A rúcula ajuda a prevenir a doença hepática gordurosa

Fatos verificados
Rúcula

Resumo da matéria -

  • As verduras foram identificadas como um "novo tratamento" viável para a doença hepática gordurosa devido ao nitrato inorgânico nelas contido
  • A idade avançada pode contribuir para o desenvolvimento da doença hepática gordurosa, mas, na maioria das vezes, são os hábitos alimentares não saudáveis, a obesidade e outros marcadores da síndrome metabólica que são os verdadeiros responsáveis
  • A rúcula contém propriedades de limpeza que podem contra-atacar metais pesados tóxicos, pesticidas e herbicidas presentes no corpo, principalmente no fígado, ajudando a prevenir as doenças hepáticas
  • A colina, naturalmente presente em grandes quantidades na rúcula, é um nutriente essencial especialmente importante durante o desenvolvimento fetal e também para a função metabólica, síntese do DNA e limpeza do fígado

Por Dr. Mercola

A doença hepática gordurosa é a doença hepática mais comum do mundo, afetando até 40% da população dos EUA, de acordo com o Instituto Nacional da Saúde dos EUA, e sua incidência continua a crescer de forma drástica. No entanto, um estudo clínico recente indica que um composto presente nas verduras pode ajudar a prevenir a doença.

A doença hepática gordurosa não alcoólica, ou DHGNA, muitas vezes progride para outras doenças graves, como a esteato-hepatite não alcoólica, ou EHNA, caracterizada pela fibrose inflamatória — que causa cicatrizes e rigidez pulmonar — e pela cirrose, um estado avançado e irreversível da fibrose hepática.

Esteatose hepática é o termo médico para doença hepática gordurosa e para o acúmulo de gordura no fígado, mas a maior parte da comunidade médica é bem direta quando afirma que a quantidade de gordura no fígado pode ser reduzida de três maneiras simples:

  • Perdendo peso
  • Fazendo escolhas alimentares saudáveis
  • Praticando mais exercícios físicos

As verduras podem ajudar a prevenir a doença hepática gordurosa

Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, publicaram um estudo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) que identifica as verduras como um "novo tratamento" viável para a doença hepática gordurosa devido ao nitrato inorgânico, um composto presente naturalmente neste tipo de alimento.

A idade avançada e os hábitos alimentares insalubres contribuem para a obesidade e o diabetes tipo 2 (que, segundo projeções, afetará 640 milhões de pessoas no mundo em 2040), os quais contribuem para o desenvolvimento da doença hepática gordurosa, segundo o estudo. No entanto, intervenções alimentares simples, como o aumento do consumo de verduras, podem ajudar.

O estudo em destaque demonstrou que o tratamento com nitrito reduziu a gravidade tanto das doenças hepáticas gordurosas induzidas metabolicamente quanto daquelas induzidas por medicamentos, mas é importante lembrar que a pesquisa foi realizada em camundongos, os quais responderam de forma positiva. Os cientistas concluíram que ensaios clínicos em humanos seriam úteis para determinar se o nitrato alimentar ajudaria na prevenção e tratamento da doença hepática gordurosa.

Nitrato inorgânico: Essencial para a saúde hepática

O consumo de verduras está associado a alguns dos aspectos mais valiosos para a saúde, que podem ser descritos como a ausência de doenças. Mas quais alimentos estão associados a indicadores de doenças e pouca saúde?

De acordo com Mattias Carlström, professor adjunto do Departamento de Fisiologia e Farmacologia do Instituto Karolinska e um dos pesquisadores e autores mais experientes do estudo, a resposta é a alimentação ocidental, repleta de gorduras insalubres e açúcares, o que, infelizmente, resume a alimentação de muitos norte-americanos.

Então, o estudo implicou na divisão de camundongos em três grupos, sendo que cada um deles foi submetido a uma alimentação diferente. O grupo de controle foi submetido a uma alimentação normal; outro grupo foi submetido a uma alimentação equivalente à ocidental, rica em gordura e açúcar; e o terceiro grupo recebeu a mesma alimentação, mas com a adição de suplementos de nitrato.

Nenhum dos cientistas ficou surpreso quando os camundongos submetidos à alimentação ocidental ganharam peso e massa gorda, alcançando resultados positivos em testes que avaliavam o aumento da glicemia. Enquanto isso, também sem surpreender ninguém, os marcadores foram consideravelmente menores no grupo que recebeu a suplementação de nitrato.

