Descobertas afirmam que o resveratrol e a EGCG podem estimular o surgimento de células cerebrais

Fatos verificados
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Resumo da matéria -

  • Os fitonutrientes EGCG e resveratrol possuem um efeito direto e indireto no sistema nervoso central, incluindo propriedades pró-neurogênicas, além de promoverem uma melhora na função cognitiva
  • O resveratrol, encontrado em uvas, frutas vermelhas e chocolate amargo, tem vários benefícios para a saúde, incluindo a melhora do fluxo sanguíneo no cérebro, desempenho cognitivo, aprendizado e memória
  • A EGCG e o resveratrol desempenham um papel no suporte da função imunológica. O resveratrol inibe o crescimento de MERS-CoV em laboratório, e a EGCG é um ionóforo de zinco, importante no combate a resfriados, gripes e COVID-19

Por Dr. Mercola

Pesquisas conduzidas por cientistas da Universidade de Queensland descobriram que os fitonutrientes têm efeitos pró-neurogênicos no cérebro. Os pesquisadores estudaram os efeitos da quercetina in vitro e em modelos animais. A base da pesquisa foi investigar os flavonoides, fitonutrientes encontrados em frutas e vegetais.

Evidências demonstraram que os flavonoides têm o potencial de proteger as células cerebrais contra lesões, suprimir a neuro-inflamação e promover o funcionamento cognitivo. Os pesquisadores descobriram que os exemplos mais proeminentes desses flavonoides e polifenóis são a epigalocatequina-3-galato (EGCG), encontrada no chá-verde, resveratrol, uvas rubi e frutas vermelhas.

Tomar medidas para proteger seu cérebro do efeito de alimentos processados e toxinas ambientais é uma maneira crucial de proteger sua saúde geral e a capacidade de manter a independência à medida que envelhece.

Os resultados de um estudo transversal de representatividade nacional, publicado no BMJ, revelam que 57,9% das calorias ingeridas pelos participantes vinham de alimentos ultraprocessados e 89,7% da energia era proveniente dos açúcares adicionados. Um médico chamou esse padrão de alimentação de “genocídio do fast-food”.

Os açúcares adicionados representam um risco significativo para a saúde do cérebro, pois contribuem para a obesidade e a doença de Alzheimer. Os pesquisadores escreveram que, nos alimentos ultraprocessados, os açúcares adicionados eram oito vezes maiores do que em alimentos processados e cinco vezes maiores do que em alimentos minimamente processados.

Nos 9.317 participantes pesquisados, os pesquisadores descobriram que 82,1% no quintil mais alto consumia acima do limite recomendado de 10% de suas calorias proveniente de açúcares, em comparação com os 26,4% no quintil mais baixo. Isso indica uma necessidade significativa de melhorar a ingestão alimentar e proteger a saúde do cérebro.

Fitonutrientes promovem o crescimento de novas células cerebrais

O estudo da University of Queensland é mais uma evidência que demonstra o poder dos fitonutrientes para a saúde. Os pesquisadores buscaram investigar como os compostos naturais podem ter se tornado parte dos estímulos ambientais que moldam a estrutura e função neurológica.

Eles optaram por investigar compostos bioativos encontrados nas maçãs, pois são consumidas em todo o mundo, e analisam a presença de quercetina na casca da maçã e ácido 3,5 di-hidroxibenzoico na polpa da maçã. O ácido di-hidroxibenzoico não está relacionado aos flavonoides, mas parece ter propriedades pró-neurogênicas.

A quercetina foi escolhida por ser um flavonoide abundante extraído da casca da maçã. No entanto, estudos anteriores investigaram os efeitos de outros flavonoides, a saber, a EGCG e o resveratrol, nomeados por pesquisadores da Universidade de Queensland.

Um estudo publicado na Genes & Nutrition investigou as ações neuroprotetoras demonstradas pelos flavonoides que ajudam a promover a memória, a aprendizagem e a função cognitiva. Eles descobriram que os efeitos são apoiados por dois processos. No primeiro, os flavonoides pareceram desempenhar um papel importante nas enxurradas de sinalização.

No segundo, os flavonoides melhoraram o fluxo sanguíneo vascular periférico e cerebral de uma forma que pode levar à angiogênese e à produção de novas células nervosas no hipocampo. O resultado da segunda via é o mesmo descrito pelos pesquisadores analisando a quercetina: geração de novas células nervosas no hipocampo.

As evidências mostraram que os flavonoides têm um efeito direto e indireto no sistema nervoso central, e os vários efeitos no cérebro incluem a capacidade de reverter alguns sintomas associados à doença de Alzheimer e melhora da função cognitiva.

