Nove benefícios da pimenta-do-reino

1. Propriedades antioxidantes — A pimenta-do-reino e a piperina, o principal composto ativo que confere à pimenta seu sabor picante, são poderosos antioxidantes que apresentam notável atividade de eliminação de radicais livres e podem oferecer quimioprevenção e suprimir o crescimento de tumores. O óleo essencial de pimenta-do-reino também é rico em fenólicos, flavonoides e as proantocianidinas, que possuem forte atividade antioxidante.

A piperina, que também possui propriedades anti-inflamatória, protege contra a peroxidação lipídica, que pode atuar em doenças crônicas como câncer, hepatopatia, aterosclerose e até mesmo no próprio processo de envelhecimento.

2. Proteção Cardiovascular — Com doenças cardiovasculares representando a principal causa de morte em todo o mundo, uma revisão sistemática publicada em dezembro de 2020 na Trends in Food Science & Technology é de enorme relevância, pois descobriu que a pimenta-do-reino e a piperina têm efeitos protetores sobre doenças cardiovasculares.

Suas principais descobertas revelam que a pimenta-do-reino regula o metabolismo lipídico, a inflamação e o estado de oxidação, os quais afetam a saúde do coração, enquanto a piperina atua de modo específico sobre os processos associados à aterosclerose.

Vários efeitos benéficos adicionais da piperina também foram observados, sugerindo que a substância e a pimenta-do-reino podem ser usadas como aditivo alimentar para prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares.

Seus efeitos benéficos incluem a prevenção da absorção de lipoproteína de baixa densidade oxidada (LDL), associada à doença cardíaca em macrófagos, prevenção da peroxidação lipídica, além de evitar que células inflamatórias sofram adesão à monocamada endotelial, melhorando o perfil lipídico geral. Além disso, os pesquisadores explicaram:

“Além disso, a piperina pode melhorar a isquemia miocárdica, lesão cardíaca e fibrose cardíaca, exibir efeito anti-hipertensivo e antitrombótico, bem como prevenir a estenose arterial ao inibir a proliferação de células do músculo liso vascular.”

3. Propriedades anti-inflamatórias — Um estudo de 2020 publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry revelou ainda que os alcaloides da pimenta-do-reino têm atividade anti-inflamatória, ativando o fator nuclear kappa B ou via NF-kB.

Essa via de sinalização pró-inflamatória desempenha um papel na expressão de genes pró-inflamatórios, como citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão, e "há muito é considerada o Santo Graal como alvo para novos anti-inflamatórios".

4. Proteção do fígado — A piperina possui diversas ações farmacológicas, entre elas a proteção hepática. Pesquisas mostram que a piperina oferece proteção contra danos ao fígado induzidos por hidroperóxido de butila terciária e tetracloreto de carbono químico através da redução da peroxidação lipídica.

O extrato de pimenta-do-reino também estimula a regeneração do fígado ao restringir a fibrose, e um estudo em animais mostrou que o óleo essencial de pimenta-do-reino (OEPR) melhorou a saúde do fígado após lesão química. Os pesquisadores afirmaram: “O OEPR pode ser usado como potencial produto natural para a saúde do fígado”.

5. Anticâncer — A piperina tem efeitos antimutagênicos e preventivos do câncer. Descobriu-se que o extrato de pimenta pode inibir o desenvolvimento de tumores sólidos em camundongos com linfoma, bem como aumentar a expectativa de vida. Pesquisadores observaram no Journal of Ethnopharmacology:

“A medicina tradicional chinesa e ayurvédica e os povos tribais usam preparações à base de ervas contendo grãos de Piper nigrum para o tratamento de muitos distúrbios de saúde como inflamação, febre, asma e câncer. No Brasil, a cultura tradicional parda associa a especiaria Piper nigrum à recuperação da saúde e atenuação da inflamação.”