"Quando administramos suplementos de nitrato aos camundongos submetidos à dieta ocidental rica em gordura e açúcar, identificamos uma proporção consideravelmente menor de gordura no fígado", disse Mattias ao canal Medical News Today.

O estresse oxidativo compromete a sinalização de óxido nítrico e afeta a função cardíaca

É importante saber que, de acordo com os autores do estudo, foi confirmado que a incorporação de maiores quantidade de frutas e vegetais na alimentação dos camundongos causou um efeito positivo sobre a função cardiovascular dos animais. Quanto a quais compostos tornam as verduras tão benéficas, Mattias explica que a maior parte da comunidade médica ainda não tem certeza, pelo menos até a realização do estudo em questão. Então afirmou:

"Achamos que essas doenças estão relacionadas por mecanismos similares, nos quais o estresse oxidativo causa o comprometimento da sinalização de óxido nítrico, o que causa impactos negativos sobre as funções cardiometabólicas...

Até então, ninguém havia estudado o nitrato, o qual achamos ser crucial. Agora queremos conduzir estudos clínicos para investigar o valor terapêutico da suplementação de nitrato para a redução dos riscos de esteatose hepática. Os resultados podem levar ao desenvolvimento de novas abordagens farmacológicas e nutricionais."

Embora os pesquisadores digam que são necessárias mais pesquisas para determinar quais compostos levaram a reviravoltas positivas na saúde das cobaias que se alimentaram de verduras, eles confirmam que o nitrato é "crucial" para a otimização da saúde hepática e metabólica. Além disso, nada impede que as pessoas conduzam suas próprias pesquisas, consumindo mais verduras até que a "ciência" encontre uma resposta definitiva.

Dito isso, os vegetais com as maiores concentrações de nitrato inorgânico incluem "aipo, espinafre, alface e rúcula", de acordo com um estudo de 2016 publicado na revista Molecular Nutrition & Food Research. Para aqueles que desejam experimentar os efeitos protetores observados no estudo, Mattias explica que não são necessárias grandes quantidades: somente cerca de 200 gramas desses vegetais por dia.

Infelizmente, as pessoas nem sempre escolhem os vegetais como seus alimentos principais. Na verdade, a maior parte da população adulta dos EUA não alcança a recomendação diária para o consumo de vegetais. A iniciativa The Healthy People 2010, projetada para incentivar o consumo de vegetais e a prática de outros hábitos saudáveis pelos estadunidenses, revelou que apenas 27,2% da população dos EUA consumia três porções ou mais de vegetais por dia.

Rúcula: Um dos melhores alimentos para o fígado

A atraente verdura é um dos ingredientes mais populares nas saladas por um motivo: seu sabor picante. Como um dos alimentos identificados pelos cientistas como excelentes para o fígado, a rúcula não só está amplamente disponível para compra, com preço muito acessível considerando seu valor nutricional, mas também é fácil de cultivar.

Ela contém propriedades de limpeza que contra-atacam os efeitos tóxicos dos metais pesados no organismo, principalmente no fígado, e, por ser um vegetal crucífero, também pode ajudar a prevenir o câncer. Além disso, de acordo com o Instituto Linus Pauling, uma xícara de rúcula contém 8,2 miligramas de clorofila, que ajuda na cicatrização de ferimentos e, mais importante, ajuda a prevenir doenças hepáticas.

Um estudo demonstrou que os compostos presentes nos vegetais crucíferos como a rúcula podem ter efeitos protetores contra os cânceres de pulmão, mama e colorretal, dentre outros. Outro estudo demonstrou que a rúcula contém quercetina, um flavonoide nutricional capaz de aumentar sua resistência e desempenho físico.

Lesão hepática, cirrose e doença hepática não alcoólica

Uma pesquisa revelou que o grande aumento no número de mortes atribuídas à cirrose é causado pelo consumo excessivo de álcool, incluindo a prática de "binge drinking" por jovens adultos com idades entre 20 e 30 anos, com o grande aumento nos casos da doença ocorrendo entre 2001 e 2013.

Por mais que os fatos já sejam perturbadores, as estatísticas também indicam que em todos os municípios dos EUA, as mortes causadas por doenças hepáticas relacionadas ao álcool quase triplicarem entre 1999 e 2016. O maior aumento ocorreu entre indivíduos com idades entre 25 e 34 anos, período no qual o número de casos de cirrose alcoólica decolou.

