, incluindo exposição à radiação, estresse, níveis de atividade física e poluição ambiental.
Eu acrescentaria que a disfunção mitocondrial está no cerne de todos os cânceres, o que muitas vezes é mencionado como teoria metabólica do câncer, todos esses fatores ambientais e de estilo de vida afetam sua função mitocondrial. Segundo o American Institute for Cancer Research, um terço dos casos mais comuns de câncer nos Estados Unidos poderiam ser prevenidos através de uma dieta saudável, atividade física e controle de peso.
A porcentagem de cânceres colorretais que podem ser evitados com o uso desses fatores de estilo de vida aumenta para 50%.
Mesmo após o tratamento para câncer de cólon, as mutações genéticas podem sobreviver nas células-tronco e reaparecer para desencadear uma recaída. Em estudos iniciais, os pesquisadores encontraram baixos níveis de ácido retinoico (um metabólito do retinol ou vitamina A) em ratos com câncer de cólon. Quando administradas doses extras, a progressão da doença diminuiu. Um estudo da Suíça descobriu que uma proteína no intestino, identificada como HOXA5, tem um papel importante na restrição do número de células-tronco e das células que as produzem.
As células-tronco do câncer de cólon usam um mecanismo biológico para bloquear a HOXA5. Os pesquisadores descobriram que os retinoides, compostos relacionados à vitamina A, podem reativar a proteína, retardando assim a progressão do câncer de cólon. Muitos acreditam que consumir cenoura e batata-doce aumenta os níveis de vitamina A. No entanto, há dois tipos diferentes, retinóides biodisponíveis de animais e carotenoides encontrados em vegetais.
Você pode diminuir o risco de câncer de cólon tomando chá de graviola. Um estudo publicado em 2015 afirma que a anomurucina E, uma substância encontrada nas folhas da graviola, pode ajudar a diminuir o risco de câncer de cólon.
Apenas a versão retinoide é absorvível; o corpo converte carotenoides vegetais em retinoides. Alguns fatores podem impedir esse processo, como álcool, certos alimentos e medicamentos, dieta com baixo teor de gordura e condições médicas que impedem a absorção de gordura. Suas melhores fontes de vitamina A saudável são ovos, leite integral, manteiga e queijos orgânicos.