Por Dr. Mercola
De acordo com um estudo feito pela AARP, 93% das pessoas se preocupam com a saúde cerebral, mas poucas entendem as estratégias naturais que podem ser empregadas para melhorá-la. Ao contrário do que diz a crença popular, a função cerebral e o desempenho cognitivo não precisam diminuir com a idade.
Há várias coisas que você pode fazer para influenciar sua memória e as funções de processamento e execução, entre muitas outras. Mesmo que você já esteja nos "anos de ouro", algumas mudanças simples podem mudar a saúde do seu cérebro para melhor. Antigamente, acreditava-se que os neurônios eram gerados apenas no início da vida.
Hoje, os cientistas sabem que a neurogênese (a geração de novos neurônios) continua durante a vida adulta. Ainda não se sabe o que exatamente influencia a taxa de geração de novos neurônios, pois há outros fatores que desempenham um papel na saúde cerebral.
Pesquisas recentes, por exemplo, descobriram o dano que o consumo de óleo de canola desencadeia no cérebro e os efeitos que pode ter na memória e na capacidade de aprendizado. O estudo, publicado no periódico Nature, também descobriu que o consumo do óleo de canola aumenta o ganho de peso.
O óleo de canola afeta negativamente a saúde cerebral e o controle do peso
O estudo foi conduzido pelo pesquisador Dr. Domenico Praticò, da Faculdade de Medicina Lewis Katz na Filadélfia, EUA. Praticò disse ao Los Angeles Times que a percepção de que o óleo de canola é saudável tem ampla aceitação, mas está errada:
"O óleo de canola tem uma boa receptividade [no exterior] por ser mais barato do que outros óleos vegetais, além de ser vendido como uma opção saudável. Pouquíssimos estudos, no entanto, confirmaram essa afirmação, especialmente no que diz respeito ao cérebro."
Pesquisadores usaram um modelo animal para avaliar os efeitos do óleo de canola no cérebro de ratos geneticamente condicionados a desenvolver a Doença de Alzheimer. O óleo de canola conquistou sua reputação como opção saudável quando os médicos começaram a alertar a população para que diminuíssem a ingestão de gorduras saturadas, aconselhando a substituição pelos óleos vegetais.
O óleo de canola tem a menor porcentagem de gordura saturada entre todos os óleos vegetais comumente usados, e apesar de ser relativamente caro, trata-se de um dos óleos que mais causam dano à saúde.
O produto é frequentemente usado em lares e restaurantes em assados, frituras, salteados e outros métodos de cocção por conta da crença geral dos consumidores de que ele é melhor do que as gorduras saturadas. Os ratos foram divididos em dois grupos: um deles recebeu a alimentação normal, enquanto o segundo grupo recebeu uma dieta com o equivalente ao consumo humano de duas colheres de chá de óleo de canola por dia.
Ao fim de seis meses de experimento, os pesquisadores observaram que os ratos que consumiram o óleo de canola estavam consideravelmente mais pesados do que os animais do outro grupo. Além disso, os ratos alimentados com óleo de canola demonstraram uma queda significativa de memória de trabalho, incluindo a diminuição do nível da proteína-94 de densidade pós-sináptica, um marcador da integridade sináptica. Os cientistas descobriram que o óleo de canola tem um efeito negativo para a saúde.
O cérebro precisa de gorduras saudáveis
Os mesmos pesquisadores utilizaram um modelo semelhante para avaliar os efeitos do azeite de oliva na função cerebral de ratos. No estudo, nenhum dos grupos ganhou mais peso do que o outro. Além disso, o grupo alimentado com o azeite extra-virgem exibiu um desempenho consideravelmente melhor em testes que avaliaram a memória de trabalho, a memória espacial e a capacidade de aprendizado.
