7 plantas medicinais que são subestimadas

Plantas medicinais

Resumo da matéria -

  • Segundo estimativa da OMS, 80% da população mundial ainda recorre aos remédios tradicionais, incluindo as plantas, como a principal forma de tratamento
  • O gengibre promove o alívio de enjoos e dores de cabeça e nas articulações; já a lavanda tem propriedades calmantes e anti-fúngicas
  • Por ser antibacteriano e antiviral, o alho pode fortalecer a função imunológica; a hortelã-pimenta é descongestionante e pode limpar o trato respiratório

Por Dr. Mercola

Antes da existência de uma farmacopeia de medicamentos sintéticos e da medicina moderna, havia as plantas, as quais as civilizações antigas sabiam como usar de modo estratégico para o tratamento de males comuns ou doenças que põe a vida em risco.

7 plantas medicinais que você pode usar para o benefício da sua saúde

Para aprender como colher o poder das plantas medicinais, abaixo está um ótimo começo. Trata-se apenas de um pequeno exemplo e, quando pegar a mão, é provável que você se inspire a explorar cada vez mais as utilidades destas maravilhosas plantas curativas.

1. Gengibre O gengibre é uma dessas especiarias que eu recomendo ter sempre à mão na cozinha. Além de ser maravilhoso para adicionar aos seus pratos (ainda mais junto ao alho), suas propriedades medicinais encheriam um livro.

A ação mais conhecida do gengibre é contra náuseas, mas entre duas mais 40 propriedades farmacológicas com comprovação científica também estão o efeito antibacteriano de amplo espectro, antiviral, antioxidante e antiparasitário. Por ser anti-inflamatório, é excelente para alívio de dores de cabeça, articulares e menstruais, entre outras.

Parece que o potencial de alívio da dor proporcionado pelo gengibre tem longo alcance. Além do auxílio com as dores musculares e articulares, o foi descoberto que o gengibre reduz a gravidade das dores da enxaqueca tanto quanto o remédio o Sumatriptano que é um remédio para enxaqueca, porém com menos efeitos colaterais.

O gengibre, além de um dos melhores tratamentos naturais para enjoos e náuseas (como, por exemplo, na gravidez ou quimioterapia), também se mostrou promissor no combate ao câncer, diabetes, esteatose hepática, asma, infecções bacterianas e fúngicas.

Para diminuir as náuseas e vômitos na gravidez ou em quadros de enxaqueca, tomar um grama de gengibre por dia pode ser útil. Ele se mostrou melhor do que o placebo no alívio dos enjoos matinais.

O gengibre, além de apenas aliviar a dor, também é fundamental para quem sofre de indigestão. No gengibre, há poderosas enzimas que atuam na digestão de proteínas e estimulam o esvaziamento do estômago sem ação adversa. O que pode explicar seus benefícios para o trato gastrointestinal é sua ação antiespasmódica.

2. Alho — Para evitar muitas idas ao médico, comer um ou dois dentes de alho frescos por dia pode ser a solução. Em parte, por suas propriedades imunológicas, antibacterianas, antivirais e antifúngicas. Muito da ação terapêutica do alho advém de seus compostos que contêm enxofre e que também são responsáveis por seu odor característico, como a alicina. Os benefícios do alho são divididos em quatro categorias principais:

  1. Redução da inflamação (diminui o risco de osteoartrite e outras doenças relacionadas à inflamação)
  2. Fortalecimento da função imunológica (ação antibacteriana, antifúngica, antiviral e antiparasitária)
  3. Melhora da saúde cardiovascular e circulação (protege contra coagulação, retarda a formação de placas, melhora os lipídios e abaixa a pressão)
  4. Toxicidade para, no mínimo, 14 tipos de células do câncer (como de cérebro, pulmão, mama, estômago e pâncreas)

O alho também tem eficácia contra bactérias que apresentam resistência a medicamentos. Há pesquisas que revelam que a alicina produz ácido sulfênico à medida que é digerida, um composto que reage com perigosos radicais livres mais rápido do que qualquer outro. É por isso que eu digo que o alho é um dos sete melhores alimentos anti-envelhecimento que uma pessoa pode ingerir.

O alho fresco deve ser triturado ou picado de modo a estimular a liberação de uma enzima chamada alinase, que catalisa a formação de alicina, para se obter seus benefícios para a saúde.

Já a alicina se decompõe de modo rápido para formar uma série de diferentes organossulfurados. Portanto, para "ativar" as propriedades medicinais do alho, pique ou amasse um dente fresco com uma colher antes de comer.

