Ferro e óleos vegetais são uma combinação letal

Fatos verificados
Óleos vegetais

Resumo da matéria -

  • Pesquisadores descobriram uma conexão entre a ingestão de ferro e óleos de sementes ricos em ácidos graxos poli-insaturados (AGPIs) ômega-6 com a neuropatia periférica diabética (NPD) em pessoas com diabetes tipo 2
  • Tanto uma ingestão exagerada de ferro quanto a relação ferro/AGPI estão associadas à NPD
  • A relação entre ferro e ômega-6 mostrou uma associação significativa com a NPD, mesmo que os estudos avaliassem a ingestão de AGPI ômega-6 e ômega-3
  • Tomar carnosina ou seu precursor primário, a beta-alanina é um método de se parar os danos oxidativos causados pela ingestão de ferro na presença de muitos ômega-6
  • O consumo de óleos de sementes com ômega-6 parece estar ligado à muitas doenças crônicas causadas por uma corrente catastrófica de eventos que deterioram a saúde
  • A redução da ingestão de óleos de sementes industrializados e alimentos processados e fast foods que possam conter esses óleos é um passo essencial para a proteção da sua saúde

Por Dr. Mercola

Em especial, para aqueles com diabetes tipo 2, evitar os óleos de sementes processados e tóxicos, é essencial para proteger sua saúde, como sugerem as evidências, além disso, pesquisas recentes indicam que o ferro também aumenta estes riscos.

Óleo de soja, semente de algodão, girassol, canola, milho e cártamo são exemplos de óleos ricos em ácidos graxos ômega-6 poli-insaturados. Devido à sua alta variedade de ácido linoleico, a variedade mais comum de pró-inflamatórios, o ômega-6 aumenta os radicais livres oxidativos e causam disfunção mitocondrial.

A maioria dos produtos disponíveis no comércio, mesmo os mais "saudáveis" como o azeite e o óleo de abacate são adulterados com outros óleos de sementes que possuem níveis mais altos dos que os já presentes de ácido linoleico. Então, mantenha seus óleos na geladeira e só compre marcas confiáveis e registradas. O ácido linoleico permanecerá líquido. Jogue aquele óleo fora, e seu azeite ou óleo de abacate será mais saudável.

A aumentar a produção de substâncias pró-inflamatórias, a ingestão de óleos de sementes com ômega-6 acaba promovendo as inflamações através do ácido araquidônico. Além disso, "Alguns estudos sugerem que os AGPI ômega-6 estão relacionados a doenças inflamatórias crônicas como obesidade, gordura hepática não alcoólica e doenças vasculares", como foi publicado no periódico Nutrients.

Pesquisas anteriores descobriram que a ingestão de ferro pode estar associada com o risco de desenvolvimento de diabetes, apesar de ele ser necessário para o transporte de oxigênio, transporte de elétrons mitocondrial, síntese de DNA e mais, entretanto, ele pode gerar estresse oxidativo o que leva a danificação de tecidos. Pesquisadores descobriram uma conexão entre a ingestão de ferro e óleos de sementes ricos em AGPIs com a neuropatia periférica diabética (NPD) em pessoas com diabetes tipo 2.

A ligação entre os AGPIs, a ingestão de ferro e a NPD

A neuropatia periférica diabética é um tipo de dano nervoso que pode ocorrer em pessoas com diabetes. Ele ocorre nas pernas e é uma grande causa de quedas e fraturas nesta população. Resistência à insulina, pressão arterial alta, obesidade e excesso de açúcar no sangue e estresse oxidativo podem ser fatores-chave de risco de NPD, além de diabetes a longo prazo.

O estudo citado, feito por pesquisadores coreanos, foi feito com 147 pessoas com diabetes tipo 2 e analisou a associação da ingestão de ferro e a relação entre a ingestão de ferro/AGPIs com a NPD. "A importância do padrão alimentar de ingestão ferro e AGPIs em indivíduos com diabetes tipo 2" foram associados a uma relação de ferro/AGPIs com a NPD.

A sobrecarga de ferro pode causar a piora da lesão por estresse oxidativo em neurônios na presença de altas concentrações de açúcar, e a resistência à insulina e disfunção pancreática beta que são causados pelo estresse oxidativo podem ser a razão da associação entre o ferro e a NPD, como sugerem os pesquisadores.