O tecido cerebral dos ratos geneticamente modificados para desenvolver a doença de Alzheimer durante o envelhecimento, assim como os ratos no estudo anteriormente mencionado, também mostrou diferenças drásticas. Os ratos alimentados com azeite de oliva demonstraram uma preservação de sua integridade sináptica e um aumento da autofagia das células nervosas, responsável pela redução das placas amiloides, comumente presentes no cérebro de pessoas com a doença de Alzheimer.
As gorduras saudáveis são um componente essencial da estrutura do cérebro, que é composto por 60% de gordura. Assim, não é de se surpreender que o cérebro precise de gorduras de qualidade para otimizar seu funcionamento.
Embora o cérebro tenha pouca representação no peso corporal total, ele utiliza 20% de sua energia metabólica. Os ácidos graxos essenciais são necessários, mas não são sintetizados pelo corpo, por isso, devem ser adquiridos através de fontes alimentares.
A maioria das pessoas consome uma quantidade muito superior à necessária de ômega-6, encontrado na maioria dos óleos vegetais. Por outro lado, a população ainda carece de ômega-3. Uma gordura do ômega-3, o DHA, foi atribuído ao crescimento da retina e do córtex visual durante o desenvolvimento, à acuidade visual e à redução da depressão.
Pesquisas descobriram que pessoas que sofrem de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) têm níveis mais baixos de DHA, que pode ter um papel importante na proteção neural.
Ao contrário das gorduras altamente nocivas dos óleos vegetais, as gorduras saturadas são um combustível "limpo" e ideal para o cérebro, sendo um dos principais componentes da células cerebrais. Assim, elas são excelentes para a saúde cerebral. Um estudo demonstrou que pessoas que consomem mais gorduras saturadas reduzem o risco de desenvolverem demência, enquanto aqueles que favorecem o consumo de carboidratos apresentaram um aumento considerável no risco de desenvolver a mesma condição.
Para garantir uma função cerebral ideal, você precisa consumir ômega-3 e ômega-6 não danificados e de alta qualidade, além de antioxidantes para protegê-los da oxidação —não óleos vegetais processados, como o óleo de canola. Resumindo, óleos vegetais processados fazem mal para a saúde cerebral por vários motivos, incluindo os seguintes:
- São repletos de ácidos graxos ômega-6 danificados e sem antioxidantes que os protejam.
- Privam o fígado da glutationa, que produz enzimas antioxidantes, reduzindo ainda mais suas defesas antioxidantes.
- A maioria dos óleos vegetais é feita de plantas geneticamente modificadas para resistir a herbicidas como o glifosato. Isso quer dizer que essas plantas podem sofrer maior contaminação por glifosato do que aquelas que não foram geneticamente modificadas. Já foi comprovado que glifosato perturba as junções de oclusão do intestino e aumenta a penetração de invasores, especialmente proteínas aquecidas, que podem causar alergias.
A difamação das gorduras saudáveis tem contribuído para o aumento da incidência de doenças
A difamação das gorduras saudáveis nas últimas décadas contribuiu para um aumento na incidência de doenças. Embora as gorduras saudáveis sejam usadas como combustível e ofereçam sensação de saciedade, muitos preferiram os carboidratos quando o consumo das gorduras começou a ser desencorajado. Os carboidratos são metabolizados e queimados rapidamente, usando a insulina para inserir glicose nas células.
Com o tempo, os carboidratos desencadeiam uma resistência à insulina e aumentam o potencial de queda dos níveis de açúcar no sangue duas ou três horas após uma refeição, deixando as pessoas com fome novamente e aumentando a ingestão de alimentos.
Esse mecanismo aumenta o risco de obesidade, o que, por sua vez, aumenta o risco potencial de resistência à insulina, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e derrames.
Em um momento no qual as gorduras saturadas saudáveis e o colesterol foram rechaçados publicamente, o Canadá desenvolveu um óleo alternativo aprovado pela Associação Americana do Coração (AHA): o óleo de canola.
