Por Dr. Mercola
Muitos dos nutrientes de que seu corpo precisa para a saúde ideal devem vir da alimentação, pois seu corpo não é capaz de produzi-los. Um nutriente importante do qual muitos têm deficiência é o magnésio. É o quarto cátion mais comum (íon de carga positiva) no corpo, necessário para o funcionamento de mais de 300 sistemas enzimáticos, gerando uma gama diversificada de reações biológicas.
Como observado em uma revisão científica de 2018, "por causa de doenças crônicas, medicamentos, diminuição do teor de magnésio das culturas agrícolas e da disponibilidade de alimentos refinados e processados, a grande maioria das pessoas nas sociedades modernas está em risco de deficiência de magnésio".
De acordo com esse mesmo estudo, a maioria das pessoas não ingere a quantidade diária recomendada de magnésio; 48% dos norte-americanos não consomem magnésio suficiente através da alimentação. Entre as mulheres na pós-menopausa com osteoporose, a taxa de deficiência de magnésio é de 84%.
Aqueles que sofrem de diabetes tipo 2 também tendem a ser mais propensos à deficiência de magnésio, e a depleção do magnésio foi encontrada em 75% dos pacientes com a doença mal controlada, com base no nível sérico de magnésio. O estudo afirma.
Embora a deficiência grave possa ser identificada por meio de uma análise cuidadosa dos sintomas físicos (alguns dos mais comuns são espasmos musculares, arritmias ou espasmos cardíacos, fadiga e dores de cabeça frequentes), a deficiência leve ou subclínica é muito mais difícil de detectar.
Porém, a ausência de sintomas não significa que você esteja ileso. Novamente, o magnésio é necessário para a função ideal de muitos sistemas do organismo, de modo que uma deficiência leve ainda cobrará seu preço.
Por que você precisa de magnésio?
As enzimas são proteínas compostas por aminoácidos individuais. Elas são necessárias para acelerar muitas funções celulares e processos biológicos, e cada um tem uma função diferente.
Por ser necessário para o funcionamento de centenas de sistemas enzimáticos, o magnésio pode, portanto, desempenhar um papel numa lista muito longa de doenças. No vídeo acima, a Dra. Carolyn Dean discute a deficiência de magnésio e alguns de seus efeitos para a saúde.
Ela também afirma que o nível sérico de magnésio não é o correto — ele é altamente regulado pelo organismo, e é por isso que este projeto utiliza o exame dos glóbulos vermelhos (RBC) para verificar a quantidade de magnésio existente nas hemácias.
Para quem não sabe, o magnésio desempenha um papel na criação de trifosfato de adenosina (ATP), a moeda energética do corpo. Desnecessário dizer que, sem energia suficiente, as funções celulares em todo o corpo sofrem as consequências, criando uma sequência de disfunções.
O magnésio também afeta sua função mitocondrial e a saúde, pois é necessário tanto para aumentar o número de mitocôndrias nas células quanto para aumentar a eficiência mitocondrial.
Também é importante para o metabolismo de outros nutrientes, incluindo cálcio, potássio, zinco, fósforo, ferro, sódio, ácido clorídrico, acetilcolina e óxido nítrico. É importante ressaltar que o magnésio é necessário para a ativação tanto da tiamina como da vitamina D.
De fato, a deficiência de magnésio demonstrou impedir a capacidade de converter vitamina D a partir da exposição ao sol e/ou da suplementação oral. Conforme observado por Mohammed Razzaque, professor de patologia da Faculdade de Medicina Osteopática do Lago Erie, na Pensilvânia, co-autor de um estudo publicado no Journal of the American Osteopathic Association, em março de 2018:
"Ao consumir a quantidade ideal de magnésio, é possível reduzir os riscos de deficiência de vitamina D e a dependência dos suplementos de vitamina D."
Um outro estudo, publicado no American Journal of Clinical Nutrition em dezembro de 2018, também concluiu que o nível de magnésio do corpo é muito importante para o nível de vitamina D.
No geral, pessoas com níveis altos de magnésio apresentaram menores chances de ter níveis baixos de vitamina D. Como explicado pelo Dr. Qi Dai, professor de medicina do Centro Médico da Universidade Vanderbilt e principal autor deste estudo, "a deficiência de magnésio interrompe a síntese de vitamina D e a via metabólica".