3. Hortelã-pimenta — A hortelã-pimenta beneficia o sistema respiratório, incluindo para tosses, resfriados, asma, alergias e tuberculose. Em se tratando de saúde digestiva, pacientes com SII consideram as cápsulas de óleo de hortelã-pimenta "o medicamento número um", sendo uma alternativa eficaz aos remédios como Buscopan na diminuição dos espasmos intestinais.

Ele também é capaz de relaxar os músculos do intestino para o alívio da dor abdominal e liberação de gases. Para o alívio de gases, adicione o óleo de hortelã-pimenta ou suas folhas ao chá. O aroma de hortelã-pimenta ainda pode melhorar a memória e aliviar o estresse, sendo que seu óleo age como expectorante e descongestionante, com capacidade de limpar o trato respiratório.

4. Lavanda — A estrutura do óleo de lavanda tem uma química complexa com mais de 150 ativos. Trata-se de um óleo rico em ésteres, que são moléculas aromáticas com propriedades antiespasmódicas (que atenuam espasmos e dores), calmantes e estimulantes.

O acetato de linalil, o linalol (um álcool terpênico atóxico com propriedades naturais germicidas), o terpineno-4-ol e a cânfora são os principais ativos botânicos do óleo de lavanda. Cis-ocimeno, acetato de lavandulila, 1,8-cineol, limoneno e geraniol são demais constituintes do óleo de lavanda responsáveis pelas propriedades antibacterianas, antivirais e anti-inflamatórias.

Conhecido pelas propriedades calmantes e relaxantes, a lavanda é usada na aromaterapia para alívio da insônia, ansiedade, depressão, inquietação, medo de ir ao dentista e estresse. Ela também se provou eficaz para quase todo tipo de enfermidade, desde dores a infecções.

Eu tenho particular fascínio pelo potencial do óleo de lavanda para combater infecções cutâneas e de unhas com resistência a fungos. Segundo descoberta da Universidade de Coimbra, o óleo de lavanda é letal para cepas conhecidas como dermatófitos, e a diversas espécies de Candida. É possível usar o óleo de lavanda para:

Alívio da dor — Pode aliviar a dor e tensão muscular, dores nas articulações, reumatismo, entorses, dores nas costas e na lombar. Basta aplicar uma pequena quantidade de óleo de lavanda na região afetada e massagear. Após a inserção de agulhas, o óleo de lavanda também auxilia na dor.

Combate diversas condições de pele, tais como acne, psoríase, eczema e rugas. Auxilia na formação de tecido cicatricial, o que pode ser fundamental para a cicatrização de feridas, cortes e queimaduras. A lavanda também promove o alívio de picadas de insetos e coceiras (pode afugentar mosquitos e mariposas, chegando a ser usado como ingrediente de determinados relentes).

Mantém o cabelo saudável — Mata piolho e lêndeas. Segundo o Natural Medicines Comprehensive Database (NMCB), a lavanda pode ter eficácia no tratamento da alopecia areata (queda de cabelo), podendo aumentar em até 44% o crescimento capilar com apenas sete meses de tratamento.

Melhora a digestão — Promove o estímulo da mobilidade intestinal e da produção de bile e suco gástrico, podendo auxiliar no tratamento de dores de estômago, indigestão, flatulência, cólicas, vômito e diarreia.

Traz alívio aos distúrbios respiratórios — O óleo de lavanda tem sua utilidade no alívio de problemas respiratórios, os quais incluem resfriados e gripes, infecções de garganta, tosse, asma, tosse convulsiva, congestão nasal, bronquite, amidalite e laringite. É possível aplicar no pescoço, tórax ou costas, e ser usado por meio de um inalador ou vaporizador.

Por promover a produção de urina, pode auxiliar no restauro do equilíbrio hormonal, além de prevenir cistite (inflamação da bexiga) e trazer alívio para cólicas e demais distúrbios urinários.

Melhora a circulação sanguínea — Ajuda a diminuir a pressão alta, podendo ser usado em quadros de hipertensão.

5. Tomilho — Uma erva aromática excelente de ter na cozinha, o tomilho é rico em antioxidantes. Seus flavonoides que promovem a saúde são: apigenina, naringenina, luteolina e timonina. Foi comprovado que protege e eleva o percentual de gorduras saudáveis presentes nas membranas celulares.

O tomilho é rico em nutrientes e contém as vitaminas C e A, ferro, manganês, cobre e fibra alimentar. O tomilho também é capaz de inibir a glicação e a formação dos perigosos produtos de glicação avançada (AGE) na comida, o que o torna uma opção para a prevenção de doenças cardíacas e do envelhecimento precoce. Com suas propriedades antibacterianas, antiespasmódicas, antirreumáticas, expectorantes, hipertensivas e calmantes, o óleo de tomilho apresenta muitos usos tópicos, tais como:

Remédio caseiro — Gota, artrite, feridas, picadas e inchaços, retenção de água, problemas menstruais e da menopausa, náuseas e fadiga, problemas respiratórios (como resfriados), condições cutâneas (oleosidade e cicatrizes), pé de atleta, ressaca e até depressão são condições para as quais o óleo de tomilho é usado para trazer alívio.

