O excesso de gordura corporal pode envelhecer o cérebro mais rápido do que os músculos

Fatos verificados
gordura e saúde do cérebro

Resumo da matéria -

  • Cada vez mais pesquisas demonstram que manter níveis saudáveis de gordura corporal e aumentar a massa muscular tem um efeito sobre sua saúde cerebral e pode retardar sua taxa de envelhecimento cognitivo
  • Pessoas com maiores quantidades de gordura abdominal apresentam uma queda na inteligência fluida com a idade, enquanto aquelas com maior massa muscular parecem ter uma maior proteção contra esse efeito
  •  Mulheres com mais massa muscular demonstraram uma tendência a ter melhores pontuações de inteligência fluida durante o período de estudo
  • Pesquisas anteriores associaram a obesidade de meia-idade com um risco maior de comprometimento cognitivo leve, mudanças na memória recente, função executiva e demência
  • Além de exercício regular para o aumento da massa muscular, fazer uma dieta cetogênica para manter um peso corporal saudável e evitar a obesidade pode auxiliar a saúde cerebral à medida que você envelhece

Por Dr. Mercola

Manter-se em forma à medida que se envelhece é muito mais do que estética. Cada vez mais pesquisas mostram que manter níveis saudáveis de gordura corporal e maior massa muscular tem um efeito sobre sua saúde cerebral, até mesmo na sua taxa de envelhecimento cognitivo. Sabe-se , por exemplo, que ser obeso na meia-idade e no início da velhice está associado a um pior envelhecimento cognitivo.

Além disso, a quantidade de músculo e gordura que você tem pode ser um fator mais importante na forma que seu nível de inteligência fluida diminui ao longo do tempo do que em sua idade cronológica. A idade cronológica, que é calculada em anos, é apenas uma medida numérica, mas a idade real é a idade biológica, que se altera de acordo com suas escolhas e hábitos, bem como fatores de risco modificáveis, incluindo a proporção entre gordura e massa muscular no corpo.

Embora muitas pessoas tendam a engordar e perder massa muscular à medida que envelhecem, isso pode ser em grande parte combatido com exercícios, alimentação e escolhas de estilo de vida que influenciarão sua função cognitiva de forma significativa.

Mais músculos, menos danos causados ao cérebro pela gordura

Em um estudo realizado por pesquisadores do Estado de Lowa, 4.431 adultos foram examinados para comparar níveis de massa magra, gordura abdominal e gordura subcutânea com mudanças na inteligência fluida, a capacidade de resolver problemas em novas situações, durante um período de seis anos.

Aqueles com maiores quantidades de gordura abdominal apresentaram pior inteligência fluida com o passar dos anos, enquanto aqueles com maior massa muscular foram mais protegidos contra esses declínios. De fato, mulheres com maior massa muscular demonstraram uma tendência a ter melhores pontuações em inteligência fluida durante o período de estudo.

O coautor do estudo Auriel Willette, professor assistente de ciência de alimentos e nutrição humana na Universidade Estadual de Iowa, disse em um comunicado à imprensa: “A idade cronológica não parece ser um fator na diminuição da inteligência fluida que ocorre com o passar dos anos. A culpada parece ser a idade biológica, que aqui é afetada pela proporção entre gordura e massa muscular no corpo.”

Além do mais, o estudo revelou uma ligação entre o sistema imunológico e a forma como as mudanças dos níveis de gordura afetam a cognição. Pesquisas anteriores sugerem que um maior índice de massa corporal (IMC) leva a uma maior atividade do sistema imunológico no sangue, que, por sua vez, ativa o sistema imunológico no cérebro, com um resultado negativo na função cognitiva.

O estudo apresentado também descobriu que mudanças nos glóbulos brancos chamados linfócitos e eosinófilos explicam a ligação entre gordura abdominal e a piora da inteligência fluida nas mulheres. Nos homens, basófilos, outro tipo de glóbulo branco, foram associados a cerca de metade da ligação entre os níveis de gordura e inteligência fluida, descobriu o estudo.

“Linfócitos, eosinófilos e basófilos podem ligar a adiposidade aos resultados cognitivos”, explicam os pesquisadores. Pesquisas semelhantes revelaram que indivíduos com sobrepeso e obesos apresentam maior atrofia cerebral na meia idade, correspondendo a um acréscimo na idade cerebral de 10 anos.

Como a obesidade afeta seu cérebro

A obesidade tem múltiplos efeitos no cérebro, incluindo em sua anatomia. Indivíduos obesos podem ter uma redução na massa cinzenta em regiões cerebrais, como o hipocampo, córtex pré-frontal e outras regiões subcorticais. A atrofia no hipocampo, por sua vez, tem sido relacionada ao mal de Alzheimer.

