A testosterona é um hormônio sexual androgênico produzido pelos testículos (e em pequenas quantidades nos ovários das mulheres) e é associada à "masculinidade". Este hormônio desempenha um grande papel na função sexual e reprodutiva dos homens. Ele também contribui para o aumento da massa muscular, o crescimento do cabelo, manutenção da densidade óssea, produção de glóbulos vermelhos e saúde emocional.
As mulheres são mais sensíveis aos efeitos da testosterona, embora esse seja considerado um hormônio sexual masculino.
Já nos homens, você deve ter ouvido que a testosterona é um catalisador para o câncer de próstata; e que a única maneira de tratar ou controlar o câncer de próstata é diminuir ou eliminar a testosterona através de castração médica ou física. No entanto, conforme observado pela American Cancer Society, nem todos os médicos concordam que provocar a redução de testosterona é uma forma eficaz de controlar o câncer de próstata.
Na verdade, a American Urological Association até mudou sua posição a respeito da terapia de reposição de testosterona em 2018, quando observou que as análises clínicas descobriram que "há uma ausência de evidências" que associem a testosterona ao câncer de próstata e que "há uma grande porcentagem de homens que precisam de terapia de testosterona que não consegue recebê-la devido a preocupações clínicas, sobretudo relacionadas ao desenvolvimento de câncer de próstata e eventos cardiovasculares, embora as evidências atuais não deem suporte definitivo para essas alegações”.
O fato é que a próstata requer testosterona para se manter em condições ideais. Os níveis de testosterona em homens diminuem com a idade, em uma taxa de 0,4% a 2% a cada ano depois dos 30 anos.
A diminuição da testosterona induzida pelo envelhecimento está ligado à hiperatividade de uma enzima chamada 5-alfa redutase, que converte a testosterona em dihidrotestosterona (DHT). Este processo diminui a quantidade de testosterona nos homens e os coloca em risco de alopecia androgênica (queda de cabelo), problemas de humor, osteoporose e fraqueza muscular.
A ampla exposição a produtos químicos também está causando esse declínio em homens já na infância, impactando muito sua biologia. Tanto as estatinas quanto o glifosato interferem na capacidade dos testículos de produzir testosterona.
Os EDCs podem afetar a saúde dos homens já na infância
O desenvolvimento sexual em meninas e meninos está ocorrendo mais cedo do que o esperado. Em um estudo publicado na Pediatrics, os meninos estão experimentando o desenvolvimento sexual de seis meses até dois anos antes da norma aceita pelos médicos, devido à exposição a produtos químicos que desregulam os hormônios. Alguns meninos desenvolvem testículos e pênis aumentados, axilas ou pelos pubianos, bem como pelos faciais já aos 9 anos!
A puberdade precoce não deve ser pensada de forma leviana, pois pode influenciar muito a saúde física e psicológica, incluindo um risco aumentado de cânceres relacionados a hormônios. O desenvolvimento sexual precoce também pode causar mudanças físicas inadequadas para crianças entre 8 e 9 anos, sendo essas:
- Crescimento de pelos na região púbica e em outros locais do corpo
- Aumento de testículos e pênis nos meninos
- Alterações na voz em meninos
- Desenvolvimento mamário nas meninas
- Menstruação precoce em meninas
Gestantes ou lactantes expostas a EDCs podem transferir esses produtos químicos para seus filhos. A exposição aos EDCs durante a gravidez afeta o desenvolvimento de fetos masculinos. De acordo com um relatório do The Japan Times, a exposição a um EDC conhecido como dioxina provocou o nascimento de mais meninas do que meninos em Seveso, Itália.
Os EDCs também são uma ameaça à fertilidade masculina, pois podem causar um aumento no risco de câncer testicular e uma diminuição na contagem de espermatozoides. Todos esses defeitos congênitos e anormalidades, chamados de Síndrome da Disgenesia Testicular (SDT), estão ligados à produção prejudicada de testosterona.
