Redução de 50% da fertilidade, causado por esses produtos químicos domésticos

Fatos verificados
declínio da taxa de fertilidade

Resumo da matéria -

  • A fertilidade masculina está em declínio há alguns anos, com uma redução global de 50% na qualidade do esperma, observada entre 1938 a 2011
  • Uma queda semelhante na qualidade do esperma foi observado em cães que vivem em lares humanos, com a motilidade dos espermatozoides diminuindo em 30% ao longo de um período de 26 anos
  • Os declínios correspondentes sugerem que algo no meio ambiente e em nossas casas podem estar causando a queda na fertilidade entre os cães e as pessoas
  • Em pesquisas separadas, a capacidade de se mover dos espermatozoides e a fragmentação do DNA, foram influenciadas pela exposição a aparelhos como celular, com o grupo de pessoas que utilizaram celulares apresentando um declínio capacidade do esperma se locomover e um aumento na fragmentação do DNA

Por Dr. Mercola

A fertilidade masculina está em declínio há alguns anos, com uma redução global de 50% na qualidade do esperma, observada entre 1938 a 2011. Um declínio semelhante na qualidade do esperma foi observado em cães que vivem em lares humanos, com a capacidade de locomoção do esperma diminuindo em 30%, por um período de 26 anos.

Os declínios correspondentes sugerem que algo no meio ambiente e em nossas casas, podem estar causando a queda na fertilidade entre os cães e as pessoas. Em um estudo com cães, os pesquisadores associaram produtos químicos presentes no ambiente com problemas relacionados ao esperma que podem ser responsáveis pela queda da qualidade dos espermatozoides dos humanos, uma tese apoiada por um estudo publicado na Scientific Reports.

As descobertas apresentam um provável fator que pode estar levando à redução da fertilidade, mas não é o único — há outras razões pelas quais a fertilidade continua a diminuir também — Uma delas pode ser a influência generalizada dos campos eletromagnéticos (CEM).

Produtos químicos ambientais ligados a declínios de fertilidade em cães e em pessoas

Pesquisadores da Universidade de Nottingham usaram esperma de 11 homens e 9 cães da mesma região do Reino Unido. Eles expuseram os espermatozoides a dois tipos de produtos químicos presentes no ambiente: dietilhexil ftalato (DEHP) e bifenil policlorado 153 (PCB153).

O resultado foi a redução da mobilidade do esperma e a fragmentação do DNA. A autora do estudo, Rebecca Sumner, bióloga do desenvolvimento da Universidade de Nottingham, disse em um comunicado à imprensa:

“Nós sabemos que quando a locomoção do esperma humano é fraca, a fragmentação do DNA aumenta e que a infertilidade masculina está ligada a níveis aumentados de danos ao DNA no esperma. Agora acreditamos que isso ocorre da mesma forma em cães de estimação, pois eles vivem no mesmo ambiente doméstico e estão expostos aos mesmos contaminantes químicos.

Isso significa que os cães podem ser um exemplo perfeito para pesquisas futuras sobre os efeitos dos poluentes no declínio da fertilidade, sobretudo no porque as influências externas, como a dieta, são mais controladas de maneiras mais fáceis do que em humanos."

Os pesquisadores acreditam que os cães podem agir como "sentinelas" que chamam atenção para a queda da fertilidade humana e que os culpados são os produtos químicos, muitas vezes visto em lares e ambientes de trabalho. Um estudo anterior detectou esses produtos químicos no esperma e nos alimentos de cães.

Ftalatos e PCBs prejudicando a fertilidade masculina

DEHP é um produto químico industrial usado em plásticos do tipo vinil, com o objetivo de torná-los macios e flexíveis. O PVC não plastificado é duro e quebradiço, então o polímero DEHP é adicionado para amolecê-lo. Você pode ser exposto ao DEHP através do ar, água, alimentos, fluidos intravenosos ou contato da pele com plásticos contendo esse produto.

Os ftalatos e outras substâncias químicas desreguladoras do sistema endócrino, como o bisfenol-A, são mimetizadores de estrogênio e quando os fetos masculinos são superexpostos no útero, altera de maneira permanente seu sistema reprodutivo, tornando-os menos masculinos e mais femininos. Em adultos, quanto mais ftalatos um homem possui em seu sistema, menor será seu nível de testosterona e menor será seu número de espermatozoides.

Os PCBs, antes conhecido por sua capacidade de prevenir incêndios elétricos, desde então se tornaram conhecidos como um dos produtos químicos mais tóxicos e poluentes já criados. Os PCBs também foram associados à fertilidade, danos reprodutivos e endócrinos, com efeitos neurológicos, incluindo danos ao aprendizado e à memória.

Os componentes químicos foram usados ​​em muitos outros produtos manufaturados, como equipamentos elétricos, plásticos, pisos e produtos industriais, embora tenham sido proibidos em 1979, eles persistem no meio ambiente até hoje. Outros produtos químicos ambientais também foram associados a declínios na fertilidade, incluindo desreguladores endócrinos etinilestradiol, um hormônio sexual sintético encontrado em pílulas anticoncepcionais.

