Os problemas da odontologia

problema da odontologia

Resumo da matéria -

  • A Academia de Odontologia Geral relata que pelo menos 40 milhões de pessoas sofrem de dores de dente resultantes de danos causados às terminações nervosas através dos canais localizados na dentina
  • Esse caso clínico foi descrito pelo Dr. Weston Price no início do século XX, quando descobriu que um crescimento na população de bactérias anaeróbicas nos canais dentários estava infectando os dentes e a gengiva e atingindo outras partes do corpo através da corrente sanguínea
  • Price conseguiu relacionar o alastramento das bactérias com o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo doenças cardíacas, artrites e doenças neurológicas. Também relacionou o crescimento da população bacteriana com os hábitos alimentares das pessoas
  • Tratamentos de canal deixam dentes mortos em sua boca. Com o tempo, esse dentes mortos são infectados, assim como qualquer outra parte morta do corpo. Conforme os sistemas circulatório e linfático drenam as toxinas desses locais mortos, acabam dando condições para que as bactérias circulem pelo corpo
  • Uma boa maneira de manter uma boa saúde oral é a integração de técnicas holísticas e estratégias preventivas de saúde oral e nutricional para manter saudável o seu microbioma oral, além de consultar um dentista biológico

Por Dr. Mercola

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Dentárias e Craniofaciais, 92% dos adultos entre 20 e 64 anos de idade possuem cavidades em seus dentes permanentes. Um fato interessante é que esse tipo de problema é mais frequente em adultos caucasianos ou membros de famílias com maior poder aquisitivo, ou pelo menos essas pessoas foram tratadas mais vezes.

Adultos nessa faixa etária apresentam uma média de 3,28 dentes infectados ou ausentes. Muitos acreditam que a fluoretação da água é um método eficiente de prevenção contra infecções dentárias, mas não existem fatos que comprovem essa afirmação.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados relatados pela Rede de Ação dos Fluoretos mostram que os EUA, país que fornece água fluoretada para 74,6% dos sistemas de abastecimento de água, apresenta mais casos de infecções dentárias que muitos países que não fluoretam suas águas, como Dinamarca, Holanda, Bélgica e Suécia.

Se a fluoretação fosse eficiente, o esperado seria que os casos de cavidades dentárias em comunidades sem o abastecimento de água fluoretada fossem mais frequentes, e que o número desses casos diminuiria com a introdução da água fluoretada. No entanto, estudos demográficos demostram que a fluoretação da água pouco contribui para a prevenção das cavidades dentárias.

As cáries normalmente aparecem após a desmineralização dos dentes causada por ácidos formados durante a fermentação bacteriana do açúcar. Assim como a depressão não é causada pela falta de Prozac, as cáries não são causadas pela falta de fluoretos, que são compostos neurotóxicos que não apresentam nenhum benefício biológico. Na verdade, o fator que mais causa infecções dentárias é o excesso de açúcar.

A odontologia está em falta de estudos que justifiquem muitos procedimentos

A Associação Dentária Americana (ADA) afirma ser proprietária do Código dos Procedimentos e Nomenclaturas Dentárias (CDT). No ano de 2000, o CDT foi definido como um código padrão da HIPAA (Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguro Saúde) e qualquer formulário dentário eletrônico deve usar esses códigos processuais.

Segundo a ADA, há casos em que um código não está disponível, e então os dentistas são encorajados a solicitar revisões e acréscimos. Esse processo é diferente do utilizado pelo Código Internacional de Doenças (CID), de acordo com dados fornecidos pela OMS, que, por sua vez, mantém direitos autorais sobre as informações e publica os códigos.

Nos EUA, é usada uma adaptação do código que é feita pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde (NCHS), que deve obedecer às convenções da OMS. Muitas vezes, em casos onde é recomendada uma cirurgia muito cara, ou o uso de muitos remédios, a maioria dos pacientes procura por uma segunda opinião.

No entanto, não é isso que acontece quando vamos ao dentista. Uma análise dos estudos dentários feita pela Cochrane mostrou que muitos dos tratamentos dentários padrão e estéticos não são fundamentados por uma pesquisa.

Por exemplo, não foram encontradas evidências o bastante para sustentar ou refutar a remoção cirúrgica de dentes sisos assintomáticos, nem para provar se uma profilaxia antibiótica é eficiente ou não em pessoas com risco de endocardite infecciosa antes de passarem por procedimentos odontológicos, e foram encontradas apenas três experiências analisando a eficácia de restaurações de dentes decíduos, e nenhuma delas foi conclusiva.

Em outras palavras, muitas pesquisas da área de odontologia são incompletas, infelizmente. Mesmo que algumas recomendações odontológicas possam ser apropriadas, outras podem não ser e muitas delas não possuem evidências científicas adequadas para justificar seu uso.