Ftalatos e outros EDCs: uma mistura prejudicial
Os ftalatos são outra classe de substâncias químicas que alteram o gênero, podendo causar o surgimento de características femininas nos homens. Produto químico adicionado aos plásticos, os desreguladores endócrinos têm um efeito desastroso sobre os hormônios masculinos e a saúde reprodutiva. Eles são ligados a defeitos congênitos em bebês do sexo masculino, expostos durante o primeiro e segundo trimestres da gravidez, causando alterações na distância anogenital nos meninos.
Constatou-se que os ftalatos geram problemas reprodutivos em mulheres como “infertilidade, insuficiência ovariana prematura e distúrbios não reprodutivos”. Os ftalatos são encontrados em uma longa lista de produtos comuns, sendo esses, pisos de vinil, detergentes, plásticos automotivos, sabonetes e xampus, desodorantes, perfumes, sprays para cabelo, sacolas plásticas e embalagens de alimentos. Além dos ftalatos, outros produtos químicos que possuem características que influenciam o gênero são:
Bisfenol-A (BPA) — Comum em produtos plásticos como garrafas de água reutilizáveis, latas de comida e selantes dentais, o BPA pode alterar o desenvolvimento fetal e aumentar o risco de câncer de mama em mulheres. |
Ácido perfluorooctanóico (PFOA) — É um carcinógeno potencial usado em revestimentos de alimentos resistentes à água e gordura. |
Metoxicloro (inseticida) — Foi demonstrado em um estudo que codornas japonesas expostas ao metoxicloro tiveram alterações negativas em seu comportamento reprodutório. |
Etoxilatos de nonilfenol (NPEs) — São desreguladores endócrinos poderosos que podem interferir na expressão gênica e no sistema glandular. Eles também são conhecidos como produtos químicos que atuam como estrogênio. |
Hormônios de crescimento bovino — São substâncias químicas que mimetizam o estrogênio e promovem o crescimento, adicionadas aos laticínios comerciais. |
Produtos de soja não fermentados — Esses produtos possuem antinutrientes, substâncias semelhantes a hormônios e que NÃO são alimentos saudáveis (ao contrário da crença popular). Leia mais sobre os perigos da soja. |
MSG — Este aditivo alimentar pode diminuir a produção do esperma. |
Fluoreto — Neurotoxina potente, presente em muitos suprimentos de água dos Estados Unidos, o flúor está relacionado a desregulação endócrina e diminuição da contagem de espermatozoides. |
Produtos farmacêuticos que fornecem hormônios sintéticos — Produtos químicos que são desreguladores endócrinos, encontrados em farmacêuticos como anticoncepcionais, podem causar intersexo em peixes, fazendo com que os machos produzam ovos. |
Metaloestrogênios — Essa é uma classe de compostos que imitam o estrogênio, causadores de câncer, que podem ser encontrados em milhares de produtos. Incluídos na lista de metaloestrogênios potentes estão o alumínio, antimônio, cobre, chumbo, mercúrio, cádmio e estanho. |
Como lidar com a queda da testosterona relacionado ao envelhecimento
Como mencionado acima, seus estoques de testosterona diminuem com a idade. No entanto, existem métodos que podem ajudar a aumentar seus níveis. Abaixo estão algumas opções que você pode considerar:
O método de reposição hormonal
Se você suspeita que possui reservas de testosterona insuficientes, é aconselhável que você teste seus níveis. Os problemas relacionados ao declínio da testosterona incluem:
- Diminuição do desejo sexual
- Disfunção erétil
- Depressão
- Problemas de memória
- Concentração prejudicada
Um exame de sangue pode não ser suficiente para determinar seus níveis de testosterona, pois eles podem variar durante o dia. Após determinar que você possui níveis baixos, há uma série de opções que podem ser tomadas.