O magnésio é importante para a saúde do coração
O magnésio está envolvido na regulagem do açúcar no sangue e da sensibilidade à insulina, o que é importante para a prevenção de muitas doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardíacas e demência. Ele também promove a saúde do cérebro e do coração através de outros mecanismos.
Ele promove uma função cardíaca saudável, relaxando os vasos sanguíneos e normalizando a pressão arterial, por exemplo. O magnésio também possui atividade anti-inflamatória, promove a função endotelial e dos músculos e nervos, incluindo a ação do músculo cardíaco.
Baixos níveis de magnésio estão associados a um maior risco de hipertensão, doenças cardiovasculares, arritmias, acidente vascular cerebral e morte cardíaca súbita. De acordo com uma revisão científica, que incluiu estudos que datam desde 1937, os baixos níveis de magnésio parecem ser um dos principais preditores para doenças cardíacas, e outras pesquisas recentes mostram que mesmo a deficiência subclínica de magnésio pode comprometer a saúde cardiovascular.
O magnésio e o cérebro
Os benefícios do magnésio para o cérebro incluem a redução do estresse físico e mental, catalisação de neurotransmissores que regulam o humor, como a serotonina, que ajuda a impedir a ansiedade e a depressão.
Uma pesquisa publicada em 2015 encontrou uma relação importante entre o baixo nível de magnésio e a depressão, principalmente em adultos mais jovens. Uma pesquisa publicada na PLOS ONE mostrou que a suplementação de magnésio foi benéfica para os quadros leves a moderados de depressão em adultos, com seus efeitos ocorrendo dentro de apenas duas semanas de tratamento.
Na verdade, em termos de eficiência, os efeitos do magnésio são comparáveis aos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) receitados pelos médicos, mas sem qualquer um dos efeitos colaterais causados por esses medicamentos. Os participantes do grupo de tratamento receberam uma dosagem diária de 248 miligramas (mg) do elemento magnésio por seis semanas, enquanto grupos de controle não receberam nenhum tratamento. De acordo com os autores, “o magnésio surte efeito rapidamente e é muito bem tolerado, dispensando a necessidade de monitoramentos da toxicidade".
É importante ressaltar que o magnésio atua como uma proteção entre as sinapses dos neurônios, principalmente para aqueles envolvidos nas funções cognitivas (aprendizado e memória). O magnésio se une ao receptor sem ativá-lo, protegendo-o da superativação por outros neuroquímicos, especialmente o glutamato, uma excitotoxina cujo acúmulo pode prejudicar seu cérebro.
O magnésio também ativa os canais nervosos envolvidos na plasticidade sináptica. O treonato de magnésio, que tem a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, parece ser o mais eficaz nesse caso.
Um estudo com animais publicado no periódico Neuron em 2010 descobriu que essa forma de magnésio melhorou as "habilidades de aprendizado, memória de trabalho e memória de curto e longo prazo". Você pode encontrar mais detalhes no meu artigo anterior, "Os benefícios cognitivos do treonato de magnésio".
O magnésio também ajuda a prevenir dores de cabeça, incluindo enxaquecas, relaxando os vasos sanguíneos no cérebro e agindo como um bloqueador dos canais de cálcio. De fato, os pesquisadores observaram que o tratamento empírico com um suplemento de magnésio é justificado para todos os que sofrem de enxaqueca.
Como medida profilática, esteja preparado para aumentar sua ingestão de magnésio por pelo menos três meses para obter resultados, idealmente em combinação com CoQ10. Em muitos casos, receber uma dosagem alta de magnésio também pode cortar uma crise em progresso. A maneira mais eficaz seria uma infusão intravenosa (IV). Salvo essa opção, o treonato de magnésio pode ser a melhor alternativa como suplementação oral.
A deficiência de magnésio pode aumentar sua vulnerabilidade aos campos eletromagnéticos
Em teoria, o magnésio também pode ajudar a prevenir ou melhorar os problemas de saúde associados à exposição a campos eletromagnéticos (CEM), bloqueando os canais de cálcio dependentes de voltagem, que são ativados pelos CEM.