Em outras palavras, consumir o óleo de canola pode aumentar o risco de se desenvolver a doença de Alzheimer, pois ele diminui a produção de uma proteína que protege o cérebro contra danos neurais e enfraquecimento cognitivo.
A toxidade do óleo de canola pode resultar da semente, da fonte ou do seu processamento
O simples modo como o óleo é processado é motivo suficiente para evitar o consumo do produto. Mas os riscos associados ao consumo do óleo de canola não se limitam ao processamento. A canola foi desenvolvida da colza pela Agriculture and Agri-Food Canada e pela Universidade de Manitoba usando técnicas de melhoramento de plantas.
Na verdade, o Conselho de Canola do Canadá entende a criação como "a maior história de sucesso da agricultura do país". O óleo de colza era usado originalmente como lubrificante de motores durante a Segunda Guerra Mundial. Após o fim da guerra, a demanda despencou, e o Canadá começou um programa intensivo para tornar o produto comestível.
Para que pudesse ser ingerida com segurança, o ácido erúcico e os glucosinolatos tiveram de ser removidos da planta, já que ambos são perigosos para a saúde humana. No final da década de 70, as duas substâncias foram reduzidas para níveis inferiores, e a planta foi oficialmente aceita como consumível. Nos anos 80, as pesquisas enfocaram a durabilidade do óleo, dietas animais e o aumento da ampla aceitação do consumidor.
Em 2012, quase todas as plantas de colza com baixo teor de ácido erúcico foram geneticamente modificadas para aumentar sua produção. Hoje, o que começou como um lubrificante de motores é uma das colheitas mais lucrativas do Canadá.
O ácido erúdico é um ácido graxo de cadeia longa especialmente irritante para as membranas mucosas. O consumo do óleo de canola foi associado ao desenvolvimento de lesões fibróticas no coração, câncer de pulmão, anemia, distúrbios degenerativos do sistema nervoso central e câncer de próstata.
O estudo mencionado avaliou o efeito do óleo de canola na função cerebral sem identificar quais características do produto desencadeiam os problemas. Porém, como a maioria do óleo de canola é produzido a partir de sementes geneticamente alteradas, de plantas originalmente inviáveis para o consumo humano que passaram por um processo de injeção de múltiplas substâncias químicas e branqueamentos, as conclusões do estudo não são exatamente surpreendentes.
A engenharia genética aumenta os riscos para a saúde a cada tipo de alimento geneticamente alterado que é consumido
Este documentário detalha o que acontece quando usamos alimentos geneticamente modificados. Os cientistas estão apenas começando a compreender os efeitos de longo prazo da introdução dos genes de uma criatura viva em outra ou do desenvolvimento de plantas imunes aos efeitos dos herbicidas.
Porém, algumas empresas não estão convencidas com os resultados das pesquisas de financiamento independente e estão se baseando em informações de organizações como a Associação Médica Americana (AMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirmam não haver evidências críveis de que os alimentos geneticamente modificados não são seguros. Contudo, até mesmo a OMS admite:
"Diferentes organismos geneticamente modificados incluem diferentes genes inseridos de formas diferentes. Isso quer dizer que os alimentos geneticamente modificados e sua segurança devem ser avaliados caso a caso e que não é possível fazer declarações generalistas sobre a segurança de tais alimentos."
Em 2015, a Comissão Europeia decidiu que era melhor para seus cidadãos dizer "não" aos organismos geneticamente modificados (OGMs) dentro de suas fronteiras, e todos os 28 países exigiram uma identificação no rótulo dos produtos que continham OGM. Um contraste flagrante com os Estados Unidos, onde grande parte do óleo de canola é geneticamente modificado e os produtos derivados dele não são rotulados como tal.
Opções de cocção saudável
Cozinhar com praticamente todos os óleos vegetais é um problema, já que eles não toleram altas temperaturas. Opções mais saudáveis incluem a manteiga orgânica de animais terminados a pasto, óleo de coco virgem, ghee (manteiga clarificada) e banha.