O chá pode ajudar a melhorar as conexões cerebrais

O estudo atual apoia evidências anteriores de que beber chá-verde pode melhorar o funcionamento cognitivo. Um estudo da Universidade Nacional de Cingapura usou dados de neuroimagem de 36 adultos idosos. Os pesquisadores estavam interessados no efeito que o chá pode ter na estrutura, organização e função do cérebro.

Os participantes foram perguntados sobre seus hábitos de beber chá desde os 45 anos até o presente e, em seguida, foram submetidos a uma ressonância magnética. A partir das imagens, os pesquisadores descobriram que os participantes que bebiam chá tinham melhor estrutura, função e organização do cérebro. No entanto, aqueles que beberam mais - pelo menos quatro vezes por semana durante cerca de 25 anos - também tiveram maior força de conectividade funcional.

Embora o crescimento de novas células nervosas no hipocampo dê suporte a uma melhor memória, uma maior conectividade oferece benefícios adicionais. O professor adjunto Feng Lei, da Universidade Nacional de Cingapura, explicou a importância da conectividade em um comunicado à imprensa:

“Pegue a analogia do tráfego rodoviário como exemplo - considere as regiões do cérebro como destinos, enquanto as conexões entre as regiões do cérebro são as rodovias. Quando um sistema rodoviário está mais bem organizado, a movimentação de veículos e passageiros é mais eficiente e consome menos recursos. Da mesma forma, quando as conexões entre as regiões do cérebro são mais estruturadas, o processamento de informações pode ser executado de modo mais eficiente.

Nós mostramos em nossos estudos anteriores que os indivíduos que bebiam chá tinham melhor função cognitiva em comparação com os que não bebiam. Nossos resultados atuais relativos à rede cerebral apoiam de forma indireta nossas descobertas anteriores, mostrando que os efeitos positivos do consumo regular de chá resultam de uma melhor organização do cérebro provocada pela prevenção da perturbação das conexões inter-regionais."

As evidências da pesquisa também sugeriram que beber chá-verde está associado a um menor risco de deficiências cognitivas. Uma revisão da literatura sobre a administração in vitro e in vivo de EGCG descobriu que a substância foi capaz de reduzir o acúmulo de beta-amiloide em modelos de laboratório e animais.

A EGCG está ligada à saúde do coração

A capacidade de quebrar as placas de beta-amiloide também pode ser a base para uma associação com a redução das placas de aterosclerose. Pesquisadores da University of Leeds e da Lancaster University descobriram que o chá-verde pode prevenir doenças cardíacas ao dissolver a placa arterial.

A EGCG altera a estrutura das fibrilas amiloides formadas pela apolipoproteína A-1 (apoA-1), que é o principal componente da lipoproteína de alta densidade que se acumula nas placas de aterosclerose. Isso acontece na presença de heparina. De modo lamentável, as concentrações necessárias para atingir esse resultado no estudo eram tão altas que é impossível obter os mesmos resultados apenas bebendo chá-verde.

Outro benefício para o sistema cardiovascular da ingestão de chá por um período prolongado é uma melhora nos níveis de pressão arterial. Uma revisão sistemática de 25 ensaios clínicos randomizados com 1.476 participantes descobriu que aqueles que bebiam chá-verde ou preto com regularidade por 12 semanas tinham uma pressão sistólica média 2,6 mm Hg mais baixa, e uma pressão diastólica 2,2 mm Hg mais baixa em comparação com aqueles que não bebiam chá.

Os pesquisadores mediram os efeitos do chá-verde e do chá-preto e descobriram que o chá-verde apresentou melhores resultados, em especial para quem o bebeu por mais de 12 semanas.

Os dados desta revisão da literatura não mostraram de forma exata quanto chá era necessário para obter esses benefícios. No entanto, estudos anteriores sugeriram que a quantidade ideal é entre três e quatro xícaras de chá por dia. Por exemplo, um estudo em 2007 encontrou evidências claras de que três ou mais xícaras de chá - neste caso, de chá-preto - reduziu o risco de doenças cardíacas.

Da mesma forma, beber três a quatro xícaras de chá-verde por dia demonstrou a capacidade de promover a saúde cardíaca e cardiovascular. As melhorias na saúde cardiovascular podem ser resultado de efeitos benéficos na função endotelial, que é parte integrante da pressão arterial e das doenças cardíacas.

Considere os múltiplos benefícios do resveratrol

O resveratrol é produzido pela planta para resistir a doenças. Embora seja encontrado em uvas e frutos silvestres, também é produzido pelo cacau, e encontrado nos frutos de cacau crus e no chocolate amargo. Embora o vinho tinto tenha vestígios de resveratrol, ele se encontra em quantidades tão pequenas que seria impossível beber o suficiente para obter os benefícios.