Como o magnésio é um bloqueador natural dos canais de cálcio, é possível que o nível ideal de magnésio nas células ajude a limitar os danos da exposição aos CEM, os quais incluem arritmias cardíacas, infertilidade, ansiedade e depressão — todos os quais estão, de fato, associados à deficiência de magnésio.
Por outro lado, a deficiência de magnésio pode aumentar a sensibilidade aos CEM. Para saber mais sobre o assunto, leia "A explicação dos efeitos nocivos dos campos eletromagnéticos".
Você está ingerindo magnésio o bastante?
A ingestão diária recomendada de magnésio é de cerca de 310 a 420 miligramas (mg) por dia, dependendo de sua idade e sexo, embora alguns pesquisadores acreditem que podemos precisar de 600 a 900 mg/dia para alcançar uma saúde ideal. Acredito que muitos podem se beneficiar de quantidades de 1 a 2 gramas (1.000 a 2.000 mg) por dia.
Como mencionado, muitos não cumprem essa recomendação diária, e uma das principais razões isso é alimentação composta em grande parte por alimentos processados. O magnésio reside no centro da molécula de clorofila, de modo que verduras frescas são uma importante fonte alimentar desse mineral.
Várias coisas também podem afetar sua absorção e excreção de magnésio. Para a devida absorção de magnésio, você precisa de selênio, vitamina B6 e vitamina D, além de níveis suficientes do hormônio da paratireoide, enquanto os fatores que aumentam o risco de insuficiência através da excreção de magnésio incluem:
Bebidas gaseificadas |
Refrigerantes, pois os fosfatos se ligam ao magnésio, impedindo sua absorção |
Consumo de álcool |
Insuficiência do sono |
Uso de medicamentos prescritos (especialmente diuréticos, estatinas, flúor e medicamentos que contêm flúor, como os antibióticos de fluoroquinolona) |
Níveis elevados de insulina |
Sudorese intensa |
Estresse |
Consumo excessivo de café |
Ingestão excessiva de sal |
Infestação por parasitas |
Sangramento menstrual intenso |
Muitos especialistas concordam que a suplementação de magnésio é aconselhável, mas para saber melhor se você precisa de mais magnésio e em qual dosagem, recomenda-se um exame de sangue.
Como regra geral, recomendo começar com uma dosagem de 200 mg de citrato de magnésio por dia, aumentando gradualmente até as fezes ficarem ligeiramente moles. Para esse método, você precisa usar o citrato de magnésio, pois ele é conhecido por suas propriedades laxantes.
Após chegar ao seu limite de ingestão, você pode escolher outra forma do mineral. Outras maneiras eficazes de aumentar seu nível de magnésio incluem tomar banhos com sais de Epsom (sulfato de magnésio), pois o magnésio será absorvido pela pele, ou usar uma solução tópica caseira feita com 7 colheres de sopa de sais de Epsom misturados com 180 ml de água.
Aqueça a mistura até todo o sal se dissolver. Despeje em um frasco com conta-gotas e aplique na pele. Eu esfrego uma folha de aloe vera fresca por cima para ajudar a se dissolver melhor. Esta é uma forma fácil e barata de aumentar seus níveis de magnésio, permitindo que você receba dosagens mais altas sem se preocupar com o risco de diarreia.
O magnésio precisa ser equilibrado com outros nutrientes
O magnésio trabalha sinergicamente com o cálcio e as vitaminas K2, D e B6 (piridoxina). Acredita-se que a proporção ideal de magnésio para cálcio seja de 1 para 1. Lembre-se de que, como acontece com a maioria das pessoas, se você ingere mais cálcio do que magnésio na sua alimentação, sua necessidade de magnésio via suplementação pode ser duas a três vezes maior do que a de cálcio.
A vitamina B6 é importante, pois leva o magnésio às células que mais precisam. Quando sua alimentação não contém quantidades suficientes de magnésio, seu corpo retira magnésio dos ossos, músculos e órgãos internos, o que pode levar à osteoporose, problemas nos rins e danos ao fígado.
A ingestão suficiente de vitamina B6 pode ajudar a melhorar essa série de eventos, garantindo que o magnésio em seu corpo esteja sendo usado da maneira mais eficiente possível. Para saber mais, leia "A importante conexão entre o magnésio e a vitamina B6".