Existem produtos de testosterona sintética e bioidêntica no mercado, mas aconselho o uso de hormônios bioidênticos como o DHEA, um hormônio secretado pelas glândulas supra-renais. Esta substância é o hormônio precursor mais abundante do corpo humano. É essencial para a criação de hormônios vitais, incluindo testosterona e outros hormônios sexuais.
A produção natural de DHEA também depende da idade. Antes da puberdade, o corpo produz pouca quantidade de DHEA. A produção deste pró-hormônio atinge o pico durante os seus 20 ou 30 anos. Com a idade, a produção de DHEA começa a diminuir. As glândulas supra-renais também fabricam o hormônio do estresse cortisol, que está em competição direta com a produção de DHEA, pois usa o mesmo substrato hormonal chamado pregnenolona.
O estresse crônico causa níveis excessivos de cortisol e prejudica a produção de DHEA, portanto é outro fator para níveis baixos de testosterona. É importante não usar nenhum produto DHEA sem a supervisão de um profissional.
Encontre um profissional de saúde qualificado que monitore seus níveis hormonais e determine se você precisa de suplementação. Em vez de usar um suplemento de hormônio oral, recomendo a aplicação transmucosa (vagina ou reto). A aplicação na pele pode não ser inteligente, pois dificulta a medição da dosagem que você recebe. Isso pode fazer com que você acabe recebendo mais do que seu corpo exige.
Eu recomendo usar um creme transmucoso de DHEA. Aplicar ele no ereto ou se for mulher, na vagina, isso permitirá que as membranas epiteliais mucosas, que revestem a mucosa realizem uma absorção eficaz. Essas membranas regulam a absorção e inibem a produção de metabólitos indesejados de DHEA.
No entanto, observe que não recomendo a suplementação prolongada de hormônios. Fazer isso pode induzir seu corpo a interromper sua própria produção de DHEA e pode fazer com que suas supra-renais fiquem muito prejudicadas.
Saw Palmetto e o mito do câncer de próstata-testosterona
A hiperplasia da próstata (BPH), ou uma próstata aumentada, é um problema sério entre os homens, sobretudo aqueles com mais de 60 anos. Como já mencionei, os níveis elevados de testosterona não são um precursor de uma próstata aumentada ou câncer, ao contrário dos níveis excessivos de DHT e estrogênio formados como metabólitos da testosterona. A medicina convencional usa duas classes de medicamentos para tratar a HBP, cada uma apresentando vários efeitos colaterais graves. Estes são:
- Alfa bloqueadores — Exemplos incluem Flomax, Hytrin, Cardura e Rapaflo. Isso relaxa os músculos lisos, incluindo a bexiga e a próstata. Eles funcionam para melhorar o fluxo de urina, mas não reduzem o tamanho de uma próstata aumentada. Eles também aumentam o risco de efeitos colaterais, como disfunção erétil.
- Inibidores da 5-alfa redutase — Avodart e Proscar são duas marcas desses medicamentos. A enzima 5-alfa redutase converte a testosterona em DHT, que estimula a próstata. Embora esta classe de drogas limite a produção de DHT e reduza a próstata aumentada, ela apresenta uma série de riscos significativos, incluindo uma chance maior de desenvolver câncer de próstata.
De acordo com Rudi Moerck, Ph.D., especialista em química e indústria farmacêutica, os homens que possuem baixos níveis de testosterona podem ter os seguintes problemas:
- Ganho de peso
- Aumento do peito
- Problemas para urinar
Em vez de recorrer a alguma droga que só pode melhorar os sintomas e causar complicações adicionais, recomendo o uso de um suplemento natural de saw palmetto. Moerck diz que existem por volta de 100 estudos clínicos sobre os benefícios do saw palmetto, um deles contribui para a redução do risco de câncer de próstata. Ao escolher um suplemento de saw palmetto, você deve ler os rótulos para ter certeza que não está escolhendo uma forma inativa da planta.