Também é importante lembrar que o álcool danifica seu cérebro e órgãos, sendo ele próprio uma neurotoxina. Isso significa que beber vinho tinto suficiente para os benefícios do resveratrol é contraprodutivo.

O resveratrol pode atravessar a barreira hematoencefálica, onde exibe um drástico efeito antioxidante. Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Georgetown escrevem que o resveratrol, quando administrado a pessoas com Alzheimer, parece “restaurar a integridade da barreira hematoencefálica, reduzindo a capacidade de moléculas imunológicas nocivas secretadas por células imunológicas se infiltrarem do corpo para o tecido cerebral".

É provável que a capacidade de melhorar o fluxo sanguíneo cerebral seja a base para os efeitos neuroprotetores de melhora do fluxo sanguíneo cerebral e do desempenho cognitivo, depressão e inflamação do cérebro, podendo melhorar o aprendizado, o humor e a memória.

Os pesquisadores também estão investigando o uso do resveratrol contra o câncer de pulmão quando o composto é administrado por via nasal em doses elevadas. Em um estudo publicado no Journal of Bone and Mineral Research, conduzido na University of Newcastle, em New South Wales, os pesquisadores detectaram melhorias na densidade óssea em mulheres na pós-menopausa que tomaram resveratrol.

No estudo, denominado “Resveratrol para o envelhecimento saudável em mulheres (RESHAW)”, mulheres tomaram 75 miligramas (mg) de resveratrol duas vezes ao dia ou um placebo por 12 meses, após o que os pesquisadores mediram sua densidade óssea por absorciometria de raio-X de dupla energia, chamada de varreduras DXA.

"O aumento modesto na densidade mineral óssea no colo do fêmur com resveratrol resultou em uma melhora na pontuação T da população do estudo e uma redução na probabilidade de 10 anos de risco de fratura grave", disse Peter Howe, autor do estudo e professor emérito da universidade.

A EGCG e o resveratrol ajudam a melhorar sua saúde imunológica

Além dos benefícios neurológicos, cardiovasculares, ósseos e outros benefícios à saúde desses poderosos fitonutrientes, eles também desempenham um papel no apoio ao sistema imunológico. Durante a temporada de resfriados e gripes, e durante a atual pandemia de COVID-19, fornecer suporte adicional ao seu sistema imunológico pode ajudar a proteger sua saúde.

O resveratrol é conhecido por desempenhar um papel na prevenção e progressão de doenças inflamatórias crônicas, como obesidade, neurodegeneração e diabetes. As evidências também mostram que ele modula o sistema imunológico interferindo na síntese de citocinas pró-inflamatórias, modulando a função das células imunológicas relacionadas à produção de citocinas pelas células T CD4 e CD8.

Em 2017, o resveratrol foi testado em laboratório contra a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), revelando inibir de forma considerável a infecção e aumentar a sobrevivência celular após a infecção.

A EGCG melhora a capacidade do corpo de utilizar o zinco no interior das células. Sua ação como ionóforo de zinco ajuda a melhorar a resposta do corpo contra vírus como o da gripe comum, resfriados e COVID-19.

Em outro estudo de 2015, descobriu-se que o chá-verde pode ajudar com problemas dentários. Após 28 dias de uso de um enxaguante bucal com chá-verde a 2%, os dados revelaram que aqueles que usaram o chá-verde tiveram uma redução da placa bacteriana e apresentaram melhores pontuações de gengivite.

As evidências também sugeriram que a EGCG possui uma atividade antifúngica até quatro vezes maior do que a do fluconazol e até 16 vezes maior do que a da flucitosina. Outro estudo demonstrou que um escalda-pés com infusão de polifenóis do chá-verde pode reduzir de forma considerável as áreas infectadas de pessoas com tinea pedis interdigital ou pé de atleta.

A aplicação tópica de pomada de chá-verde também apresentou uma taxa de cura eficaz de 81,3% para pessoas com impetigo. De modo curioso, os efeitos antivirais e antifúngicos do chá-verde não parecem ter o mesmo efeito antibacteriano no trato intestinal.

A EGCG é sensível à temperatura de infusão. Para obter o máximo das folhas de chá, prepare seu chá-verde a 100ºC. Procure beber logo após o preparo para obter o máximo de benefícios para a saúde, em vez de chás que já foram preparados a algumas horas. Considere adicionar uma pequena quantidade de algum suco cítrico para aumentar a absorção de catequina e obter ainda mais benefícios.

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