A massa cinzenta é a camada externa do cérebro, associada a funções cerebrais de alto nível, como resolução de problemas, linguagem, memória, personalidade, planejamento e julgamento. Mesmo em pessoas idosas que, por outro lado, são normais do ponto de vista cognitivo, a obesidade está associada a déficits mensuráveis no volume cerebral nos lobos frontais, giro cingulado anterior, hipocampo e tálamo em comparação com indivíduos com peso normal.

Uma pesquisa publicada na Radiology também descobriu que a obesidade pode levar a alterações na estrutura do cérebro, atrofiando certas regiões. Entre os homens, um maior percentual de gordura corporal total foi associado a um menor volume de massa cinzenta no cérebro. Percentuais de gordura corporal total 5,5% maiores foram associados a uma redução de 3.162 mm3 no volume de massa cinzenta.

Entre os homens, 5,5% a mais de gordura corporal total também foi associado a um volume do globo pálido 27 mm³ menor, associação também vista em mulheres. Nas mulheres, o percentual de gordura corporal total 6,6% maior foi associado a um volume 11,2 mm³ menor do globo pálido.

O globo pálido é uma região do cérebro que desempenha um papel no suporte de uma série de funções, incluindo motivação, cognição e ação. A obesidade também foi associada a mudanças na microestrutura da massa branca, que podem estar relacionadas à função cognitiva.

Do ponto de vista cognitivo, tem também uma forte ligação entre a obesidade e a deterioração da função cognitiva, bem como outros distúrbios cerebrais, como demência, ansiedade e depressão. Além disso, pesquisas anteriores relacionaram a obesidade na meia-idade com um risco aumentado de comprometimento cognitivo leve, mudanças na memória de curto prazo, função executiva e demência.

Problemas de saúde associados à obesidade também prejudicam seu cérebro

Os efeitos da obesidade na saúde do cérebro também são relacionados aos seus problemas de saúde associados, incluindo doenças cardíacas, diabetes e aterosclerose, cada um dos quais pode ter seus próprios efeitos deletérios em seu cérebro. Por exemplo, conforme observado em Frontiers in Neuroscience:

“Problemas vasculares derivados da obesidade, como aterosclerose e aterosclerose, que são doenças sistêmicas, são conhecidos por afetar o fluxo sanguíneo constante dos vasos que alimentam o cérebro, contribuindo assim para o comprometimento cognitivo ou até mesmo derrame, onde grandes áreas do cérebro morrem devido à interrupção do fluxo sanguíneo de uma importante artéria cerebral causada por um coágulo de sangue.”

Em termos de diabetes, do qual a obesidade é um fator de risco importante, ter essa condição na meia-idade está associado a um declínio cognitivo 19% maior em 20 anos em comparação com não ter a doença. Mesmo aqueles com pré-diabetes tiveram declínio cognitivo muito maior do que aqueles que não têm a doença.

De fato, “estudos epidemiológicos relacionaram o diabetes tipo 2 com comprometimento cognitivo e demência, com resistência à insulina e hiperglicemia como prováveis ​​ligações mecanísticas”, observaram os pesquisadores.

Completando o círculo, fazer uma alimentação não saudável, de alimentos processados, não só aumenta o risco de obesidade, mas também pode causar níveis normais, mas elevados de açúcar no sangue que, por sua vez, podem levar a um metabolismo da glicose prejudicado e diabetes tipo 2. Tanto o diabetes quanto os níveis mais altos de glicose em jejum estão associados a um menor volume cerebral total.

O metabolismo prejudicado da glicose é, então, associado à neurodegeneração, capaz de prejudicar a função cognitiva. Essa conexão começa não só na velhice, mas muito antes, de modo que seguir um estilo de vida saudável na idade adulta pode ser uma proteção contra o declínio cognitivo posterior.

A conexão com a inflamação

A obesidade pode provocar inflamação crônica no corpo, e a inflamação crônica no cérebro (neuroinflamação) é conhecida por prejudicar a neurogênese, a capacidade do cérebro de se adaptar e desenvolver novas células cerebrais. Ela também está ligada a doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer, e tem sido sugerido que "a obesidade pode servir como um amplificador ou iniciador da inflamação crônica observada em pacientes com".

Além disso, níveis mais elevados de marcadores inflamatórios também foram associados com um menor volume do cérebro, incluindo "atrofia maior do que a esperada para a idade". O excesso de gordura corporal, sobretudo a visceral, também está relacionado à liberação de proteínas e hormônios que podem causar inflamação, que por sua vez podem danificar as artérias e entrar no fígado, afetando a forma como o corpo decompõe os açúcares e as gorduras.

