Abacates geneticamente modificados estão sendo desenvolvidos

Fatos verificados
abacates geneticamente modificados

Resumo da matéria -

  • Um grupo de cientistas americanos e mexicanos sequenciou os genomas de abacates mexicanos e dos famosos abacates Hass da Califórnia
  • Os pesquisadores afirmaram que as pesquisas de sequenciamento do genoma do abacate eram necessárias para tornar as plantas "acessíveis aos esforços modernos de seleção genômica assistida"
  • A engenharia genética (GE) pode ser usada para combater as doenças do abacate e potencializar seu cultivo em climas inconstantes
  • Provavelmente levará anos até que um abacate geneticamente modificado seja criado, pois a planta demora anos para maturar, mas é nesse ponto que a pesquisa se volta para a criação de “abacates para o futuro”
  • Escolher um abacate orgânico será a melhor maneira de evitar o geneticamente modificado, que pode não ser rotulado como tal

Por Dr. Mercola

Os abacates não apenas são uma das frutas mais saudáveis do mundo, como também estão entre os mais importantes economicamente, representando um mercado de US$ 13 bilhões em 2017. Os abacates são apreciados desde os tempos antigos, mas seu DNA em grande parte é estrangeiro – até agora. Um grupo de cientistas americanos e mexicanos sequenciou os genomas de abacates mexicanos e dos famosos abacates Hass da Califórnia.

O estudo, publicado no PNAS, revela "antigas relações evolutivas" que dão pistas da origem da fruta, mas também abrem as portas para futuras modificações genéticas deste alimento já perfeito. De fato, como o New York Times colocou, a pesquisa "provavelmente se tornará a base para técnicas de cultivo e modificações genéticas criadas para produzir abacates que possam resistir a doenças ou sobreviver em condições mais secas".

Clima instável citado como incentivo aos abacates geneticamente modificados

Em 2018, cientistas divulgaram um relatório detalhando as mudanças de temperatura na Califórnia, juntamente com as mudanças nos padrões de precipitação, que poderiam alterar consideravelmente a agricultura no estado. O abacate foi uma das culturas citadas como particularmente vulnerável às mudanças de temperatura, de modo que os pesquisadores estimaram que, como consequência, a produção de abacate na Califórnia poderia diminuir em 40%.

Luis Herrera-Estrella, da Texas Tech University, que liderou o estudo, também afirmou que suas pesquisas para sequenciar o genoma do abacate eram necessárias para tornar as plantas "acessíveis aos esforços modernos de seleção genômica assistida". Disse ao New York Times:

"Por causa das mudanças climáticas, a temperatura pode não ser a mesma, a umidade pode não ser a mesma, o solo pode ser diferente, novos insetos virão e doenças virão... Precisamos estar preparados para enfrentar todos esses desafios inevitáveis".

A engenharia genética (GE) pode ser usada para "combater doenças que ameaçam o abacate e potencializar seu cultivo e características fenotípicas desejáveis", concluíram os pesquisadores, mas provavelmente levará anos até que um abacate geneticamente modificado seja criado, pois a planta demora anos para maturar. Assim, é nesse ponto que a pesquisa se volta para a criação de “abacates para o futuro”. Herrera-Estrella continuou:

“Existem abacates que crescem em locais muito quentes e com pouca água, e há abacates que crescem em lugares chuvosos… Se conseguirmos identificar genes que conferem tolerância ao calor e à seca, podemos projetar os abacates para o futuro".

Outras frutas geneticamente modificadas já estão no mercado

Outras frutas, incluindo maçã e tomate, também tiveram seus genomas sequenciados, o que levou à criação de variedades geneticamente modificadas. Maçãs geneticamente modificadas para resistir ao escurecimento quando fatiadas ou machucadas apareceram em mercearias selecionadas no meio-oeste dos EUA em 2017. Desenvolvidas pela Okanagan Specialty Fruits, as maçãs são criadas para suprimir a produção da enzima - polifenol oxidase (PPO) - que causa o escurecimento.

As duas primeiras variedades da chamada Arctic Apple - Arctic Golden e Arctic Granny - foram desreguladas pelo Departamento de Agricultura dos EUA em 2015. Uma terceira variedade, Arctic Fuji, se uniu às primeiras em 2016, enquanto em 2019 a empresa anunciou fatias frescas da Arctic Golden e Arctic Granny, que eles sugerem ser a opção perfeita para fazer as crianças comerem mais maçãs.

A venda de maçãs pré-cortadas e embaladas resulta em algumas preocupações imediatas, como o aumento do descarte de embalagens para um produto que já é perfeitamente transportável, além de riscos de contaminação, pois quanto mais você processa um alimento — descascando e fatiando, por exemplo — mais o risco de contaminação aumenta.