Nutrientes que podem ajudar a aumentar os níveis de testosterona
Além de usar hormônios bioidênticos ou saw palmetto, dois nutrientes foram considerados benéficos para saúde testicular e a produção de testosterona.
• Zinco — O Zinco é um mineral importante na produção de testosterona. Ainda assim, a pesquisa nacional de exame de saúde e nutrição descobriu que até 45% dos adultos com mais de 60 anos possuem baixos níveis de zinco devido à ingestão insuficiente. Independente da suplementação, 20% a 25% dos idosos ainda apresentavam níveis inadequados.
A suplementação com zinco por apenas seis semanas demonstrou melhora na testosterona em homens com níveis baixos. Por outro lado, restringir as fontes dietéticas de zinco resultou em uma queda na produção do hormônio masculino. Excelentes fontes de zinco incluem:
◦Ostras
◦Alimentos ricos em proteínas como carne bovina e cordeiro
◦Legumes como espinafre, aspargos e abóbora
◦Cogumelos shitake
◦Alimentos fermentados, como iogurte
• Vitamina D — A deficiência de vitamina D é uma epidemia crescente nos EUA que está afetando muito a saúde masculina. O colesterol derivado do esteroide e da vitamina D é essencial para a saúde masculina. Ele desempenha um papel na manutenção da qualidade do esperma. A vitamina D também pode aumentar seu nível de testosterona, ajudando a melhorar sua libido.
A conexão entre o peso e os baixos níveis de testosterona
Homens com sobrepeso eram mais propensos a terem baixos níveis de testosterona, e perder os quilos em excesso pode aliviar esse problema. Gerenciar seu peso significa que você tem que controlar sua dieta. Abaixo estão algumas maneiras de iniciar uma dieta saudável:
- Tenha um limite de açúcar processado em sua dieta — O consumo açúcar excessivo (sobretudo a frutose), é a principal causa da obesidade. Mas isso não é uma licença para usar adoçantes artificiais, porque eles também possuem sua parcela de efeitos negativos. O ideal para manter o consumo total de frutose, incluindo a das frutas, abaixo de 25 gramas por dia. Se você tem uma doença crônica como diabetes, pressão ou colesterol alto, tenha um limite para menos de 15 gramas por dia.
- Evite alimentos e bebidas processados — Como cereais e refrigerantes, os quais contêm carboidratos refinados, que contribuem para a resistência à insulina.
- Consumir carboidratos vegetais e gorduras saudáveis — Seu corpo necessita de carboidratos de vegetais frescos, ao invés de grãos e açúcares. Além das gorduras mono ou poli-insaturadas encontradas nos abacates e nozes cruas, as gorduras saturadas são essenciais para um aumento na produção de testosterona.
- Consumir laticínios orgânicos, como queijos de alta qualidade e proteína de soro de leite, para aumentar seus níveis de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) — De acordo com pesquisas, descobriu-se que os BCAAs elevam os níveis de testosterona, sobretudo quando tomados juntos com treinamentos de força. Embora existam suplementos que fornecem BCAAs, eu acredito que a leucina encontrada em produtos lácteos contém as maiores concentrações desse aminoácido benéfico.
Exercício como um reforço de testosterona
Ao contrário de exercícios aeróbicos ou moderados prolongados, os exercícios curtos e intensos são benéficos para aumentar os níveis de testosterona.
Os resultados, com o auxílio do jejum intermitente são aprimorados, já que esse pode aumentar a testosterona ao melhorar a expressão dos hormônios da saciedade, como insulina, leptina, adiponectina, peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), colecistocinina (CKK) e melanocortinas, que estão ligados à função saudável da testosterona, aumento da libido e prevenção do declínio da testosterona induzido pela idade.
Quando se trata de um plano de exercícios que complementará a função e a produção de testosterona (junto com a saúde geral), eu recomendo incluir não apenas aeróbicos na rotina, mas também:
- Treinamento periódico de alta intensidade
- Treinamento de força