O azeite de oliva e o óleo de gergelim adicionam sabor e gorduras saudáveis aos alimentos, mas têm um ponto de fumaça muito baixo, sendo recomendados para molhos de salada ou para regar sobre carnes e vegetais.
Melhore a saúde do cérebro naturalmente
Nunca é tarde para cuidar da sua saúde neurológica. Lembre-se de que até as mais simples mudanças podem oferecer grandes recompensas ao longo do tempo. Busque fazer alterações consistentes e persistentes nos seus hábitos para melhorar sua memória, função cognitiva e seu bem-estar geral. Confira aqui várias estratégias que você pode usar para melhorar sua saúde cerebral:
Vitamina D — Há fortes relações entre níveis baixos de vitamina D em pacientes com a doença de Alzheimer e baixos resultados em testes cognitivos. Níveis ideais de vitamina D podem proteger as células cerebrais, aumentando a eficiência das células gliais em restaurar neurônios danificados. Além disso, a vitamina D possui propriedades anti-inflamatórias. |
Carotenoides — Esses componentes antioxidantes são encontrado com mais frequência em vegetais de cor laranja como batatas doces e cenouras. Alguns carotenoides, como a luteína e a zeaxantina, são encontrados em vegetais de cor verde-escura como a couve e o espinafre (e em gemas de ovos).
A luteína e zeaxantina são conhecidas por seu papel na saúde da visão, mas há evidências cada vez mais incisivas de que esses elementos desempenham um papel na saúde cognitiva através do aumento da eficiência neural. |
Probióticos — Provavelmente você já está familiarizado com a importância dos probióticos para a saúde intestinal, mas talvez não conheça seu papel na saúde cognitiva. Certas cepas de bactérias benéficas, como aquelas encontradas em alimentos fermentados, têm efeitos positivos na sua função cerebral.
Em um estudo feito pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, cientistas descobriram que mulheres que consumiam bactérias benéficas regularmente através do iogurte experimentaram mudanças em diferentes áreas do cérebro, incluindo àquelas relacionadas ao processamento sensorial, cognição e emoção. |
Exercícios — A atividade física produz mudanças bioquímicas que fortalecem e renovam não apenas nosso corpo como também o cérebro, particularmente as áreas associadas com a memória e o aprendizado. |
Dieta — Reduzir o consumo geral de calorias e carboidratos, aumentando a ingestão de gorduras saudáveis, tem um efeito poderoso na saúde do seu cérebro. Fontes benéficas de gordura saudável de que o seu corpo — e, em especial, seu cérebro — precisam para funcionar da modo ideal incluem: manteiga orgânica de animais terminados a pasto, azeitonas, azeite de oliva orgânico virgem e óleo de coco, nozes como pecã e macadâmias, ovos de galinhas criadas ao ar livre, salmão selvagem do Alasca e abacate, por exemplo.
Aumentar a ingestão de ômega-3 e reduzir o consumo de ômega-6 danificado (como aquele presente em óleos vegetais processados) para equilibrar sua proporção dos dois também oferece benefícios significativos para o cérebro. |
Sono — O sono não é apenas essencial para a regeneração do corpo, mas imperativo para a clareza mental e a descoberta de novas soluções criativas para antigos problemas. O sono remove os agentes obstrutores e "reinicia" seu cérebro, permitindo que ele examine os problemas de um ângulo diferente.
Pesquisas feitas em Harvard indicam que as pessoas são 33% mais propensas a inferir conexões entre ideias indiretamente relacionadas após o sono, mas poucos percebem que seu desempenho de fato melhorou.
O sono também favorece a memória e ajuda a "praticar" e melhorar sua desempenho em habilidades desafiadoras. Na verdade, uma só noite de sono de quatro a seis horas pode impactar sua capacidade de pensar com clareza no dia seguinte. |