Os abacates geneticamente modificados que não escurecem também virarão moda? Só o tempo dirá, mas é provável que as empresas de biotecnologia aproveitem a oportunidade para criar um novo produto geneticamente modificado que é totalmente desnecessário. O escurecimento dos abacates ocorre através do mesmo processo que causa o escurecimento das maçãs, e ambos são completamente inofensivos.

Cortar uma maçã ou abacate expõe suas células ao oxigênio, o que permite que as enzimas PPO oxidem rapidamente os compostos fenólicos em ortoquinonas (o-quinonas) nos tecidos da fruta. As ortoquinonas formam um anti-séptico natural que ajuda a proteger a fruta de bactérias e fungos. Embora as ortoquinonas não tenham cor, elas reagem com oxigênio e aminoácidos, produzindo melanina, que torna a fruta marrom.

Os abacates geneticamente modificados podem não ser identificados como tal

Até 2022, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) exigirá que os organismos geneticamente modificados sejam rotulados, mas será apenas na forma de um círculo verde com as palavras "derivado da bioengenharia". No entanto, o rótulo se aplica apenas a alimentos que tiveram os genes de outro organismo inseridos a ele por um processo chamado transgênese. Outros tipos de engenharia genética, como a edição de genes pelo sistema CRISPR, não precisam de rotulação.

Conforme observado pela diretora executiva do Non-GMO Project, Megan Westgate, a lei de rotulagem dos OGMs do USDA "compromete a transparência dos OGMs para os americanos":

"Na sua forma atual, as isenções categóricas impedem que essa lei ofereça as proteções significativas que os americanos merecem. Ingredientes altamente processados, muitos produtos de novas técnicas de engenharia genética, como CRISPR e TALEN, e muitos produtos de carne e laticínios não exigirão divulgação."

Isso significa que, se os abacates forem editados geneticamente usando o sistema CRISPR ou tecnologias semelhantes, isso não será mencionado no rótulo e você não terá como saber se o abacate que está comendo é uma variedade cultivada tradicionalmente ou que teve seus genes modificados.

Uma possibilidade que os pesquisadores do estudo consideram para tornar a ideia dos abacates geneticamente modificados mais "tolerável" é através do enxerto, que é um tronco de árvore usado para enxertar galhos na variedade geneticamente modificada, em vez de modificar o próprio fruto.

Victor Albert, um dos autores do estudo, disse ao New York Times: “Essa é uma grande chance de tornar os OGMs toleráveis para as pessoas que realmente se importam com isso... Não é preciso fazer abacates geneticamente modificados, e mesmo que o faça, não precisa tornar os abacates propriamente ditos em OGMs". Ele prosseguiu em um comunicado de imprensa da Universidade de Buffalo:

“Se você tem uma árvore interessante que parece boa em resistir a fungos, pode procurar genes que sejam particularmente ativos nesse abacate. Se conseguir identificar os genes que controlam a resistência e se souber onde eles estão no genoma, pode tentar alterar a regulagem deles. Há um grande interesse no desenvolvimento de enxertos resistentes a doenças nas quais variedades de elite são enxertadas."

No entanto, a equipe já enfrentou desafios devido à oposição aos OGMs, inclusive no México. O ministério da agricultura mexicano inicialmente contribuiu com uma doação de US$ 2,5 milhões para o projeto, mas não renovou o financiamento após três anos, forçando a equipe a buscar financiamento em outras partes.

Existem centenas de variedades de abacates

A maioria dos norte-americanos conhece a variedade Hass, que representa 90% dos abacates cultivados. Uma maneira de proteger naturalmente as culturas contra pragas e doenças seria diversificando e expandindo as culturas de muitas variedades diferentes de abacates.

Existem centenas de variedades de abacates, mas, para comparação, apenas sete são cultivadas comercialmente na Califórnia, e 95% da safra total é da variedade Hass. Algumas das variedades mais incomuns listadas no site da California Avocados incluem:

Bacon — Um abacate de casca verde e formato oval.

Fuerte — Uma fruta em forma de pera com casca lisa.

Gwen — Este abacate tem casca áspera e é um pouco maior do que a variedade Hass.

Pinkerton — Conhecida por sua forma alongada de pera e sementes pequenas, que produzem mais frutos por árvore.

Reed — Uma fruta grande e redonda, com casa ligeiramente áspera.

Zutano — Um abacate em forma de pera com casca verde amarelado.