Mesmo que a pesquisa tenha suas limitações, em especial com relação aos AGPIs, uma vez que não interpretou os resultados da pesquisa em relação ao ômega-6 e ao ômega-3 de forma separada. Os ômegas-3 estão ligados a muitos benefícios à saúde e possuem papéis antioxidantes e anti-inflamatórios.

Muitas pessoas acabam com uma relação desigual entre ômega-3 e ômega-6, por ingerir poucas quantidades do primeiro e uma quantidade elevada do segundo. Essa relação deveria estar perto de 1 para 1. E o ideal para se alcançar essa taxa, não é aumentar o consumo do ômega-3, mas reduzir o consumo de ômega-6. A relação entre ferro e ômega-6 mostrou uma associação significativa com a NPD, mas note que a pesquisa avaliou a ingestão de AGPI ômega-6 e ômega-3.

"Considerando os efeitos relacionados ao ferro observados em um ambiente pró-oxidante, calculamos a relação descoberta entre ferro/AGPI e descobrimos uma associação com uma maior quantidades de chances de desenvolvimento de NPD. A relação entre ferro e AGPIS pode ser um importante indicador de NPD e pode ser usada em indivíduos com diabetes tipo 2, como sugerem estas descobertas.

Além disso, após se ajustar ao confundidor, precisamos ter cuidado ao interpretar os dados, uma vez que a relação entre ferro/AGPIs ômega-6 mostrou uma associação mais significativa com a NPD do que a relação entre ferro/AGPI ômega-3. Esses resultados pouco significantes podem ser devidos a uma quantidade muito pequena de AGPIs ômega-3 comparada com os AGPIs ômega-6."

A importância da carnosina, em especial para os veganos

Tomar carnosina ou seu precursor primário, a beta-alanina é um método de se parar os danos oxidativos causados pela ingestão de ferro na presença de muitos ômega-6. A carnosina é um dipeptídeo composto de dois aminoácidos: beta-alanina e histidina. Sua maior concentração pode ser encontrada nos músculos e no cérebro, ela é um antioxidante poderoso.

Os músculos de pessoas veganas e vegetarianas contém níveis mais baixos de carnosina. Muitos veganos estritos têm dificuldade em construir músculos porque não compensam essa e outras deficiências nutricionais. Como ela é quebrada por certas enzimas de modo rápido nos aminoácidos que a constituem, a carnosina não é um suplemento muito útil. Seu corpo reformula esses aminoácidos em carnosina outra vez nos seus músculos.

Uma alternativa mais eficiente que parece ser a limitação de taxas de aminoácidos na formação de carnosina é a suplementação com beta-alanina. A suplementação é muito importante para pessoas vegetarianas e veganas, uma vez que comer carne é um método eficiente de aumentar os níveis de carnosina nos músculos.

Doenças crônicas criadas pelo consumo de óleos de sementes a longo prazo

O consumo de óleos de sementes (ômega-6) a longo prazo parece ser o resultado de uma cadeia de eventos catastrófica que causa a deterioração da saúde e muitas doenças crônicas. O oftalmologista, Dr. Chris Knobble, fundador e presidente da Cure AMD Foundation, uma organização sem fins lucrativos dedicada à prevenção de degeneração macular (AMD), acredita que a degeneração macular relacionada à idade deveria ser chamada degeneração macular relacionada à alimentação, por exemplo.

Knobbe estudou os aldeídos resultantes de gorduras ômega-6. A gordura ômega-6 reage à hidroxila radical ou peróxido radical, produzindo um lipídio hidroperóxido, quando consumida.

Além de ser obesogênico, mesmo em doses muito pequenas, este lipídio hidroperóxido se degenera em aldeídos tóxicos, e ele é composto por centenas deles, o que acaba se tornando citotoxicidade, genotoxicidade, mutagenicidade carcinogenicidade e muito mais. Na sua apresentação no encontro anual da ALLDOCS de 2020, Knobbe explicou este processo complexo:

"O excesso de ômega-6 em uma dieta ocidentalizada induz deficiências em nutrientes, causando uma corrente de peroxidação, isso causa... Estes danos... um fosfolipídio chamado cárdio lipídio nas membranas mitocondriais. Que leva a uma falha no transporte de elétrons... que causa falha e disfunção mitocondrial.