A anatomia dental

De acordo com a Academia de Odontologia Geral, pelo menos 40 milhões de adultos sofrem de dores de dente. Essas dores são causadas pelo movimento de fluidos dentro de pequenos canais localizados na dentina, que é a camada dentária situada abaixo do esmalte. Quando esses fluidos alcançam o nervo, podem causar irritações e dores.

Esses pequenos canais ficam expostos quando o esmalte dental é desgastado ou quando as gengivas se retraem. Essa exposição aumenta os riscos de sentir dores ao comer ou beber alimentos quentes ou gelados. A Cleveland Clinic listou alguns fatores que podem resultar em dores, como escovar os dentes com muita força, gengivite, dentes quebrados, bruxismo e o consumo de alimentos ácidos.

Os canais se ramificam pelo dente e podem ser diferenciados entre canal lateral e canal radicular. Suas ramificações revelam um sistema abundante e complexo que se entrecruza com a dentina intertubular.

Estudos demostram que, em pessoas com doença periodontal, é possível encontrar bactérias anaeróbicas, gram-positivas e até mesmo um grande número de outras espécies bacterianas dentro desse sistema de canais. Então, concluíram os pesquisadores:

"Parece claro que, em mais da metade das raízes infectadas, as bactérias estão presentes em camadas profundas da dentina, próximas ao cemento, e essa cultura de bactérias anaeróbicas da dentina é a mais sensível que a histologia é capaz de detectar."

Estudos adicionais descobriram que uma polpa dentária necrosada pode se desenvolver por anos de forma despercebida, e que o progresso da doença é modulado pela variação da microbiota no canal radicular e pela eficiência do sistema imunológico do indivíduo.

Evite tratamentos de canal sempre que possível

O tratamento de canal não é sua única opção. Os dentes são similares a outros sistemas do corpo, pois necessitam de sangue, de drenagem venosa e de inervações nervosas. Dentes que passaram por um tratamento de canal estão mortos e normalmente se tornam uma fonte de toxinas bacterianas crônica no corpo. Em um estudo publicado em 2010, os autores escreveram:

"O tratamento de canais vem sendo praticado desde 1928 e sua taxa de sucesso cresceu de forma gigantesca com o passar dos anos, devido a vários avanços científicos na área. A principal razão é o entendimento completo da microbiologia envolvida na patologia endodôntica."

Se qualquer outro órgão do seu corpo perdesse seu suprimento sanguíneo e dreno linfático, ele morreria. Seu médico recomendaria a remoção do órgão em questão, para que a necrose e as bactérias não levassem à morte. No entanto, dentes mortos são constantemente deixados na sua boca. As bactérias anaeróbicas prosperam nos canais da dentina, e a corrente sanguínea ao redor do dente morto acaba drenando suas toxinas, fazendo com que elas se espalhem pelo seu corpo.

Essa toxicidade pode levar à várias doenças, incluindo doenças autoimunes, câncer, síndrome do intestino irritável e depressão. O Dr. George Meinig apresenta uma perspectiva única sobre os perigos do tratamento de canal, já que ele é um dos membros fundadores da Associação Americana dos Endodontistas, especialistas em tratamentos de canal.

Quando não estava preenchendo canais, Meinig ensinava suas técnicas a outros dentistas pelo país. Depois de décadas praticando a endodontia, se aposentou e começou a estudar a detalhada pesquisa do Dr. Weston Price. Meinig ficou perplexo ao encontrar documentações válidas sobre doenças sistêmicas resultantes de infecções remanescentes nos canais tratados.

O resultado foi o lançamento do seu livro "O Encobrimento da Desvitalização" (Root Canal Cover-UP). Em uma entrevista comigo, Meinig descreveu o resultado da pesquisa de Price e deu boas razões pelas quais você deve evitar o tratamento de canal. A pesquisa de Price demostrou que muitos casos de doenças degenerativas crônicas têm como origem os canais.

As doenças mais frequentes foram as cardíacas e circulatórias. Em seguida, estavam as doenças nas juntas e as doenças cerebrais e nervosas. Meinig presume que todos os canais tratados abrigam bactérias e outros agentes contagiosos, mas que nem todos mundo fica doentes, já que seus sistemas imunológicos podem ser fortes o suficiente para impedir que as culturas bacterianas prevaleçam.

A sua saúde oral está atrelada à sua saúde geral

Porém, Meinig adverte que, com o tempo, a maioria das pessoas que fizeram tratamento de canal parecem desenvolver algum tipo de sintoma. E mesmo se você preferir remover o seu dente morto, a sua simples remoção não é o bastante. Price encontrou bactérias no tecido e no osso adjacentes à raiz do dente infectado.

Dessa forma, Meining desenvolveu um protocolo descrito em seu livro que garante o fim do crescimento bacteriano no local. Historicamente, a odontologia e a medicina foram separadas. É uma pena que muitos não saibam da influência que a saúde oral tem na saúde geral das pessoas. O equilíbrio delicado das bactérias na sua boca é tão importante para a sua saúde quanto a sua microbiota intestinal.