Acredita-se que o abacate tenha se originado na África antes de viajar para a América do Norte e América Central, e pode ter sido usado no México há 10.000 anos. O estudo do genoma revelou que o DNA do abacate Hass é 61% mexicano e 39% guatemalteco, o que sugere uma origem mais recente.

Os abacates Hass são apreciados por sua polpa saborosa e uma casca que mudam de verde para roxo escuro à medida que amadurece. No entanto, os abacates diferem não apenas em tamanho e cor da casca, mas também em sabor, textura e composição nutricional. De acordo com o Food Republic:

“A pequena indústria [do abacate] na Flórida está concentrada em variedades como Choquette, Hall e Lulu - frutas grandes, de casca lisa, com polpa doce e suculenta, popular entre as populações de imigrantes do Caribe...

Muitos apreciadores de abacate na Flórida, na verdade, não gostam das variedades cultivadas na Califórnia, às vezes descrevendo-as como 'gordurosas'. Os californianos, no entanto, podem estranhar o sabor e a textura dos abacates com pouca gordura da Flórida, chamando-os de aguados."

Uma variedade de abacate, Choquette, pode pesar até 900 gramas e solta um suco verde quando é cortado, pois é rico em água. O Daily 11 é ainda maior, chegando a 2,3 kg ou mais, enquanto a variedade Tonnage é menor, com um baixo teor de óleo de 8% a 10% (a variedade Hass pode ter 20% ou mais).

Existe até a variedade Mexicola Grande, que é uma pequena fruta de casca preta parecida com a ameixa. A casca é tão fina que se pode morder - é comestível - e a polpa tem um sabor único, semelhante ao de anis.

Por que comer abacate?

Os abacates merecem o título de superalimentos Com quase 20 vitaminas e minerais, além de gordura monoinsaturada saudável, são um alimento risco em nutrientes que também ajudar o corpo a absorver nutrientes solúveis em gordura provenientes de outras comidas ingeridas.

Além disso, comer meio abacate Hass de tamanho médio e fresco pode inibir consideravelmente a produção do composto inflamatório Interleucina-6 (IL-6), em comparação com um hambúrguer, sugerindo que a fruta tem efeitos anti-inflamatórios.

Os abacates também são uma boa fonte de antioxidantes, incluindo carotenoides, tocoferóis e polifenóis, e podem ter propriedade anticarcinogênica. Pesquisas também sugerem que comer abacates faz bem para a saúde cardiovascular e pode ajudar no controle de peso e envelhecimento saudável.

Ao escolher abacates, que estão entre as frutas mais limpas em termos de resíduos de pesticidas, você pode optar por comprar uma variedade cultivada convencionalmente, se necessário. No entanto, se os abacates geneticamente modificados forem disponibilizados, será importante escolher as variedades orgânicas para garantir que seu abacate não seja um desses.

Empresas de biotecnologia ganham poder ao assumir o governo

Não há dúvida de que os OGMs e os produtos químicos tóxicos usados com eles representam uma séria ameaça ao meio ambiente e à nossa saúde, mas as agências governamentais fecham os olhos e se recusam a agir - e o motivo é muito claro: eles estão promovendo os interesses dos gigantes da biotecnologia.

Sabe-se que existe um conchavo entre as agências governamentais e empresas de biotecnologia como a Monsanto-Bayer. No papel, os EUA podem ter as mais rigorosas leis de segurança alimentar do mundo para regulamentar os novos aditivos alimentares, mas essa agência tem permitido repetidamente que os OGMs, e os pesticidas e herbicidas que os acompanham, como o Roundup, burlem essas leis.

De fato, a única base legal para permitir a comercialização de alimentos geneticamente modificados nos EUA é a alegação do FDA de que esses alimentos são inerentemente seguros, uma alegação que é evidentemente ridícula. Documentos divulgados como resultado de um processo contra o FDA revelam que cientistas da agência alertaram seus superiores sobre os riscos dos alimentos geneticamente modificados. Mas seus avisos foram ignorados.

A influência dos gigantes da biotecnologia não se limita aos EUA. Em um artigo de junho de 2017, a GMWatch revelou que 26 dos 34 membros do Comitê Consultivo Nacional de Biotecnologia Agrícola da Argentina (CONABIA) são empregados de empresas de tecnologia química ou têm grandes conflitos de interesse.

Você deve estar ciente de que a Argentina é um dos países onde os campos de monocultura de algodão, milho e soja geneticamente modificada dominam o interior. A Argentina também é um país que enfrenta intensa destruição ambiental. Os argentinos são assolados por problemas de saúde, incluindo doenças degenerativas e deformidades físicas. Parece que a rápida expansão das culturas geneticamente modificadas e o subsequente declínio nos indicadores nacionais de saúde estão intrinsecamente ligados.