Seus estudos descobriram que o extrato de pimenta-do-reino tinha efeitos citotóxicos, antiproliferativos e antitumorais em células de câncer de mama MCF-7, induzindo estresse oxidativo e desencadeando apoptose, o que levou os pesquisadores a concluir que “os dados gerais deste estudo estão bem de acordo com as alegações tradicionais a respeito do efeito antitumoral dos frutos da espécie Piper nigrum”.

Os estudos também sugerem que a piperina pode ter efeitos anticâncer, melhorando o sistema antioxidante e aumentando o nível e a atividade das enzimas desintoxicantes.

6. Saúde do cérebro — A piperina pode ser benéfica para o funcionamento cognitivo do cérebro, e estudos em animais sugerem que o extrato de pimenta-do-reino melhora de modo considerável a memória em ratos com doença semelhante ao Alzheimer. É provável que isso aconteça por atenuar o estresse oxidativo na região cerebral do hipocampo.

A piperina também aumenta a viabilidade celular e restaura o funcionamento mitocondrial e os neurônios primários em células danificadas por um inseticida neurotóxico, e também tem efeitos neuroprotetores em cobaias com doença de Parkinson. Efeitos analgésicos, anticonvulsivantes, antidepressivos e antiepiléticos também foram observados.

7. Efeitos antidiabéticos — A pimenta-do-reino possui diversos efeitos antidiabéticos, incluindo uma melhora no metabolismo do açúcar no sangue.

Além disso, em um estudo de oito semanas envolvendo 86 indivíduos com sobrepeso, aqueles que consumiram uma combinação de piperina e outros ingredientes alimentares bioativos, incluindo galato de epigalocatequina (EGCG, da sigla em inglês), capsaicinas e L-carnitina, tiveram uma diminuição significativa na resistência à insulina, sugerindo que esses ingredientes “podem ser úteis para o tratamento de disfunções metabólicas inflamatórias relacionadas à obesidade”.

8. Aumento da absorção de nutrientes — A pimenta-do-reino tem a capacidade única de interagir de modo sinérgico com nutrientes, aumentando a absorção destes. Por exemplo, pesquisas mostram que quando a EGCG do chá verde é administrada em combinação com a piperina, a absorção de EGCG aumenta, e ela permanece na corrente sanguínea por mais tempo.

A piperina também aumenta a biodisponibilidade do resveratrol e da curcumina. Em um estudo, a adição de piperina aumentou a absorção de curcumina em 2.000%. Além disso, conforme observado no Medicinal & Aromatic Plants:

“A piperina aumenta a absorção de diversos medicamentos e nutrientes pelo trato gastrointestinal através de vários mecanismos. Ela altera a dinâmica das membranas e aumenta a permeabilidade no local de absorção.

A piperina aumenta a meia-vida sérica de algumas substâncias como o betacaroteno e a coenzima Q10 e diminui o metabolismo de muitos medicamentos ao inibir várias enzimas metabolizadoras..."

Isso significa que adicionar pimenta-do-reino às suas refeições pode tornar mais fácil para o seu corpo absorver os muitos nutrientes que elas contêm. A pimenta em si também contém alguns nutrientes, incluindo manganês, vitamina K, fibras e ferro.

9. Controle do peso — A piperina bloqueia a formação de novas células de gordura e, quando combinada com a capsaicina e outras substâncias, a pimenta-do-reino queima tantas calorias quanto uma caminhada de 20 minutos. Um pequeno estudo com 16 adultos saudáveis também revelou que ingerir uma bebida à base de pimenta-do-reino tinha efeitos supressores do apetite.

Além disso, diz-se que a capacidade da piperina de inibir a formação de novas células de gordura, conhecida como adipogênese, é devido à infrarregulação do receptor gama ativado pelo proliferador de peroxissoma (PPARγ), uma molécula intracelular envolvida em processos vasculares e imunológicos, tornando-a um potencial tratamento para doenças relacionadas à obesidade.