Óleo aromaterápico — Estimular a mente, fortalecer a memória e a concentração, além de acalmar os nervos, são usos desse óleo.

Produto capilar — Fala-se que o óleo de tomilho pode prevenir a queda capilar. Pode ser acrescentado a produtos capilares como shampoo ou usado como tratamento direto no couro cabeludo.

Produto cutâneo — Pode tonificar a pele envelhecida e prevenir surtos de acne.

Enxaguante bucal natural — O óleo de tomilho é utilizado, assim como os óleos de hortelã-pimenta, gaultéria e eucalipto, para melhorar a saúde bucal.

Inseticida/Repelente — O óleo de tomilho tem a capacidade de afugentar insetos e parasitas como mosquitos, pulgas, piolhos e mariposas.

6. Camomila — O uso mais popular da camomila é como chá, seja para promover um sono reparar ou aliviar as dores de estômago. A organização governamental chamada Comissão E da Alemanha chegou a aprovar o uso da camomila na redução do inchaço cutâneo e combate a bactérias.

A camomila é um anti-inflamatório potente que apresenta ação antibacteriana, antiespasmódica, antialérgica, relaxante muscular e sedativa. É usada no tratamento de condições como psoríase, eczema, catapora, assadura, cicatrização lenta de feridas, abscessos e periodontite.

7. Dente-de-leão — Usada de modo tradicional como tônico hepático, o dente-de-leão tem sua utilidade na desintoxicação e melhora do fígado. De uso típico contra doenças dos rins e do fígado, o dente-de-leão é conhecido como um estimulante. Outro uso tradicional inclui a diminuição dos efeitos colaterais de medicamentos vendidos com prescrição, além do tratamento de infecções, problemas de vesícula, retenção de líquidos e inchaço.

O dente-de-leão contém muitos nutrientes, tais como as vitaminas C, B6, tiamina e riboflavina, cálcio, ferro, potássio e manganês. Para o preparo, basta escaldar a planta em água fervente por 20 segundos a fim de remover o sabor amargo (depois você pode adicionar em sucos verdes). Ele é uma boa fonte de vitamina A e pode apresentar propriedades que combatem o câncer.

Entrando em contato com seu curandeiro interior: Como fazer mais uso das plantas medicinais

Muitas vezes, considerei as ervas uma opção mais segura aos medicamentos, com utilidade no tratamento de diversos sintomas, mas não para causas subjacentes. Eu mudei minha opinião quanto a isso de forma considerável e agora percebo que as ervas, assim como os alimentos, podem auxiliar na manutenção da saúde. Entre o final do século XIX e início do século XX, era possível entrar numa farmácia e ver centenas de extratos de botânicos à venda.

Naquele tempo, mais de 90% da população conhecia o uso das plantas medicinais cultivadas em seus quintais para o tratamento de doenças e ferimentos comuns; e precisavam disso, uma vez que era quase o único "remédio" que tinham.

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, com o surgimento do que hoje conhecemos como medicina alopática convencional, o herbalismo foi caindo em desuso, passando a ser considerado uma medicina popular. Ao contrário do que acontecia há seculos, as pessoas então considerar superiores os fármacos e outros métodos "modernos" de cura, em vez de ver a natureza como fonte da cura. Se quiser começar a fazer uso mais frequente das plantas medicinais, aqui vão 9 dicas:

  1. Aprenda como identificar três plantas medicinais que crescem na sua região, mas que você ainda não conhece, e aprenda suas utilidades.
  2. Cultive pelo menos uma dessas plantas no seu quintal ou vasos no parapeito de uma janela.
  3. Prepare uma tintura, chá, xarope ou pomada a partir dessa planta. Ou melhor: prepare um de cada!
  4. Colha e coloque para secar plantas que crescem na sua região ou opções como hortelã, erva-cidreira, calêndula e urtiga.
  5. Sente-se com calma diante de uma planta todas as manhãs, no decorrer de uma semana, e desenhe a tal planta.
  6. Identifique uma habilidade de cura que você gostaria de ter, embora não a possua, e descubra um jeito de aprendê-la. Quem sabe com aulas sobre aromaterapia ou fitoterapia?
  7. Monte um kit de primeiros socorros todo feito de ervas.
  8. Organize um grupo de curadores locais em resposta a emergências na sua comunidade.
  9. Pense numa condição que você ou alguém da sua família enfrenta e aprenda a tratá-la com plantas medicinais cultivadas na sua região.