Por Dr. Mercola
Neste vídeo de 13 minutos, Peggy Hall, do The Healthy American, oferece evidências de que as máscaras faciais de pano podem não ser tão eficazes quanto se acredita. Informações divergentes sobre se o uso de máscaras faciais é mesmo uma estratégia eficaz de saúde pública estão circulando desde o início da pandemia. Como eu já escrevi, há tanto evidências a favor quanto contra o uso de máscaras.
Existem três opções de máscaras: A primeira são as máscaras cirúrgicas, também chamadas máscaras médicas, e são descartáveis. Algumas têm uma faixa de metal na parte superior, que pode ser dobrada para se ajustar ao nariz do usuário. Elas filtram partículas grandes, e podem proteger seu rosto de gotículas e sprays.
A segunda opção são as máscaras N95, que são um tipo de respirador. Este tipo de máscara é capaz de filtrar partículas pequenas e grandes. Algumas têm válvulas laterais, o que facilita a respiração, mas as válvulas liberam ar não filtrado.
Isso significa que o usuário ainda pode espalhar o vírus. As máscaras N95 são usadas com mais frequência pelos prestadores de serviços de saúde, que precisam passar em um teste de ajuste para confirmar que a máscara possui uma vedação adequada. Elas também são projetadas para ser descartáveis.
Devido à demanda repentina por máscaras faciais, muitas pessoas se tornaram criativas no design e na produção de máscaras de pano. Estas, podem ser lavadas e reutilizadas. No entanto, a eficácia desses tipos de máscara depende do material utilizado, e alguns especialistas acreditam que as máscaras de pano não são muito eficazes.
Máscaras de pano reduzem o suprimento de oxigênio
Com a reabertura gradual de academias e centros de ginásticas e outras atividades, você pode estar se perguntando se as máscaras devem ser utilizadas durante os exercícios. Em 2015, uma equipe procurou comparar a eficiência de máscaras de pano com as máscaras cirúrgicas descartáveis em profissionais de saúde de hospitais. Eles avaliaram 1.607 profissionais de saúde em tempo integral, cujas funções foram desempenhadas em unidades de alto risco.
Os participantes foram randomizados para usar máscaras médicas ou máscaras de pano. Os pesquisadores que conduziram o primeiro teste de controle randomizado com máscaras de pano alertaram contra a adoção de máscaras de pano pelos profissionais de saúde, e disseram: "A retenção de umidade, a reutilização das máscaras de pano e a filtragem inferior podem resultar em um maior risco de infecção".
Em março de 2020, a equipe publicou uma resposta ao próprio trabalho, à luz da pandemia de COVID-19. Eles escreveram que, no estudo original, concluiu-se que profissionais de saúde que usavam máscaras de pano tinham uma taxa mais alta de infecção. No entanto, a barreira física ainda poderia oferecer proteção, ainda que menor do que uma máscara médica. Eles concluíram: "Finalmente, no caso da COVID-19, usar uma máscara não é suficiente para proteger os profissionais de saúde..."
Como Hall demonstrou no vídeo, as pessoas ao usar uma máscara, as pessoas também estão respirando níveis de oxigênio abaixo do que a OSHA define como seguro: "Atmosfera com deficiência de oxigênio significa uma atmosfera com conteúdo de oxigênio abaixo de 19,5% em volume".
Reduzir a entrada de oxigênio aumenta seus níveis de CO2. Para a maioria das pessoas, sinais de desconforto acontecerão relativamente cedo. Seu corpo requer um equilíbrio saudável de CO2 e oxigênio para uma saúde ideal. Quando alguém respira mais do que o necessário, ela esgota seus níveis de CO2. Uma medida da saúde física é a sua tolerância ao CO2.
O Dr. Konstantin Buteyko criou um método para determinar seu nível de CO2 usando um teste simples, que você pode fazer em casa. O resultado do teste é chamado de "pausa de controle". Ele escreve que "a maioria das pessoas hoje em dia tem uma pausa no controle entre 20 e 40 segundos", mas indivíduos saudáveis devem ter uma pausa de controle de 40 a 60 segundos.
Academias trabalhando para reduzir as infecções
Isso pode explicar, em parte, por que algumas pessoas têm mais dificuldade em usar uma máscara, enquanto outras não. Os profissionais médicos costumam usar máscaras por horas durante cirurgias ou quando cuidam de indivíduos com deficiências imunológicas. Mas usar uma máscara enquanto se está parado ou caminhando está longe de usar uma máscara enquanto aumenta as necessidades de oxigênio do seu corpo.
Usar protetores faciais é apenas uma das precauções que as academias e centros de fitness estão tomando nos EUA. Muitos também fazem verificações de temperatura quando os participantes entram, oferecem turmas menores, afastam as máquinas ou oferecem estações de sanitização. Essas precauções visam reduzir a exposição potencial em um espaço fechado.
A maioria das academias tem deixado para o indivíduo a opção de usar máscara. No entanto, algumas pessoas que estão acostumados a usar máscaras cirúrgicas no trabalho, têm tido problemas durante os exercícios. Em uma conversa com um repórter do USA Today, a farmacêutica Victoria Williams descreveu sua experiência no Orangetheory Fitness:
"Eu tinha problemas para me exercitar com uma máscara caseira. Eu tentava inspirar pelo nariz e expirar com força pela boca para tentar empurrar a máscara para mais longe do meu rosto dessa forma."