E isso leva aos causadores de uma corrente de peroxidação, as espécies reativas ao oxigênio. Pelo fato de serem poli-insaturadas, ao encher suas células de gordura e suas membranas mitocondriais com ômega-6, elas vão peroxidar.

Os próximos passos são a resistência à insulina, que leva à síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doença hepática não alcoólica. Você não consegue queimar essas gorduras quando a mitocôndria falha porque recebe poucos ácidos graxos, beta oxidação.

Então você se torna dependente dos carboidratos e está rumando para a obesidade. E acaba sentindo cansaço. Ganhando peso. Suas mitocôndrias não conseguem queimar gordura, o que é um poderoso mecanismo para a obesidade.

Essa falha energética ao nível celular leva a mutações no DNA mitocondrial e ao câncer. Apenas três semanas de uma dieta rica em AGPIs causa falha cardíaca em ratos. Apenas três semanas. E isso pode levar a apoptose e à necrose. É assim que se desenvolvem doenças como degeneração macular e Alzheimer."

O problema do ácido linoleico

Na raiz das reações bioquímicas prejudiciais causadas pelos óleos de sementes está um ômega-6 de 18 átomos de carbono chamado ácido linoleico. O ácido linoleico é o ácido graxo primário encontrado nos AGPIs, representando cerca de 80% do total dos ácidos graxos presentes nos óleos vegetais, como foi mencionado acima. Esse não é o caso dos cidadãos americanos, mas gorduras ômega-6 devem ser equilibradas com as gorduras ômega-3 para não se tornarem prejudiciais.

Mais da metade das gorduras ômega-6 que as pessoas comem, foram danificadas e oxidaram durante o processo, o que piora a situação. "A maior parte desse ácido linoleico, quando oxida, desenvolve hidroperóxidos lipídicos e em seguida se degeneram rapidamente em... metabólitos oxidados do ácido linoleico", diz Knobbe.

De acordo com Knobbe os metabólitos de ácido linoleico oxidado, por serem citotóxicos, genotóxicos, mutagênicos, carcinogênicos, aterogênicos, e trombogênicos, criam uma verdadeira tempestade. Mesmo que a disfunção metabólica também possa ocorrer, a aterosclerose e as ações trombogênicas também são preocupantes, pois podem causar derrames e coágulos.

Os AGPIs se acumulam nas membranas de suas células causando areação de peroxidação durante a cadeia de peroxidação de lipídeos causada pelo consumo excessivo de óleos de sementes ricos em ômega-6. Como existem tantas espécies reativas ao oxigênio, isso leva ao desenvolvimento de resistência à insulina no nível celular, como foi mencionado antes.

O ácido linoleico "quebra a sensibilidade à insulina no nível das células adiposas" — Ele faz com que elas se tornem mais sensíveis à insulina — e, como suas células de gordura controlam a sensibilidade à insulina do resto do seu corpo liberando ácidos graxos livres, você acaba com resistência à insulina, como afirmou o Dr. Paul Saladino, um médico jornalista em um podcast.

É uma pena que mesmo a carne de frangos de criação convencional, que comem apenas milho, se torna rica em ácido linoleico ômega-6. Comer muito frango aumenta seu consumo de óleo vegetal, o que desequilibra sua relação entre ômega-6 e ômega-3, como disse Saladino.

Protegendo sua saúde ao evitar óleos de sementes processados

A redução da ingestão de óleos de sementes industrializados é um passo vital para a proteção da sua saúde. Isso quer dizer cortar os seguintes óleos:

Soja

Milho

Canola

Cártamo

Girassol

Amendoim

Como o azeite biodinâmico também é uma fonte de ácido linoleico ômega-6, para assegurar que você vai usar o truque descrito acima para reduzir a concentração de ácido linoleico no azeite, uma vez que ele pode alterar sua proporção na direção errada. Uma vez que elas contêm todos esses óleos tóxicos, também é importante evitar todos os tipos de alimentos processados e fast foods. Saber o que você está ingerindo e preparar a maior parte dos seus alimentos em casa é o meio mais fácil de conseguir isso.