Por Dr. Mercola
Os dentes não apenas complementam o rosto e permitem que você se alimente, mas também ajudam a manter a estrutura óssea da mandíbula. Os dentes são feitos de quatro tipos de tecido, dos quais apenas a polpa não é rígida. Dentro da polpa, existem vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo que fornecem nutrientes ao dente.
A parte externa do dente é chamada de esmalte, e não há como reverter os danos causados pelo uso e desgaste (cárie), pois não contém células vivas. As gengivas são responsáveis por proteger as raízes, bem como os dentes que ainda não nasceram. A escovação consistente ajuda a reduzir o risco de cáries, que danificam permanentemente o esmalte dos dentes.
Os sintomas dependem da profundidade e localização da cárie. Você pode sentir dor espontânea sem nenhuma causa aparente ou descobrir que tem sensibilidade a bebidas e alimentos quentes e frios. Embora o esmalte seja duro, ele pode desenvolver pequenas rachaduras difusas que dispersam o estresse no dente e ajudam a evitar que ele se quebre.
Cuidar dos dentes é importante porque a periodontite — um doença da gengiva — pode causar problemas consideráveis para a saúde e dificuldade na hora de comer.
A importância da técnica adequada de escovação dos dentes
A cárie é quase tão generalizada quanto o resfriado comum, em termos de quantas pessoas são afetadas pelo problema. Conforme as bactérias da boca dissolvem os alimentos, uma substância pegajosa chamada placa se forma nos dentes. Isso acontece com mais frequência nos molares posteriores, logo acima da gengiva.
Quando a placa não é removida, forma-se o tártaro, que acaba resultando em gengivite e leva à periodontite. A placa começa a se formar nos dentes em até 20 minutos depois de você ter comido pela última vez. Usar técnicas corretas de escovação e cuidar dos dentes reduz o risco de cáries e a necessidade de procedimentos odontológicos.
A escovação remove a placa e leva apenas alguns minutos por dia. A American Dental Association (ADA) alerta contra estes erros comuns:
Escovar com força — Aplicar pressão demais sobre os dentes não limpa mais placa, mas pode danificar o esmalte. |
Não escovar por tempo suficiente — Uma pessoa comum passa 45 segundos escovando os dentes, mas para fazer um bom trabalho você deve escovar os dentes por dois minutos. Pode parecer muito tempo quando você está com pressa, mas para ter dentes e gengivas saudáveis e obter os melhores resultados, vá mais devagar. |
Usar uma escova de cerdas duras — Procure uma escova com cerdas macias para evitar danos aos dentes e gengivas, os quais podem causar sensibilidade a alimentos e bebidas quentes e frias. |
Usar a mesma escova de dentes por muito tempo — Se você mantém sua escova de dentes por mais de três ou quatro meses, então a mantendo por tempo demais. Coloque um lembrete no calendário e observe se há cerdas gastas que indicam que é hora de uma substituição. |
Escovar os dentes imediatamente após uma refeição — Embora você possa se sentir tentado a escovar os dentes logo após comer, é aconselhável esperar 30 minutos. |
Armazenar a escova de dentes de maneira inadequada — A escova de dentes deve ser armazenada na vertical e exposta ao ar para que possa secar completamente. Quando uma escova de dentes é mantida em um recipiente fechado, isso gera a oportunidade para o crescimento de bactérias. |
Concentre-se em sua técnica de escovação para obter melhores resultados. A ADA recomenda segurar a escova em um ângulo de 45º em relação ao dente e à gengiva. Mova-a em movimentos curtos, deslizando suavemente para a frente e para trás, um dente de cada vez. Para limpar a parte posterior dos dentes superiores, segure a escova na vertical e mova-a suavemente para cima e para baixo.
Escolha os instrumentos certos
Você tem várias opções para ajudar a manter seus dentes e gengivas limpos. Muitos dentistas recomendam que seus pacientes usem escovas elétricas por vários motivos, incluindo o fato de que muitos escovam por mais tempo com uma escova de dente elétrica, que é pequena o suficiente para entrar em áreas de difícil acesso.
Pesquisadores do Cochrane Oral Health Group realizaram uma revisão da literatura publicada nos anos de 1964 a 2011, incluindo 56 estudos com 5.068 participantes. A maioria dos estudos envolvia adultos aos quais era oferecido o uso de uma escova elétrica ou escova de dentes manual.
Em mais da metade dos estudos, os cientistas descobriram que as escovas elétricas tinham uma ação rotacional em que giravam numa direção e depois na direção inversa. Os dados sustentavam o uso de uma escova elétrica em vez de uma escova de dentes comum, pois houve uma redução de 11% na placa bacteriana naqueles que a usaram de um a três meses. Após três meses, a placa havia sido reduzida em 21%.
Os participantes também tiveram uma redução na gengivite: 6% de um a três meses e 11% ao final de três meses. Os efeitos colaterais relatados foram temporários e localizados.
Após a escolha da escova, você também pode considerar o uso de um irrigador oral, um dispositivo usado para borrifar um poderoso jato de água na boca. Embora muitos optem pelo irrigador oral em vez do fio dental, a melhor opção pode ser aprender como usar os dois.