Rachelle Reed é diretora de ciência fitness global para a organização. Ela acredita que, ao incentivar os praticantes de exercícios "a ouvir seus corpos e prestar atenção em seus sinais fisiológicos para ajustar os níveis de intensidade", eles encontraram um equilíbrio entre segurança e condicionamento físico.
O USA Today relata que, quando a filial de Knoxvile da Orangetheory Fitness abriu em 7 de maio, ela obrigava todos a usar máscaras. Em 25 de maio, o centro já havia flexibilizado as regras, de modo que apenas pessoas que frequentavam determinadas aulas eram obrigadas a usá-las. Em 1º de junho de 2020, as máscaras haviam se tornado opcionais para todo o estúdio.
Exercitar-se sem a devida oxigenação é perigoso
Algumas pessoas sofreram consequências perigosas e até letais ao usar máscaras durante os exercícios. Quando os níveis de dióxido de carbono aumentam muito, ele pode inicialmente desencadear sintomas como dores de cabeça, fadiga, baixa concentração, náusea e dificuldades respiratórias.
Se progredir ainda mais, coisas ainda piores começam a acontecer. Um homem de 26 anos, de Wuhan, China, foi hospitalizado com dores no peito depois de completar sua corrida de 6 km enquanto usava uma máscara. Embora ele tenha relatado dificuldades respiratórias, ele se esforçou para completar a distância.
Depois de chegar em casa e com dores contínuas no peito, ele foi levado ao hospital. Os médicos diagnosticaram um pulmão em colapso, encolhido em 90%. O médico chefe do hospital, Dr. Chen Baojun, sugeriu que o físico do homem o tornava mais suscetível, por ser "um indivíduo bastante alto e magro". O The Mirror informou:
"...a cobertura facial causou diretamente o aumento repentino de pressão no pulmão do Sr. Zhang devido à corrida intensa".
À luz das notícias de que várias crianças chinesas em idade escolar morreram nas aulas de educação física enquanto usavam máscaras, mais de um departamento educacional está repensando suas políticas. No final de abril, dois estudantes entraram em colapso e morreram em um período de uma semana. Ambos tinham 14 anos e participavam de um exame físico obrigatório.
Durante os meses de pico do COVID-19, as crianças na China estudavam on-line e ficavam em casa. Os resultados de uma pesquisa recente indicam que mais de 70% relatou ganho de peso durante o afastamento.
Em resposta, uma escola de ensino médio na China começou a exigir 100 minutos de corrida por dia para colocar os alunos em forma. Os alunos de ensino médio normalmente fazem um exame nacional de condicionamento físico, mas estes foram cancelados recentemente em diversas áreas.
Exercitar-se com um escudo facial pode ser mais eficaz
Se o seu objetivo é reduzir a exposição a doenças infecciosas e manter uma oxigenação apropriada, se você precisar usar algo em seu rosto, um escudo facial oferece vantagens distintas sobre as máscaras de tecido durante os exercícios. Os escudos faciais são coberturas plásticas que cobrem todo o rosto e protegem seus olhos, nariz e boca de gotículas.
Há uma abertura na parte inferior, o que significa que os vírus transmitidos pelo ar ainda podem ser inalados. No entanto, isso também acontece máscaras cirúrgicas ou de pano sem vedação. Os escudos faciais podem ser lavados com água e sabão ou desinfetantes, e podem ser usados repetidamente. Por serem de plástico, eles não se degradam.
Em dias quentes e durante os exercícios, eles também são mais confortáveis de usar, e não dificultam a respiração. E talvez o mais importante, os escudos faciais protegem seus olhos, que é outra porta de entrada para o vírus SARS-CoV-2 que as máscaras faciais convencionais não protegem.
Quando os escudos faciais foram estudados contra a transmissão do vírus influenza (gripe comum), eles protegeram as pessoas de inalar imediatamente 96% das gotículas produzidas por uma pessoa infectada. Esse nível de proteção era oferecido até mesmo quando os indivíduos estavam separados em apenas meio metro. Portanto, durante o exercício, momento no qual a manutenção da oxigenação é essencial, um protetor facial pode ser sua melhor opção.
Se você usar uma máscara facial, siga estas diretrizes
Existem evidências a favor e contra o uso de máscaras faciais para impedir a propagação de doenças infecciosas. No entanto, é mais seguro usar um escudo facial durante os exercícios, para que você possa atender à demanda de oxigênio aumentada do seu corpo. Se você ainda assim optar por usar uma máscara, considere estas dicas da Organização Mundial de Saúde:
- Antes de colocar uma máscara, lave suas mãos com água e sabonete.
- Cubra a boca e o nariz com a máscara, e verifique se não há espaços entre o rosto e a máscara.
- Evite tocar na máscara enquanto a estiver usando; se necessário, tente limpar as mãos com álcool ou sabão e água antes de o fazer.
- Substitua a máscara por uma nova assim que ela começar a ficar úmida. Não reutilize máscaras de uso único.
- Para retirar a máscara: Remova-a por trás (não toque a parte da frente da máscara); descarte-a imediatamente em uma lixeira fechada; limpe as mãos com água e sabão ou um desinfetante para as mãos à base de álcool.