A NPR descreveu a experiência de Elliot Tapper, um médico acostumado a tratar muitos pacientes diferentes, mas entre os sintomas crônicos de um deles havia sinais nítidos de icterícia na pele. Ele não conseguia comer e sentia dificuldades para respirar, mas o mais surpreendente era que ele tinha apenas cerca de 35 anos, sendo muito mais jovem do que a maioria dos indivíduos diagnosticados com doenças hepáticas.

"O paciente estava sofrendo de doença hepática crônica. Após anos de consumo de álcool, seu fígado parou de filtrar seu sangue. Estava ocorrendo um acúmulo de bilirrubina, um composto residual amarelado, no seu corpo, causando a alteração na coloração da sua pele."

Mas o excesso de bebida não é a única causa da cirrose. Ela também pode ser causada por DHGNA (que, assim como o nome deixa claro, é identificada como uma doença hepática "não alcoólica"), bem como obesidade e hepatite. O Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK) dos EUA descreveu a cirrose como "uma infecção viral que causa inflamação e lesões no fígado". Qualquer uma dessas condições também pode contribuir para a insuficiência hepática e câncer de fígado, sendo que os homens são cinco vezes mais propensos ao desenvolvimento de DHGNA do que as mulheres.

Em outras palavras, hábitos individuais — incluindo alimentação, peso e consumo de álcool e/ou tabaco — geralmente causam um grande impacto nas chances de desenvolvimento de doença hepática gordurosa. Talvez você se sinta encorajado ao saber que a cirrose hepática associada ao álcool pode ser revertida se identificada cedo o bastante. É óbvio que as chances de reverter as lesões hepáticas são muito maiores se você parar de beber.

Baixos níveis de exposições químicas também podem prejudicar a função hepática. Estudos revelam que até mesmo pequenas quantidades de compostos químicos presentes em alimentos, medicamentos, produtos de cuidados pessoais e no ambiente podem causar danos hepáticos, e esses danos podem ocorrer através de diversos mecanismos, podendo até mesmo causar câncer.

A colina na prevenção da doença hepática gordurosa e por que alguns nitratos são prejudiciais

A colina, presente naturalmente em alguns alimentos, só foi reconhecida recentemente como um nutriente essencial. Ela é necessária para a produção de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória, humor, controle muscular e outras funções cerebrais e do sistema nervoso, segundo o Instituto Nacional da Saúde (NIH) dos EUA.

Além disso, a colina é importante para a função metabólica e, principalmente, para o desenvolvimento fetal, bem como para a síntese de DNA e limpeza do fígado. Gemas de ovos caipiras e orgânicos são uma das melhores fontes alimentares de colina, mas a rúcula também é uma fonte excelente.

Mas é importante saber quais compostos fazem bem para a saúde, e em quais quantidades. Por exemplo, os nitratos identificados nas verduras como benéficos para o fígado também são benéficos para o coração. No entanto, os nitratos encontrados nas carnes processadas e curadas, como bacon, mortadela e salsichas, são conhecidos por ser cancerígenos, e consumir apenas 500 gramas por dia desses alimentos já pode causar danos.

A diferença envolve o óxido nítrico, ou NO, um gás solúvel que funciona como uma importante molécula de sinalização biológica que possibilita as funções endoteliais normais e protege as mitocôndrias. Gunter Kuhnle, professor de ciências alimentares e nutricionais na Universidade de Reading, no Reino Unido, afirmou:

"Quando você consome nitratos, eles são convertidos em nitritos pelas bactérias da boca. Uma vez que os nitritos alcançam o suco gástrico do estômago, eles podem se transformar em óxido nítrico [NO] ou compostos N-nitrosos.

Os compostos N-nitrosos, como as nitrosaminas, são cancerígenos. O que torna as carnes processadas tão ideais para a formação de compostos N-nitrosos é que elas possuem uma combinação de nitrito com as proteínas da carne. E o hemo da carne parece ajudar a converter o nitrito em compostos N-nitrosos."

O fato de que a doença hepática pode ser prevenida através de medidas alimentares simples é uma notícia excelente para pessoas que acreditam que a doença é inevitável devido à predisposição genética. Na verdade, a revista The Atlantic publicou um artigo em 2011, intitulado "How Health and Lifestyle Choices Can Change Your Genetic Make-Up" (em tradução livre: Como as escolhas de vida e saúde podem alterar sua composição genética), cujo resumo dizia que "tomar decisões saudáveis pode não ser infalível, mas poderia representar a diferença entre sofrer de problemas de saúde graves ou evitá-los".