Quando ratos de gênero masculinos foram expostos à substância química, causou problemas de desenvolvimento no trato reprodutivo, reduzindo assim o número de espermatozoides. Embora os homens não utilizem pílulas anticoncepcionais, eles estão expostos a elas através de água contaminada e outras fontes.

Os homens também estão expostos a uma série de outros desreguladores endócrinos em suas vidas diárias, por causa uso contínuo de desreguladores endócrinos em plásticos, produtos de higiene pessoal e herbicidas como o glifosato.

CEMs podem estar envolvidos no declínio da fertilidade

Os pesquisadores focaram nos produtos químicos ambientais como a principal causa do declínio da fertilidade, porém pode haver uma causa ainda mais prejudicial — CEM. Assim como os produtos químicos ambientais, a exposição a CEMs (campos eletro magnéticos) é generalizada, podendo afetar humanos e cães, assim como os produtos químicos.

Na verdade, acredito que esse seja o fator mais significativo para a diminuição observada na contagem de espermatozoides masculinos. Martin Pall, Ph.D., descobriu um mecanismo até então desconhecido de dano biológico provocado por ondas eletro magnéticas emitidas por dispositivos como celulares e outras tecnologias sem fio, através de canais de cálcio controlados por voltagem (VGCCs) embutidos em suas membranas celulares.

Os VGCCs são ativados por ondas eletromagnéticas, quando isso acontece, cerca de 1 milhão de íons de cálcio por segundo são liberados. Esse grande excesso de cálcio intracelular estimula a liberação de óxido nítrico (NO) na célula e na mitocôndria, que combina com o superóxido, formando peroxinitrito.

Os peroxinitritos não apenas causam danos oxidativos, mas também criam radicais livres de hidroxila — os radicais livres mais destrutivos já encontrados. Os radicais livres da hidroxila destroem o DNA mitocondrial e nuclear, além de suas membranas e proteínas, resultando em disfunção mitocondrial.

Durante uma apresentação de 2013 feita por especialistas em saúde infantil sobre exposições a celulares e Wi-Fi, observou-se: "A barreira testicular, que protege os espermatozoides, é o mais sensível dos tecidos do corpo... Além da contagem e função dos espermatozoides, o DNA mitocondrial dos espermatozoides são danificados três vezes mais, caso seja exposto à radiação do celular."

A exposição à radiação do celular, diminui a qualidade do esperma

Escrevendo na Clinical and Experimental Reproductive Medicine, os pesquisadores notaram que muitos estudos realizados em seres vivos, revelaram que a exposição aos CEM pode alterar a função reprodutiva, incluindo a locomoção dos espermatozoides, com efeitos variando conforme a frequência, duração da exposição e força dos CEM.

“Os humanos na sociedade moderna não podem evitar vários tipos de CEM durante as atividades domésticas e ocupacionais, mas devem estar cientes do perigo biológico do mesmo. O esforço para evitar a exposição a campos eletromagnéticos e técnicas para proteger ou aliviar a radiação do mesmo, são necessários para preservar nosso potencial reprodutivo", disseram eles.

Em um estudo separado, os pesquisadores coletaram amostras de esperma de 32 homens e os dividiram pela metade. Ambos os grupos foram colocados em um termostato por 5 horas, porém um dos grupos tinha um celular em modo de espera, no qual era possível falar por ele.

A capacidade dos espermatozoides se locomoverem e a fragmentação do DNA foram influenciadas pela exposição ao celular, com o grupo das pessoas utilizando celulares apresentando uma diminuição da capacidade do esperma se locomover e um aumento da fragmentação do DNA.

Uma revisão sistemática e meta-análise também analisaram o impacto da radiação eletromagnética de baixo nível — o tipo emitido por telefones celulares — na qualidade do esperma, tanto no laboratório quanto entre pacientes do sexo masculino em clínicas de fertilidade. A análise de 10 desses estudos mostrou que a exposição a CEM de telefones celulares reduziu a locomoção do esperma em 8% e sua qualidade em 9%.

Dicas para proteger sua fertilidade

Proteger sua fertilidade é complicado, porém, levar um estilo de vida saudável, enquanto reduz suas exposições tóxicas. Tudo, desde antidepressivos e sedentarismo até suas escolhas alimentares, pode afetar sua fertilidade. Dietas contendo excesso de açúcar e outros carboidratos levam os homens (e mulheres) a ficarem cada vez mais acima do peso, o que também provoca a diminuição do número de espermatozoides. No entanto, é de extrema importância tentar reduzir sua exposição a CEM, com as seguintes dicas:

Conecte seu computador à internet através de uma conexão física com cabos Ethernet e lembre-se de deixar seu computador em modo avião, se possível. Também evite acessórios sem fio como teclado, mouse, acessórios para jogos, impressoras e telefones residenciais sem fio. Opte pelas opções com fio.

Se você precisa usar o Wi-Fi, desligue quando não estiver usando, ainda mais durante a noite, quando estiver dormindo. É melhor trabalhar a fiação de sua casa, de modo que possa desligar o Wi-Fi a qualquer momento. Se o seu notebook não tem nenhuma entrada de Ethernet, um adaptador USB permitirá a conexão à internet sem necessitar de um cabo.