Pesquisadores inscreveram 70 adultos em um estudo elaborado para comparar a eficácia de uso do irrigador oral e do fio dental em combinação com uma escova de dentes manual. Ambos os grupos foram treinados e observados enquanto usavam o irrigador oral com a escova de dentes ou o fio dental com a escova de dentes. Aqueles que usaram o irrigador oral apresentaram uma redução de 74,4% na placa em toda a boca em comparação com uma redução de 57,5% nos que usaram o fio dental.
Eles concluíram que o uso do "irrigador oral com a escova de dentes manual é significativamente mais eficaz do que a escova manual e o fio dental na remoção de placa bacteriana das superfícies dos dentes”. No entanto, pode não ser prático levar um irrigador oral em viagens. Portanto, ser adepto do fio dental também é importante.
Evite a pasta dental com flúor
O flúor é adicionado ao abastecimento de água na maioria das cidades e a muitas marcas de creme dental. Dentistas também podem oferecer um tratamento com flúor como uma opção para a prevenção de cáries. No entanto, evidências científicas demonstram que isso provavelmente não é eficaz e pode ser perigoso.
Dados de 2017 indicam que, infelizmente, as taxas de cárie em crianças continuaram a aumentar, embora mais da metade esteja absorvendo tanto flúor que seus dentes ficam permanentemente manchados de branco com a exposição.
Ingerir flúor, como é o caso da água potável fluoretada, é prejudicial para a saúde, pois se trata de uma toxina que se acumula nos tecidos, alterando as enzimas e produzindo graves disfunções neurológicas e endócrinas. As crianças são especialmente vulneráveis.
Se você tem filhos pequenos, é recomendável usar uma pasta de dente sem flúor ou ensinar as crianças a usar uma pasta dental caseira feita com óleo de coco. Como o flúor se acumula com o tempo, é uma boa ideia usar também uma pasta de dente sem flúor ou óleo de coco para limpar os dentes e gengivas.
Uma pesquisa apresentada na Conferência Nacional de Saúde Oral de 2017 mostrou que, de 2011 a 2012, 57% dos jovens nos EUA tinham fluorose dentária; trata-se de um aumento de 37% em relação ao relatado de 1999 a 2004. A fluorose dentária é uma condição na qual o esmalte fica progressivamente manchado de branco e geralmente é causada pelo excesso de flúor na água.
A análise dos mesmos dados pelo Fluoride Action Network (FAN) mostrou que 58,3% dos adolescentes tinham fluorose: 21,2% eram moderadamente afetados e 2% tinham uma forma grave da doença.
Os pesquisadores relacionaram a fluorose em crianças com deficiências cognitivas e aqueles com níveis mais elevados de fluorose têm mais cáries. Os resultados de alguns estudos mostram que pontuações mais baixas de QI podem resultar da exposição ao flúor e podem ocorrer simultaneamente com a fluorose.
A periodontite pode aumentar o risco de doença cardíaca
Uma pesquisa do CDC mostra que quase metade de todos os adultos norte-americanos com 30 anos ou mais têm periodontite. Estima-se que 47,2% têm formas leves, moderadas ou graves da doença. Em indivíduos com 65 anos ou mais, a taxa sobe para 70,1%.
Autores de vários estudos produziram dados que relacionam a periodontite com a doença cardíaca. Os estudos não demonstraram uma relação de causa e efeito, mas uma associação entre doenças gengivais e um aumento no risco de doença cardíaca, o qual pode estar relacionado a um aumento na inflamação.
Indivíduos com doenças das válvulas cardíacas podem correr maior risco quando também têm periodontite, porque as bactérias na boca podem penetrar no corpo e infectar as válvulas cardíacas.
O oil pulling é uma estratégia simples para a saúde bucal
Uma estratégia simples para melhorar sua saúde bucal é integrar o oil pulling (bochecho com óleo) em sua rotina diária. A história do oil pulling remonta há quase 3.000 anos, com seu uso na medicina popular tradicional indiana para fortalecimentos dos dentes e gengivas e para prevenir cáries, mau hálito e sangramento nas gengivas.
Eu venho praticando o oil pulling de forma consistente desde 2011, e acho que é um método eficaz de limpeza mecânica entre as pequenas fendas onde as cerdas da escova não conseguem alcançar. Eu escolho o óleo de coco extravirgem prensado a frio por alguns motivos. Pesquisadores demonstraram que o oil pulling melhora a saponificação ou quebra das membranas bacterianas.
O óleo de coco é um ácido graxo de cadeia média que inibe o Streptococcus mutans, a principal bactéria responsável pelas cáries. Ele também oferece um nível de proteção contra infecções orais fúngicas, que ocorrem mais comumente se o sistema imunológico estiver comprometido.
É um processo fácil de começar. O óleo de coco fica sólido abaixo de 24,4ºC, mas se torna líquido rapidamente quando está na boca. Use entre uma colher de chá e uma colher de sopa para começar. Movimente-o na boca com o auxílio da língua e das bochechas, passando por entre os dentes. Tente relaxar os músculos da mandíbula para evitar a fadiga.
Você não deve gargarejar nem engolir o óleo, pois ele está decompondo as bactérias. Em vez disso, se sentir vontade de engolir, cuspa e comece de novo.
Após cerca de 20 minutos, ele começa a ficar espesso e leitoso. Cuspa no lixo para que não venha a causar obstruções no encanamento. Essa estratégia aumenta o pH da boca, o que pode reduzir potencialmente o crescimento bacteriano.