Doenças periodontais, que afetam os tecidos e os ossos, são causadas pelo crescimento da população da Porphyromonas gingivalis, uma bactéria que enfraquece a resposta imune do seu sistema. Já as cáries estão relacionadas à bactéria Streptococcus mutans. Dessa forma, sua saúde oral tem uma grande influência sobre resto do seu corpo e causa impactos consideráveis no seu risco de contração de doenças.

Por exemplo, o diabetes tipo 2 está fortemente ligada às doenças periodontais, assim como as doenças cardiovasculares. Pesquisam demostram que a falta de escovação dentária diária pode aumentar o risco de demência de 22 a 65%, se comparada aos hábitos de escovar os dentes três vezes ao dia, e uma boa higiene oral reduz o risco de pneumonia em 40%.

Quando as bactérias que causam as infecções dentárias e a gengivite entram na sua corrente sanguínea, seu corpo aumenta a liberação de proteínas C-reativas, conhecidas por causarem muitas doenças crônicas. Assim, é de bom senso dedicar atenção à sua saúde oral, e desenvolver bons hábitos para sustentar seu microbioma oral.

Procure os cuidados de um dentista biológico

Uma boa medida para manter uma boa saúde oral é procurar um dentista biológico, também conhecido como dentista holístico ou dentista ambiental. Esses dentistas operam de acordo com a crença de que seus dentes são partes importantes do seu corpo e, dessa forma, da sua saúde geral. Eles entendem que a saúde oral e dentária exerce uma forte influência nas doenças e essa é a base dos seus tratamentos.

Eu recomendo o uso de um dentista biológico para todas a suas necessidades dentárias, mas se você considera a remoção das suas amálgamas dentárias, ele é absolutamente essencial. A maioria dos dentistas convencionais desconhece os perigos envolvidos no processo e não possui experiência na remoção de amálgamas, podendo colocar a sua saúde em risco durante o processo.

Outra estratégia usada pelos dentistas biológicos é a checagem da compatibilidade entre os materiais dentários e o seu corpo.

Do que são compostos as obturações prateadas?

As obturações prateadas na sua boca são amálgamas dentárias. Como observado pela Administração de Comidas e Remédios dos EUA (FDA), as amálgamas dentárias vêm sendo usadas para preencher cavidades por mais de 150 anos em centenas de milhares de pacientes pelo mundo.

A amálgama é uma mistura de metais, composta por mercúrio e uma liga em pó de prata, estanho e cobre, da qual o mercúrio detém 50% do peso. A FDA também permite o uso de amálgamas que liberam pequenas quantidades de mercúrio em forma de vapor, que podem ser inaladas e absorvidos pelos seus pulmões.

O mercúrio é uma neurotoxina. Como ele afeta a sua saúde depende de três fatores: o estado do mercúrio, a quantidade de mercúrio a qual você foi exposto, e sua idade no momento da exposição. Os sintomas que podem ser apresentados serão determinados pela duração da exposição juntamente com suas condições físicas.

Tais sintomas de exposição prolongada ao elemento mercúrio podem incluir mudanças emocionais, insônia, dores de cabeça e baixo rendimento em testes de lógica. Em 2009, a FDA emitiu uma regra definitiva sobre as amálgamas dentárias, reclassificando o mercúrio da classe I (menor risco à saúde) para a classe II (maior risco à saúde), e designou um documento especial de orientação e controle para o uso de amálgamas dentárias.

A OMS descobriu que exposições ao mercúrio, mesmo em pequenas quantidades, podem causar problemas sérios de saúde e podem intoxicar os pulmões e os rins, além dos sistemas nervoso, digestivo e imunológico. Por isso, o mercúrio é considerado um dos 10 compostos químicos de maior preocupação para a saúde pública.

Cuidados diários podem proteger sua saúde oral

Como Meinig disse na nossa entrevista, a única forma de prevenção de infecções dentárias provada cientificamente é através da nutrição. Ele relatou como Price, em suas viagens, se deparou com 14 comunidades nativas que não tinham acesso à "civilização" e não consumiam alimentos processados.

Suas dietas variavam, mas todas as 14 comunidades só consumiam alimentos naturais. E mesmo sem acesso à escovas de dente, fio dental, água fluoretada ou pasta de dente, todas as comunidades estavam quase 100% livres de cáries.

Caso queira saber como empregar estratégias holísticas e preventivas, tais como a criação da sua própria pasta de dente, dicas de como usar o fio dental, e informações sobre o oil pulling (bochecho com óleo) e suplementos nutricionais para ajudar na sua saúde oral, leia o meu artigo, "Dedicação dentária: Formas de melhorar sua saúde oral."

+ Recursos e Referências