Desligue as fontes de eletricidade do seu quarto durante a noite. Isso geralmente funciona para reduzir os campos elétricos provenientes dos fios nas paredes, a menos que exista alguma área adjacente ao lado do seu quarto. Se esse for o caso, será preciso usar um medidor para determinar se você também precisa desligar a eletricidade no cômodo adjacente.

Use um despertador que funcione com pilhas ou baterias, que se possível, não emita nenhuma luz. Eu utilizo um relógio que pressiono apenas um botão para ver a hora, evitando luzes durante a noite.

Se você ainda usa micro-ondas, considere a possibilidade de substituí-lo por um forno de convecção, que aquece suas refeições tão rápido quanto o micro-ondas, mas de maneira mais segura. Depois dos queimadores de fogão de indução, os fornos de micro-ondas são de certo modo os maiores produtores de CEM em sua casa.

Evite usar eletrodomésticos e termostatos "inteligentes" que dependem de sinais sem fio. Isso inclui todas as novas "smart" TVs. Eles são chamados de inteligentes, pois emitem um sinal Wi-Fi e ao contrário do seu computador, você não consegue desligar o sinal Wi-F Em vez disso, considere usar um monitor de computador grande como sua TV, já que eles não emitem sinais de Wi-Fi.

Recuse medidores inteligentes sempre que possível, ou adicione blindagem aos que já existem, algumas delas são comprovadas em reduzir a radiação de 98 a 99%.

Considere a possibilidade de colocar o berço do bebê no seu quarto, em vez de usar uma babá eletrônica sem fio. Em qualquer caso, evite qualquer monitor de bebê sem fio. Existem algumas opções com fio disponíveis.

Substitua as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas incandescentes. O ideal seria remover todas as luzes fluorescentes da sua casa. Elas não apenas emitem uma luz não saudável, mas também, e mais importante, elas de fato transferem corrente elétrica para o seu corpo se você estiver perto das lâmpadas.

Evite carregar o celular junto ao seu corpo se ele não estiver em "modo avião" e nunca durma com ele em sua cama, a menos que ele esteja em modo avião. Mesmo em "modo avião" o celular ainda pode emitir sinais, motivo pelo qual eu coloco o meu numa "gaiola de Faraday".

Ao falar no celular, use o viva-voz e mantenha o aparelho a pelo menos 90 cm de distância. Tente reduzir o máximo possível, o tempo que você passa no celular. Eu devo estar abaixo de 30 minutos por mês no meu celular, sobretudo quando estou viajando. Em vez disso, use um telefone VoIP (Voice over IP) enquanto estiver conectado à internet através de uma conexão física via cabos.

Quanto à redução da exposição a ftalatos tóxicos e outros produtos químicos desreguladores endócrinos, que podem diminuir a qualidade do esperma, você pode fazer isso através de:

Evitar recipientes e embalagens de plástico para alimentos e produtos de higiene pessoal. Em vez disso, armazene alimentos e bebidas em recipientes de vidro.

Evitar brinquedos de plástico. Use brinquedos feitos de substâncias naturais, como madeira e materiais orgânicos.

Leia os rótulos de seus cosméticos e evite aqueles que contenham ftalatos.

Evite produtos rotulados com "fragrância", incluindo purificadores de ar, pois esse termo abrangente pode incluir ftalatos usados para estabilizar fragrâncias e estender a vida útil do produto. Evite purificadores de ar.

Use produtos de higiene pessoal armazenados em recipientes de vidro.

Leia os rótulos à procura de produtos sem PVC, incluindo lancheiras infantis, mochilas e recipientes de armazenamento.

Não leve ao micro-ondas alimentos em recipientes de plástico ou cobertos com filme plástico.

Aspire e tire o pó com frequência de salas com cortinas de vinil, papel de parede, piso e móveis que possam conter ftalatos, pois a substância se acumula na poeira e é ingerida com facilidade por crianças.

Pergunte na sua farmácia de manipulação se os seus comprimidos são revestidos, visto que o revestimento pode conter ftalatos.

Consuma alimentos frescos. A embalagem costuma ser uma fonte de ftalatos.

Compre produtos em garrafas de vidro, evitando as de plástico ou latas e use mamadeiras de vidro em vez de usar as de plástico. Amamente no peite durante o primeiro ano do bebê e se puder, evite chupetas e mamadeiras de plástico.

Retire as frutas e vegetais dos sacos plásticos de forma imediata, após retornar do supermercado e lave-os antes de guardá-los.

Os recibos da caixa registradora costumam conter BPA. Manuseie o recibo o mínimo possível e peça que os estabelecimentos mudem para recibos sem BPA.

Use produtos de limpeza naturais ou caseiros.

Troque produtos de higiene feminina por alternativas mais seguras.

Evite amaciantes de roupas ou faça o seu próprio produto para reduzir a aderência estática.

Verifique se há contaminantes na água da torneira da sua casa e sempre filtre a água.

Ensine seus filhos a não tomar água da mangueira de jardim, pois muitas contêm plásticos com ftalatos.