De acordo com um estudo no Annals of Neurology, "hormônios derivados do tecido adiposo, como adiponectina, leptina, resistina ou grelina, também podem desempenhar um papel na relação entre o tecido adiposo e a atrofia cerebral." Além disso, a obesidade também pode estar associada a um menor volume nas regiões do cérebro que regulam os circuitos de recompensa alimentar, o que pode influenciar a alimentação excessiva.

Treinos de força fazem bem para o cérebro

Enquanto a obesidade afeta seu cérebro, o aumento da massa muscular o protege, o que pode ser um dos motivos pelos quais o treino de força foi considerado benéfico para o cérebro. Em outras palavras, a força física do seu corpo pode servir como um marcador do poder do seu cérebro.

Na verdade, o treino de força é conhecido por desencadear processos neurobiológicos benéficos, levando a mudanças cerebrais funcionais positivas, inclusive no lobo frontal, com melhorias correspondentes nas funções executivas. Uma revisão sistemática descobriu que o treino de força levou a menos atrofia da massa branca do cérebro, ao que os pesquisadores observaram:

"Durante os processos de envelhecimento, ocorre um declínio substancial na força muscular, sobretudo nos músculos dos membros inferiores, e o acúmulo de evidências sugere que a diminuição da força muscular está ligada a um pior desempenho cognitivo.

Portanto, exercícios de resistência (força, uma única sessão de exercício de resistência, também conhecido como exercício agudo) e o treino de resistência (força, mais de uma sessão de exercício de resistência, também conhecido como exercício crônico...) parecem ser atividades promissoras para garantir a preservação do funcionamento físico e funções cognitivas com o envelhecimento.”

O treino regular de força, além de outras formas de exercício e atividade diária, é uma estratégia importante para manter o cérebro afiado e pode ajudar a compensar parte do declínio cognitivo que ocorre com a idade.

Evite a obesidade e proteja seu cérebro Com uma dieta cetogênica

Embora a obesidade possa acelerar a neurodegeneração, exercícios regulares para aumentar sua massa muscular podem oferecer um efeito protetor contra esse fenômeno. Além disso, a ingestão de uma dieta cetogênica ajudará a proteger o cérebro dos danos causados por radicais livres e fornecerá às células o combustível preferido, ao mesmo tempo que o ajuda a perder peso e evitar a obesidade.

A dieta cetogênica é rica em gorduras boas e pobre em carboidratos líquidos (carboidratos totais menos as fibras) e faz com que seu corpo queime as gorduras primeiro, em vez do açúcar. Isso produz cetonas, que além de serem queimadas de forma eficiente, também são ótimos combustíveis para o cérebro. As cetonas também produzem menos espécies reativas do oxigênio (ERO) e causam menos danos por radicais livres.

Uma das estratégias simples que você pode implementar é tomar precursores de cetonas como óleos MCT refinados de ácido caprílico (C-8). As gorduras de carbono de oito cadeias são convertidas em cetonas.

Eu uso até 147 ml de Ketone Energy. Quando limitei minha ingestão de proteínas e carboidratos, precisei de uma fonte de gordura saudável e limpa. Isso mantém meu nível de cetona em torno de 1 a 2,0 mmol/l. Tenha em mente que você precisa acumular uma alta dose de óleo de MCT em um ritmo lento ou terá problemas com fezes moles.

Estudos recentes também demonstraram os benefícios da cetose nutricional para a saúde do cérebro. Em um deles, os pesquisadores descobriram que uma dieta cetogênica melhorou a função neurovascular, em parte melhorando o microbioma intestinal.

Em um estudo, os pesquisadores concluíram que a dieta cetogênica agiu como uma verdadeira "fonte da juventude", melhorando bastante as funções metabólicas e neurovasculares em roedores de laboratório, se comparados aqueles que consomem dietas não restritivas, e as funções neurovasculares e a integridade são muito importantes para determinar a sua capacidade cognitiva. A liberação de cetonas na corrente sanguínea ajuda a preservar a função cerebral e protege contra comprometimento cognitivo e outras doenças neurodegenerativas.

O KetoFasting, o programa que desenvolvi e detalho em meu livro, "KetoFast: A Step-By-Step Guide to Timing Your Ketogenic Meals", combina uma dieta cetogênica cíclica e jejum intermitente com jejum parcial cíclico para otimizar a saúde e a longevidade.

Além de ajudar a perder peso, o jejum cetogênico melhora suas funções cognitivas, graças à limpeza e regeneração biológica que causa no seu corpo, incluindo o cérebro.